Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com
com Circe Cunha e Mamfil
Não é por acaso que aqueles que defendem a liberalização geral do porte de arma têm um perfil psicológico que os leva a acreditar que a melhor e mais rápida solução para os casos de violência é pelo do uso de mais violência. É esse justamente o mote que vem movimentando, há anos, a chamada bancada da bala, uma frente parlamentar que faz pregação diária em defesa do uso indiscriminado de armas pela população.
Curiosamente, a partir da aprovação da Lei 10. 826/2003, que instituiu o Estatuto do Desarmamento, essa bancada começou a crescer e a ganhar destaque, graças, em parte, ao suporte poderoso dado pelos grandes fabricantes de armamentos no Brasil. De lá para cá, não houve um só dia em que essa frente parlamentar não atuasse na tentativa de alterar ou mesmo tornar letra morta o Estatuto. A última dessas tentativas ocorreu poucas semanas atrás, quando o deputado Alberto Fraga, do DF, por meio de uma coleta relâmpago de assinaturas, apresentou requerimento à Mesa da Câmara pedindo votação, em regime de urgência para a Proposta nº 3.772, que afrouxam as regras para a compra, registro e porte de armas de fogo. Caso venha a ser aprovada, a medida dará um tiro fatal no Estatuto do Desarmamento.
O combustível que move essa bancada não é só alimentado pelo aumento da violência registrado em todo o país. Nessa proposta, o registro da arma é feito apenas no ato da compra e não a cada três anos, como prevê o Estatuto do Desarmamento, permitindo ainda que uma só pessoa tenha a posse de até seis armas, com direito a 50 cartuchos por mês.
É certo que o número de homicídios no Brasil voltou a crescer em 2017. As estatísticas apontam que a cada dia 155 pessoas são assassinadas no Brasil, ou seis mortes por hora em cada estado. Só no primeiro semestre deste ano, foram registrados 28,2 mil homicídios dolosos. A situação é tão alarmante que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), comparando os dados dentro do estudo Atlas da Violência, mostrou que somando todos os atentados terroristas ocorridos no planeta nos primeiros cinco meses de 2017, não superavam os números de assassinatos registrados em nosso país em apenas três semanas de 2015.
Compreende-se porque o Brasil é o campeão absoluto em violência por uso de arma de fogo. Se numa situação em que a venda de armas é muito restrita, com a abolição da Lei 10.826, voltaremos aos tempos da caverna, só que no lugar do tacape estará um trezoitão. A tragédia ocorrida em Las Vegas, com mais de 50 mortos, é fichinha perto do ocorre por aqui todos os dias. Lá como cá, vale a mesma receita: quanto menos armas, menos tiros. A liberação do uso de armamentos só alegra mesmo as funerárias, a indústria bélica e, por tabela essa tal bancada da bala.
A frase que não foi pronunciada
“As armas podem mais que as leis.”
Ovídio
Alcance
» Ao passar pelo Paranoá, a inauguração de uma clínica chama a atenção. Tudo perfeito, novo, com toda a documentação em dia. A Clínica Médica Popular nasceu do sonho e ação de dois jovens: Felipe Takatso e Rafael Pacheco. Agora sócios, iniciaram de forma cidadã a contribuição social para a cidade. A clínica atende a população local com preços possíveis de serem pagos.
Moucos
» Na primeira entrada das quadras pares no Lago Norte, há mais de duas placas pequenas, quase invisíveis, avisando: “Direita livre”. Não funciona. Até hoje, com o sinal vermelho as três faixas param. Só o setor de inteligência, engenharia, placas do Detran para resolver.
Movam-se
» Equipe contratada pelo GDF para a construção do Trevo Norte está se arriscando demais. Deveria trabalhar 24h sem parar antes da chegada das chuvas. Com as águas, toda a terra das escavações vai virar lama e colocar o lago mais uma vez exposto ao assoreamento.
De entristecer
» Favela cresce entre a UnB e a L4 Norte, no fim das quadras. Crianças, jovens e adultos vivem em condições subumanas por ali.
História de Brasília
O sr. Diogo Lordello de Mello permanecerá à frente da Prefeitura até segunda-feira próxima. O presidente fica pedindo, fica pedindo, e o prefeito interino vai adiando, adiando, a sua viagem à Suíça, que deveria ser feita hoje. (Publicado em 5/10/1961)