DESDE 1960 »
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Circe Cunha e MAMFIL
Técnicos em recursos hídricos e meteorologia são unânimes em considerar que a região Nordeste vive o mais severo e prolongado período de seca dos últimos 100 anos. Para se ter uma ideia, apenas nos últimos cinco anos, o volume médio das chuvas na região, que normalmente se estendem de novembro a março, vem decrescendo de modo assustador. Tal fenômeno tem levado muitos habitantes a acreditar que o semiárido, como conhecemos hoje, com a tradicional vegetação do tipo caatinga, diante das mudanças climáticas que vêm afetando todo o planeta, caminha, a passos largos, para se transformar numa imensa e inóspita região desértica.
Chama a atenção também o fato de que os efeitos da seca prolongada parecem se alastrar a cada ano para áreas que anteriormente estavam imunes à estiagem. Nos últimos anos, o polígono da seca cresceu muito num processo contínuo e parece irreversível. Essa situação agrava ainda mais um problema que é tão velho quanto a história do Brasil.
Entre 2012 e 2013, essas regiões amargaram um prejuízo de R$ 104 bilhões. A grande área atingida pela estiagem persistente abrange os estados de Alagoas, da Bahia, do Ceará, da Paraíba, de Pernambuco, do Piauí, do Rio Grande do Norte, de Sergipe, do norte de Minas e parte do Espírito Santo, afetando cerca de 25 milhões de brasileiros. Nessas localidades, é possível afirmar que grande parte das pequenas e médias cidades ainda subsiste graças aos vários programas assistenciais, como o Bolsa Família, a aposentadoria rural, o Bolsa Estiagem, além de programas de fortalecimento da agricultura familiar e de incentivos para a construção de cisternas, entre outros.
Se, por um lado, esses vários programas permitem que as famílias permaneçam vivendo em suas propriedades, por outro, favorecem a perpetuação de uma classe política que sempre teve na indústria da seca seu principal capital. Messiânica e carismática, a maioria dos políticos populistas que viceja por essas regiões encontra na miséria das populações locais um jeito fácil para eles e seus familiares permanecerem ad eternum no poder, manipulando as necessidades básicas dessa gente de tal forma que parece ser ela a única que pode salvar a todos da fome e da morte.
Hábeis interlocutores entre os governos locais e a população, os políticos dessas regiões seguem sempre a mesma receita secular: salvam a si e aos seus em primeiro lugar, depois tratam de atar uma imensa legião de famílias carentes aos seus interesses, fazendo parecer a todos e a cada um que é de seu próprio bolso que saem os recursos salvadores. A questão central é como um problema tão antigo, do qual já se conhecem as causas e consequências, e principalmente os remédios, ainda persiste tal e qual era no tempo da monarquia?
A frase que foi pronunciada
“Que tal concurso público para ser ministro do Egrégio STF?”
Vasco Vasconcelos, escritor e jurista
Vizinhança
» Mauro Chaves é a prova viva de que a vizinhança simpática em Brasília existe sim. Ele mora no Condomínio San Diego. Como vários vizinhos são do Rio de Janeiro, durante o carnaval eles voltam para a terrinha. Mas antes disso, há o tradicional desfile na casa do Mauro. Trata-se da Confraria 21 meia um. Todos se unem para organizar a festa. Ala das baianas, bateria, muita alegria e depois uma superfeijoada.
Importante
» No próximo dia 16, acontecerá importante palestra sobre a reforma na Previdência. Capitaneada pelo secretário de Previdência, Marcelo Caetano, tendo o Dr. Vilson Antonio Romero, presidente do Conselho Executivo da Anfip, como debatedor. O evento terá início às 20h, na Grande Loja Maçônica do DF, que fica na 909 Norte.
Memória
» Assim como tantas outras invenções brasileiras, a máquina de escrever, cujo o teclado disposto é o mesmo dos computadores atuais, foi inventada pelo padre paraibano Francisco João de Azevedo, nascido em 1814. Apenas uma lixa e um canivete foram necessários para o protótipo do invento. Mas nada aconteceu. Passados alguns anos, depois que a máquina de escrever chegou ao público, tiveram certeza de que algum estrangeiro sabotou o inventor brasileiro. Há também quem afirme que o religioso permitiu a reprodução do invento. Quem lembra sobre o fato é o inventor Reginaldo Marinho.
História de Brasília
Caubi de Oliveira, “Correio Paulistano”: Jânio é um homem imprevisível. Se ele voltar a empolgar o eleitorado, é difícil uma previsão. Contudo, é certo que o povo brasileiro manterá as conquistas democráticas alcançadas até hoje. O sr. JQ terá que se enquadrar dentro dessa linha. Não acredito que a renúncia o tenha liquidado irremediavelmente. (Publicado em 22/9/1961)