Ser idoso em país hostil

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), daqui a pouco mais de três anos, o Brasil terá uma população de aproximadamente 5 milhões de idosos. Para um país, literalmente falido, sem estruturas físicas para recepcionar com segurança e um mínimo de conforto este grande contingente que vem chegando de mansinho, as perspectivas que se apresentam são sombrias ou, na melhor das hipóteses, pouco animadoras.

Sem políticas claras nem eficazes para enfrentar a nova realidade demográfica, o Estado brasileiro necessita adotar, urgentemente, um conjunto de medidas que visem, ao menos, tornar a vida dessas pessoas um pouco menos sofrida. Pesquisadores alertam para o fato de que a faixa da população que mais cresce hoje no país é composta por indivíduos com média de 80 anos ou mais. Definitivamente, e todos disso sabem, não temos cidades adaptadas para atender as necessidades especiais dessa faixa etária.

A questão é como preparar, em tão pouco tempo, um país inteiro para receber os idosos, numa etapa da vida em que naturalmente as pessoas se tornam mais dependentes e frágeis, em que aumentam os cuidados com a saúde, com a locomoção, o pronto atendimento, a moradia, o lazer e outras atividades necessárias para uma vida digna, saudável e alegre.

Mais do que qualquer outro desafio que temos pela frente, e o Brasil tem muitos, a questão do idoso não pode ser adiada e empurrada para gestões futuras. Para um Estado que tem sido, desde a sua origem, um ingrato com seus cidadãos contribuintes, arrancando deles muito mais do que dá em troca, a tarefa que se apresenta agora é gigantesca. O atendimento a esta população que chega, requer cuidados contínuos por 24 horas, 365 dias, e infraestrutura própria, sem improvisos.

Em levantamento feito em 2010 pelo Ipea, observou-se que 80% das cidades brasileiras não têm sequer um asilo. Em todo o país, são 3.550 asilos. Desse total, somente 6% são públicos. A maioria, 66% são mantidos por entidades filantrópicas, sem fins lucrativos. Nos asilos particulares as mensalidades giram em torno de R$ 6 mil, custo impossível para a maioria das famílias do país. Para muitas famílias, principalmente de baixa renda, as vagas nos poucos asilos disponíveis só são obtidas por meio de ação judicial para obrigar o Estado a garantir o direito ao acolhimento.

No Brasil, o acolhimento do idoso, segundo a pesquisadora do Ipea, Ana Amélia Camarano, ainda é feito muito mais segundo uma mentalidade de cunho caridoso e cristão do que uma obrigação própria do Estado de direito. O problema ganha dimensão de tragédia humana quando se sabe que parcela significativa dos idosos que são internados em asilos ou hospitais são abandonados e esquecidos por seus familiares.

Segundo o Ministério da Justiça e Cidadania, os idosos, como parcela mais vulnerável da população sofrem todo tipo de maus tratos, desde negligência, violência psicológica, abuso financeiro com violência patrimonial, além de violência física. Quando se constata que a cada 10 minutos, um idoso é agredido no Brasil, vemos que os brasileiros, em pleno século 21, ainda estão na pré-história quando o assunto é cuidado com seus cidadãos mais vividos. Cidadãos, diga-se de passagem, que já contribuíram muito e por um longo tempo para a construção de um país que ao menos saiba a hora de retribuir com Justiça.

A frase que foi pronunciada

“Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só.”

Amyr Klink

TCU

» Dona Dilma Rousseff está na mira do Tribunal de Contas da União. Um processo diz respeito a repasses a bancos públicos de recursos que foram para programas sociais e o outro questionamento é sobre as prestações de contas de 2015.

Admiração

» Lindbergh Farias, Lula e Jaques Wagner são os nomes para o comando do PT. Ainda bem que o senador Paulo Paim é mantido ao largo da elite do partido. Assim, pode continuar trabalhando e sendo admirado pela eficiência e honestidade.

Prefácio

» Quem assinou o prefácio do livro Operação Mãos Limpas da Itália, escrito por Gianni Barbaceto foi o juiz Sérgio Moro. O trecho mais comentado sobre o texto do juiz é quando ele diz que para ser corrompido é preciso de outra pessoa.

Educação

» Vamos ver como vai ficar 2017. Por enquanto já são três meses que as universidades particulares não recebem o pagamento do Fies. São mais de R$ 3,5 bilhões em atraso. Só de taxas bancárias o valor é de R$ 702 milhões.

História de Brasília

Reconheçamos que o sr. Mauro Borges prestou, nesses últimos dias de crise política, relevantes serviços. Foi um esteio da democracia, baluarte da legalidade. Esperemos, agora, que ele mantenha sua posição, abrindo mão dos esquemas políticos, defendendo Brasília. (Publicado em 15/9/1961)

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