DESDE 1960 »
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha e MAMFIL
“Com dinheiro não se brinca e por dinheiro não se briga”, ensina o filósofo de Mondubim. Em tempos de recessão e dinheiro curto, essa lição deve ser seguida ainda com maior zelo. Muitas donas de casa fazem verdadeiros milagres para esticar a renda mensal, buscando melhores preços, substituindo itens por outros mais em conta, numa ginástica diária sem fim. É graças à persistência dessas brasileiras abnegadas que a inflação nos preços dos alimentos não tem fôlego maior. Agindo num trabalho de formiguinhas, essas consumidoras colaboram, de modo substancial, na contenção dos preços, por ação de demanda.
Infelizmente, Brasília conta com poucas tradicionais feiras de rua. Não é como ocorre em outras cidades pelo país. Nesse comércio popular, tão antigo quanto as próprias cidades, é possível maior interlocução entre quem vende e quem compra, criando o exercício salutar do mercado entre demanda e oferta, o que conflui para a modelação de preços mais justos para todos. Em Brasília, as donas de casa estão praticamente à mercê dos serviços oferecidos pelas redes de supermercados, tanto com relação aos preços, quanto à qualidade dos produtos. É aí que mora o perigo. Nessa relação em que as consumidoras não têm muito espaço de manobra, as vantagens ficam sempre ao lado da oferta, ou seja, dos supermercados.
Essa relação desvantajosa para as consumidoras é turbinada ainda pela formação crescente de cartéis entre os supermercados, forçando o nivelamento artificial dos preços, destruindo a concorrência e o próprio de livre comércio. Dessa forma e sob a bênção interesseira e cúmplice das autoridades, os supermercados agem como querem, praticando preços extorsivos. Vê-se mais de 100% no aumento de um produto e não há fiscalização. O comércio é livre.
A situação é agravada ainda mais no que diz respeito à qualidade dos produtos ofertados por esses estabelecimentos. É sabido que muitos supermercados, para minimizar eventuais prejuízos, recorrem à prática de reembalar produtos alimentícios cuja data de validade expirou. Assim, é preciso ter cuidado na compra de queijos fatiados, presuntos, carne moída e uma série de mercadorias com dados mascarados. Pacotes de biscoitos com menos conteúdos, embalagens menores, ar dentro da manteiga, são apenas alguns exemplos de desrespeito ao consumidor. Outra prática comum nesses estabelecimentos é o desencontro nos preços registrados na gôndola e o cobrado efetivamente nos caixas.
Poucos dias atrás, a 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon) condenou a rede Pão de Açúcar ao pagamento de R$ 500 mil por indenização por danos morais coletivos, justamente pela prática de cobrança de valores superiores aos anunciado nas gôndolas. Em tempos de fiscalização frouxa, é preciso atenção quanto ao peso correto de produtos pré-embalados que, na maioria das vezes, não são devidamente conferidos pelos consumidores. Muitas donas de casa perceberam que na relação com os grandes comerciantes, as vantagens impreterivelmente ficam com os supermercados, que lucram muito mesmo quando aparentemente parecem perder.
A frase que não foi pronunciada
“ Tenho o desejo de mudar o mundo, mas falta-me alma para ousar…”
Você
Proteção
» O deputado Ricardo Izar conseguiu aprovar o projeto de lei que proíbe o extermínio de cães e gatos por órgãos da zoonose. O deputado Domingos Sávio apoiou a ideia e levantou três pontos importantes para sustentar a iniciativa. Tirar os animais das ruas, apoiar projetos de adoção e controlar a natalidade.
Pólvora
» Indígenas e quilombolas foram assunto na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara. O debate foi revelador. Há investigação sobre a atuação do Incra e da Funai. O clima esquentou quando o deputado do Mato Grosso, Nilson Leitão, propôs que o sigilo bancário e fiscal das seguintes instituições fosse quebrado: Centro de Trabalho Indigenista (CTI), e Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Instituto Socioambiental (ISA) e Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e de pessoas físicas ligadas a essas organizações.
Na luta
» A deputada Mara Gabrilli parou tudo para receber os atletas paralímpicos que estão ameaçados de perderem o Bolsa Atleta. Presentes na audiência com a deputada, Luiz Lima, secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento; Moziah Rodrigues, o coordenador do Bolsa Atleta; e Andrew Parsons, o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, além de 1.400 atletas representados por oito colegas presentes. Saíram de lá satisfeitos com a comunicação da Casa Civil de que a MP 767 deste ano poderá receber as emendas feitas pela deputada para ajudar os atletas que representam o Brasil.
História de Brasília
Francisco Finamor, Correio do Povo: Poderá voltar a dirigir os destinos do Brasil com muito mais força uma vez que os seus sete meses de governo corrigiram muitos erros das administrações passadas. (Publicado em 22/9/1961)