Categoria: ÍNTEGRA
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil
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Provavelmente o presidente Jair Bolsonaro conheça toda a trama nos bastidores criada pelo país asiático, para seguir a vida visitando as pessoas de baixa renda e sentindo o drama do povo brasileiro de perto. Por isso, para o chefe da Nação, que vê o dedo do socialismo cada vez mais perto, ameaçando a liberdade do país com uma doença de patente conhecida, vê a compra de rede de televisão, e o dinheiro correndo para comprar o silêncio. Bolsonaro segue com sua teimosia para chamar a atenção, em primeiro lugar, do exagero de informações falsas entrelaçadas com verdadeiras. Todas as mortes precisam ser anunciadas com as doenças pré-existentes nos pacientes. Raramente adotam essa prática. Pouco se comentou sobre general Heleno, com mais de 70 anos, que está de volta à ativa, como prova de que o mal não é do tamanho que desenham.
Quer o chefe do Executivo, comandar o combate à doença com racionalidade e apoio total da população. Já disse que não está incomodado com a popularidade, o que é um caso raro. Já disse também, que outros países não são o Brasil. Tem a temperatura, clima, diferente. Um tempo enorme do horário nobre foi dedicado ao Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para todos os esclarecimentos. Logo depois da fala, locutores criticaram novamente o governo, deixando uma interrogação se estão do lado de partidos ou dos brasileiros. Se há reclamações que o presidente confunde a população, essa postura também confunde. Dezenas de minutos o ministro usou para esclarecer as premissas sobre a doença. Quando acaba de falar, o criticam.
É importante que se reconheça a equipe escolhida pelo presidente Bolsonaro, principalmente da Saúde e da Economia. Estão sendo profissionais, apartidários e competentes como o povo brasileiro merece. O ministro Mandetta prega o confinamento, mas os repórteres que tanto criticam o presidente também estão nas ruas, registrando os fatos para conhecimento da população. Os jornalistas não podem parar, nem médicos, padeiros, caixas de supermercados, lixeiros, carteiros, e assim se estende a classe que sai nas ruas. O presidente saiu também. Estava trabalhando. Pela lupa, o confinamento não é total. Há os que se protegem e protegem a população e há os que precisam trabalhar e tomam os cuidados necessários para se proteger e proteger a população. Como dizia Clarice Lispector, “Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.”
Por tudo o que o presidente diz acreditar, é ele o político mais exposto à crise de saúde pública. Tem tido coragem e coerência para manter o que pensa e pelo visto reluta para mostrar verdadeiramente para a população a história como ela é. É preciso que os brasileiros despertem com inteligência, prudência e sabedoria para enfrentar essa guerra.
Em qualquer cenário alcançado pela praga, o presidente será atingido. Se morrerem mais brasileiros por conta unicamente da doença ou se a situação econômica ficar insustentável, em quaisquer das hipóteses, seu governo precisará agir. Ao sair às ruas, Bolsonaro sabe dessas variáveis e arrisca sua vida e a vida daqueles que o seguem nessa cruzada em prol da saúde econômica do país. À bem da verdade, o presidente não tem muita escolha nesse momento. Se não sai às ruas para tranquilizar a população, prometendo à volta ao trabalho, a imprensa e a oposição caem em cima dele. Se ficar recolhido no Palácio da Alvorada, o mesmo acontece.
O fato é que, enquanto o presidente não encontrar um farol seguro de onde possa orientar a população a chegar à um bom porto, parte da imprensa e da oposição não darão trégua. Há o problema diplomático, mas quem torce pelo Brasil acredita que o alto desse farol anunciará a solução a tempo de desviar o país da rota que compromete o bem mais valioso de um povo: a liberdade.
–> Para mais informações sobre, leia Escola de samba da China 2020 – dossiê COVID-19 em 5 atos
A frase que foi pronunciada:
“A verdade o libertará, mas primeiro o irritará.”
Joe Klaas, de Doze Passos para a Felicidade
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Enquanto isto, o Ministério das Minas e Energia continua a toque de caixa nos preparativos para a mudança para a Asa Norte. (Publicado em 04/01/1962)
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Das muitas lições que serão deixadas pelo isolamento social compulsório, por conta da pandemia do Covid-19, a milhões de brasileiros, nenhuma outra será mais importante do que a certeza de que o fenômeno da corrupção tem seus efeitos nefastos prolongados por tempo indefinido, atingindo indiscriminadamente gerações e gerações. Ainda mais quando esse fenômeno atinge patamares de uma endemia, como tem sido no nosso caso. Por mais defeitos que tenha o presidente Bolsonaro, ainda há o mérito de lutar incessantemente contra o vírus da corrupção. Esse sim, sempre foi nefasto ao país, mantendo a fome, ignorância e paternalismo.
Vale recordar a fala recente do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal, quando afirmou que: “É um equívoco supor que a corrupção não seja um crime violento. Corrupção mata. Mata na fila do SUS, na falta de leitos, na falta de medicamentos. Mata nas estradas que não têm manutenção adequada. O fato de o corrupto não ver nos olhos as vítimas que provoca, não o torna menos perigoso.”
Por isso mesmo, causa espécie a todos os brasileiros de bem que políticos, notoriamente apontados pela justiça como culpados por esses crimes hediondos, aproveitem desse momento de angústia para, de modo cínico, proporem soluções que, nem de longe, adotaram quando tiveram oportunidade e poder para tanto. Esse é o caso específico do ex-presidente Lula que, de forma absolutamente desavergonhada, tem aparecido em vídeos fazendo críticas e sugestionando ações contra a crise, como se não fosse ele e seu desgoverno um dos responsáveis pela fragilidade de nosso sistema de saúde e pelo saldo de milhões de desempregados.
Não se pode, de modo algum, desprezar esses fatos do nosso passado recente e que hoje pesam sobremaneira nessa crise de saúde pública. Talvez uma das mais emblemáticas cenas desse passado triste, ainda não totalmente solucionado por nossa justiça parcial e suspeita, seja justamente a utilização dos muitos e gigantescos estádios de futebol construídos para a fatídica Copa do Mundo de 2014, em que praticamente todos os envolvidos nesse esquema odioso foram acusados de corrupção, dentro e fora do país.
