Tag: #Agrobusiness
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Depois de mais de um ano experimentando o que parece ser uma das maiores e mais universais pandemia que a humanidade já conheceu, o mundo e, particularmente, o Brasil começam a sentir os efeitos que essa doença provocou também na economia, sobretudo, no aumento, sem precedentes, do número de pessoas assoladas pelo tenebroso espectro da fome.
Em nosso caso, a situação é de emergência, já que a chamada insegurança alimentar atinge hoje mais da metade dos lares pelo país afora, tanto nos centros urbanos quanto em outras regiões mais carentes. A totalidade das pesquisas que vêm sendo feitas sobre esse problema indica que o fenômeno da escassez de alimentos, e mesmo sua falta total, já é uma realidade para milhões de brasileiros.
Somados aos 19 milhões, que nesse momento passam fome, os 116,8 milhões que sofrem a situação de insegurança alimentar, temos quase 136 milhões de cidadãos sem ter o que comer diariamente. Desde o início da pandemia, muitos economistas e outros pesquisadores das ciências sociais vinham alertando para essa possibilidade iminente e, como quase tudo que acontece nesse país, nenhuma providência de fôlego foi tomada a tempo de evitar esse quadro.
A privação de alimentos pode ser considerada o mais degradante e cruel grau de sofrimento físico e psicológico a que um ser humano pode ser submetido. Essa situação, para um país que é considerado, no mundo bilionário das commodities e dos negócios de grãos e proteína, um celeiro do planeta, torna o Brasil uma das mais desiguais e contraditórias sociedades já vistas. Como pode um país que é tido como uma potência do agrobusiness, ter um contingente de pessoas, maior que muitas populações de outros países, passando fome?
Essa realidade bizarra reforça a ideia que muitos fazem do agrobusiness como sendo um setor que não produz alimentos e sim lucros em larga escala para seus proprietários. Na verdade, dizem alguns entendidos, ruim com o agronegócio, pior sem ele, uma vez que esse é ainda considerado o grande indutor dos superávits na balança comercial do Brasil com o resto do mundo.
Pelo sim e pelo não, muitos especialistas apontam que é justamente no setor agrícola que estão as maiores e mais concretas possibilidades de combate à fome e à insegurança alimentar. Para tanto, afirmam os pesquisadores, será preciso antes, instituir um amplo e consistente Plano Nacional de Alimentação, por meio de uma série de políticas públicas que diminuam os desequilíbrios entre a produção industrial de alimentos, ligados ao agrobusiness para a exportação, e o amparo às pequenas e médias cooperativas, ligadas à agricultura familiar e comunitária, tanto no entorno das cidades quanto no campo.
O problema, além da falta crônica de planejamento e projetos, esbarra na falta de recursos e nos cortes sofridos em muitos programas como o Programa Nacional de Alimentos (PNAE), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa de Cisternas, Bolsa – Família e Renda Básica Emergencial. Mesmo o Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar (Pronaf) sofre há anos com a falta de incentivos e com cortes de orçamentos.
A pandemia, e isso não é segredo para ninguém, fez os preços dos alimentos nos supermercados e feiras dispararem, o que aumentou os índices de pobreza e, consequentemente, elevou o número de brasileiros que passam fome. Nas grandes cidades do país, esse efeito é bem visível e clama por providências antes que essa situação descambe para uma revolta popular, como muitas que aconteceram ao longo da história humana e que mostraram que a única razão que conduz o povo à revolta não são as ideologias, mas a fome.
A frase que foi pronunciada:
“Todo mundo quer comer na mesa do governo, mas ninguém quer lavar os pratos.”
William Faulkner
Imperdível
Um concerto imperdível será transmitido pela Internet, no próximo domingo, diretamente do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Floripa. A Orquestra de Cordas da Ilha, criada por Paulo Roberto Matos, contrabaixista da Escola de Música de Brasília, interpretará canções de vários séculos. Paulo Roberto, que mora em Florianópolis, convida os amigos de Brasília para acompanharem a performance pelo Youtube e Facebook. Veja mais detalhes a seguir.
Verde Brasília
Trabalho de pós-graduação em História, importante para a cidade, está arquivado na UnB. Com a orientação do professor Dr. José Luiz de Andrade Franco, trata do Desafio da floresta urbana: História do processo de arborização de Brasília (1960-1970), de Marina Salgado Pinto. Leia no link repositorio.unb.
Três gerações
Vale a pena assistir a live histórica de três gerações do jornalismo brasileiro. Alexandre Garcia, Luís Ernesto Lacombe e Caio Copolla. Sem políticos de estimação, sem papas na língua e sempre com muita educação. Acompanhe a seguir.
História de Brasília
Já que a ordem é moralizar, que não se permita então, que uma firma estabelecida num barraco provisório cobre preços superiores às outras organizadas contabilmente e concorrendo com impostos para a Municipalidade. (Publicada em 30.01.1962)
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Alguém já disse, tempos atrás, que as consequências representam tudo aquilo que virá depois. Um mundo paralisado por uma pandemia nunca vista, e que vinha num severo processo de décadas de poluição do ar, das águas e de todo o meio ambiente, tinha que experimentar, agora, as agruras sem fim do clima agreste, cada vez mais seco, quente e hostil.
