Desde 1960
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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br
Poucos dias antes de ser preso pela segunda vez, por causa de acusações da Operação Lava-Jato, José Dirceu recebeu um repórter em sua residência. Naquela ocasião, já pressentia que seu retorno ao cárcere era iminente e seu destino estava, de alguma maneira, definitivamente selado. Depois de uma longa entrevista, perguntado se guardava alguma mágoa com relação ao ex-presidente Lula, que ajudara a eleger e o abandonara à própria sorte, Dirceu mirou o vazio distante, refletiu por uns segundos e reagiu entoando pausadamente o nome do antigo companheiro de luta por três vezes, Lula… Lula… Lula… e não disse mais nada.
Havia naquela resposta reticente e aparentemente sem muito sentido um universo de explicações ocultas com pelo menos três décadas de muitas histórias. Pouca gente, como ele, teve a chance de conhecer de perto o antigo dirigente sindical. Por certo, os meses que passara meditando na cela gelada de Curitiba deram a José Dirceu a oportunidade de fazer um balanço sincero sobre a qualidade dessa amizade e que consequências essa aproximação e intimidade trouxeram para sua vida.
Dirceu, mais do ninguém, pôde comprovar na própria pele e na alma que, ao ligar seu destino ao de Lula, sua vida experimentaria uma verdadeira revolução. Com o antigo companheiro de jornada, conheceu tanto o toque afrodisíaco do poder, do prestígio e da bajulação, quanto do abandono, do esquecimento e do menosprezo público. Condenado a 23 anos e 3 meses de prisão, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Dirceu colhe os frutos amargos de uma árvore que ajudou a plantar.
Zé, como é chamado na prisão, é hoje um nome apagado no Olimpo político. Nem mesmo o ex-presidente faz qualquer referência a ele publicamente, talvez para evitar que as pessoas estabeleçam qualquer relação entre os dois. Zé… Zé… Zé, o que fizestes de tua vida? Deve ele se questionar, entre uma leitura e outra nas longas noites vazias, deitado em seu catre sem conforto. De qualquer forma, é espantoso notar que todos aqueles que pertenceram ao núcleo próximo ao ex-presidente ou já se encontram presos ou estão na mira da Justiça, aguardando vaga nas celas. Com certeza, muitos desses antigos cortesãos, em suas noites de angústia e espera, devem entoar o mesmo mantra: Lula…Lula…Lula.
A frase que foi pronunciada
“Vaca de presépio? O PT está mais é para raposa no galinheiro. “
Antonio Carlos Pannunzio
Reconhecimento
Kátia Marques, Edineide das Neves e Graça Roque. Esse trio merece destaque pela competência no atendimento ao público. São servidoras públicas com boa vontade, conhecimento e educação. Sem enganar quem precisa de orientação, se não sabem a resposta, dizem que não sabem. Esse é o perfil que se espera de todas as telefonistas. Um exemplo a ser seguido. Os cumprimentos da coluna às telefonistas da Universidade de Brasília.
Inédito
Por falar em reconhecimento, depois da dissertação de mestrado de Dib Francis sobre a pianista, compositora e concertista Neusa França. Recortes de um universo musical, agora é a vez de Alexandre Dias garimpar as preciosidades deixadas por Neusa. Em 1957, dr. Oswaldo, o marido, resolveu comprar um gravador de rolo para registrar os saraus que sempre aconteciam na casa da família, no Rio de Janeiro. Baden Powell, Jacob do Bandolim, Lamartine Babo e Radamés Gnattali eram os parceiros de Neusa na cantoria. Parte desse tesouro está sendo disponibilizado no YouTube por Alexandre.
Realidade
Jovens humanizados resolveram ajudar os idosos no transporte público. Como a lei exige que andem nos ônibus sem pagar, os motoristas não param para quem tem cabelos brancos. É comum ver rapazes e moças nas paradas, dando sinal para o ônibus. Colocam o pé no primeiro degrau e aguardam o embarque dos anciãos. Depois liberam o ônibus com um tapa na lataria ouvindo o xingamento do motorista até a porta fechar.
Dupla
Homens não vão ao médico porque trabalham mais que as mulheres. A frase dita pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, vai contra todas as ondas do tempo. O fato é que mesmo com as bobagens, ele está ganhando notoriedade. O povo gosta do que está acontecendo. A filha posta nas mídias sociais as respostas para os impropérios do pai. De qualquer forma, se ele não colar no cargo, a deputada Maria Victoria, a filha, tem tudo para decolar.
Dia V
Na sexta feira, seria o aniversário de Vitor filho de Isabella Simões. Mas ele não resistiu à meningite. Depois do mergulho no sofrimento, Isabella sentiu que Vitor também tinha a missão de um defensor público. Seria como a mãe, um agente de transformação da sociedade. E assim foi. Isabella criou o portalinvite.com.br/diav/ para as doações que são revertidas para uma creche que dá assistência a filhos de garis. Todos ganharam o Vitor de presente no aniversário dele!
História de Brasília
Aquela reunião, presidente, não era dos sindicatos. E posso até afirmar que os presidentes (donos) dos sindicatos, em seus carros de luxo não transportaram um único candango. (Publicado em 13/9/1961)