Escolhas mal feitas

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Diego Indriago/Pexels

Brasília, a capital do país e onde se concentram brasileiros de várias origens, firmou-se, ao longo dos anos, como uma vitrine a exibir a síntese do que é o Brasil real na atualidade. Nesse retrato em preto e branco do país, centrado nesse pequeno quadrilátero no centro do Brasil, temos uma pequena amostra das nossas belezas e mazelas.

Como toda capital, nacional ou estrangeira, Brasília, nesses poucos anos de existência, já apresenta um conjunto complexo de problemas que reclamam providências urgentes e necessitam ser enfrentados de frente e com coragem. Entre as questões do mundo moderno merecedoras de atenção, uma se destaca e requer a atenção redobrada de nossas autoridades: trata-se do consumo exagerado — e põe exagerado nisso — de bebidas alcoólicas.

São milhares de bares abertos diuturnamente, espalhados por toda a capital, a oferecerem uma infinidade de bebidas alcoólicas. Esse tipo de consumo não conhece crise econômica. Para os adeptos do álcool, além dos bares e botecos, existem as distribuidoras de bebidas em cada esquina, as lojas de conveniência e os supermercados. A oferta desses produtos segue o consumo igualmente gigante e crescente. Não há limite de idade. Todos bebem — e bebem muito.

Em Brasília, mais de 26% dos adultos consumiram álcool de forma abusiva no ano passado. Tal disposição a esse tipo de consumo coloca nossa capital em segundo lugar, atrás apenas de Salvador, onde quase 30% da população consome álcool regularmente.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se de um verdadeiro problema de saúde pública a lotar hospitais e todo o sistema de saúde e a fomentar outro problema ainda mais sério, como a violência no trânsito e outros tipos de violência — crimes de roubo e de assassinato, por exemplo. Ganha ainda uma dimensão mais assustadora quando se verifica que o consumo abusivo de álcool vem crescendo entre as mulheres. É sabido que as mulheres morrem mais de problemas como hipertensão associada ao álcool. Em muitas capitais do país, incluindo Brasília, o consumo de álcool pelas mulheres dobrou, atingindo inclusive as menores de idade.

O pior é que a indústria do álcool faz cara de paisagem para o problema, assim como as autoridades, que fingem que ele não tem toda essa dimensão que a mídia divulga. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), o problema vem num crescendo preocupante, embora não se tenha notícias de programa oficial algum que busque combatê-lo. Não se fala no assunto nas redes de TV, nas escolas, em parte alguma. Trata-se de uma espécie de problema tabu, pouco ou nada discutido com a população. Talvez, por isso mesmo, os hospitais de centros de saúde estejam cada vez mais lotados de vítimas voluntárias do álcool. Além disso, esse pode ser o motivo da lotação em clínicas de saúde mental.

Aliás, o índice cada vez maior de casos de transtornos mentais na capital está ligado diretamente ao consumo exagerado do álcool pela população e, em especial, pelas mulheres. Entre 2016 e 2021, 3.227 pessoas morreram de causas ligadas ao consumo de álcool no Distrito Federal. O prejuízo econômico para a capital e para o próprio país é imenso. O pior é que os relatórios oficiais mostram uma realidade que está muito aquém do que acontece de fato na capital e no restante do país.

O alcoolismo é, para os especialistas no assunto, uma verdadeira bomba relógio contra a sociedade a minar a saúde física e mental da população, a consumir os recursos públicos de saúde e a fomentar a violência em todas as suas variantes.

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Uma das coisas mais difíceis foi aprender que eu merecia a recuperação.”
Demi Lovato, sobre a luta contra o alcoolismo e drogas

 

Alto custo
O nome da farmácia reflete também o alto custo para os pacientes conseguirem a medicação. Não é possível que qualquer questionamento precise ser feito pessoalmente, tirando todos os envolvidos da sua rotina enquanto um simples telefonema resolveria tudo. Hora de rever a rotina de atendimento.

 

Força tarefa
Tanto no Plano Piloto quanto nas outras cidades administrativas, as faixas de pedestre não têm recebido manutenção. Na estiagem é o melhor momento para isso. Forma simples de dar mais segurança aos motoristas e aos pedestres.

Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

 

Força
Terezinha Bleyer será homenageada na celebração dos 50 anos da Secretaria de Articulação Nacional (SAN) de Santa Catarina, no dia 15 do próximo mês. Bem antes de 1975, dona Terezinha já era a política em pessoa. Daquelas raridades que sempre têm o bem comum como objetivo.

 

História de Brasília
A Prefeitura, na hora do venha a nós, faz tudo. Ao vosso reino, nada. No que se refere a emplacamento de carros então, é um Deus nos acuda. O posto é na Velhacap, distante 18 quilômetros do Plano Pilôto. (Publicada em 8/5/1962)

Acabando o mal pela raiz

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Diego Indriago/Pexels

Segundo estimativas do Sindhobar, hoje, há mais de 12 mil bares e restaurantes em todo o Distrito Federal. Entre eles, aproximadamente 8 mil são bares onde são vendidos bebidas alcoólicas e tira-gostos para uma clientela crescente, que inclui desde jovens até idosos, todos apreciadores, moderados ou não, de bebidas destiladas ou fermentadas.

