Paranoá não é solução para a crise hídrica

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Desde 1960

com Circe Cunha e MAMFIL

colunadoaricunha@gmail.com

Especialistas ouvidos sobre o problema da crise hídrica que assola o Distrito Federal já apontaram que a retirada de água potável diretamente do Lago Paranoá, dentro do atual quadro de degradação em que se encontra, além de não ser a medida mais correta e racional, provocará, num prazo de cinco anos, um grande dano ambiental para o espelho d%u2019água, diminuindo sua superfície, dando início, inclusive, a um processo irrefreável de falência de todo o Paranoá.

Trata-se de um alerta que ainda não encontrou eco junto às autoridades do GDF. Por sua vez, a Companhia de Águas e Esgotos de Brasília (Caesb) vem assegurando possuir licença ambiental para captar entre 700 a 2.800 litros por segundo do lago e que essa retirada não provocará maiores danos.

O fato é que a crise hídrica é muito mais séria do que pensa a população e do que informa o próprio governo, que, receoso para não alarmar os brasilienses, não tem apresentado os dados de que dispõe e, em alguns casos, tem omitido a verdade. O aparecimento de grande quantidade de peixes no Rio Paranoá, que é a continuação natural do próprio lago, e a detecção agora do vibrião Cholare (Cólera), que provoca grave infecção no intestino, levando inclusive à morte, próximo ao Deck Sul, são sinais de que existem problemas graves com relação à qualidade da água do lago.

Em audiência realizada em maio último no Senado, para tratar da crise hídrica no DF e em outras cidades do país, chegou-se ao consenso de que o melhor neste momento seria investir em obras definitivas e não em solução emergencial provisória e perigosa para a população. Entre essas medidas definitivas estaria a construção e a finalização da adutora de Corumbá IV, conforme se pretendia no passado.

Para os especialistas, o melhor seria investir os poucos recursos que o governo local dispõe numa obra que traria alívio para até 9 milhões de habitantes, mas que não correria o risco de se transformar em mais um elefante branco, símbolo do desperdício de dinheiro público.

A realidade é que as obras para a captação de água do Lago Paranoá se encontram em estágio adiantado de construção e poderá entrar em operação ainda este ano, talvez em meados de outubro.

O professor Carlos Henrique Ribeiro Lima, coordenador do Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos da Universidade de Brasília (UnB), assegura que a situação é alarmante. De acordo com ele, o nível atual dos reservatórios é um dos menores dos últimos anos e decorre de diversos fatores.

Essa avaliação é confirmada por Jalles Fontoura de Siqueira, que preside a Companhia de Abastecimento de Água de Goiás (Saneago): “A crise no Distrito Federal e em cidades do Entorno decorre do crescimento demográfico, da ocupação desordenada e da degradação de áreas de preservação e nascentes.”

Para Diógenes Mortari, diretor da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa), “um reservatório sempre vai depender da dinâmica de entrada e saída de água, que inclui as chuvas. No Distrito Federal, diz, já são três anos com chuvas abaixo da média, o que tem aumentado o problema.”

Para a maioria dos presentes ao debate, é chegada a hora de aumentar a transparência e de fortalecer a relação com a sociedade, com educação para evitar o desperdício e consumir esse bem cada vez mais escasso com responsabilidade e parcimônia.

A frase que foi pronunciada

“Alguns veem a empresa privada como um predador; outros, como uma vaca leiteira; poucos percebem que ela é o cavalo puxando a carroça”

Winston Churchil

Olho na lente

» O deputado federal Chico Alencar precisa ouvir o conselho. Ao dar entrevista para a televisão, quando o convidado olha para a câmera, encara milhões de brasileiros. Se olhar para o repórter, deixa a impressão de que quem assiste está de intruso na conversa.

Norte

» Ausência do estado na Flona do Jamanxim fez com que bandidos queimassem uma cegonha carregada com uma frota de carros do Ibama. Desde 2006, quando a área foi estabelecida, conflitos sobre o desmatamento da Amazônia acontecem por lá com muita violência. Trata-se de 1,3 milhão de hectares que gera desavenças entre os poucos agentes do estado que lá se arriscam, índios, garimpeiros, madeireiros e ambientalistas.

Vinho

» Os mecanismos genéticos e celulares que levam à formação ou à ausência da semente na uva (apirenia) acabam de ser desvendados pela equipe do Laboratório de Genética Molecular Vegetal da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS), em conjunto com cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Estadual de Campinas. A descoberta tem potencial de acelerar e subsidiar pesquisas para desenvolver uvas sem sementes, por meio do uso de técnicas de biotecnologia.

História de Brasília

Nós havíamos dito que era uma tolice reformar aquele barraco infecto, e aí está o resultado: gastaram um dinheirão, impediram a construção da garagem do bloco 11 e não está servindo para nada. (Publicada em 30/09/1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha

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