Marcha ao caos

Publicado em ÍNTEGRA

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com Circe Cunha e Mamfil

“Enquanto o Rio definha no caos social, esses sujeitos se empapuçam com o dinheiro da corrupção”. A frase foi dita pelo procurador Carlos Alberto Gomes em entrevista coletiva após a deflagração da Operação Cadeia Velha. Retrata um Brasil velho e conhecido da gente e que não se limita apenas à ex-Cidade Maravilhosa, mas que medra por todo o território nacional como um câncer em metástase avançada.

A continuar nessa toada, logo será necessário a criação de um ministério, exclusivo, de combate à corrupção, sob a chefia da Polícia Federal. Agora se entende porque a intervenção federal, há muito tempo necessária naquele estado, ainda não foi decretada. A questão é que aqueles que deveriam se preocupar com esse assunto urgente são os mais interessados em manter o status quo do caos, já que é daí que retiram a fortuna criminosa.

O noticiário do Distrito Federal demonstra também casos preocupantes de corrupção. Basta encarar o monumento mais vistoso desde a Copa, o Estádio Nacional. Hoje, sabe-se que o mastodonte foi erguido com a finalidade de render propinas para as campanhas e para o enriquecimento fácil de parte da classe política local.

A Operação Mamon, iniciada pelo Ministério Público daqui, revelou que a compra e a manutenção de centenas de viaturas da PMDF estão eivadas de suspeitas de corrupção, com licitações direcionadas, pagamento de propinas e outras modalidades de crime que estariam acontecendo nos últimos 5 anos, envolvendo figuras de alta patente da Polícia Militar.

Na sanha de embolsar o alheio, nem mesmo pessoas portadoras de necessidades especiais e com doenças graves escapam da ação desses malfeitores, como vem sendo noticiado sobre os casos de fraudes dentro do sistema de passe livre, no transporte coletivo do DF.

Além dos vivos, também os mortos, na figura de seus familiares, são alvos das ações das máfias das funerárias que cobravam, segundo revelou a Operação Caronte, da Polícia Federal, milhares de reais por um sepultamento, no que ficou conhecido por “mercado da morte”. Levantamento realizado agora mostra que os contratos entre o GDF e as empresas prestadoras de serviços de segurança e limpeza, pertencentes a deputados distritais e seus familiares, foram extremamente turbinadas, tão logo seus controladores foram eleitos para a Câmara Legislativa. Somente o caso da Brasfort, ligada ao distrital Robério Negreiros, dá uma mostra desse escândalo. Em apenas cinco anos, essa empresa saltou de um faturamento de R$ 8,4 milhões, com o Executivo local, para R$ 213,2 milhões, um crescimento espantoso de 2.408%.

O mesmo se deu com a empresa Ipanema, pertencente à família do distrital Cristiano Araújo (PSD), que pulou de um faturamento de R$ 32 milhões em 2010, para R$ 96,8 em 2017.

Num país sério, político algum com assento no parlamento pode possuir empresa lucrando com o Estado.

Operação feita ontem pela Polícia Federal começou a desbaratar uma quadrilha que agia dentro da Caixa Econômica no Distrito Federal. A suspeita da PF é de que mais de R$ 400 milhões foram desviados da instituição, dentro das áreas de tecnologia do banco, envolvendo funcionários da Caixa, empresários da área de TI e empresas de consultoria.

Tantos casos escabrosos de desvios de dinheiro público, nas mais diversas áreas, acontecendo num ritmo alucinante, dão-nos a certeza de que vamos também em acelerada marcha rumo ao caos que elegemos para nós mesmos.

A frase que foi pronunciada

“As mentiras sempre foram consideradas instrumentos necessários e legítimos, não somente do ofício do político ou do demagogo, mas também do estadista.”

Hannah Arendt

Pai&Filho

» Com a venda de pastéis na parada do Palácio do Planalto, Claudiney está quase chegando ao total dos recursos para lançar o filho no esporte. Convidado por um time, o garoto promete.

História de Brasília

Os dois grandes nomes da política brasileira estão ausentes do país. Um, por força da renúncia, sr. Jânio Quadros, outro, por tendências par ao turismo, sr. Juscelino Kubitschek. (Publicado em 08.10.1961)

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