Esses verdadeiros elefantes brancos, monumentos obsoletos, erguidos para propiciar a manutenção contínua de um propinoduto bilionário, são retirados agora de seu estado letárgico profundo para servirem de hospitais de campanhas. Essa improvisação de finalidade totalmente diversa demonstra de forma cabal a distância entre o que necessita uma população carente e aquilo que os políticos sem ética almejam para si mesmos.
Nada mais emblemático para ensinar uma população em pânico e cerrada dentro de casa do que a conversão de estádios em hospitais de emergência para fazer entender, de uma vez por todas, o potencial deletério do fenômeno da corrupção. A corrupção mata. Essa é a lição aprendida agora da pior maneira possível.
A frase que foi pronunciada:
“Quando você perceber que para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”
Da filósofa russo-americana, Ayn Rand (judia fugitiva da Revolução Russa, quando chegou aos Estados Unidos, em meados da década de 20).
Juntos e fortes
Pessoal da Motoluc está confeccionando máscaras Face Shield para doar aos hospitais da cidade. Por enquanto, a capacidade é de 1500 máscaras por dia. Além da convocação de voluntários, eles estão recebendo doações de chapas de acrílico de 3mm. Leia logo abaixo mais detalhes para quem quiser ajudar.
Capes
Na hora que a coisa aperta, a coisa muda. O sistema da Capes foi liberado para implementação de bolsas de mestrado e doutorado. Um pesquisador nos enviou a missiva com a seguinte conclusão: a terra pode até ser plana na concepção dos fanáticos, mas ninguém pode negar que ela continua dando voltas.
Reconhecimento
Nossas homenagens a todos que trabalham na Polícia Federal, instituição que completa 76 anos.
Sempre a verdade
Morreu ou não morreu? O GDF corrigiu a informação sobre a primeira morte causada pelo coronavírus. A Secretaria de Saúde do DF justificou que houve um desencontro de informações.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Todas as autarquias estão com novos presidentes. É bom ler todos os discursos de posse, para que a gente possa, depois, cobrar as promessas. (Publicado em 04/01/1962)
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Em meio à quarentena, um tanto forçada por avaliações antagônicas, algumas inclusive sensacionalistas, o presidente Jair Bolsonaro, mais uma vez, usou da caneta, como chefe do Executivo, para favorecer sua principal base política dentro do Congresso: a bancada da Bíblia, mais precisamente a ala dos evangélicos ou neopentecostais. Católicos continuam na regra antiga.
Com essa medida, ficaram liberadas, das medidas de isolamento social, essas igrejas e, por tabela, as casas lotéricas, onde muitos fiéis pagam seus carnês mensais dos discutíveis dízimos. Mesmo que os cultos onde haja reunião de pessoas continuem proibidos, essa medida veio em meio a grande pressão exercida pelos autodeclarados apóstolos ou pastores desses templos que, desde o início da quarentena, vinham se queixando, pelo rádio e pela televisão, da diminuição do fluxo de dinheiro que normalmente recebem dos crentes em templos espalhados por todo o país e até do estrangeiro.
Não foram poucas as vezes em que esses líderes religiosos assumiram seus púlpitos, solicitando e mesmo desafiando as autoridades, clamando contra as medidas do isolamento social, chamando, abertamente, seus seguidores a desobedecerem a essas restrições e a comparecerem nos templos.
Incluída agora entre as entidades dispensadas dos rigores da quarentena, as igrejas evangélicas e seus dirigentes desafiam abertamente tanto as orientações de muitos políticos dentro do Congresso, como abrem uma frente de litígio direto com muitos governadores. Já não bastava a contenda entre Executivo e Legislativo, agora fica explícita a força política desse segmento. Análises políticas concluem que, de forma cabal, essas entidades, pelo poder de arrebanhar grande número de fiéis/leitores, é hoje um poder dentro do poder.
Curioso, contudo, é notar que essas mesmas igrejas e principalmente seus pastores constituem hoje o principal alvo de crítica da maioria dos internautas no país, justamente pela maneira, até descarada, com que insistem na cobrança do chamado dízimo, o que deve ser dado de coração, não como obrigação.
Também não é segredo para ninguém que esses pastores estão hoje no topo da lista de milionários brasileiros, com a diferença, em relação à maioria dos empresários bem-sucedidos, de que são declarados invisíveis quando o assunto é prestação de contas com o leão e com outras instituições fiscais do Estado.
A fragilidade política e mesmo o esfacelamento do antigo partido que levou Bolsonaro ao poder, somada aos constantes atritos entre o chefe do Executivo e parte dos parlamentares, justamente pelo fim do chamado presidencialismo de coalizão, de certa forma, tem isolado o presidente, transformando-o num alvo constante dos representantes da velha política.
Alguns desses políticos não escondem inclusive o desejo de levar adiante um processo de impeachment contra o atual presidente. Toda essa fragilidade dentro do Congresso acabou por empurrar o chefe do Executivo para os braços de algumas das mais polêmicas bancadas políticas, tanto da Bíblia, como das chamadas bancadas da Bala e do Boi, isolando o presidente, e com isso colocando em risco aberto a governabilidade do país e mesmo a democracia.
Obviamente que a busca de culpados nesses episódios de nada adiantaria nessa altura dos acontecimentos. O que se sabe, até agora, é que nem a oposição ao atual governo e nem mesmo o presidente e sua equipe conseguiu convencer toda a população a ficar indefinidamente presa dentro de casa.
A frase que foi pronunciada:
“O que debilita mais rapidamente do que trabalhar, pensar, sentir sem uma necessidade interna, sem uma profunda escolha pessoal, sem alegria, como um autômato do “dever”? Chega a ser uma receita para a decadência e até mesmo para a imbecilidade.
Nietzsche, filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano do século XIX.
Máscara
Está lá. O vídeo de como máscaras são feitas. Não se sabe o país. Mas dá para se ter uma ideia de como o mundo é servido. Veja a seguir.
Documento
Veja no link Coronavirus, studio dell’Università di Torino: assumere più vitamina D per ridurre il rischio di contagio um estudo sobre a vitamina D e o Coronavírus. A Universidade de Turim percebeu que grande parte dos atingidos pelo Covid-19 tinham carência da vitamina.
