A vingança do Mané Garrincha

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Com a emancipação política do Distrito Federal, ardilosamente armada por um grupo de pessoas interessadas em inaugurar aqui também um amplo balcão de negócios, como já vinha sendo praticado no restante do país, Brasília passou a integrar também o rol das unidades da Federação dilapidadas por criminosos disfarçados de representantes da população. Desde essa época e, principalmente, a partir da instalação da Câmara Legislativa, os seguidos prejuízos aos brasilienses e à cidade se acumulam ano após ano.

Fossem colocados numa balança os benefícios e prejuízos trazidos com a chamada maioridade política da capital, sem dúvida alguma, a balança penderia para o lado dos enormes malefícios que esse arranjo artificial trouxe à vida da capital. Qualquer pesquisa, a partir do fim dos anos 1980, demonstra que, com a emancipação, praticamente, a cada semestre houve pelo menos um grande escândalo de corrupção e de desvio de dinheiro público, tudo devidamente registrado pela imprensa.

Abduzida por políticos inescrupulosos de todos os matizes políticos, Brasília tem sido, desde então, negociada e retaliada, como mercadoria entre esses grupos, sempre em desfavor da população. A emancipação política foi um grande negócio apenas para os homens de negócio, amasiados no Legislativo local e blindados com a prerrogativa de foro.

A inovação trazida pela arquitetura moderna da capital, infelizmente, não foi estendida ao modo de administrar a cidade. Repetimos, assim, os mesmos erros históricos de outras unidades da Federação de confiar a gestão dos recursos públicos a grupos políticos, cujo o único compromisso é consigo mesmo e com seu entorno imediato.

Sob o falso argumento de que sem eles não pode haver democracia, os políticos da capital têm zombado por anos da credulidade dos eleitores, enquanto cuidam de engordar de forma acelerada o próprio patrimônio. Com a prisão agora de mais nove figurões da política local, por causa do superfaturamento do Estádio Mané Garrincha, o que a sociedade candanga assiste é à continuação de cenas de crimes, cujo os personagens principais continuam sendo os eleitos pela sociedade para cuidar da cidade.

A bem da verdade, qualquer grande obra pública realizada por essa turma, em todo tempo e lugar, não resistirá a nenhuma apuração feita com lentes cristalinas. O problema ganha ainda mais gravidade quando se verifica que órgãos de fiscalização, como o Tribunal de Contas do Distrito Federal, durante todos esses anos, não foram capazes de impedir a repetição dos desmandos perdulários.

Agindo como anexo do Legislativo e do Executivo local, o TCDF foi mais uma criação advinda da emancipação política e, como tal, tem mostrado a que veio. Caso a polícia persista na prisão de tantos políticos, vai chegar um momento em que eles só caberão em estádios gigantes tipo Mané Garrincha. Enfim, encontrarão uma destinação prática para o monstrengo de mil colunas.

A frase que foi pronunciada

“A reforma possível nesse momento do Brasil é a reforma do Mané Garrincha para prender tantos políticos e empresários.”

Dona Marina Quintino Isadora, falando alto no supermercado em perfeita sintonia com a coluna Visto, lido e ouvido

Novamente

» Hoje é dia do movimento Ocupa Brasília. A concentração começa, às 9h, no Mané Garrincha. Trânsito deve deixar marcas. É hora de se pensar em protestos mais inteligentes que tragam resultados. Para isso, o primeiro passo é a união dos brasileiros, coisa que não interessa a quem gosta de corromper.

Futuro

» Alunos da UnB desenvolvem pesquisa sobre os impactos reais do desperdício de alimentos. Essa pesquisa é feita com a produção de um documentário científico e monografia mostrando o custo da perda na produção. O trabalho foi parar no Ministério do Meio Ambiente que vai adotá-lo na mostra Circuito Tela Verde.

Proteção?

» Teor das gravações à parte, a população brasileira gostaria de saber a razão de os diretores da JBS estarem livres, leves e fagueiros. Quanto ao crime cometido, o que será feito?

Vergonha

» Ao ler o relatório, Lindbergh Farias avançou para cima de Ricardo Ferraço. Farias também se desentendeu com Ataídes Oliveira. Um cordão humano foi feito para impedir a leitura da Reforma da Previdência. Dessa vez Ataídes e Randolfe quase chegaram às vias de fato. Otto Alencar segurou os exaltados. O que parece um diário de diretoria de primário é uma descrição do comportamento dos representantes dos brasileiros.

História de Brasília

O fogo, a essa altura, já dominava as duas turbinas e os tanques de querosene. Os passageiros, em pânico, sentiram, entretanto, a gravidade do momento, porque, no instante de tocar o solo, o aparelho caiu pesadamente, dando tremendo baque. Subiu um pouco e caiu, depois, para se arrastar, deixando a labareda iluminando a parte utilizada da pista. (Publicado em 28/9/1961)

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