Mineração: o lucro que traz prejuízos irremediáveis

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com;

com Circe Cunha e Mamfil

Grafite: Os Gêmeos
Grafite: Os Gêmeos

      Desde que passou a ser explorado pelo colonizador europeu no século XVI, o Brasil vem tendo suas terras brutalmente revoltas numa ganância insana e desenfreada em busca de minerais e dos grandes lucros que eles proporcionam para indústrias extrativas, na sua grande maioria, ainda pertencentes a conglomerados multinacionais poderosíssimos. Tomando apenas essas características, é possível compreender porque esse tipo de atividade econômica, passados tantos séculos, é ainda tão repleto de polêmicas de toda a ordem. Estudo levado a cabo pelo Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), do Ministério da Ciência e Tecnologia, realizado nos últimos anos em mais de 100 territórios, em 22 estados do país submetidos a atividade intensa de mineração, revelaram que esse tipo de exploração, além de extremamente impactante para essas regiões, deixa um passivo de consequências ambientais e socioeconômicas de dificílima reparação.

      Primeiro foi o ouro, explorado à exaustão até os dias de hoje. Seguiram-se a extração do ferro, da bauxita, do manganês e, mais recentemente, do nióbio, mineral utilizado para a fabricação de equipamentos de tecnologia de ponta como os foguetes, na qual o Brasil é o maior produtor mundial com mais de 38 toneladas por ano.

        Para as empresas e indústrias envolvidas neste trabalho extrativo e de processamento dos minérios, os lucros são fartos, os incentivos são generosos e a legislação, regulando todo o processo, é leniente, permissiva e branda. Sempre foi assim.

         Para a saúde dos trabalhadores e das populações residentes nessas áreas, para a fauna e a flora do entorno, além do ar e a água, trata-se de um pesadelo que vem se estendendo por centenas de anos, sem uma solução razoável à vista. O modelo exportador, focado apenas na geração de divisas a qualquer custo, ainda seguido por nosso país, continua sendo o maior causador desse flagelo.

          A contaminação e a destruição do meio ambiente têm ação nociva sobre a saúde dos brasileiros. Incrivelmente, não se tem ainda uma medida exata dos impactos socioeconômicos e ambientais decorrentes dessas atividades. O que as pessoas tomam conhecimento chega sobretudo através da imprensa.

         Câncer, silicose, envenenamentos por metais pesados, pneumonias e outras enfermidades sérias são comuns nas áreas de mineração. A assistência à essas comunidades é feita como o último recurso, já com o trabalhador seriamente enfermo e sem muitas chances de cura.

        O mesmo é feito com relação a contaminação do meio ambiente: as providências vêm depois, quase sempre muito tarde. Casos recentes e de grandes impactos dão uma mostra desse Brasil primitivo e injusto que as autoridades fazem questão de fechar os olhos.

        Exemplo inquestionável foi o rompimento da barragem de Fundão em Mariana. Trata-se de um dos maiores crimes ambientais do planeta, que carreou 50 milhões de metros cúbico de lama tóxica do interior do pais até o litoral, afetando toda a importante bacia do Rio Doce e as populações ao redor. Essa catástrofe sem precedentes ainda está por ser resolvida. A punição que deveria ser exemplar não foi sentida pelos responsáveis.

         A esses flagelos seguem-se tantos outros, como o caso da contaminação por arsênio em Paracatu e agora pelo vazamento na mineradora norueguesa Hydro Alunorte, que contaminou com rejeitos tóxicos o município de Barcarena no Pará. São tantos os acidentes neste tipo de atividade, e por tanto tempo, que a cada novo acontecimento, os antigos casos vão se perdendo de vista na poeira do esquecimento, tal como as muitas cruzes que assinalam as sepulturas dos inúmeros trabalhadores e moradores dessas áreas exploradas à exaustão, sob a benção indiferente das autoridades.

A frase que foi pronunciada:

“Quantas toneladas exportamos/ De ferro?/ Quantas lágrimas disfarçamos/ Sem berro?”

Carlos Drummond de Andrade sobre o Rio Doce

Atenção professores

Na capital do concurso público, toda biblioteca é bem-vinda. Em homenagem a Semana do Bibliotecário, o projeto Bibliotecas de Portas Abertas promoverá visitas guiadas começando na segunda-feira, dia 12 de março, às 13h30, na Biblioteca Pedro Aleixo, na Câmara dos Deputados. Veja a programação completa e o link com a matéria produzida pelo Senado no Blog do Ari Cunha.

Programação: http://www.senado.leg.br/senado/hotsites/Transformando%20Bibliotecas/VersaoMobile/biblio_portas_abertas.htm

Programação: http://www.senado.leg.br/senado/hotsites/Transformando%20Bibliotecas/VersaoMobile/biblio_portas_abertas.htm
Programação: http://www.senado.leg.br/senado/hotsites/Transformando%20Bibliotecas/VersaoMobile/biblio_portas_abertas.htm

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Um outro deputado, interviu, e sustou a ideia. Esta ideia, então, foi negociada. Se for nomeado o presidente do Banco do Nordeste, o Superintendente da SPVEA e outros apadrinhados políticos, o “Premier” terá, então, o voto de censura suspenso. Caso contrário, voto de censura. (Publicado em 14.10.1961)

 

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