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MAMFIL com Circe Cunha
Num Estado democrático, a garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos só pode ser plenamente alcançada e mantida com a responsabilidade de cada um de seus membros no estrito respeito às leis. Regra básica para que isso ocorra é a observância das normas, por todos e principalmente por aqueles que ocupam altos postos na hierarquia do Estado, devendo, por sua importância e relevância do cargo, servirem como exemplo e modelo irrepreensíveis para toda a sociedade. Obviamente, não é isso que ocorre no país. Pelo contrário. O que os brasileiros têm visto nestes últimos tempos é a exposição em público de extensas confissões que vão revelando pari passu os mecanismos que fizeram dessa República, em particular, um valhacouto para criminosos de várias espécies disfarçados de autoridade.
Aqueles de quem a nação poderia tomar como baluartes da ética estão sendo, um a um, postos a nu diante dos espectadores. Constrangidos, resta aos cidadãos assistir a esse desfile de zumbis políticos. Se o mau exemplo vem de cima, não chega a ser surpresa que esse tipo de comportamento venha sendo repetido também nos estamentos de baixo, transformando nosso país, cada vez mais, num caso de difícil solução. Perdida a moral e a decência, nosso Legislativo se transformou, em pouco tempo, em alvo fácil e constante de agitadores mercenários e profissionais do lobby. Desta vez, sob a fantasia de agentes da lei, um bando de cerca de mil policiais, com armas na cintura e certos da impunidade, depredaram a entrada principal do Congresso, tentando invadir o Parlamento para impor à força pauta própria.
A demonstração de brutalidade irracional desses funcionários, armados pelo Estado, tem se repetido a todo instante em diversas partes do país. A desenvoltura com a qual muitos policiais em todo o Brasil têm afrontado e ameaçado abertamente o Estado de direito revela sinais preocupantes de que alguma coisa está muito fora da ordem.
Os fatos ocorridos recentemente no Rio Grande do Norte, no Espírito Santo e em outras localidades onde a polícia entrou em greve revelam não só o despreparo de nossas forças de segurança e a falta de comando efetivo, mas sobretudo sintomático sinal de que esses servidores estão agindo por conta própria, sem receio de serem enquadrados.
Em Brasília já se tornou comum observar a polícia estacionada tranquilamente sobre calçadas, ciclofaixas ou jardins, dando mau exemplo e afrontando o cidadão. Impõe o contrário do que cobra. É comum observar ainda os carros de polícia furando sinais sem necessidade, andando acima da velocidade permitida, fazendo manobras proibidas em via pública e mesmo recebendo lanchinhos e outros brindes dos comerciantes amedrontados.
Corre sério risco o cidadão que, por ventura, se arriscar a chamar-lhes a atenção para esse comportamento inadequado. Agora mesmo foi autorizado aos agentes de trânsito portarem arma de choque elétrico conhecida como taser. Para esses servidores a arma, mesmo não letal, é fetiche que lhes empresta falsa sensação de superioridade. De armas na cintura ou não, esses indivíduos têm que ter em mente que são apenas servidores públicos e, como tais, devem se portar como todo cidadão comum: dentro da lei.
A frase que foi pronunciada
“A arte de fazer política é falar o que o povo quer ouvir, mas fazer tudo aquilo que o povo não deve saber.”
Sérgio, o Cancioneiro
Impossível
» Quem pretende passear pelas calçadas do Lago Sul, pela Quadra 25, tem dificuldades em se desvencilhar do matagal. O maior IPTU da cidade deveria dar ao cidadão contrapartida mínima.
Conivência
» Ainda pelo Lago Sul é possível ver, ao longo da pista principal, moças com geladeiras de isopor debaixo do sol com alimento de natureza desconhecida. É uma fatalidade permitir a venda de alimentos nessas condições.
Experiência
» Realmente, as instalações do Hospital Sírio Libanês, a educação dos funcionários, o valioso “ouvir” dos médicos oferecem o que a capital do país estava precisando: respeito.
História de Brasília
O Circular JK-W3 iniciou a linha com a tarifa de 10 cruzeiros. Posteriormente, alegando estender a linha pelos ministérios, foi seu preço elevado para 15 cruzeiros, sem cumprir o prometido. Agora, a empresa lança nova linha, Três Poderes-JK, com tarifa de 20 cruzeiros e está aos poucos retirando os JK-W3. (Publicada em 26.9.1961)