DESDE 1960 »
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br
Passadas as eleições municipais, muitas lições podem ser tiradas do resultado das urnas. A principal delas, com a qual estão de acordo nove em cada 10 especialistas, é que o partido que por três vezes ocupou o Palácio do Planalto, ao longo de 13 anos, foi o maior perdedor isoladamente. Fato semelhante também aconteceu no século pasado, com a Aliança Renovadora Nacional (Arena), fundada em 1965 por vontade dos militares no poder. Naquela ocasião, os dirigentes apregoavam orgulhosos para todo mundo ouvir que a legenda era o maior partido político do Ocidente. Queriam, com isso, reafirmar que, por muito tempo, não haveria no horizonte nacional qualquer outra força política capaz de contrapor-lhes ,em poder e prestígio. Essa ilusão durou enquanto a oposição e as eleições se apresentavam de modo tímido e medroso.
Nas eleições de 1974, a coisa mudou de figura, com a eleição de uma quantidade de candidatos do MDB,que se opunha ao governo de farda. Restou ao Executivo a criação rápida e sui generis da figura dos senadores e governadores biônicos, escolhidos diretamente pelo Planalto para se contrapor ao avanço imprevisto da oposição. A partir daquele ano, a Arena embicou ladeira abaixo. Perdeu parte da cobertura nacional, restando como prêmio de consolação o apoio apenas da região Nordeste, que, por motivos pragmáticos, sempre necessitou da ajuda do poder central. O mesmo ocorre agora com o Partido dos Trabalhadores.
Se nomearmos um coveiro oficial dessa legenda, sem dúvida o nome de Dilma Rousseff aparece no topo da lista. Se identificarmos um fato para a derrocada do partido nessas eleições, o escândalo de corrupção do petrolão está em primeiro lugar. Se buscarmos um representante da Justiça para a derrota do PT, Sérgio Moro é o nome escolhido. Se escolhermos uma vítima direta da farra patrimonialista que tomou conta do Estado, a Petrobras é a personagem.
Em todo caso, esses não seriam ainda os responsáveis maiores pelo encolhimento da legenda que pretendia se eternizar no poder. Disparado no topo da lista daqueles que, de alguma forma, deram o troco as malfeitorias do PT, estão os eleitores de todo o país. Insensíveis às mudanças do vento, as lideranças do antigo ocupante do Planalto não seguiram o receituário recomendado por alguns filiados mais antenados de refundar a legenda, mudando não só o logotipo e cores da marca, mas sobretudo as lideranças maiores. A sepultura que Dilma cavou com as mãos para enterrar a legenda em cova funda, Lula tratou de cobrir de terra com os pés ligeiros. Já vão tarde.
A frase que foi pronunciada:
“Militares e formigas batem continência?”
Frase ouvida ao passar pela janela do colégio Maurício Salles de Melo
Cores
» Roldão Simas Filho, leitor assíduo da coluna, sugere que o nome da segunda ponte do Lago Sul, a Ponte Costa e Silva, seja mudado para Ponte das Flores, e que um belo bosque seja plantado na cabeceira da ponte com ipês de diversas cores, paineiras, flamboyants ou bougainvilles.
Transporte
» De mansinho, o transporte pirata vai tomando corpo e espaço. Por todo o DF, a falta de ônibus, a demora, principalmente nos fins de semana, são o chamariz para os passageiros optarem pelo alternativo. Perigo pela falta de presença do Estado.
Sofrível
» Por falar em ausência do Estado, o Detran no Na Hora da Rodoviária estava com 400 pessoas se empurrando para atendimento na manhã de sábado. Ao ouvirem que ninguém seria atendido, depois de esperar por horas a fio em uma fila, a massa se revoltou. Os tempos estão mudando. Ou o Detran se moderniza para desburocratizar o atendimento, e retornar à população a fortuna que arrecada, ou nunca haverá greve com o apoio da população.
Qualidade
» Poucas embaixadas em Brasília são ativas culturalmente como a de Portugal. O Instituto Camões e a Siglaviva convidam para o lançamento do livro Os doentios (contos 1881), de Fialho de Almeida, um clássico português do século 19, no próximo dia 13, às 19h30, no auditório da representação diplomática. A vida e obra do escritor será conhecida pelo público, com uma palestra da professora Lúcia Helena Marques Ribeiro, da UnB. Fialho de Almeida está entre Eça de Queiroz e Camilo Castelo Branco.
Regalo
» Por falar em livros, uma sugestão de presente de Natal aos amigos que gostam da boa leitura. Um livro fluente, atual e inteligente: Três histórias estranhas, do escritor, dramaturgo e compositor Marcus Mota. É bom que Brasília valorize esse talento. Marcus Mota mora na cidade, é professor universitário e está adiante do nosso tempo.
Menu claro
» É simplesmente insuportável o número de vezes que a Claro invade com mensagens de vendas os aparelhos do cliente sem permissão. Durante uma operação importante, ou de uma conversa, chegam as mensagens Menu Claro sobre proteção de CPF, Claro Esportes e por aí vai. Pior. A assessoria nos liga querendo saber como pode resolver nosso problema. A resposta é a de sempre: Minha filha, resolva o problema da população brasileira com a Claro. É por isso
que eu escrevo!
História de Brasília
Não, governador! Esta cidade é sua, também, e é o Distrito Federal. Sabe o senhor que qualquer político, por mais honesto que seja, administrando Brasília terá, forçosamente, de pender para o lado político, e, se for de Goiás, a proximidade do Estado irá, certamente, prejudicar a administração. (Publicado em 15/9/1961)