Perigo
Vírus oportunista instalado nas redes sociais é o maior mal em tempos de guerra. Cuidado! Busque a verdade.
Aos lixeiros
Aos lixeiros que minimizam essa crise trabalhando normalmente, devemos o nosso respeito. Vidros quebrados e descarte perigoso devem ser acomodados em garrafas pet cortadas e depois remendadas. É uma forma simples de proteger essa classe, quase invisível, mesmo andando dependurada nos caminhões sem segurança nenhuma e respirando lixo enquanto trabalha.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Falta, agora, o governo federal cumprir a promessa do reinicio das obras do IAPM e IAPFESP, ambos os Institutos com novos presidentes. (Publicado em 04/01/1962)
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Pouco se sabe como trabalha ou que estratégias adota no momento o chamado Gabinete de Crise, criado pelo Executivo para coordenar os esforços no combate à pandemia do Covid-19. Faltam, nos meios de comunicação, referências a esse grupo de trabalho ou como executam tão ampla tarefa.
Por certo, a discrição e o sigilo devem compor parte dessa estratégia de trabalho. Tudo é possível nesse momento em que os direitos individuais parecem estar suspensos, soltos no ar. De qualquer maneira, não seria uma má ideia esse grupo extraordinário criar uma ponte permanente, em âmbito internacional, trocando e colhendo informações preciosas de experiências e avanços obtidos em outros países que passam pelo mesmo problema. É importante que os brasileiros recebam informações a respeito.
O que acontece agora, com a instalação sincronizada dessa crise em todo o planeta, vem provar a tese de que, mesmo as eleições que são ganhas com certa facilidade, sem muito dispêndio de recursos ou lábia, não significam uma governança tranquila e sem maiores sobressaltos. Exemplos desse fato são abundantes na história brasileira e parecem não ter ensinado nada aos políticos.
Nas próximas semanas, dois gráficos estatísticos poderão ilustrar e testar, com precisão matemática, a evolução de fenômenos distintos, mas que estarão umbilicalmente ligados pelo destino. A depender da orientação desses gráficos, o futuro político do presidente Bolsonaro estará selado de forma definitiva.
De fato, à medida em que a curva estatística apontar o crescimento no número de pessoas infectadas e de mortes, expondo as mazelas conhecidas do nosso sistema de saúde pública, noutro gráfico estarão indicadas automaticamente e em sentido contrário também o declínio na credibilidade do atual governo. Por isso, não há exagero em afirmar que o Covid-19 veio para testar, na prática, o governo de Bolsonaro. Não a sua saúde física, de atleta, mas a sua saúde política.
Depois do pronunciamento em cadeia nacional, o presidente expôs seu governo ao contágio de 220 milhões de brasileiros, expondo-o abertamente na fronteira entre o vírus e a economia do país. É nessa divisão de terrenos que estarão sendo jogados todo o futuro do bolsonarismo. Mesmo que ele não se importa para o que digam sobre ele. Há a impressão de que ainda não se deu conta que é preciso ser ele mesmo e Presidente da República. Pelo o que se tem visto até aqui, os adversários políticos não irão medir esforços, mesmo que tenham que passar por cima de possíveis cadáveres, para atingir o palanque mais próximo.
Com muito esforço, é possível que os panelaços que se anunciam e que, em grande parte, são induzidos por redes de televisão contrárias ao governo, podem, no desenrolar da crise, ganhar vida própria, empurrados pelo pânico ou pelo descontrole no combate à pandemia.
Falar em próximas eleições nesse momento é, além de sandice, desconhecer que 2022 chegou mais cedo. Com isso, é possível dizer que o atual conjunto de políticos está sendo avaliado nesse exato instante. A população enclausurada está de olhos postos nas autoridades, conferindo cada movimento. Quem sobreviverá?
A frase que foi pronunciada:
“A constante pressão do tempo não é o menor dos tormentos que envenenam a nossa existência. Ela mal nos permite tomar fôlego e logo nos persegue como um bedel munido de chicote. A perseguição cessa apenas para aquele que foi entregue ao tédio.”
Schopenhauer, filósofo alemão, 1851
Novidade
Buritizinho, Mangueiral, Paranoá Parque, Vale do Amanhecer e Ceilândia recebem um aporte para a construção de Unidades Básicas de Saúde que deverão estar prontas até 31 de dezembro deste ano.
Lado bom
Recebemos, de dona Terezinha Bleyer, uma postagem mostrando a banda da Polícia Militar fazendo uma serenata pelas ruas de Florianópolis. Emocionou a população. Veja a seguir.
Impressionante
Se no Paranoá não houver pico da doença lotando o hospital local, o presidente Bolsonaro estará certo. Crianças, idosos, todos andando pela rua despreocupadamente, lojas abertas, tudo absolutamente normal.
Do carro
Igrejas que já sabem que ser serviço essencial não abrem mão de proteger seus fiéis. Veja a seguir como estão sendo feitas as confissões na paróquia Nossa Senhora da Saúde, na Asa Norte.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
No IAPI tomou posse o Conselheiro Alves, da presidência do Instituto. É uma esperança para o Instituto que reune quase por 80 por cento da Previdência Social. Que seja mais amigo de Brasília, fugindo às normas do seu antecessor, que fez tudo para que a autarquia voltasse para o Rio. (Publicado em 04/01/1962)
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Em resposta a um motorista, muito bem instalado em seu carro de luxo, por que ainda continuava nas ruas, desafiando as orientações do governo para se manter em quarentena, o velho e conhecido vendedor de doces, que há anos trabalha no mesmo cruzamento da cidade, não pensou duas vezes em responder:
“ – Essa pandemia é coisa de rico, doutora. Vi na TV que foram os ricos que viajaram para a Europa que trouxeram essa bagagem. Agora tem trabalho que é feito de casa, porque tem condições para isso, o pessoal faz o que fazia no local de trabalho, mas pelo computador. Outros patrões dão férias remuneradas, como o de um conhecido meu. Enquanto ele está em casa, está recebendo. E tem os ricos que enquanto a coisa ferve, o dinheiro é tanto que nem preocupa. Se eu parar de trabalhar, não é doença que me mata não. É a fome.”
