Nova União Ibérica

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

Com a debanda do Reino Unido da União Europeia, os formuladores do bloco foram, de certa forma, apanhados de surpresa. Ao que parece, na arquitetura do grupo comum, não havia mecanismos prévios de separação e desmembramento abruptos. A saída ligeira de um membro importante retirou um dos pés de sustentação do bloco, o que pode dar início a um processo de esfacelamento em cadeia de toda a União.

Trata-se de um momento marcante de nossa história contemporânea. O que para uns significa o início de uma crise sem precedentes, para outros, é o sinal de que novas oportunidades e lucrativos rearranjos estão se formando. Esse pode ser o caso da América Latina e de seu incipiente mercado comum, o Mercosul.

As oportunidades se abrem, não só para todo o continente, mas para parte significativa da própria Europa — principalmente para aqueles países que sempre foram alijados e tratados como periféricos da União Europeia. É sabido que a entrada de países, como Portugal e Espanha no bloco, sempre foi vista com desconfiança e retardada o máximo possível.

O sociólogo Gilberto Freyre costumava afirmar que Portugal, por sua posição geográfica e sua formação histórica, era muito mais África do que Europa. Havia, em sua visão, uma certa “reverberação lusotropical” que incidia sobre os portugueses. Também a Espanha, por suas idiossincrasias históricas, possui fortes ligações com os trópicos.

Talvez esteja nas características formativas desses dois povos a oportunidade de nova reedição da União Ibérica, como ocorrida entre os anos 1580 a 1640, só que, agora, reformuladas dentro de uma perspectiva democrática de mercado comum. Nesse caso, imaginem o potencial fabuloso de um mercado comum ou um bloco do gênero formado por Portugal, Espanha e toda a América Latina. Que a Europa resistiria a um portento dessa magnitude. Se Espanha e Portugal são os primos pobres da União Europeia, o mesmo ocorre com a América Latina, tratada igualmente pelos “irmãos do Norte” (EUA e Canadá).

A formação de um mercado comum transoceânico desse porte poderia se constituir num conjunto de forças nunca antes experimentado, mas que permitiria aos países ibéricos se transformarem numa nova potência dentro de uma Europa que os trata como membros de segunda categoria. Da mesma forma, a América Latina, uma vez superadas certas questões políticas, como o bolivarianismo e outros vezos primitivos, se beneficiaria tremendamente. O que pode parecer um projeto utópico, com enormes barreiras a serem transpostas, pode ser tão irreal, como foi um dia a ideia de um mercado comum europeu.

 

A frase que não foi pronunciada

“Diz-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.”

Barão de Itararé

 

Cuidado

Mobilidade na Feira dos Importados e arredores é palavra desconhecida. Calçadas e desníveis tornam perigoso o trajeto até para atletas.

 

Decibéis

Ibram, o instituto responsável em manter a paz noturna dos cidadãos, não trabalha a contento. Se não há um número telefônico que atenda as ligações dos desesperados pelo silêncio na madrugada, de que adianta?

 

Abuso

“A partir de agora você passa a receber mensagens publicitárias com novidades e ofertas da Claro e de seus parceiros.” Era só o que faltava. O cliente que não quiser essa superoferta precisa dedicar o seu tempo para cancelar o brinde.

 

Futuro

Almir Barbio, do Departamento Cultural da Portela; Luiz Carlos Magalhães, vice-presidente da Portela; Moacyr Oliveira Filho, presidente da Aruc e do Consulado da Portela no DF; Márcio Martins, do Consulado da Portela em Florianópolis (em formação); e Rogério Rodrigues, diretor Cultural da Portela, se reuniram em um comitê alegre e descontraído. No momento mais sério, o assunto discutido e mediado por Luís Carlos Magalhães foi o Carnaval além da Sapucaí.

 

História de Brasília

Igualmente, o mesmo Congresso vem, há 16 anos, rejeitando a emenda do sr. Raul Pilla, que, ultimamente, vinha tendo, entre os deputados e senadores, a mesma consideração da emenda do sr. Esmerino Arruda, sobre a coincidência de mandatos. (Publicado em 9/9/1961)

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