Máxima proteção

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960
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com Circe Cunha e Mamfil

Um dos maiores incômodos que um indivíduo pode atrair para si, quando se torna uma figura pública, é que, na nova condição, todos os olhares e atenções se voltam para ele, numa observação contínua de todas as suas atitudes, restringindo-lhe os passos, inclusive, o sossego e a intimidade da vida em família. Se ser querido pelo público é custoso, muito mais ainda é ser famoso e malquisto ou mal avaliado pela população. Nesse sentido, e em meio a uma crise sem precedentes, em que política e polícia se misturaram, num amálgama homogêneo, não tem sido nada fácil para os representantes da população, andar despreocupados entre o público em geral. Divorciada dos eleitores, boa parte da classe política, justamente aquela citada em casos rumorosos, simplesmente desapareceu das ruas e de todos os lugares públicos.

À medida que despenca na avaliação dos brasileiros, cada vez mais, a classe política se resguarda com carros blindados com batedores, seguranças extras, aviões particulares e outras medidas de proteção justamente contra aqueles que a guindou ao poder. Os gastos a mais no reforço da segurança pessoal poderiam até ser considerados normais, levando-se em conta que estamos a experimentar, hoje, tempos de intensa beligerância por conta da cizânia semeada pelos hostes petistas e simpatizantes.

Nessas escaramuças generalizadas que tomaram conta do país, o alvo é sempre o outro. É sempre o oposto. Agora, quando a paranoia da proteção sai do âmbito pessoal e passa a alcançar o entorno físico, onde estão a residência, o palácio e outros prédios públicos que abrigam autoridades, o fenômeno do excesso de proteção ganha outra dimensão e passa a interferir não só na liberdade de ir e vir dos próprios cidadãos, mas reduz toda a cidade a uma situação em que a extrema necessidade de segurança acaba criando guetos, em que o cidadão não pode circular livremente. Com isso, a própria harmonia da cidade fica abalada, com as pessoas sendo obrigadas a viver em áreas delimitadas, proibidas de se aproximarem de palácios e outros prédios públicos de importância, como se aqueles lugares fossem um território inimigo, impróprio ao cidadão comum.

Depois do cercamento com grades metálicas que delimitavam o acesso aos Palácios do Buriti, do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, enfeiando a cidade e desrespeitando o próprio sentido do código de tombamento proposto pela Unesco, chega agora a notícia de que o Palácio do Jaburu, residência oficial do presidente Michel Temer, será totalmente cercado por arame farpado para garantir a segurança dos atuais e breves moradores.

O que se pode perceber, no prosseguir dessa toada, em que se opõem políticos e a população, é que logo esses monumentos necessitarão ser cercados por longas trincheiras, protegidas por tropas com forte armamento e com minas terrestres. Quando isso vier a acontecer, não será surpresa alguma.

A frase que foi pronunciada

“Para um político corrupto, cair é a vitória. Cair no esquecimento!”

Dona Dita

Urgente

» O governador Rollemberg, em reunião com os secretários, tratou da revitalização das obras do Sol Nascente. Lugar onde as dificuldades são muitas. A situação do lixo é urgente. Na Estrutural, o que assusta são os menores andando armados durante a noite. Não há opções de artes ou esportes na cidade.

Sem fim

» Ontem, a Polícia Federal deflagrou a Operação Torniquete. O ex-prefeito de São Sebastião está preso. Houve suposto desvio de R$100 milhões dos cofres públicos em contratos das áreas do lixo, transporte saúde e obras. Gilberto Antonio Nascimento Júnior é o delegado no comando da operação.

Mistério

» A cada dia um setor de galpões perto da SMLN MI 11 cresce sem que se tenha qualquer órgão de fiscalização presente. O lugar é um mistério só. Antes que se perca a possibilidade de regular o espaço, é urgente a presença da Agefiz.

Prata da Casa

» Ruth Barbedo de Souza Mendes, a primeira aeromoça internacional do Brasil, completa 97 anos na semana que vem. Mora no Lago Sul. Sorriso lindo, sempre alegre e otimista. Pessoa que merece todo carinho dos amigos.

História de Brasília

Fechou o “Galo Vermelho”, uma das maiores casas de calçados e roupas feitas de Brasília. O pânico se apodera do comércio, e só o governo não vê isto. Não vê, ou faz que não vê, o que é muito pior. (Publicado em 10/10/1961)

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