Arte e poder

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

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Foto: Carolina Antunes/PR

 

Com a exoneração, formalizada e publicada agora no Diário Oficial da União, da atriz Regina Duarte do cargo de secretária da Cultura do governo Federal, fica em aberto, mais uma vez, a questão um tanto antiga sobre as relações entre o Estado e a arte. Essa discussão é reforçada ainda com a decisão adotada agora pela Câmara dos Deputados, de estender o auxílio emergencial para a classe artística, num texto batizado de Lei Aldir Blanc, falecido recentemente.

Sabe-se que, desde que o Brasil entrou para o mapa mundi, as relações entre a classe artística e o Estado sempre se mantiveram dentro de um quadro de dependência de tal ordem, que não seria exagero falar em uma arte estatal, diretamente financiada pelo poder público e ordenada segundo critérios a gosto do governo de plantão. Obviamente que sempre existiu também parcela significativa de artistas e de movimentos da arte de alta qualidade, contrária às aproximações estreitas e à intervenção do Estado nesse setor.

Nesse caso, encontra-se a maioria dos artistas e de movimentos ditos marginais dissociados do Estado e de governos contra os  quais protestavam, usando a própria arte como ferramenta e arma contra o establishment. No geral, no entanto, o que sempre existiu foi uma relação estreita entre os governantes e muitos artistas, alguns, inclusive, que não se preocupavam em esconder essa simpatia, como tudo no poder, erigida à base de interesse pragmático e argentário.

Para os governantes, o uso da imagem de artistas, mais do que uma estratégia de marketing político, é uma fórmula, um tanto fake, de humanização do poder, conferindo maior proximidade entre aqueles que estão no cimo, com aqueles que vivem e penam no limbo. Essas relações íntimas e interesseiras entre artistas e o poder se deram tanto com a esquerda quanto com a direita, dependendo apenas do gosto pessoal de cada governante.

Também, durante o período militar, essas relações próximas aconteceram como forma de dar uma feição popular aos leites dirigentes, numa tentativa de apresentar uma face humana e lírica dos mandantes, tudo dentro de um quadro previamente montado para tornar a aridez abiótica do poder um tanto palatável. A criação das diversas instituições estatais voltadas à arte, como a Embrafilme e outras do gênero, demonstra essa relação perpétua de dependência econômica entre os artistas e os poderosos, mas que, ainda assim, foram capazes de produzir trabalhos de interesse e de qualidade.

À falta de mecenas, os artistas nacionais tiveram que ir bater às portas dos palácios em busca de financiamento e outros tipos de apoio, situação constrangedora, mas condição sine qua non, para sobreviverem de arte num país formado, historicamente, em sua maioria, por pessoas incultas e avessas a “coisas” como artes e outras criações do gênio humano.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A morte deveria ser assim:

Um céu que pouco a pouco acontecesse

E a gente nem soubesse que era o fim.”

Mário Quintana, poeta brasileiro

Mário de Miranda Quintana. Foto: wikipedia.org

 

Inovação

Veja, logo abaixo, uma análise de tweets dos senadores brasileiros em relação à violência doméstica. O relatório, elaborado pelo DataSenado, pelo Observatório da Mulher contra a Violência (OMV) e pela Secretaria da Transparência, pesquisou as postagens dos parlamentares entre os dias 1º e 31 de maio. Dentro do item ‘quantidade de tweets por perfil’, a senadora Rose de Freitas desponta em primeiro lugar com 24 tweets postados. Em segundo lugar, a senadora Zenaide Maia, com 4 tweets. A Insite Analytics coletaria a resposta desses tweets com algoritmos que captariam sentimentos de angústia e ansiedade.

Pausa

Silvestre Gorgulho posta Fernando Pessoa como se nos tivesse ensinando lições da pandemia. Veja a seguir.

 

Porteiro

Foi entregue, no residencial Ari Cunha, na SQN 311, material sobre a vida do colunista.

 

Escolas

Cláudio Nelson Brandão, subsecretário de Infraestrutura e Apoio Educacional, está satisfeito com o andamento das obras nas escolas públicas durante a pandemia. “O governo intensificou as reformas, aproveitando a ausência dos alunos, e conseguimos dar um ritmo melhor às obras”, explicou.

Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF

 

Leitura

O time do Clube de Autores selecionou 5 livros para as pessoas que querem entender um pouco mais sobre o racismo. Veja a lista a seguir.

1 – Branquitude, Música Rap e Educação. Compreenda de uma vez o racismo no Brasil a partir da visão de rappers brancos, Jorge Hilton

O autor, ativista e pesquisador negro, se aventura no mergulho aprofundado desse território expondo e analisando esta tensão racial. A obra não é sobre lugar de fala dos rappers brancos, mas sim o lugar de reflexão sobre o que essas falas revelam: O que eles e elas pensam sobre relações raciais e racismo? A autodeclaração racial que fazem, condiz com seus olhares de como a sociedade os percebe racialmente? Quais suas visões sobre privilégio branco? Conclui discutindo o papel da educação racial na mudança de pensamentos e atitudes, educação pela abolição do racismo, como processo fomentador da alteridade, sociabilidade e respeito às diferenças.

2 – O Debate Nacional do Preconceito e da Discriminação, Conrado Luciano Baptista

A discriminação e o preconceito no Brasil são práticas amplamente proibidas por várias leis, normas, princípios e atos de governo. A CRFB/1988, por exemplo, em seu art. 3º, especialmente no inciso IV, declara que o Estado precisa “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” Particularmente, interessa ao estudo saber se o art. 3º, inciso IV da CRFB/1988 é ou não eficaz socialmente, ou seja, se ele produz os resultados e os efeitos desejáveis.

3 – Relações Étnico-raciais Educação e Sociedade, John Land Carth

Essa obra é um conjunto de textos que abordam a problemática da educação e da formação da sociedade brasileira em seus conflitos de gênero, étnica, racismo, política e currículo. Durante anos o professor John Carth acompanhou de perto as transformações sociais e educacionais vendo e vivendo próximo aos dilemas sociais. Trata-se apenas de reflexões que possibilitam entendimentos sobre as necessidades da sociedade neste Terceiro Milênio.

4 – Relações Étnico-Raciais e Diversidade Cultural, Organização: Bruno G Fellippe 

Trata-se de uma coletânea de artigos onde é reunido quatro professoras pesquisadoras, no presente volume cada uma apresenta um pouco de seus estudos e pesquisas com referência às relações étnico-raciais.A Face Negra do Brasil Multicultural – Dulce Maria Pereira; Restinga Seca/RS: uma identidade que se conformou pela diversidade étnico-cultural – Elaine dos Santos; Experiências bem sucedidas: inserção dos estudos da história e cultura da África e afro-Brasileira – Luciene Ribeiro da Silva; A experiência de material didático próprio na Rede Municipal de Santo André: A abordagem da Educação das Relações Étnico-Raciais entre 2010 e 2012. – Regina Maria da Silva

5 – No Limiar das Raças: Sílvio Romero (1870-1914), Cícero João da Costa Filho

A discussão em torno da unidade do gênero humano fomentou, desde os primórdios da existência humana, calorosos debates na busca pelo centro de criação. Se o homem surgiu num único centro, qual a razão para as diferenças? O que explica e como se explica que seres da mesma espécie ao longo da história se diferenciam de tal modo que se torna impossível encontrar o ponto de partida deste surgimento? Quais são os fatores que interferem na diferenciação entre as espécies segundo os cientistas? As espécies já nascem diferentes ou é a interação entre estas e as forças naturais que explicam as variações entre as raças? As raças constituem espécies separadas ou são apenas variações de uma espécie?

Sobre o Clube de Autores
Clube de Autores é a maior plataforma de autopublicação da América Latina. Hoje, a plataforma on demand, representa cerca de 23% de todos os livros publicados no Brasil no último ano. Além disso, oferece uma gama de serviços profissionais para os autores independentes que pretendem crescer e se desenvolver no mercado de literatura. A empresa, comandada por Ricardo Almeida, fechou o ano de 2019 com uma rentabilidade 50% maior do que no ano anterior.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Helder Martins é o nome do repórter que escreve a reportagem mentirosa sobre Brasília. Helder de Souza é do CORREIO BRAZILIENSE. Vai a propósito de um esclarecimento esta nota, que se fazia necessária, porque é grade o número de pessoas indagando se foi o secretário do CORREIO BRAZILIENSE quem escreveu amontoado de mentiras. (Publicado em 09/01/1962)