Absenteísmo revelador

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press

 

Melhor é culpar a pandemia do Covid-19 pelos números recordes e históricos de abstenções no primeiro turno das eleições municipais de 2020. Praticamente, um terço do eleitorado, em todo o país, apto a votar, simplesmente resolveu não comparecer às urnas, escudado, segundo creem as autoridades, pelo medo de contágio.
Para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, o eleitorado teria comparecido em massa mesmo o país estando em plena pandemia. Entre uma realidade e outra, é preciso observar que, verdadeiramente, o que se esconde por detrás desse absenteísmo cívico de um quarto da população está o fato de que os candidatos que se lançaram nesse pleito são por demais conhecidos da população.
No caso dos prefeitos, tiveram vitória fácil apenas aqueles que se empenharam de corpo no combate à pandemia, emprestando todo o suporte de sua administração para minorar os efeitos da virose sobre sua comunidade.
Já nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais, a sequência de imagens captadas pelos cidadãos das reuniões desses políticos e disponibilizadas pelas redes sociais serviu como uma espécie de motivo prático para varrer muitos falsos políticos.
É óbvio que, nessa multidão de candidatos veteranos, muitos lograram escapar da faxina feita pelos eleitores e vão, ainda, permanecer mais quatro anos tirando proveito pessoal do cargo, alheios às necessidades da população. O fato é que a pandemia apenas serviu como mais uma desculpa para a ausência dos eleitores, cansados que estão da classe política e da mesmice apresentada pelos partidos políticos, transformados, aos olhos de todos, em uma empresa rendosa para seus líderes.
Por um lado, a fuga de eleitores demonstra que de nada adiantam os bilionários fundos eleitorais e partidários para turbinar a democracia, quando se verifica a baixíssima qualidade dos postulantes aos cargos representativos. Por outro, fica patente também, e isso talvez seja a mais importante lição a se tirar desse pleito gigante, que é mais do que chegada a hora de se promover uma verdadeira reforma política, que aproxime os candidatos da comunidade em tempo integral e não somente de quatro em quatro anos.
É bom que fique claro, ainda, que as redes sociais, mais do que qualquer outra instituição do Estado, têm sido a ferramenta, por excelência, a abrir os olhos do eleitorado para a pantomima em que se transformaram nossas eleições, desde a redemocratização, por enquanto, sem 5G.
A injeção de preciosos e volumosos recursos públicos para partidos e candidatos, ao contrário do que creem as autoridades, tem tido o efeito contrário de espantar os eleitores, cada vez mais desconfiados desse espetáculo burlesco. As necessidades verificadas nessa pandemia, desde o atendimento nos hospitais até a indiferença dos políticos que estão pedindo novamente votos, têm feito o cidadão acordar e dar o troco. É preciso, agora, que esse movimento cívico de indiferença venha fazer a diferença e provocar uma melhoria nesse modelo de democracia que insistem em empurrar, goela abaixo, na população.
A frase que foi pronunciada
“O passado é uma espécie de archote colocado à entrada do porvir para dissipar parte das trevas que o envolvem.”
Hugues Félicité Robert de Lamennais (1782 -1854). Filósofo e escritor político francês
Hugues Felicité Robert de Lamennais. Imagem: wikipedia.org
Fica a dica
Manoel Andrade, arquiteto e colaborador desta coluna, chama a atenção para o termo “distanciamento social”, adotado quando se trata de pandemia. Na realidade, trata-se de distanciamento físico. Do social, a internet tem cuidado.
Charge do Zé Dassilva
Voa
Por falar nisso, leia a seguir a íntegra da poesia de Marcos Linhares, conhecido jornalista da cidade. “Acordei com vontade de viajar, de abrir as asas, sair de casa, de flutuar”.
–> Voo soloAcordei com vontade de viajar
De abrir as asas
Sair de casa
De flutuar

De sentir os pés fora do chão
A poeira da estrada
A água gelada
Molhando o corpo e a alma

Estou sem calma, sem pressa
Mas agitada
Vendo a lua em plena tarde
E na noite, a alvorada

Estou quase descolando de mim
E aterrissando em algum planeta
Remarcando meu território
Refazendo meu oratório

Não sei onde vou parar
Nem se vou sair nem se vou chegar
Nem se o vulcão vai explodir
Ou se chuva vai molhar

Só sei que vou fazer algo
Que tenha cheiro de capim
De lírio, de lavanda
De hortelã, manjericão

Que não tenha placas
Mas que aplaque minha vontade
Que mova meu desejo, meu sonho
Minhas pernas, minha verdade

Acordei com vontade de viajar
De abrir as asas
Sair de casa
De flutuar

Poema de Marcos Linhares
Saudades
Gisele Santoro, viúva do maestro Claudio, foi surpreendida por uma informação dada pelo filho Alessandro. Canções de amor dirigidas a ela foram descobertas quando navegava pela internet. Ao saber do ocorrido, Janette Dornellas postou para os amigos uma dessas canções cantada por ela acompanhada ao piano pelo maestro Artur Soares.
Bons velhinhos
A Liga do Bem do Senado, capitaneada pela diretora-geral, Ilana Trombka, estendeu o espectro das cartinhas ao Papai Noel. Idosos também têm direito a pedidos. Detalhes a seguir.
Foto de início da campanha publicada nos histories do perfil oficial da Liga do Bem SF no Instagram

–> 🎅🏽 Já começou a campanha do Natal Solidário!Até o dia 10 de dezembro, você pode adotar uma cartinha para o Papai Noel e ajudar crianças, idosas e idosos de diversas instituições. Confira no link: Liga do Bem SF

👉🏽 É possível adotar dois tipos de cartas:

📩 Cartas digitais: envie um e-mail para ligadobem@senado.leg.br solicitando uma carta de criança ou idoso(a).

📬 Cartas físicas: disponíveis no galpão da Liga do Bem (Gráfica, Senado Federal, Bloco 14), de terça a quinta, das 10h30 às 16h30.

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História de Brasília
A Novacap está levando avante uma política extremamente danosa para os trabalhadores. Isto de dar comida de graça é acintoso, e foco de agitação. É que, em muitos casos, há, realmente, necessidade, mas a maioria se encosta para receber alimentação, e não quer mais trabalhar. (Publicado em 16/12/1961)