Anna, armada de palavras

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: bbc.com (Getty)

 

Durante muito tempo, acreditou-se que o jornalismo, principalmente o de caráter investigativo, representava a última trincheira avançada em defesa da liberdade de expressão, servindo como uma espécie de farol de resistência contra a tirania e a favor da verdade. Houve um tempo, inclusive, em que o jornalismo era tido, por sua capacidade de arregimentação das massas, como um quarto poder. Exemplos desse modelo de jornalismo combativo são abundantes por todo o mundo e dele emergem figuras que, por sua atuação corajosa, entraram para a história como verdadeiros combatentes, munidos apenas com as armas da palavra e da escrita.

O advento das mídias sociais, mesmo impulsionando as informações como nunca, ajudaram a retirar muito desse poder atribuído ao jornalismo tradicional fazendo com que, hoje, tanto a imprensa como a chamada busca pela verdade ficassem espalhadas e dissolvidas por todos os lugares, aumentando a impressão geral de que ninguém, em nossos dias, por mais poderoso que seja, pode ser considerado o dono da verdade.

Mas ainda assim e em meio as adversidades de um mundo em crise de identidade, é possível encontrar jornalistas com coragem suficiente para abalar as estruturas do status quo, sobretudo, quando um sistema político favorece as injustiças e privilegiam as camarilhas, os tiranos e a corrupção. É nesse sentido que o jornalismo favorece a sociedade, brindando-a com a verdade dos fatos. Por causa desse poder de transmitir a verdade, muitos profissionais do jornalismo pelo mundo, ontem e hoje, pagaram com vida por essa ousadia e coragem. A eles, muitas democracias pelo mundo são devedoras desse tipo de luta.

Nesse sentido, merece destaque aqui, neste espaço, a lembrança do nome da jornalista americana Anna Politikovskaya, nascida na América, mas criada na União Soviética. Profissional respeitada dentro e fora da Rússia, Anna era um modelo de repórter investigativa. Não precisa nem dizer que, tendo escolhido o lado investigativo da imprensa e, além disso, disposta a levar a verdade dos fatos aos leitores, Anna, desde sempre, correu sério risco de morrer, ainda mais dentro de uma Rússia, comandada, há mais de duas décadas, com mãos de ferros por Vladimir Putin. Putin é hoje conhecido em todo planeta pelas acusações de crimes de guerra, genocídios de civis e pela forma brutal como trata toda e qualquer dissidência ou oposição. A lista com os nomes daqueles que ousaram desafiá-lo é imensa, assim como sua sede de poder e seu sonho megalomaníaco de reconstituir a antiga União Soviética, com toda a sua glória passada.

Trabalhar numa situação de perpétuo confronto como essa, onde a morte espreita em cada canto, não é para qualquer um. Ainda mais sendo uma jornalista atuante, focada em direitos humanos e que via, na guerra da Chechênia, violações indescritíveis praticadas pelo exército de Putin. Por sua atuação incansável, ela acabaria se tornando uma figura emblemática dentro e fora das fronteiras da Rússia. Poucos profissionais da imprensa tiveram a coragem que Anna demonstrava ao cobrir uma série de conflitos e de guerras sangrentas comandadas por esse pequeno e ganancioso Napoleão de hospício sovietista.

Anna, em seu trabalho, sempre demonstrava a preocupação em se posicionar contrária a toda e qualquer neutralidade, sobretudo aquela que faz cara de paisagem diante das brutalidades e desrespeitos à vida. Durante o tempo em que atuou nos principais veículos de comunicação da Rússia, o medo e a repressão eram uma constante. Os assassinatos de opositores e críticos do regime russo eram comuns. Da noite para o dia, esses críticos e adversários do regime desapareciam ou eram simplesmente encontrados mortos. Putin mandava eliminar, como moscas, não só políticos ou empresários contrários ao sistema, como encomendava, também o silenciamento de jornalistas que mostravam uma ameaça aos seus desmandos.

A morte anunciada e dada como certa de Anna ocorreria em 7 de outubro de 2006, quando foi  assassinada a tiros no elevador do prédio onde morava, por um desses milhares de sicários que agem para apagar os rastros de crimes desse regime brutal, o mesmo que hoje ameaça a Europa e o mundo com armas de destruição em massa. De toda a forma, a sua morte não foi em vão, tendo servido de inspiração para outros profissionais que ainda lutam dentro daquele país contra a centralização do poder e a falta de liberdade de expressão.

 

A frase que foi pronunciada:

“Esta linha política é totalmente neo-soviética: os seres humanos não têm existências independentes, são engrenagens na máquina cuja função é implementar sem questionamentos quaisquer escapadas políticas que aqueles no poder inventam. As engrenagens não têm direitos. Nem mesmo à dignidade na morte.”

