ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Surpreendentemente em pleno início do terceiro milênio, andamos as voltas com questões a séculos resolvidas pela maioria dos países do Ocidente. A Febre Amarela é um exemplo desse atraso persistente que parece rondar preso ao nosso destino. Erradicada ainda no início do século passado pelo sanitarista Oswaldo Cruz, que com sua tropa composta de 5 mil voluntários conseguiu salvar a então capital do Brasil de um dos maiores flagelos de toda a história da cidade, a doença voltou com força total agora.
Entre 1847 e 1907 a epidemia havia matado 60 mil pessoas no Rio de Janeiro ou 10% da população daquela época. Naquela ocasião, como hoje, a intensificação no combate a doença só ocorreu porque as notícias sobre a mortandade da população ganhou as manchetes do mundo e acabou gerando enormes prejuízos para a economia do Brasil, visto então pelos estrangeiros como um país perigoso e arriscado para fazer investimentos.
De lá para cá o que se sabe é que a doença retornou com força total. São mais de 800 casos confirmados no ano passado, com 270 mortes. Apenas pelos dados oficiais que vão chegando do mês de janeiro desse ano, 2018 seguirá com o mesmo problema, turbinado pelo vai e vem de turistas, pelos novos vetores identificados, pela falta de vacinas, pelos desmatamentos, pela ainda carente área de infraestrutura básica e pelo aumento das favelas nas áreas periféricas da maioria das metrópoles atuais.
Somado à essa epidemia há ainda outras doenças como Chikungunya, Zika e Dengue que atestam nosso atraso nas áreas de sanitarismo urbano. Enquanto a população faz de tudo para escapar das epidemias tropicais, o governo, instalado ainda em regime provisório, não se entende.
O ministro da Saúde, um engenheiro de formação, anunciou que deixará o cargo para disputar a reeleição para a Câmara dos Deputados, isso em meio a maior onda epidêmica tropical de todos os tempos. A precariedade das áreas de saúde no país, é apenas a parte visível de um Brasil que reluta para não adentrar o século XXI.
Continuamos, por questões meramente ligadas a interesses do governo e dos partidos, que não decidem a questão, submetidos a maior carga tributária do planeta, complexa e onerosa, com uma excessiva e burocrática regulamentação do mercado de trabalho que impede a livre iniciativa. Tudo isso somado aos inúmeros escândalos de corrupção, que faz com que os recursos da nação se percam no descaminho da gigantesca e voraz máquina administrativa. Também a questão das rodovias, estradas de ferro, portos e armazéns sucateados nos remete ao atraso de nossa infraestrutura básica e faz com que andemos em círculos, décadas pós décadas, retornando sempre ao mesmo ponto. Os legítimos representantes da população que poderiam encaminhar soluções para esses problemas seculares, quando não estão envolvidos em batalhas fratricidas para garantir seu quinhão do Estado, são os primeiros a defender o status quo do atraso e assim dar algum sentido a seus mandatos.
Com a persistência de uma política desse quilate, não surpreende que prossigamos ainda borrifando fumacê contra focos de mosquitos mais de cento e vinte anos depois.
A frase que foi pronunciada:
“O saber contra a ignorância, a saúde contra a doença, a vida a morte… Mil reflexos da Batalha Permanente em que todos estamos envolvidos.”
Osvaldo Cruz, médico, cientista, sanitarista, bacteriologista e epidemiologista brasileiro.
Matemática injusta
Na UnB, os estudantes vão penar para almoçar. Normalmente estudando pela manhã e a tarde, os alunos da UnB trabalham como estagiários. Vai ser difícil lidar com o novo orçamento que antes contava com R$ 2,50 por dia de almoço e pode passar para até R$13. A explicação de André Luiz Teixeira Reis, do decanato de Assuntos Comunitários é que com o corte das verbas repassadas para a universidade não será possível sustentar o valor da refeição. Dia 21 será a votação dos conselheiros sobre o assunto.
Fora da régua
O Setor de Galpões a caminho do Paranoá pela parte Norte está sendo ampliado pouco a pouco. Eram apenas alguns galpões e agora já são duas ruas. Ninguém sabe o que se passa por ali. A Área é completamente inapropriada para esse tipo de construção.
Boa briga
Danilo Cabral, deputado federal pelo Ceará comanda a Frente Parlamentar em defesa da Chesf. Com a documentação preparada contra a Medida Provisória 814 está pronto para ingressar com uma ação popular. “Não há urgência para ser feito por MP. O tema é tão relevante que precisa de mais tempo de discussão no Congresso e com a sociedade”. Seu conterrâneo Eunício Oliveira parece concordar.
Outro lado
Ainda sobre o assunto, na página da Advocacia Geral da União, a AGU alerta que a liminar representa um risco para a ordem econômica, uma vez que o orçamento de 2018 prevê R$ 18,9 bilhões de receitas do setor elétrico, sendo R$ 12,2 bilhões relacionados às concessões de usinas da Eletrobrás – que dependem da privatização da empresa.
Entrevista
Proposta de privatização da Eletrobras vai para a Câmara antes do início do ano. A informação foi dada pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, em entrevista ao Jornal da CBN, nesta terça-feira.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os esgotos da Asa Norte continuam caindo no Lago, à altura do Iate Clube de Brasília. Embora tomando conhecimento, as autoridades sanitárias não estudaram nenhuma medida de defesa para a população. (Publicado em 12.10.1961)