DESDE 1960
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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL
Se com o advento e a difusão dos inúmeros meios de comunicação de massa as campanhas políticas ganharam um impulso verdadeiramente formidável, com a internet esse alcance atingiu as estrelas.
Interessante observar que, ao mesmo tempo em que a propaganda eleitoral ia passando de uma mídia para outra, mudou não só o jeito como os candidatos externavam sua retórica e pregação política, mas, sobretudo, o processo eleitoral como um todo, com reflexo direto nos partidos e na própria democracia.
Na televisão, o horário eleitoral gratuito deu impulso à faceta visível das campanhas, representada aqui pela imagem dos candidatos junto a um eleitor passivo, confortavelmente sentado no sofá, no que os especialistas denominaram de democracia de audiência. Em televisão, é sabido que imagem é tudo. Vale mais do que as propostas apresentadas. A imagem de uma cidade limpa, organizada, com crianças felizes indo para a escola, hospitais em pleno funcionamento, policiamento ostensivo e gente sorridente circulando por ruas ensolaradas, rende mais votos do que as propostas políticas e o próprio programa dos partidos.
Infelizmente, essa democracia imagética, explorada à exaustão pela propaganda política nas TVs, à semelhança dos filmes de ficção, dista léguas da realidade crua de nossas cidades.
O valor intrínseco do que é visto em cores e movimento tem tido, até aqui, o poder de sobrepujar a vida como ela é, conduzindo o eleitor para o mundo do faz de conta. Satisfeitos com o que veem, os eleitores devolvem esse prazer visual em forma de votos para os candidatos.
De posse desse novo instrumental de comunicação, os marqueteiros brasileiros fizeram fortunas, transformando candidatos primitivos e analfabetos em sumidades intelectuais e refinadas. Essa imersão do mundo político no realismo fantástico da televisão resultou ainda na falsificação do produto a ser passado ao consumidor/eleitor. Compra-se a imagem de um político, mas o que se tem é um canastrão político. Nem ator, nem político. Essa transubstanciação da política em ficção parece ter seus dias contados.
A Operação Lava-Jato, por um lado, e a disseminação das redes de internet, por outro, têm mudado não apenas o comportamento passivo do eleitor, mas principalmente a postura dos candidatos, dos partidos e principalmente dos marqueteiros.
Na realidade, as redes de compartilhamento de informação instantânea têm imposto uma espécie de voto distrital, desnudando uns e chamando a atenção de outros. Qualidades e defeitos dos postulantes trafegam à velocidade da luz e são mostrados ao vivo nas redes. Grandes manifestações de apoio ou repúdio são organizadas e agendadas num clique. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
A entrada da internet no universo das campanhas políticas, trazendo um tipo novo de democracia direta, vem substituindo paulatinamente a figura do marqueteiro tradicional pelo profissional que constrói páginas eletrônicas, onde os candidatos parecem falar on-line com cada eleitor, colocando suas propostas e debatendo assuntos do interesse de cada um.
Pode-se debater também a importância dessa hipermídia para o aperfeiçoamento da democracia. Mas o essencial continua sendo o que sempre foi: partidos coerentes, com compromissos sólidos e éticos. Menos discurso e mais atitude em honrar o voto e os impostos.
A frase que não foi pronunciada
“Quanto vale sua amizade?”
Mercado aberto de favores com o dinheiro público
Tecnogato
» Na opinião de profissionais, a mudança de padrão das tomadas brasileiras não pode ser baseada em segurança. O choque elétrico como acidente doméstico se dá por falta de aterramento nos condutores e equipamentos. Vamos acompanhar a chegada dos estrangeiros para as Olimpíadas com seus computadores, carregadores de celular e tudo mais.
E agora?
» No Dia das Mães, vários políticos envolvidos em operações da Polícia Federal fizeram lindas homenagens. Poesias, carinhos e palavras firmando um amor verdadeiro. O mesmo protocolo. Discurso às avessas da prática.
História de Brasília
Presidente, o senhor não me conhece, mas ouça isto: dê Brasília a quem é de Brasília. A Prefeitura do Distrito Federal não pode ser uma solução política. É uma solução técnica. Em Brasília, nosso país conseguiu reunir a melhor equipe técnica de que se tenha notícia, e esta equipe não pode ficar distante da indicação para a prefeitura. (Publicado em 10/09/1961)