Desde 1960
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com Circe Cunha e Mamfil
Na república distópica em que prosseguimos metidos, não estranha a bizarrice de assistirmos a pessoas situadas nos mais altos postos da administração pública sem qualquer expertise para essa função. Uma leitura no curriculum de alguns desses próceres mostra que ainda estamos muito longe de um modelo ideal de gestão do Estado. Pior, continuamos a andar em círculos, repetindo erros e atrasando nosso encontro com a modernidade. Sobre esse assunto há um material rico que todo gestor público precisa conhecer: “O (des)alinhamento das agendas política e burocrática no Senado: uma análise à luz da teoria da agência, sob o ponto de vista do agente”, de Luiz Eduardo da Silva Tostes. Uma contribuição inestimável para a administração pública. Nos últimos anos, o Senado tem feito uma reformulação administrativa que tem ajustado a Casa com mais transparência, economia e produtividade.
Levantamento feito no ministério do atual governo mostra que mais de a metade dos ministros não tem qualificação ou formação acadêmica ou técnica necessária para exercer a contento os desafios de cada pasta. Dos 23 cargos de primeiro escalão, 11 foram ocupados por ministros sem a qualificação que seria necessária. Um exemplo que chama a atenção foi a nomeação do um bispo licenciado da Igreja Universal para comandar o ministério da Indústria e Comércio, uma pasta sensível à economia do país que exigiria, no mínimo, o comando de alguém com um conhecimento real numa área que teve um decréscimo de quase 9% em 2015.
O mesmo se repete em outras pastas de grande complexidade para o país, como é o caso do Ministério da Educação, que é ocupado hoje por um político de carreira, sem familiaridade com o assunto, mas que deveria ser preenchido por um educador com notório saber na área. Muitos afirmam que o loteamento de altos postos da administração pública com base apenas no apoio político, dentro do modelo de presidencialismo de coalizão, não tem grande importância, já que são os técnicos de carreira, como os secretários executivos, que cuidam das pastas, cabendo aos ministros apenas as negociações políticas. Mas não é bem assim. O fato que demonstra que esse modelo é ruim para o país pode ser comprovado com a descontinuidade dos projetos, mesmo aqueles em que foram despejados bilhões de reais.
Por outro lado, acabam atrelando e centralizando as decisões mais importantes e urgentes ao próprio presidente da República, dificultando avanços necessários. Mesmo considerando o valor da política para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito, o que os países desenvolvidos têm demonstrado na prática é que a própria sobrevivência da democracia hoje exige a reformulação das gestões governamentais, sobretudo através do uso das possibilidades oferecidas pelas nova tecnologias, disciplinando o Estado, reavaliando suas atribuições e qualificando a prestação de serviços nas áreas de educação e saúde. Principalmente agora, quando se assiste ao envelhecimento crescente da população. São novos paradigmas a exigir novas posturas, a começar pela qualidade acadêmica do pessoal designado para altos postos.
A frase que foi pronunciada
“A inteligência é a insolência educada”
Aristóteles
Release
» Instituto Federal de Brasília abre 1.018 vagas em cursos técnicos a distância. Oportunidades são para eventos, informática, programação de jogos digitais e hospedagem. Capacitação é gratuita.
Evasão
» Inacreditáveis 30% a 40 % dos estudantes do Pronatec terminam o curso apesar dos milhões investidos.
Obsoleto
» Recebemos do leitor Roldão Simas um e-mail com dois vídeos. Um chinês e outro brasileiro. A intenção é mostrar como os Correios estão atrasados tecnologicamente na triagem da correspondência. No vídeo chinês, num estande colossal, os objetos transitam até o destino sem o toque humano. Norto Seng participa da missiva apontando a razão da demora na entrega de produtos comprados pela Internet. Absoluta falta de tecnologia.
Como sempre
» Liberdade de ir e vir e manifestação da vontade. Os sindicatos precisam respeitar os trabalhadores. Na EBC foi um Deus nos acuda. O pessoal queria trabalhar, e o sindicato impedia a entrada.
História
» Ricardo Guirlanda posta no FB matéria de página inteira sobre a Telebras. “Bits de criatividade — Telebras ativa sua rede interna de comunicação de dados e experimenta em casa a comunicação do futuro”.
História de Brasília
Ausente de Brasília, propositadamente, “para não se desgastar politicamente”, o sr. Juscelino Kubitschek comete um ato de pouco caso para com a cidade que criou. (Publicado em 08.10.1961)