De fato, esse é o grande dilema de um país cuja a grande maioria das pessoas não pode se dar ao cuidado de ficar preso dentro de casa, à espera do “Deus dará”. Aqui mesmo no Distrito Federal, muitas regiões administrativas, anteriormente chamadas de cidades satélites, a população continua nas ruas, levando uma vida aparentemente normal, alheia aos apelos das autoridades, simplesmente porque conhecem a própria realidade e o quanto essa quarentena forçada pode resultar em perigo para sua sobrevivência.
Para uma boa parcela de brasileiros, essa também é uma questão a ser equacionada e cujas variáveis se resumem em morrer dentro de casa ou nas ruas. A fila de pessoas que espera entrar para o programa Bolsa Família, e que em 2019 já havia aumentado significativamente, parece que vai crescer ainda mais, transformando um grande contingente de brasileiros em cidadãos diretamente dependentes do Estado e, o que é pior, do governo.
Aumentam ainda as chances de, mais uma vez, esse Programa vir a adquirir tons políticos partidários, o que em nosso país parece ser uma má sina secular. São problemas que vão se sobrepondo e que aparentemente vão entrando num ciclo sem solução à vista. Nesse momento, tão importante quanto injetar recursos no largo sistema de saúde do país, para fazer frente a pandemia, torna-se urgente também um socorro às populações de baixa renda, não apenas para evitar que cresça a massa de brasileiros empobrecidos, já por demais grande, mas, e sobretudo, para que a pandemia não venha a se estabelecer como mais uma variável negativa na complexa equação que parece nos prender num eterno subdesenvolvimento no campo social.
Todo esse volume de problemas, que se anuncia no horizonte, ganha ainda maior dificuldade quando se sabe que o último crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 fechou em apenas 1,1% em relação à 2018, o que em matemática simplificada significa que o arrecadado com todos os bens e serviços produzidos no país no ano passado pode estar muito longe dos desafios e das contas que têm pela frente.
E como miséria pouca é besteira, já dizia o filosofo de Mondubim, como fechar essas contas com um país que existe teto salarial e em todos os poderes há quem o ultrapasse sem abrir mão de privilégios?
A frase que foi pronunciada:
“Nem ao homem mais imparcial do mundo é permitido que se torne juiz em seu próprio caso.”
Pascal, matemático, físico, inventor, filósofo e teólogo católico francês.
Leitores
Perguntas que não querem calar 1. Os brasileiros que foram resgatados de Wuhan, cidade chinesa onde se originou a pandemia do novo Coronavírus, trazidos por dois aviões da FAB, não estavam com o coronavírus. Como pode? 2. Entre morcegos e cobras, confinamento e alimentação de animais estranhos, como foi mesmo que esse vírus surgiu? Muito mal explicado 3. Como é possível que 113.687 mil pessoas já tenham sido curadas? Veja a pesquisa da Universidade de Medicina Johns Hopkins.
Socorro
Auditoria cidadã, comandada por Maria Lúcia Fatorelli, sugere que, diante da pandemia de Coronavírus, o governo decrete uma completa auditoria da vida pública. Diz ainda que essa auditoria seja acompanhada da suspensão imediata do pagamento dos juros e encargos, a fim de liberar recursos para investimentos na saúde pública, assistência social e educação. Veja o material completo em Suspensão do pagamento da dívida pública pode liberar trilhões de reais para combate ao coronavírus.
Estética tétrica
No piscinão do Lago Norte, a arquitetura já é sofrível, onde banheiros e bares cortaram totalmente a vista para o lago. Agora os quiosques estão se gradeando para aumentar o espaço para guardar cadeiras e botijões.
Vídeo gravado em julho de 2018, durante a construção no Piscinão do Lago Norte.
Sensatez
Embora o jornalista Pedro Paulo Rezende tenha como perfil, no grupo de jornalistas do DF, “dragão mal-humorado”, é ele o ponderador do grupo, esclarecendo, principalmente para os jornalistas mais afoitos, a história, a verdade e a realidade de alguns fatos.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Falta, agora, o governo federal cumprir a promessa do reinicio das obras do IAPM e IAPFESP, ambos os Institutos com novos presidentes. (Publicado em 04/01/1962)
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Marco divisor da história da humanidade. Assim muitos analistas têm denominado o momento atual em que, jamais e em tempo algum, a maioria dos habitantes do planeta se viu obrigada a permanecer presa em suas residências. Por qualquer ângulo que se tente esquadrinhar a história das civilizações, nunca houve um período anterior semelhante onde, minimamente, os homens foram retidos dentro de casa para escapar de um flagelo externo. A estratégia do passado, para sobreviver às crises profundas, era basicamente fugir para longe.
Agora, com o perigo espalhado por todo o canto, a tática é permanecer escondido em casa, longe das ruas. A morte, dizem muitos, está lá fora, à espreita. Não só o que parece ser a morte física de muitos, mas o que se anuncia como ser os suspiros finais de um modelo de vida que acostumamos seguir sem pensar. Historiadores ousam afirmar que estamos no limiar de uma espécie de antirrevolução, contrária aos princípios trazidos pela Revolução Industrial do século XVIII, quando a produção em massa e a migração dos campos para a cidade criaram uma nova civilização, induzida pelo poder das máquinas.
Em muitos lugares, não são poucos aqueles que têm buscado refúgio, de volta ao campo e à vida simples da labuta com a terra, onde foram plantadas as primeiras sementes de nossa civilização. Por certo, ainda é cedo para confirmar a chegada definitiva de um novo modelo econômico e social. Por certo, também é afirmado que sairemos desse período de retração ao útero muito melhores moralmente. E por razões simples que sempre marcaram o comportamento humano: as dificuldades, ensinava o filósofo de Mondubim, aprimoram a moral e ética, fazendo dos bons pessoas ainda melhores.
O próprio sentido de grupo e de solidariedade entre as pessoas surge exatamente nesses períodos em que nos vemos afastados de nossos semelhantes. Sempre e em todo lugar os monges, os ascetas, que buscam aprimorar o espírito, invariavelmente eram aconselhados a se retirarem, em isolamento e clausura, afim de buscar, no mais profundo de cada um, a fonte de luz e do equilíbrio.