O que, à primeira vista, parece apenas uma recreação para a população esconde um fato nada saudável e, o que é pior, devastador para a saúde pública e para a segurança da cidade. Bebidas alcoólicas não podem, ou jamais deveriam ser, consideradas como recreação. Mesmo sabendo que esse setor do comércio responde por mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, não é segredo nenhum que o consumo de álcool é um dos maiores responsáveis pela violência, pela desagregação familiar e por uma série de problemas que só terão solução satisfatória quando a população se conscientizar de que o que parece ser uma espécie de brincadeira, ou passatempo dos indivíduos é, na realidade, ou uma chave de cadeia, ou um prego de caixão, ou uma cama de hospital, ou de um hospício.

Se hoje os brasileiros bebem demais, os brasilienses bebem muito mais e com maior frequência. Talvez isso explique o fato de que os bares e os botecos se multipliquem como moscas em nossa cidade. O Distrito Federal experimenta uma febre de alcoolismo que não distingue os personagens, tenham eles casas para morar, ou estejam em situação de rua. Todos bebem e bebem muito. Paralelo a esses estabelecimentos, não é difícil encontrar, misturados aos consumidores, traficantes de drogas de todo o tipo e para todos os bolsos. Onde quer que existam aglomerações de bares, o sossego dos moradores é perturbado, a segurança, comprometida e toda área em torno se transforma em terra de ninguém.

Os moradores de locais próximos aos bares conhecem essa realidade de perto e não se atrevem mais a reclamar contra os proprietários desses estabelecimentos ou registrar ocorrências em delegacias. Ligar para a polícia, nesses casos, é perder tempo. Depois de encherem a cara, os beberrões saem sem rumo, urinando onde querem, brigando e fazendo arruaças sem temor algum das autoridades. Depredam o que encontram pela frente, pois tudo isso para eles é diversão. Álcool e violência generalizada têm andado de mãos dadas nesses últimos anos, aumentando as ocorrências policiais e as ocupações de leitos em hospitais.

Os estragos trazidos pelo consumo exagerado de álcool têm provocado, como não poderia ser diferente, prejuízos incontáveis à economia da capital. O GDF, que, durante muito tempo, fez cara de paisagem ante o problema, resolveu agora, diante que uma situação que escalou para o patamar de calamidade pública, tomar as primeiras providências no sentido de abrandar um problema que não para de crescer. Portaria baixada pelo governo da capital restringe o horário de funcionamento dos distribuidores de álcool em toda a região. Pelo documento, os estabelecimentos só poderão funcionar das 6h à meia-noite. Trata-se de um primeiro passo no sentido de minorar esse problema, mas ainda não é ideal.

O certo, para muitos moradores que vivem esse drama de perto, seria o fechamento dos bares juntamente com o comércio: às 18 horas. Toda essa preocupação tardia do GDF faz algum sentido quando se verifica que o Distrito Federal ocupa, hoje, o segundo lugar no ranking nacional de consumo excessivo de álcool, perdendo apenas para Salvador, na Bahia. Não apenas os adultos bebem muito, como cada vez mais esse hábito é visto também entre os jovens.

Pelos levantamentos da Secretaria de Saúde, mais de 25% dos adultos bebem regularmente, o que é considerado um índice preocupante. Outros dados mostrados no último levantamento indicam que, dos 135 homicídios ocorridos em janeiro e fevereiro deste ano, quase 25% ocorreram próximos aos estabelecimentos de venda e consumo de álcool.

Para os mais radicais, o simples fato de o consumo de álcool induzir casos de violência diversos, como homicídios, abuso sexual, uso de armas, furto, violência doméstica e tantos outros, seria suficiente para a decretação até mesmo de uma lei seca em todo o Distrito Federal, acabando com o mal pela raiz. É como dizem: “Bebida não traz felicidade, apenas traz mais dinheiro para quem vende”. Talvez o dia em que os proprietários desses estabelecimentos forem obrigados a custear o tratamento médico para seus clientes ou as custas processuais dos crimes cometidos por eles, a situação chegue a um bom termo.

 

 

A frase que foi pronunciada:
“A pior e mais devastadora doença da humanidade é o alcoolismo. A bebida, como droga lícita, é incentivada pelo marketing, glamourizada pelos meios de comunicação, pela música, e sinal de status social, em algumas culturas.”
Guto Maia

Guto Maia, neurocientisa. Foto publicada em seu perfil oficial no Facebook.

 

Roleta-russa
Perfeitamente perceptível que quem resolveu instalar os pardais ao longo da DF-005 não conhece a área em absoluto. Se conhece, a intenção é arrecadar. Não fazem sentido tanta variação de velocidade no percurso e imposições totalmente descabidas.

 

Ponto cego
Quem aguarda o ônibus na parada da plataforma superior da Rodoviária, sentido Asa Norte, é impedido de visualizar a vinda do transporte. Um totem de comercial, mal localizado, atrapalha a visão dos passageiros, forçando a chegar mais perto da pista para enxergar o próximo veículo.

Foto tirada por Ediane M.

 

História de Brasília

Há uma onda de moscas em Taguatinga. Isso é resultado da falta de higiene nos bares e restaurantes. (Publicada em 29/4/1962)