Essa é a consequência de todas as mudanças bruscas chegando em forma do aquecimento global. O mais inquietante é que estamos mais do que irmanados nesse processo de destruição do mundo. Somos, hoje, um dos maiores protagonistas do planeta no quesito desrespeito ao meio ambiente. Em nosso caso, a própria agricultura, que alguns chegaram a anunciar como a grande redenção verde do país, capaz de transformar o Brasil no celeiro do mundo, teve que se transmutar para dar conta desse projeto megalômano, no chamado agronegócio ou, mais precisamente, agrobusiness.
Com o regime imposto às vastíssimas áreas que passou a ocupar, essas áreas foram submetidas a um verdadeiro sistema de terra arrasada, onde o lucro desmedido de poucos é feito às custas da dizimação do outrora rico bioma nacional. Essas mudanças, que acabaram transformando o cerrado num campo aberto para as commodities, vêm despertando, cada vez mais, a atenção de parte da população, alarmada com o noticiário interno e externo, dando conta do alto preço cobrado do meio ambiente para tornar o nosso país um campeão na produção de grãos e de proteína animal.
Com isso, ganha na consciência de muitos a certeza de que o agronegócio e sua correlata, a agroindústria, não produzem alimentos, mas apenas lucros para os grandes produtores. Uma ida ao supermercado, para comprar o básico arroz com feijão, reforça essa certeza de que, internamente, ficamos com os prejuízos irreversíveis ao nosso meio ambiente e os sempre altos preços dos alimentos básicos. Cotados em dólar, num tempo em que essa moeda se aproxima dos R$ 6, essas e outras chamadas commodities, há muito, estão longe do poder aquisitivo do brasileiro médio.
Até os países mais informados, de todo esse processo de produção selvagem e feita a todo custo, começam a boicotar nossos produtos nas gôndolas de seus mercados, mesmo que apresentem preços competitivos. Com o Congresso e o governo totalmente dominados pelo poder de lobby do agronegócio, não há muito o que fazer.
O pior nessa situação toda, se é que pode haver piora num sistema bruto como esse, é que nem mesmo os parques nacionais e as terras indígenas e quilombolas escapam do cerco desse gigantesco aparato multinacional de produção de grãos. Exemplo desse avanço sem limite sobre preciosas terras pode ser conferido a pouco mais de trezentos quilômetros de Brasília, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Depois de engolir metade do cerrado com plantio de grãos e por pastagens, o agrobusiness vem cercando, literalmente, todo o Parque. De Alto Paraíso até Cavalcanti, no Nordeste de Goiás, o plantio de transgênicos e os campos de pastagens vão se impondo contra as árvores tortas do cerrado, queimando matas, envenenando os rios, esgotando as terras, tudo em nome de um progresso que não é mais do que o avanço da poeira, da destruição e da desertificação de áreas imensas.
Só podemos lamentar que, no futuro, se é possível que haverá algum, ninguém será responsabilizado por esses crimes contra a vida.
A frase que foi pronunciada:
“A Justiça é o freio da humanidade.”
Victor Cousin, filósofo, político, reformador educacional e historiador francês.
Em defesa
Mercedes Bustamante e Bráulio Dias, da UnB, Isabel Garcia Drigo, do Imafolra, Suely Araújo, do Ibama, e Edegar Rosa, da WWF-Brasil, foram convidados para participar, na Câmara dos Deputados, de discussões sobre a preservação do cerrado. Veja o vídeo da reunião a seguir.
Lixeiros
De sol a sol, recolhem os resíduos descartados pela população. Invisíveis até para as leis, que multam um braço de fora da janela do automóvel e permitem seres humanos pendurados atrás dos caminhões de lixo. Sempre com o rosto virado para o mau cheiro, correm e se penduram em hastes para que o caminhão continue a percorrer as ruas. Sem instalações ou pontos de apoio para que possam respirar, fazer uma refeição, tomar um banho. Há a promessa de que essa classe terá mais conforto para trabalhar.
Sorteio
Basta entrar no Instagram e procurar a Livraria do Senado. Seguir a conta, comentar o post de 7 de Setembro e marcar um amigo. Essa é a inscrição para concorrer a uma das 20 publicações sobre a Constituinte de 1823 que serão sorteadas. As informações são da Agência e Rádio Senado.
Mudanças
Para quem preserva Brasília, imaginar que o Setor Comercial Sul possa se transformar em local de habitação e moradia causa estranheza e tristeza. Mas é preciso aceitar as mudanças do mundo. Com a pandemia, ficou claro que escritórios e gabinetes são espaços desnecessários em grande parte das profissões, onde o teletrabalho tomou lugar, dando mais segurança, economia e produtividade.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O ministro Franco Montoro defenderá, junto ao GTB, quinta-feira próxima, a prioridade para a transferência do ministério do Trabalho para Brasília. (Publicado em 16/01/1962)