Anna Politkovskaya

Anna Politkovskaya. Foto: gettyimages.com

 

História de Brasília

Estão querendo fazer sensação em torno do julgamento do delegado João Peles. A história de ameaça de morte não é motivo para ausência de testemunha. Assunto desta classe não deve atrasar julgamento. (Publicada em 29.04.1962)

O povo brasileiro mudou para melhor

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Charge do Quino

 

Estudiosos das comunicações e dos fenômenos das interlocuções humanas no Brasil foram, todos, sem exceção, apanhados de surpresa com a eleição de um presidente da República, consagrado pelas urnas graças ao poder de penetração e de irradiação instantânea das mídias sociais. Jornais, revistas, televisão e mesmo as rádios ficaram em segundo plano, perdendo o posto de 4º Poder. Com isso, ficam, na poeira da estrada e do tempo, os cidadãos Kane daqui e doutras bandas do mundo.

Isso é bom? É ruim? Só o tempo dirá. Colocada, desde sempre, como porta-voz da sociedade, a democracia muito deve ao papel da imprensa. Principalmente numa América Latina, acostumada a viver longos períodos com baixos índices de liberdade. De fato, o que assusta os entendidos dos fenômenos da comunicação é a chegada, repentina, de um novo player no jogo de convencimento da população. Claro que a eleição do candidato do PSL contou, também, com a enorme rejeição de seu concorrente e apoiadores, transformados, nas mídias sociais, numa espécie de quadrilha criminosa.

Mesmo o poderio fatal das fake news, que transitam no mesmo espaço das novas mídias, foi incapaz de suplantar a vontade popular, dando vitória a um candidato que é o antípoda da turma de esquerda. Esse mesmo fenômeno havia acontecido durante a campanha de Barack Obama nos Estados Unidos. Naquela ocasião, as mídias tradicionais também foram surpreendidas com esse novo poder que se anuncia.

De fato, ao disponibilizar a posse de um celular na mão de cada brasileiro, uma revolução silenciosa foi operada, inaugurando uma nova categoria de cidadão onipresente e de uma democracia direta e instantânea. Nem mesmo os maiores especialistas no assunto sabem ao certo se esse fato, no futuro, será positivo ou negativo. O certo é que essas novas tecnologias vieram para ficar e acabaram ocupando um espaço que muitos nem sabiam que existia.

Bolsonaro sempre se comunica diretamente com a sociedade e com seus apoiadores por meio das redes sociais. Utiliza esse recurso quando acha necessário ou quando um assunto passa a ocupar a preocupação dos cidadãos, o que não havia antes. Só vinha a público o recado de um presidente da República em horário nobre da TV. Era impensável ouvir a versão do comandante do país sobre qualquer assunto, em tempo real, ao alcance das mãos.

Obviamente que um fenômeno dessa magnitude, em muitas partes do planeta, tem sido estudado e esmiuçado de perto. Em coletiva recente, o presidente eleito, convencido da independência conquistada com as redes sociais, impediu, pela primeira vez na nossa história, que importantes redes de jornalismo tivessem acesso à sua entrevista. O que poucos entenderam até agora é que o poderio não é só das redes sociais.

A frase que foi pronunciada:

Não importa se o remédio é ou não farinha, o que cura é a bula.”

Luís Fernando Veríssimo

Foto: Alice Vergueiro/Abraji

E vigiai

Comunidade Cristã está de olho no Instagram. Leitora conta que, para o Ramadan, celebraram a data com ilustrações do calendário islâmico para o mês da prática do jejum dos muçulmanos. O mesmo foi feito com o novo ano chinês, e a rede social não fez nenhuma menção sobre a Páscoa.

Novidade

Hoje, o portal da Câmara Legislativa será repaginado. Com informações históricas mantidas e separação de assuntos mais abrangente. A Coordenadoria de Modernização de Informática da Casa (CMI), em parceria com os gabinetes parlamentares, trouxe sempre como objetivo facilitar o acesso da população às informações produzidas e à atuação parlamentar na CLDF.

Foto: Carlos Gandra/CLDF

Sem fundo

Por falar em Câmara Legislativa, um projeto de Chico Vigilante dispensa a cobrança de juros e multas moratórias sobre o valor total do IPVA e IPTU dos exercícios 2020 e 2021, pagos em atraso, no âmbito do Distrito Federal, em razão do estado de calamidade pública decorrente da pandemia do novo Coronavírus. O dinheiro economizado aí poderá ser usado para o aumento da gasolina, gás de cozinha, água e luz. Fora a alimentação, com preços já estratosféricos.

Deputado Chico Vigilante. Foto: cl.df.gov

Rígidos

Importante a ideia de inicialização de assuntos de trânsito nas escolas, inclusive com turmas do ensino fundamental. Ninguém melhor que um filho para ensinar comportamento no trânsito aos pais.

Foto: cpt.com

Prestação

Senador Rodrigo Pacheco instalou a CPI do Covid e ampliou o escopo de investigações, aceitando o documento do senador Girão, que quer saber, por exemplo, onde foram usados os recursos federais pelos estados e municípios no combate ao Covid-19. A qualquer dinheiro saído dos cofres públicos, a exigência da prestação de contas é o mínimo que se espera. Afinal, trata-se do uso de impostos pagos pelos cidadãos.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

História de Brasília

Resta, entretanto, que a Novacap veja, que ao lado dos mercadinhos há um barraco de madeira, o “Peixe e Gelo”, que vende camarões a 800 cruzeiros enquanto que uma peixaria, que paga impostos e aluguel, vende o mesmo produto por 650 cruzeiros. (Publicado em 31.01.1962)