ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Um dos efeitos mais deletérios e de difícil reparo provocado por longos períodos ditatoriais é que, na ausência da democracia e do livre pensar, o surgimento e consolidação de verdadeiras lideranças políticas fica suspenso, como que hibernando, adormecido no inverno da liberdade.
A formação de lideranças requer tempo e provação que só a democracia plena pode induzir e garantir. No Brasil foi assim. Depois de duas décadas de liberdades submersas, a volta à normalidade institucional, propiciada pela Carta de 88, teve que ser feita pelos mesmos indivíduos que, de alguma forma, tinham contribuído para o fechamento político. É notório que os principais figurantes que protagonizaram o período de redemocratização foram eles mesmos no passado, indutores, cada um à seu modo, da fase de fechamento. Figuras proeminentes da política daquela época tiveram, inclusive, um papel ativo nesse processo, indo bater diretamente às portas dos quartéis, pedindo a intervenção militar para conter o avanço comunista.
Reinstaurada a democracia nos anos oitenta, coube, praticamente, à esses mesmos indivíduos conduzirem o processo de normalização. O que se viu, desse processo sui generis, foi uma sequência de governos, que com algumas exceções, acabaram repetindo os mesmos erros do passado. Emendada com pano velho, ao tecido do Estado só restaria esgarçar-se de cima a baixo, corroído pela ação danosa da corrupção generalizada.
Com isso, e sempre com algumas poucas exceções, a apresentação de novas e reais lideranças, forjadas no debate e na lide diária, ficou sensivelmente prejudicada. Não surpreende, pois, que, no vácuo deixado por lideranças reais, surjam nomes inusitados, distantes milhas do que o país precisa nesse momento. Quando uma sociedade passa a optar por comediantes, cantores, animadores de auditório e outros profissionais do entretenimento para ocuparem cargos de direção do Estado é sinal de que o processo democrático corre sério risco.
Embora guardem alguma semelhança, não é pelo fato de um popular mágico de circo conseguir a proeza de retirar um coelho gordo de dentro de uma cartola que o credencia automaticamente a ocupar a presidência da república. É justamente pela condução irresponsável desses arrivistas ao poder que o país se encontra nessa situação de crise. Animadores de auditório servem bem ao propósito de entreter seu público particular e só. Tiriricas, Sílvio Santos e outros retirados do caldeirão das televisões ficam bem no retrato apenas dentro dos limites da telinha.
Trazidos para rua, onde perambula a realidade maltrapilha, esses personagens nada são, nada representam. E o que é pior: ao querer transformar um país inteiro, com suas complexidades e agruras, num imenso auditório, o máximo que conseguem é tornar ainda mais ridículo e sem graça um Brasil que insiste em descer, cambaleante, a ladeira da decadência.
A frase que foi pronunciada:
“Quem não quer pensar é um fanático; quem não pode pensar é um cretino; quem não ousa pensar é um covarde.”
Francis Bacon, filósofo inglês
Piauí
Nuvem de 100km põe Campo Maior e mais 140 municípios do Piauí sob risco de enxurradas e granizos. O alerta foi dado pela Secretaria Nacional de Defesa Civil. Veja as imagens no Blog do Ari Cunha.
Chega!
Regalias e mordomias de administradores públicos, bancadas com o dinheiro público, pode ser legal, mas é imoral.
Telefonia
Ao pagar uma conta pelo Banco do Brasil, há duas opções. Boleto, que se refere a contas particulares como escola, prestações, plano de saúde. Há também a opção Convênio, que trata dos impostos, taxas, multas, etc. Interessante notar que as operadoras de celular estão enquadradas como convênio, junto com as contas públicas.
Release
Até o dia 7 de março, quem estiver cursando enfermagem, farmácia, medicina, psicologia, serviço social e terapia ocupacional poderá se inscrever no Portal do Voluntariado para treinar equipes de saúde da família, com o objetivo de atuar no Programa Brasília Segura. O objetivo do projeto é identificar o consumo nocivo de álcool da população e fazer a intervenção necessária. O Brasília Vida Segura aplica a metodologia de intervenções breves da Organização Mundial de Saúde (OMS) e está alinhado com as metas globais voluntárias definidas pelas Nações Unidas.
Exemplo
Brasília mostrou nas ruas que não há o que comemorar. O movimento no carnaval caiu pela metade. Impossível pular e cantar nas ruas como se nada estivesse acontecendo. Aí está a Brasília que os outros estados não enxergam.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Um casal de portugueses, cujo casamento se realizou em Caxambu, regressou a Portugal, e lá os cônjuges obtiveram divórcio. Ontem, o Supremo homologou o divórcio, garantindo a ambos, se voltarem ao Brasil, o direito de, mesmo em Caxambu, contrair casamento, novamente. (Publicado em 14.10.1961)