Há muito tem se falado sobre um certo processo de infantilização das sociedades, sobretudo daquelas gerações do pós-guerra, onde muitas facilidades foram postas à mesa de todos. Desacostumados a períodos de escassez e de privamentos, nossa sociedade atual parece ter esquecido que essa é, quer queiramos ou não, uma condição inerente à nossa existência sobre o planeta.
A impermanência de tudo é a única certeza que possuímos. De fato, para as pessoas, o que mais incomoda não é estar exatamente preso, mas em não poder prosseguir em suas rotinas exatas e massificantes. Acostumados pela pressão do modelo que construímos, a colher os frutos de nosso trabalho, longe de casa, perdemos esse contato com o lar, o que para muitos se tornou um lugar até desconhecido. Até mesmo nosso próprio planeta, tão repetidamente vilipendiado, teremos que encontrar nova maneira de nos relacionar daqui para frente.
A frase que foi pronunciada:
“O que é familiar não é conhecido simplesmente porque é familiar.”
Hegel (1807), um dos mais influentes filósofos da história
Biológica
Um leitor furioso compartilha conosco o aviso que recebeu de uma clínica de fisioterapia que está funcionando normalmente. Além da irresponsabilidade, é inacreditável que pessoas ligadas à saúde desobedeçam às regras em momento de guerra.
Pesos e medidas
Por falar em desobedecer às regras, a população faz sua parte e o governo deveria fazer a dele. Nos hospitais públicos de São Paulo faltam máscaras, luvas e outros materiais de proteção aos profissionais da saúde. É bom que os governantes se atentem para as próprias obrigações na mesma medida que as ordens.
Em casa
Exames estão suspensos para pessoas saudáveis. A informação é do Hospital Sírio-Libanês, onde apenas 2% das coletas deram positivo. A infectologista Maura Salaroli de Oliveira, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Sírio, quer que o hospital esteja pronto quando a demanda crescer, por isso não há necessidade ou indicação do exame para pessoas sem sintomas, o que ressalta a necessidade de ficar em casa, já que o vírus é assintomático.
Voluntariado
Já com 1.461 seguidores no Instagram, o Brasília Maior que Codvid-19 uniu voluntários para produzir e adquirir material hospitalar. O médico residente do Hospital Universitário de Brasília, Pedro Henrique Morais, está mobilizando as pessoas e doações. Avisa que há recibo para os doadores e a prestação de contas é minuciosa. Tudo transparente. Acesse a página Brasília Maior que Covid-19 para mais informações e doe no link Brasília maior que COVID impressão 3D – 1.
Em ação
Empresas de eventos que trabalham para o governo contabilizam os prejuízos e começam a se unir. Cancelamentos dos eventos já geraram, de imediato, uma série de prejuízos econômicos e afetaram milhares de empregos diretos e indiretos.
Na prática
Algumas medidas solicitadas para esse seguimento são a isenção de ISS e ICMS também para os promotores de feiras, não negativação de empresas do setor para o Compras Net, liberação imediata do pagamento pelo Governo – estadual e municipal, suas secretarias e autarquias, na condição de credor, dos valores de serviços de eventos promovidos, realizados e patrocínios assumidos com empresas e classe artística que ainda se encontram em pendência (2020, 2019 e anos anteriores), e por aí vai.Coronavírus;
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Em Brasília, as coisas melhoram: bancos na Praça dos Três Poderes, preparativos para arborização na W-3, o Prof. Lúcio Costa permitiu a iluminação da Avenida das Nações, gente trabalhando, Prefeitura agindo. (Publicado em 04/01/1962)
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Muito mais do que a proeza de atravessar uma tempestade e escapar dessa experiência, incólume e sem um arranhão, é preciso sair dessa turbulência com algumas lições capazes de induzir um crescimento moral interno, proveitoso e duradouro para toda a vida.
Esse talvez seja o principal benefício e aprendizado a ser adquirido pela população, tão importante quanto a própria sobrevivência nesses dias difíceis. Dentre as centenas de mudanças que podem ser necessárias não apenas para atravessar a crise com certa segurança, mas sobretudo para dar um novo rumo ao futuro do país, numa fase posterior, sem dúvida nenhuma a questão da qualidade dos gastos públicos despontará como absoluta no horizonte. A começar pelo corte profundo em todas as chamadas mordomias e outros penduricalhos vergonhosos que dilapidam sensivelmente o Tesouro Nacional a cada ano e que não param de crescer.
A lista desses gastos supérfluos e que nesse momento podem inclusive receber a tarjeta de imorais faria com que uma montanha de recursos, oriunda dos escorchados pagadores de impostos, fosse alocada, totalmente para a prevenção e socorro à população e ao combate ao surto de virose mortífera que se anuncia pela frente. O anúncio de que estamos em regime extraordinário, semelhante a um período de guerra generalizada, já é reconhecido por grande parte das autoridades com responsabilidade e visão do momento. Como é o caso do ministro da Saúde, Henrique Mandetta.
E o que é pior, esses recursos, na casa de bilhões de reais, ainda estão prisioneiros de rubricas supérfluas, destinadas à manutenção de privilégios que há muito tempo são criticados pelos brasileiros. Esperar que o velho regime e a velha política se sensibilizem com a atual situação é perda de tempo. Da mesma forma, embora o governo ainda afirme que a possibilidade de decretação de Estado de Sítio está, por hora, fora do radar, essa alternativa, segundo alguns especialistas, não está totalmente descartada.
Para os chamados realistas, a decretação dessa medida é apenas questão de tempo, quando o número de mortos atingir um patamar crítico. Conhecendo a tradicional falta de operacionalidade de nossos hospitais em tempos de paz e que não é nada positiva, imaginem essa engrenagem frente a um período inusitado de alta turbulência. Falta para o adequado aparelhamento dos hospitais, kits de teste, medicamentos, respiradouros automáticos e outros insumos como equipamentos de proteção e tantas outras necessidades urgentes que ainda não estão plenamente disponíveis, o que é visto e sentido pela população.
