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ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
“VI – É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.”
Artigo 5º da Constituição de 1988.
No inciso acima, talvez tenha faltado ao legislador deixar explícito que sendo o Estado brasileiro eminentemente laico e equidistante de qualquer credo, irá conferir, por conseguinte, tratamento isonômico a toda e qualquer instituição, sejam elas difusoras ou não da fé, principalmente no tocante ao recolhimento de impostos e outros tributos devidos ao erário. Mesmo a “proteção aos locais de culto”, ali descrito, e que são sistematicamente desrespeitados, necessitaria de uma redação mais clara e direta, principalmente agora com a imiscuição de credos diversos em searas próprias do Estado. É preciso notar que tem se tornado cada vez mais comum a realização de cultos em praças e outros logradouros públicos e, o que é pior, dentro das assembleias legislativas e do próprio Congresso Nacional, seguidamente transformados em verdadeiras igrejas comandadas por bancadas crescentes de evangélicos e outros crentes.
O fato é que o legislador, ao conferir liberdades sem a devida interposição de deveres à essas instituições que vivem, e muito bem, da exploração da fé, deixou uma larga porta aberta ao aumento de abusos de toda a ordem.
A cada ano, igrejas e seitas evangélicas têm arrecadado, por baixo, mais de R$ 50 bilhões, tomados de seus fiéis na forma de dízimos. O que complica, nessa situação, é que essa montanha de dinheiro, recolhida desde moedinhas até grandes somas, transitam de um lado para outro sob o olhar compassivo dos órgãos de fiscalização, muitas vezes inibidos, por ordens superiores, de fiscalizar essas fortunas fáceis.
Fossem esses, os únicos problemas com relação à essas igrejas, seria fácil um acerto de contas. A questão maior é que dadas as condições institucionais, pela Carta de 88, de liberdade quase irrestrita nesse campo, as chamadas igrejas neopentecostais, poderosas economicamente, passaram a buscar agora, e sem pudor também, o poder político.
E é aí que mora o perigo. Muitos analistas, de olho nesse fenômeno recente, têm chegado a mesma e preocupante conclusão: acolhidas à sombra generosa do Estado, essas igrejas já representam hoje uma real ameaça a própria democracia.
Não só no Brasil, com 42 milhões de fiéis e onde a cada ano, segundo o IBGE, 14 mil novas igrejas são abertas por ano, mas em toda a América Latina. Para se ter uma ideia, em toda Colômbia, em 2017, haviam registrados 750 colégios públicos e 3.500 igrejas neopentecostais. Um número assustador que demonstra o avanço arrasador desses credos sobre as demais instituições do Estado. “A luta das igrejas neopentecostais, diz um observador bem conhecido, é uma luta pelos pobres: por sua consciência, por suas carteiras e por seus votos.”
O avanço das bancadas evangélicas no Congresso, com pautas nitidamente retrógradas e antidemocráticas, representa um perigo ao pluralismo, à laicidade, às minorias, fazendo antever, entre nós, a volta de uma ditadura com feições ainda mais perturbadoras do que aquelas que dominaram o continente a partir dos anos sessenta.
A combinação entre moralismo, patriotismo e fanatismo, nunca resultou em boa coisa, ensinam os livros de história. O que se assiste agora é a formação de um embrião que resultará no surgimento de um Estado evangélico, não no sentido literal bíblico, mas um Estado desenhado, nos mínimos detalhes, para impor o ideário desses intitulados “bispos”, que aparecem diariamente nas televisões, ressuscitando mortos e fazendo paralíticos andarem com o poder, é claro, dos fartos dízimos.
A frase que foi pronunciada:
“Dai a César o que é de César.”
Jesus Cristo
Democracia
Tem até vídeo aula no Youtube mostrando como hackear uma urna eletrônica brasileira. Na Comissão Parlamentar de Inquérito, na Câmara dos Deputados, sobre crimes cibernéticos, a advogada Maria Aparecida da Rocha Cortiz fez uma descrição detalhada de como as urnas eletrônicas podem ser alteradas durante o processo eleitoral. A reunião aconteceu no dia 4 de novembro de 2015 e até hoje nada foi feito para provar a segurança da urna. O voto impresso, que seria auditável, estranhamente está fora de questão para ser adotado em todas as urnas do país. O assunto merece atenção. Veja o vídeo no blog do Ari Cunha. O acesso é direto.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Quem conhece o que foi o começo do Banco, sabe do seu gabarito inicial, e quem acompanhou a sua vida, sabe o desmerecimento em que se encontra, perante as populações sofredoras do Nordeste. (Publicado em 13.10.1961)