DESDE 1960 »
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com Circe Cunha e MAMFIL
Com a publicação da medida provisória que trata da reforma do ensino médio, a questão agora é aguardar o trâmite pelas comissões do Congresso para ver que alterações serão propostas pelas duas Casas ao texto original apresentado pelo Executivo. De toda forma, a MP já teve o condão de despertar discussões acaloradas entre os que apoiam e entre os que criticam e atacam as reformas. Pela complexidade da matéria e pelas repercussões que provocará ao longo do tempo, o assunto merece ganhar maior espaço para debates, sem, contudo, se perder em meio aos ranços ideológicos e desnecessários.
Questões como a flexibilização de parte do currículo, para que o aluno possa cursar disciplinas de interesse pessoal ao longo do curso, parece bem-vinda. Também o aumento da carga horária, criando a escola em tempo integral, merece atenção e vai em direção ao que outros países já oferecem há muitos anos.
Com a entrada da MP no Legislativo, a sorte está lançada e, dependendo dos entendimentos dos parlamentares em sintonia com que pensam os educadores, a matéria poderá significar o início de uma revolução nessa etapa intermediária do ensino. Do mesmo modo que será preciso esperar um tempo de maturação longo para verificar os benefícios práticos da adoção do regime de cotas nas universidades, o mesmo tempo de acomodação será necessário até que estejam resolvidas questões como a da infraestrutura e logística da maioria das escolas brasileiras, para receber um grande contingente de alunos por um período integral.
Contudo, uma questão que tem chamado a atenção dos educadores, contra ou a favor da reforma, é quanto à possibilidade de extinção das disciplinas de artes e de educação física. É sabido que o ensino de artes, em seus múltiplos aspectos, é, por excelência, de vital importância para o processo de humanização do indivíduo, além do desenvolvimento cognitvo, afetivo e motor. As artes abrem as portas para um universo de novas possibilidades, não só dentro do aprimoramento e transmissão da cultura nacional, mas, sobretudo, pelo potencial que o ensino artístico pode trazer para a pacificação das escolas e dos bairros em seu entorno. O ensino de música, pintura, teatro, desenho, cinema seria condão poderoso contra os episódios de violência dentro e fora das escolas. Além disso, crianças que estudam arte levam mais crianças para estudar arte.
Com relação à extinção de práticas esportivas, o quadro de medalhas do Brasil nas duas Olimpíadas dizem tudo. Exercícios físicos são absolutamente necessários para a geração que já apresenta sinais de atrofia por trocar a luz do Sol pelo brilho das telas. Outro aspecto que os formuladores de educação estão preocupados é quanto à valorização dos profissionais da área. Hoje é comum que muitos professores acabem exercendo excessivas jornadas ou mesmo outras atividades distintas do ensino, como meio de complementar a renda. Isso é inaceitável.
Os professores preparados, abertos para as novidades, prontos para a capacitação devem ser tratados pela população brasileira como a mais alta autoridade do país. Está nas mãos, no coração e na voz deles a mudança deste país. Para escolas em tempo integral de qualidade, é fundamental que haja professores em tempo integral e com dedicação exclusiva. O caminho é longo, mas os primeiros passos já foram dados e não parece adequado recuar.
A frase que não foi pronunciada
“ As artes e o esporte são armas poderosas contra a violência. Façam alguma coisa para salvar as artes nas escolas brasileiras!”
Villa-Lobos, Glenio Bianchetti, Garrincha e Gondim, conversando em uma praça do céu
Ausência
» Uma pena o Detran, o DER e o Batalhão de Trânsito não estarem preparados para a volta das chuvas. No momento do caos, não se viu a presença de Detran, DER e Batalhão do Trânsito para auxiliar os motoristas. A impressão é que não há contrapartida para tantas taxas.
Mais alguém?
» Por incrível que possa parecer, apenas uma chapa concorre para a nova eleição dos dirigentes do Sindicato dos Jornalistas. A mesma. O desânimo está chegando. Ficaram os #jornalistas mobilizados.
Sem freios
» Um crime que lesa o consumidor é ter que pagar uma fortuna para acessar os canais de tevê a cabo e ser obrigado a assistir propaganda. É um acinte contra o espectador.
Parabéns
A Câmara Brasileira do Livro fez 20 anos semana passada.
Infeliz
» Pão de Açucar e Extra anunciam a primeira fornada de Panetones. Quem quer saber desse assunto em plena Operação Dracon? Panetone só traz más recordações para a história de Brasília. Melhor nem lembrar.
Release
» Por falar nisso, na quinta- feira, os deputados distritais Cristiano Araújo e Bispo Renato compareceram à 2ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, onde foram ouvidos na condição de testemunhas, indicadas pela defesa de José Geraldo Maciel, um dos acusados no processo que apura a ocorrência de atos de improbidade administrativa decorrentes dos fatos investigados na Operação Caixa de Pandora.
História de Brasília
De resto, falta dinheiro para a Novacap cumprir com seus compromissos assumidos em suas últimas gestões. O governo está ausente, e os fornecedores, construtores, empreiteiros estão enfrentando uma situação das mais críticas. (Publicado em 14/9/1961)