Imagens que nesses dias passaram a circular pelas redes sociais, mostrando uma dúzia de enormes, custosos e obsoletos estádios de futebol espalhados por todo o Brasil, dão um tom do desperdício de recursos num país carente e que tanta falta faz nesse momento. O que a população enclausurada poderá observar agora, talvez com maior tempo para refletir sobre a questão, é a existência de um fosso imenso entre a realidade nacional e a vida de luxo e segurança desfrutada há séculos por nossas autoridades. Se essa desigualdade já não fazia sentido em tempos de bonança, muito menos faz agora em plena tempestade.
A frase que foi pronunciada:
“Guerra é o que acontece quando a linguagem falha.”
Margaret Atwood, escritora canadense
Provocações
Foi estranho mesmo. Em meio a esse rebuliço todo, um repórter perguntou ao presidente se ele estava sabendo que a popularidade do ministro Mandetta estava subindo mais que a do chefe. “Você não tem nada inteligente para perguntar não? Isso é jornalismo?”
Contra a maré
Rafaela Ferreira, pesquisadora mineira, usa a tecnologia para encontrar as fórmulas de remédios que não interessam à indústria farmacêutica. Já foi financiada pela Capes, CNPq, Fapemig e recebeu prêmios da L’Oréal e da Unesco. Pesquisadores são a nata da sociedade. Eles merecem ter todo apoio possível do governo.
Dicas em tempos de guerra
1.Nunca atenda chamadas de robô. Golpistas se aproveitam disso para propor desde tratamentos fraudulentos do coronavírus até esquemas de trabalho em casa.
2.Pessoas bem-intencionadas repassam todas as informações que recebem. Antes disso, procure verificar os fatos em portais do governo federal, estadual ou municipal.
3.Vendedores online precisam ser conhecidos. Muitos estão alegando que entregam produtos sob demanda quando na verdade não têm.
4.Nunca acredite em oferta de dinheiro fácil.
5.Jamais clique em links que chegam por e-mail. Eles podem levar vírus para a sua máquina.
6.Não há vacinas, pílulas, poções, loções, pastilhas ou outros produtos sujeitos a receita ou sem receita médica disponíveis para tratar ou curar a doença do Coronavírus 2019. Ignore esse tipo de oferta.
As informações são da Comissão Federal do Comércio Norte Americana.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Que a gente possa falar, possa dizer, possa existir como fonte de informações para o público, são os nossos desejos. Nossa repulsa aos acontecimentos de Belo Horizonte, um general se sentir ofendido por um soco, e mandar o Exército destruir o jornal tenha paciência. (Publicado em 04/01/1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil
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Houve um tempo em que as interrupções no fornecimento de luz era uma constante em todas as cidades do país, principalmente à noite, quando as famílias reunidas mais necessitavam dessa tecnologia para as tarefas do fim do dia. Essa debilidade nas nossas fornecedoras tanto de água como de eletricidade eram bastante conhecidas e frequentes e, não raro, terminavam em letra de samba, como na marchinha carnavalesca “Vagalume”, de Vitor Simon e Fernando Martins, composta em 1954. “Rio de Janeiro/cidade que nos seduz/de dia falta água/de noite falta luz.”
Naqueles momentos de escuridão, que às vezes se estendia pela noite adentro, a rotina noturna mudava por completo, com todos forçosamente remetidos ao passado, postos à luz de velas ou de candeeiros. Para preencher esses momentos no breu, as rodas de conversas voltavam a ocupar o lugar da TV e do rádio. Histórias das famílias, anedotas e mesmo as estorinhas de assombração prendiam a atenção de todos. Era como se tempo parasse e todo o progresso das ciências desaparecesse como de vista. Normalmente todos iam para a cama mais cedo. Acontecia também de a luz voltar depois de horas de interrupção. Nesses momentos, e isso era um sentimento muito comum a todos, havia um certo desapontamento momentâneo pelo retorno da energia e pelo fato de a luz elétrica ter interrompido um instante de pura magia, com cada um voltando para seu canto e sua mesmice.
Não foram poucas as vezes que esse fato ocorreu e não foram poucas também o sentimento de que o retorno brusco da luz parecia anunciar o fim de um filme. Foi assim no passado e com certeza é assim também nos dias de hoje. Na verdade, a ausência de luz era apenas um pretexto inconsciente para os mais novos reaproximarem-se dos idosos, não só pelo medo do escuro e das almas penadas que perambulam pela imaginação de muitos, mas por um apelo ancestral, escondido no íntimo de cada um e que parecia adormecido pela dispersão da luz e do progresso.
Como podia a decepção imediata do corte de energia, interrompendo as tarefas noturnas e costumeiras, transformar-se radicalmente, pouco tempo depois, na mesma decepção pelo retorno repentino da luz? Por muitos anos, todos aqueles que têm se interrogado sobre essa questão, aparentemente banal, nunca chegaram a uma resposta convincente e satisfatória.
De fato, a resposta a essa contradição entre luz e sombra, ou entre a dispersão solitária e a união e o aconchego, é justamente o que parece ocorrer agora, com a quarentena forçada que muitas famílias se vêm obrigadas a cumprir. Ao interromper a rotina individual e mesmo egoísta de muitos, contrariando interesses, muitas vezes ditados pelo ego moderno, o corte de energia, ou a quarentena, lançou, mais uma vez, todos de volta ao passado e ao escuro, reunindo famílias em torno de um destino comum, do mesmo modo que faziam nossos antepassados em torno da fogueira. Por certo, quando a luz retornar sem aviso, interrompendo bruscamente a quarentena, não serão pouco aqueles que experimentarão o mesmo sentimento de desapontamento pelo fim desse confinamento no lar que os antigos classificavam como o escrínio da vida, onde todas as memórias repousam e onde, desde a origem da humanidade, todos buscaram refúgio e conforto.
Quando a luz verde acender, anunciando o fim da quarentena, dentro do coração de muita gente, com certeza acenderá a luz vermelha da volta à rotina solitária do que é feita a vida moderna.
A frase que foi pronunciada:
“Por mais constantes que sejam as águas correndo, por mais fresco e umbroso que se alargue o vale, a paisagem é intolerável se lhe falta a nota humana. Fumo delgado de chaminé ou parede rebrilhando ao sol, que revele a presença de um peito, dum coração vivo.”
Eça de Queiroz, diplomata e romancista
Mantendo os empregos
Começa a brasilidade para enfrentar a crise de forma criativa. A Pão Dourado contratou mais ciclistas para a entrega em domicílio. Sérvulo Batista, o proprietário, perdeu a mãe há seis meses. Com essa crise toda, imaginou a matriarca da família pedindo: “Meu filho, traga meu pão!” E assim, Sérvulo, que já sentia a clientela de cabeça branca mais afastada, criou essa solução: qualquer coisa da padaria entregue por ciclistas. Os clientes animados com a solução, criaram voluntariamente os flyers que foram distribuídos. Leia a seguir.
A PÃO DOURADO ESTÁ FAZENDO AS ENTREGAS EM CASA.
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Só entrar em contato e fazer o seu pedido.
Aumentou o número de bike nas entregas.
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haverá um bike para atendimento preferencial só para os idosos e pessoas com algum problema tipo dedelimitação.
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Olá queridos clientes mais experientes !
Se precisarem de qualquer coisa da padaria vamos levar para vocês.
VAMOS FAZER A NOSSA PARTE #FIQUEMEMCASA
PÃO DOURADO
32479495
991008635
994409517
982054216
SEM TAXA DE ENTREGA
Sem limites
Da mesma forma que a Internet dissemina notícias falsas, há portais que trabalham incessantemente atrás da verdade. Antes de replicar qualquer informação, verifique primeiro se é verdadeira. Acabamos de receber um telefonema de uma idosa que soube que há um remédio que cura a doença causada pelo famoso vírus. Queria comprar para ela e para o marido.
Solidariedade
Stoniaice resolveu quebrar o gelo com o pessoal do Samu. Volta e meia leva sorvete para o pessoal que têm trabalhado sem parar. Outro lugar que virou a página de notícias que angustiam foi o restaurante Vila Carioca em Águas Claras. Colocou almoço para viagem e levou para a clínica Sabin, que também não para de trabalhar. Veja as imagens abaixo e os vídeos no link Solidariedade é isso!
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
61 termina com uma indignidade (ataque ao Binômio), uma catástrofe (circo) um aviso (penitenciária) e 62 começa sem dizer nada a ninguém. Há entretanto, esperança de consolidação do regime, da vida nacional, e a prova serão as próximas eleições. (Publicado em 04/01/1962)
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Uma das primeiras e mais fidedignas fontes de informação que se tem notícia, foram as janelas das casas, por onde as pessoas espreitavam a movimentação e a vida mundana das ruas. Desse modelo veio o que costumeiramente se dizia: pelas frestas das janelas, olhos e ouvidos atentos estão sempre a vigiar o mundo. Nada escapava a essas repórteres naturais do passado que, protegidas pela escuridão, perscrutavam o vai e vem de pessoas, mesmo durante a madrugada. Ficaram tão especialistas nesse mister de anos, que mesmo sem enxergar direito as ruas mal iluminadas, identificavam os personagens apenas pelo som característico do caminhar de cada um. Era uma época em que o vagar lento das horas permitia esse interesse pelas pessoas e pelo o que acontecia à volta.
Hoje, esse espreitar o mundo se ampliou de tal forma nessa aldeia muito além da vizinhança imediata. Nessa vizinhança planetária, as pessoas sequer se conhecem uma as outras ou mesmo se cumprimentam, mas ainda não perderam o interesse pelo que acontece a cada um. É esse o mundo virtual que estamos imersos e que imaginamos vir a conhecer na sua totalidade, que esquadrinhamos agora pelas frestas da grande janela da Internet, protegidos por um anonimato que acreditamos ser seguro.
O que vemos lá fora não são mais pessoas que conhecíamos, mas multidões sem identidade e que chegamos a suspeitar que sequer existam na vida real. Essas lembranças do que acontecia no passado e que parecem acontecer hoje, também por outros meios, vêm a propósito dos recentes panelaços que voltaram a ocorrer por todo o país e que agora, em tempos de quarentena, parecem rugir com mais raiva ou amor contra e a favor do governo.
De modo até anacrônico esse bater em panelas, parece nos remeter a um ritual primitivo, de rufar de tambores, isso em plena era da tecnologia. Das mesmas janelas que antes espiavam silenciosas o mover da vida modorrenta nas cidades coloniais, hoje se voltam a protestar contra o atual governo. Se um chefe da nação faz troça do que ocorre a seu redor, faz pelo exemplo, com que a população acredite que tudo é fabricado pela mídia. Que se houver uma pesquisa minuciosa e diligente será descoberto que nenhum paciente faleceu unicamente por causa do coronavírus, na verdade faleceu pela vulnerabilidade da saúde, não importando a idade. Fará com que a população acredite que tudo não passa de uma guerra fria, testando o limite dos países, a queda da bolsa, os mercados caindo, petróleo, preços de commodities e principalmente as reações e iniciativas de seus líderes. Fará com que seus eleitores duvidem da seriedade da pandemia lembrando o H1N1 que veio e foi na mesma rapidez, atendendo interesses escusos em seu rastro. Ou mesmo que comunistas são mentirosos compulsivos por natureza.
É preciso que o presidente, nesse momento, comece a cuidar da performance de seu governo, não pondo em dúvida os cuidados com sua população.
Se a única forma de desacelerar o vírus é evitar multidão, transporte público, áreas de convívio social, então estimular essas iniciativas é primordial. O Covid-19 foi considerado Pandemia pela Organização Mundial da Saúde, não pelo resultado da doença, mesmo porque gente saudável não está no grupo de risco. Até que se descubra a vacina, o Covid-19 é pandemia pela forma rápida com que se espalha. Um espirro fora da dobra do braço, a mão num corrimão, numa maçaneta, numa caneta, o contato com outras pessoas, um prato ou talher mal lavado. Isso sim, causa a disseminação do vírus e chega aos de saúde frágil já que é um vírus assintomático.
Tudo isso demonstra, de forma inequívoca, que está claro que a ordem pelo excesso é mais indicada que a negligência. Se a culpa é dos chineses, que se use a criatividade para conduzir essa situação, não com piadas, provocações, mas com a inteligência e atitude.
