A saída da crise ainda é pela porta da educação

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com;

com Circe Cunha e Mamfil

Charge: amargosanoticias.com
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            Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, dizia o poeta português Luís de Camões, no século XVI. Mais do que as vontades, mudam-se até os referenciais de riqueza de uma Nação. Se no passado era o acúmulo de metais preciosos, como o ouro, que indicava o nível de riqueza de um país, com o passar do tempo esse critério foi cedendo lugar aos outros indicativos mais ajustados à evolução da economia. Com o aperfeiçoamento e emprego, em larga escala, da máquina à vapor no século XVIII, a aceleração da produção e o encurtamento no tempo de viagem acabaram por revolucionar a economia, transformando e tornando ricos aqueles países que introduziram as novas máquinas no processo de produção.

           Dando um salto para o presente, o que se verifica hoje é que a alta tecnologia, empregada em todos os setores da economia, transformou-se no grande referencial de riqueza de um país. Mas para que uma nação atinja esse ponto de excelência é preciso antes um longo trabalho de educação da população. O consenso atual entre os economistas é que um país rico não é aquele que apenas resolveu, de modo satisfatório, o problema da pobreza e da miséria, mas, sobretudo, é aquele em que os níveis de educação oferecidos à população são considerados avançados e de ótima qualidade. Desse modo o indicativo de riqueza deixou de ser um bem material e passou a ser representado por algo aparentemente abstrato, mas cujos efeitos são palpáveis, concretos e duradouros.

         Rico é um país educado. No ranking dos dez países mais ricos do mundo, absolutamente todos apresentam excelentes níveis de educação oferecidos a população. Neste sentido, causa grande preocupação que, repetidamente, o Brasil venha aparecendo nas derradeiras posições sempre que são apresentados os resultados da avaliação de estudantes em qualquer área do conhecimento.

       Pelos dados que agora chegam do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), uma prova coordenada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aplicado ainda em 2015, entre os 35 membros desta entidade, mais 35 países parceiros, o desempenho dos estudantes brasileiros em ciências, leitura e matemática mostrou uma queda acentuada, colocando o país na 63ª posição em ciência, 59ª em leitura e na 66ª posição em matemática. Praticamente os últimos lugares. É um vexame e uma vergonha, para todos nós, que nossos alunos apareçam colocados nessa posição, o que demonstra que temos muito o que fazer se quisermos, algum dia, retirar o país da condição de subdesenvolvido e fornecedor de matérias-primas baratas.

          Relatório apresentado pelo Banco Mundial demonstra que o Brasil, a continuar nesse passo lento em educação, necessitará de, ao menos, 260 anos para atingir o nível educacional de países desenvolvidos em leitura e 75 anos em Matemática. Para os especialistas, existe uma crise de aprendizagem que afeta grande parte do Ocidente, mas no Brasil esse problema assume contornos de um verdadeiro flagelo, capaz de tolher o futuro de milhões de jovens. Análises desse Relatório mostram ainda que cidadãos mais bem educados tendem a valorizar mais a democracia.

A frase que foi pronunciada:

“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.”

Immanuel Kant

Leitores

Nossa leitora, Regina Ivete, lendo sobre a notícia da Biblioteca de Portas Abertas, lembrou que até hoje a Biblioteca Demonstrativa de Brasília está inativa. Então nem vamos tocar no assunto Teatro Nacional.

Sem cultura

Gerida pela Secretaria de Educação, a Escola de Música de Brasília paga pela ignorância administrativa. Para ensaiar uma ópera, por exemplo, é preciso de um pianista, do regente e do cenógrafo. A pergunta dos burocratas. Mas três professores para 30 alunos? Sim. Um pianista não rege e um cenógrafo não toca piano.

Foto: noticias.se.df.gov.br
Foto: noticias.se.df.gov.br

Atualização

Uma resolução da Adasa, daquelas que ninguém entende para quê e para quem, vige  em salas comerciais da seguinte forma. Há um valor mínimo a pagar pela água. Consumida ou não, o comerciante deve desembolsar o equivalente a 10 metros cúbicos de água, por volta de R$ 70, o que traz dois problemas. O primeiro é pagar pelo que não consumiu (o que é um abuso inquestionável) e o segundo é gastar a água abundantemente, já que está pagando por ela (é direito, mas estamos em crise hídrica). Por isso, está na hora de repensar esse lucro pelo desperdício e o consumidor pagar apenas o que gasta.

Leitor

Estilo inconfundível, Vicente Limongi Netto nos pede para registrar o aniversário da grande figura humana e profissional, Laércio Gomes Gonçalves. Médico dos mais conceituados em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Goiás, Laércio tem clínica no Lago Sul, onde recebe amigos e pacientes com competência, fidalguia e carinho.

 

História de Brasília

As informações acima, foram ouvidas de um deputado, uma das vozes tradicionais do parlamento. Agora, a nossa opinião: é uma vergonha, um deputado fazer a chantagem da apresentação de um voto de censura condicionado a imposições políticas, dependendo de nomeações de apadrinhados. (Publicado em 14/10/1961)

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