DESDE 1960 »
jornalista_aricunha@outlook.com
com Circe Cunha e MAMFIL
Se for comparada à uma guerra convencional, a reforma da Previdência Social, anunciada pelo governo Temer como única solução para evitar a falência do sistema em curto espaço de tempo, terá que enfrentar, daqui para frente, batalhas decisivas no céu, no mar e na terra e, ainda por cima, neutralizar os movimentos do tipo, quinta coluna, em que infiltrados na base de apoio trabalham diuturnamente para sabotar a proposta que tramita no Congresso. Pelo que vem se armando até aqui, essa reforma se constitui, sem dúvida, no maior desafio a ser vencido pelo atual governo, já que todas as administrações anteriores não tiveram a coragem política para enfrentar o problema que crescia de forma complexa a olhos vistos.
Para a maioria dos políticos envolvidos na questão, qualquer problema que ultrapasse o horizonte das próximas eleições tem que ser planejado com o máximo de cuidado, já que esse pode ser o ponto derradeiro de suas carreiras eletivas. Os 100 milhões de brasileiros que recebem benefícios ou contribuem para a Previdência outros milhões estão unidos com os que terão seu tempo de contribuição alargado pelo mesmo sistema, que é um dos maiores do planeta. Trata-se de uma superestrutura de seguridade social, de gestão complexa e com sérias repercussões na vida de toda a nação.
Para muitos políticos, esse é um vespeiro colossal de abelhas-africanas. Nas ruas, graças às redes sociais na internet, crescem as manifestações contrárias, em parte, motivadas pela falta de informações corretas. Os sindicatos ameaçam a proposta do governo com greves e paralisações gerais por todo o país. Na Câmara alta, o senador Paulo Paim (PT-RS) recolheu número mais do que suficiente para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Casa, visando passar um pente-fino e esmiuçar a real situação financeira da Previdência Social. Para o senador, somente um inquérito dessa natureza pode garantir se o sistema precisa, de fato, de uma reforma, nos moldes propostos agora pelo governo.
Caso o Palácio do Planalto consiga esvaziar a CPI, Paim estuda a ampliação para uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), envolvendo também a Câmara dos Deputados no processo de investigação da Previdência. Para algumas centrais sindicais, é preciso que antes de propor essa reforma, o governo se empenhe em cobrar dívidas de empresas e mesmo de estatais que já somariam mais de R$ 400 bilhões.
Os sindicalistas argumentam sobre a possibilidade de o governo alienar os mais de 6 mil imóveis da Previdência para cobrir os rombos. Para essa confusão, a própria Justiça tem contribuído ao conceder mais de 500 mil auxílios-doença. Nessa gigantesca estrutura, os números são superlativos. Nem o próprio INSS sabe, ao certo, qual o montante de dinheiro que se esvai pelo ralo das fraudes. Pelo volume recuperado legalmente a cada ano, cerca de R$ 1 bilhão, dá para se ter uma ideia do quanto a Previdência perde com a corrupção e com as mais diversas irregularidades. É esse gigante de pés de barro que ninguém imagina que possa vir ao chão com o peso da sua frágil grandeza.
A frase que não foi pronunciada
“2017 será o ano de fantasias e máscaras por todos os meses.”
Rei Momo
Teatro Dulcina
» Continua o imbróglio administrativo sobre a eleição do Conselho de Curadores da Fundação Brasileira de Teatro. Na 7ª Vara Cível de Brasília, o despacho da juíza determinou a imediata suspensão do Conselho por atos que ensejam dúvidas quanto à probidade.
Release
» Por falar em TJDFT, é aguardada a 7ª Semana Nacional Justiça pela Paz em Casa, marcada para o período de 6 a 10 de março. O evento, idealizado pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, faz parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher (8 de março) e se estenderá por todo este mês no TJDFT. A solenidade de abertura será no auditório da Casa da Mulher Brasileira, das 17h às 19h, no dia 6, com a palestra “Os diversos aspectos que levam mulheres a permanecerem em relações violentas”, com a professora Laura Frade.
Sem reconhecimento
» O leitor Carlos Luiz Secundo nos conta que com 26 anos de uso de um plano assistencial à saúde patrocinado pela CEB, os ex-empregados da empresa, hoje cerca de 2.400 aposentados, pensionistas e cônjuges, estão prestes a perder o Plano de Saúde, pois a Companhia Energética de Brasília (CEB), alega não suportar as despesas decorrentes. A situação do grupo de aposentados e pensionistas, muitos deles pioneiros de Brasília e da CEB, é dramática, pois a grande maioria possui doenças crônicas, muitas delas adquiridas no dia a dia laboral.
Paz interior
» Constantemente, pelo Facebook, um anúncio chama a atenção. O fone Flare Audio. Nada de ouvir com perfeição. Trata-se de um aniquilador de som. Viver no silêncio. O que parece assustador já é científico. Pessoas com a audição prejudicada preferem desligar o aparelho auditivo 70% do dia. Por isso, o tal fone vende como água.
História de Brasília
Muita gente pensa como eu, mas as conveniências fazem com que se calem. E o defeito de interpretação tem me causado muitos aborrecimentos. Outro dia, um goiano me apresentando a outro, o fez com estas palavras: “Este aqui é o famigerado colunista”. (Publicado em 23/9/1961)