A foice e o beijo

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com;

com Circe Cunha e Mamfil

Charge: juniao.com.br
Charge: juniao.com.br

         Modelos de estratégias políticas para angariar apoio nas próximas eleições se repetem, em todo país, com vistas as próximas eleições. No vale tudo para cooptar adesões de outros candidatos e partidos para formação de palanques e acréscimo de tempo em rádios e televisões, a única coisa que tem ficado de fora dessas tratativas, feitas à meia luz, é o anseio e as expectativas dos próprios eleitores.

         Nessa equação oportunista dos políticos brasileiros, o desejo, ou mesmo os receios e o mal humor dos eleitores parece dar soma zero. Na visão desses expertises em táticas políticas, o eleitor é um detalhe a ser considerado apenas durante alguns momentos da campanha. Autossuficientes, e do alto de uma arrogância que lhes são próprias, alguns políticos parecem não se dar conta de que os bons ventos não estão mais soprando a seu favor. Pelo contrário, diversas pesquisas de opinião têm apontado que o sentimento predominante entre os eleitores é o de decepção e mesmo de revolta contra a classe política em geral.

       O pior é que essas pesquisas indicam ainda que o legislativo federal e local estão entre as instituições com o menor grau de confiabilidade, é que os eleitores estão descontentes, e mesmo raivosos, com o atual modelo político que vem sendo perpetuado e, principalmente, com seus protagonistas. Às vésperas das eleições há um divórcio político e litigioso entre eleitores e candidatos. Não é para menos. As seguidas denúncias de corrupção que vão vindo à tona a cada instante, deixam à mostra sinais evidentes de traição da classe política.  Indiferentes à esses sinais claros, os candidatos para 2018 prosseguem na mesma toada, entabulando acordos e planos que, creem, renderão frutos futuros. Aqui, no Distrito Federal, não é diferente. Quem assiste a dança das cadeiras, em torno dos cargos para o Legislativo e Executivo local, verifica que mesmo depois de tantas denúncias, inclusive com prisões de alguns desses figurões, a maioria dos candidatos insiste ainda em buscar apoios junto a políticos não só enroladíssimos com a justiça, mas que perderam qualquer respeito junto ao eleitorado.

         O que o eleitor informado quer é que políticos com débito com a justiça fiquem de fora não só do pleito em si, mas que permaneçam longe das tratativas para formação de chapas e outras estratégias para 2018. É preciso ficar bem atento às manobras dessas cobras criadas que buscam nas próximas eleições apenas o abrigo da prerrogativa de foro para fugir às agruras da primeira instância, principalmente, se colocando com suplentes em algumas chapas, com pré-acordo, para vir a assumir a titularidade do mandato, tão logo o oficial de justiça bata à porta.

         São estratégias malandras, mas que tem livrado meliantes da lei. Ao insistir em fazer ouvidos de mercador aos reclames dos eleitores, o máximo que esses políticos espertalhões vão obter é o aumento no fosso, separando o cidadão de seus representantes, com prejuízos óbvios para a democracia.

        De fato, aos olhos do eleitor informado, tecer acordos com denunciados pela justiça, visando possíveis vantagens políticas e eleitorais para o futuro, equivale, isso sim, a receber, como selo firmado, o beijo. O beijo da morte.

A frase que foi pronunciada:

“Por um voto em branco, você está dizendo que você tem uma consciência política, mas você não concorda com qualquer um dos partidos existentes.”

José Saramago

Charge: humorpolitico.com.br
Charge: humorpolitico.com.br

Caesb

José Rabelo concorda com a coluna. A Caesb não pode cobrar consumo mínimo em época de crise hídrica.

Vira volta

Vendo o alvoroço em torno da aula na UnB com a disciplina criada para ensinar sobre impeachment como “O golpe contra Dilma Rousseff”, lembramos de um detalhe: até agora, ao contrário de outros registros, no túnel do tempo do Senado, não há o impeachment da Dilma exibido na linha presidencial.

Nada legal

Dona Dita contava como são os olhos dos seres humanos. Trancados em um quarto escuro, logo se acostumam e a percepção ressurge. A comparação foi feita com quem recebe auxílio moradia. Donos dos maiores salários, que têm condições de bancar a morada, recebem o auxílio moradia. Acostumaram com o escuro. Quanta utopia pensar que partiria deles mesmos acabar com esse absurdo. É o dinheiro público que sustenta a mordomia. Isso é justo? É ético? É moral?

Imperdível

Atenção interessados no pioneirismo de Brasília. Nessa sexta-feira, dia 09/03, às 19h, Tania Fontenele fará uma palestra sobre as mulheres e a história de Brasília. Em seguida, o histórico filme Poeira e Batom. Será no Instituto Cervantes, SEPS 707/907.

Imagem: cultura.gov.br
Imagem: cultura.gov.br

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Aberta uma exceção, todos os acampamentos se transformarão em casas de alvenaria, e está visto que bagunça redundará de tudo isto. (Publicado em 17.10.1961)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin