Espírito Santo é o Brasil

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

Circe Cunha e MAMFIL

Para os saudosistas, no tempo em que as organizações paramilitares, como a Scuderie Detetive Le Cocq, formadas basicamente por policiais civis altamente treinados atuavam abertamente no combate ao crime, os bandidos não encontravam espaço e muito menos coragem para atuar livremente como vem ocorrendo hoje no Espírito Santo. Eram outros tempos, dizem.

Hoje, sob o chamado império da lei, das garantias e direitos civis e, sobretudo,sob o manto protetor dos direitos humanos, prender e julgar criminosos com o rigor das leis é tão ou mais difícil do que manter a própria ordem pública. Para os cidadãos acuados dessa grande metrópole do Sudeste, a questão não está nos extremos de ontem e de hoje, mas na justa medida que obriga o Estado a manter e a garantir adequadamente a segurança pública conforme manda a Constituição.

É entre os extremos do passado e a permissividade do presente que o cidadão quer ter o direito de sair de casa e retornar com vida. O que ocorre agora em Vitória e já ocorreu recentemente em Florianópolis, São Paulo, Natal, Manaus, Rio de Janeiro e em outras importantes cidades do país é, sem exagero, uma guerra civil que opõe, de um lado, o crime organizado, altamente armado, e, de outro as forças policiais desprestigiadas e com equipamentos obsoletos.

No meio da contenda desigual, fica a população, acuada e prisioneira, à mercê da sorte, à espera de uma trégua para sair de casa e ir aos mercados em busca de víveres para se manter enquanto a guerra se desenrola. Fossem outros os tempos, os militares já teriam assumido o controle do país, tal qual fizeram no passado, quando o ambiente de desordem, potencializado pelo clima da guerra fria, tomou conta do país.

Quando se repete, a história vem na forma de farsa. Seguir as pegadas desse flagelo, buscando a origem para o que ocorre hoje em nossas ruas, poderá nos levar direto aos anos 60, para um passado que acreditávamos morto, mas que ainda respira e se move.

Na origem do nosso faroeste caboclo, mais vivo do que nunca, está nosso arcaico sistema político, carcomido pela mais desenfreada corrupção de todos os tempos. É aí, no alto dessa serra, que está a fonte que alaga nossas cidades com os rios da tormenta. Duas décadas de ocupação militar não foram suficientes para essa gente aprender. O passado não foi suficiente como lição. Não aprenderam nada e não esqueceram nada.

A frase que não foi pronunciada

“A liberdade é o direito de fazer o próprio dever.”

Auguste Comte

Estado

» Quase R$ 80 foram tirados de cada cidadão carioca para que a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Contas do estado pudessem se sustentar. Já o Tribunal de Justiça custou pouco menos de R$ 240 de cada contribuinte. Hoje, professores recebem cesta básica como salário. Há algo de podre na República do Brasil.

Economia brasileira

» Por falar em Tribunal de Contas, uma apuração sobre o BNDES chegou ao seguinte resultado: R$ 50 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Social foram aplicados em 140 obras no exterior. Só a título de curiosidade, a missão do BNDES é “promover o desenvolvimento sustentável e competitivo da economia brasileira, com geração de emprego e redução das desigualdades sociais e regionais”.

Ruídos repetitivos

» Pessoas que se incomodam com pequenos barulhos como o clique de caneta, pacote de biscoito, ou copo descartável amassado são tidas como portadoras de transtorno compulsivo obsessivo. Na verdade, sofrem de um mal chamado hiperacusia ou misofonia.

Reforma

» Assunto consistente para o governo Temer pensar e resolver com a base sustentável no Congresso: reforma política que extermine as legendas de aluguel, com o fundo partidário bilionário, com a prerrogativa de foro, com o aparelhamento da máquina pública. O senador Fernando Collor tem uma publicação bastante interessante sobre o assunto disponível no gabinete.

Lazer

» Hoje, Brasília conta com aproximadamente 12 mil estabelecimentos que empregam mais de 100 mil pessoas. Para uma população de pouco menos de 3 milhões de habitantes, bares são a opção mais fácil para socializar.

História de Brasília

Geraldo Seabra, Última Hora: É possível que ele reingresse na vida política brasileira como um líder popular de grande força, podendo reencarnar aqui as figuras de Tito, Nasser ou Fidel Castro, conforme as determinantes do momento. (Publicado em 22/9/1961)

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