Nesse período de quarentena, em que os brasileiros puderam dispor de mais tempo para observar de casa o que vai para além das janelas, milhões de olhos, ouvidos e panelas nas mãos estão a postos e focados no governo e nas autoridades. Todo o cuidado nessa hora é pouco.
A frase que foi pronunciada:
“Ao final das contas, quando a gripe sumir, vamos ver mais falidos que falecidos.”
Dona Dita, com os seus botões, procurando um shopping, um restaurante ou uma academia aberta.
Urbanidade
Empresas de ônibus, nesse momento de crise, deveriam ser obrigadas a triplicar a frota sem aumentar o preço. Não é possível recolher os carros e deixar a população engalfinhada nos metrôs. Agora é a hora de abrir mão dos lucros, como todo comerciante está involuntariamente fazendo.
Proatividade
Desde maio de 2017 que o Senado Federal está preparado para o tele trabalho. A regulamentação que traz o Ato da Comissão Diretora 8/2017 e o Ato do Primeiro Secretário 2/2017. Pessoal da tecnologia está sempre disponível para atender a demanda. Essa é a razão da tranquilidade dos Senadores para votar fora do Congresso e ter a saúde resguardada.
Vá de retro!
Caesb surpreende com a conta. Dessa vez nem é o valor. Mas o juízo de valores médicos. Veja a seguir. A conta traz a informação. “Tosse por mais de 3 semanas pode ser tuberculose”.
Verdade
Depois de sacudir a caixa de marimbondos, o filho do presidente resumiu uma das últimas publicações do médico que divulgou para o mundo o que acontecia na República Popular mais falada ultimamente. “Uma sociedade para ser saudável, não pode ter apenas uma só voz.”
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os anúncios da vinda do sr. Jânio Quadros são desencontrados, porque os “viúvos” não têm informação, coisa nenhuma. Todos eles estão sacando. O “professor” vai chegar de surpresa, porque não quer testes. (Publicado em 04/01/1962)
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Dizem que, em tempos de crise, a criatividade e as oportunidades surgem como faíscas, tanto das demandas, como da escassez de bens e serviços. O mercado, esse ser desconhecido por muitos, mas que possui grande influência na vida de todos, facilitando e dificultando a obtenção de bens, conforme a relação do momento existente entre vendedores e compradores, parece ter sua existência notada apenas em tempos que adversidades surgem no horizonte.
No Brasil, onde tradicionalmente o governo faz de tudo para dificultar a livre iniciativa, sobrecarregando-a de uma infinidade de impostos, taxas e outras obrigações, os momentos de crise acabam se transformando em oportunidades únicas para os empresários descontarem, nas costas dos consumidores, todas as maldades que sofrem por parte do Estado. É a lei da selva, aplicada sobre às leis econômicas de forma descarada.
Exemplos negativos dados pelos empresários e até pelo governo em tempos de crises são abundantes e dariam para preencher várias enciclopédias com histórias fantásticas sobre a ganância e a esperteza malemolente nacional. Esse jeitinho de tirar proveito em tudo já compõe o caráter cultural de nossa gente. As longas filas que vão se formando agora nos supermercados, com gente afoita comprando o que vê pela frente, dá uma pequena mostra desse espírito selvagem que herdamos de nossos antepassados mais recentes.
O preço do álcool em gel, um item até há pouco tempo desprezado pelos consumidores, mas que agora parece ter virado ouro puro, dá uma mostra desse oportunismo malandro, cujos efeitos são falsamente imputados às leis do livre mercado. Esse e outros bens de consumo vão sendo, conforme o desespero sem causa dos consumidores, remarcados para cima sem limite e sem ética alguma. Tabelar e fiscalizar por amostragem, nada resolve. Sem solidariedade e ética, sociedade alguma poderá sobreviver em tempos de crise.
Aqueles mesmos empresários que remarcam abusivamente seus preços encontram, em outros mercados, quem faz o mesmo. Fornecedores são também fatalmente consumidores. Especuladores e aqueles que enxergam lucros onde há somente o caos estão à espreita em todo lugar, do mercadinho da esquina ao banco no final da rua. Infelizmente para o vírus da ganância, não há vacina conhecida.
A frase que foi pronunciada:
“Só saia de casa quando for realmente necessário. Quero meus coroas vivos.”
De internauta não identificado
Panorama
Criança toda empolada, ardendo em febre dá entrada no hospital do Paranoá, por volta da meia noite. A médica atende e encaminha para exames. Duas horas depois, com a papelada pronta, a mãe aguarda até 4 horas da manhã pelo retorno ao atendimento. Pergunta ao guarda por onde anda a doutora. Estava descansando. Finalmente chamam mãe e criança. Outro médico vê os exames e prescreve um medicamento sem carimbar a receita. Na farmácia a informação: a prescrição é de um colírio, antibiótico.
Vai ou não vai
Em vários pontos da cidade, placas com o limite de velocidade causam confusão. Não há coerência. Principalmente em áreas com obras. Perto de um redutor de velocidade da Ponte JK, que a velocidade é 60km/h, há uma placa indicando 40km/h.
Sem resposta
Pergunta que não quer calar. Da cobra ao morcego, e a China? Vai sair ilesa de toda essa crise? Apenas comprando mais de todo o mundo em crise e pagando menos pela soja, petróleo? São 66,6 bilhões de produtos brasileiros importados! Por onde anda a Organização das Nações Unidas?
Sensatez
Luis Felipe Pondé fala sobre o Coronavírus. Vale ouvir. Veja a seguir.
NYC
Carnegie Hall, uma das salas de concertos mais importantes do mundo, cancelou toda a programação. Quem pagou com cartão de crédito terá o reembolso automático. Os que compraram ingressos com dinheiro, receberam um e-mail para enviar a foto do ticket e informações pessoais para o ressarcimento.
Em tempo
Se as escolas pararam em Brasília, só ontem as creches receberam ordem de fechar as portas graças à Justiça do Trabalho, por decisão da juíza Érica Angoti.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Hoje não há pescaria. A chuva está prejudicial. De mais a mais, vamos ver quem ganha o molinete que correrá pela Loteria de Goiás, no dia 21, entre os reservistas que se apresentaram ao ministério da Guerra. (Publicado em 17/12/1961)