De volta ao passado

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Reuters/Ricardo Moraes/Direitos reservados

 

Com a questão da saúde da população brasileira, “oficialmente resolvida” de forma extemporânea e oportunista, com a abertura de muitas atividades comerciais e com o afrouxamento no isolamento social, cabe agora um olhar mais centrado na economia. Com o mesmo zelo com que foi tratada a questão da crise de saúde pública, também assim serão encarados os números da economia, pós pandemia. E é aí que mora o perigo. Sobre esse aspecto, o governo federal já tomou a dianteira ao providenciar a recriação do que muitos estão chamando de novo Ministério da Propaganda, voltado não para as questões das comunicações do país, mas para dar um upgrade  na imagem combalida.
Não se sabe ainda o que pode resultar da maquiagem dos números da economia, mas, por certo, mais uma vez, esses quantitativos e outros dados relativos ao aumento da riqueza e de retomada do crescimento irão se chocar, violentamente, contra o muro da realidade. Não há muito o que esperar de uma possível recuperação da economia quando se sabe que o dever preliminar de controle da pandemia não foi completado a contento.
Na verdade, os números nacionais terão, como primeira barreira séria, as previsões do Banco Mundial, que estimam uma queda de mais de 8% da economia brasileira ainda neste ano, contra um encolhimento de mais de 5,2% do PIB global. Mas, nesse quesito, o Banco alerta que essa projeção para o Brasil depende ainda do controle correto da pandemia.
Se o País não resolver a crise de saúde comme il faut, a queda do PIB nacional será ainda mais expressiva. É óbvio que nesse pacote de encolhimento da nossa economia virá, ainda, o aumento do desemprego e da miséria, tudo embrulhado num presente de grego, que poderá conter, em seu interior, um aumento assustador nos índices de violência, já por si os maiores do planeta.
Todo esse quadro complicado ganha ainda mais contornos preocupantes quando se verifica que, na gestão das incógnitas de saúde pública e da economia, está uma classe política insensível aos problemas nacionais e que tem que ser monitorada, diuturnamente, de perto, pela polícia, para evitar a escalada de escândalos já popularmente denominados de “covidão”.
Caso as projeções do Banco Mundial se confirmem com um encolhimento do PIB global de 5,2%, essa será, sem dúvida, a maior e mais danosa recessão desde a Segunda Guerra Mundial, com o retraimento do PIB per capta a valores verificados em 1870, quando o Brasil vivia a saga religiosa de Antônio Conselheiro e início da crise que poria fim ao período imperial em nosso País.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A primeira (riqueza natural), sendo mais nobre e vantajosa, torna a população descuidada, orgulhosa e dada a excessos; ao passo que a segunda (riqueza adquirida pelo trabalho) desenvolve a vigilância, a literatura as artes e as instituições políticas.”
Thomas Mun foi um escritor inglês de economia (1571-1641)

Foto: beforeeconomics.wordpress

 

Passeio

Oportunidade única o país está tendo com as fronteiras de diversos países fechadas para os brasileiros. É hora de o turismo nacional ser incrementado, sem o costumeiro abuso de preços. Brasil para os brasileiros. Por enquanto, passeios virtuais são possíveis. Comecem pelo Congresso Nacional. O blog do Ari Cunha mostra como no link Visitas Virtuais.

Foto: congressonacional.leg

 

Novidade

A partir deste mês, viaturas operacionais do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) serão equipadas com painéis publicitários contendo mensagens de prevenção a incêndios residenciais. O objetivo do projeto, inédito no país, é utilizar todas as viaturas operacionais da corporação para chamar atenção quanto à prevenção de incêndios no DF. Duas viaturas – uma do grupamento de Brazlândia e outra do de Águas Claras – serão as próximas a terem os equipamentos.

Foto: cbm.df.gov

 

Prevenção

Uma forma simples e efetiva de comunicação com a população de Brasília. Painéis nos carros dos Bombeiros alertam para atitudes perigosas que podem causar incêndio. O coronel George Cajaty explica que cada viatura será uma ferramenta não só de combate, mas de prevenção ao incêndio.

Foto: cbm.df.gov

 

Auditoria cidadã

Maria  Lucia Fatorelli tem rico material para informar a população sobre as consequências econômicas, para o país, de interferências políticas e legislativas. Veja no link RECADO AOS PEQUENOS EMPRESÁRIOS DO BRASIL, POR MARIA LUCIA FATTORELLI e alguns vídeos a seguir.

 

Rarefeito

Preparem-se para a guerra, é a tradução do nome escolhido da operação PARA BELLUM. Enquanto há maciça divulgação de respiradores desenvolvidos por uma equipe voluntária brasiliense comandada por Hatus Souza Alves, que criou um respirador com custo de R$ 1.000,00, governos gastam milhões dispensando licitação com a justificativa da pandemia, enquanto poderiam dispensar a licitação pelo baixo custo da aquisição, se fosse mesmo a vontade política.

Protótipo de respirador criado por voluntários do DF — Foto: TV Globo/Reprodução

 

Perda total

Parque Nacional de Brasília vai abrir, mas ainda sem permissão para o uso das piscinas. Cuidado com comida ou frutas em sacolas. Macacos da região não perguntam se a chave do carro ou o celular está com você. Eles, sorrateiramente, levam as sacolas para o alto das árvores. Muita gente já se aborreceu por lá. Não é por falta de aviso, justiça seja feita.

 

Foto: Divulgação/ICMBio

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA
E a empresa de maior prestígio no norte do país e agora dá a Vasp uma expansão extraordinária, que poderá ser bem aproveitada, se o governo de São Paulo não usá-la para fins políticos. (Publicado em 10/01/1962)

Uma lenda cotidiana

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Passado o período mais agudo da pandemia, quando o mundo começar, finalmente, a ensaiar uma volta à normalidade, isso, dentro dos novos padrões de normalidade que se preveem, é que vamos nos certificar que países se saíram melhor do isolamento social. Por certo, serão notadas diferenças óbvias entre aqueles que seguiram as receitas científicas para um regresso seguro, sem prejuízos elevados em vidas e nas finanças, e quais foram aquelas nações, que por circunstâncias adversas, preferiram afrontar as evidências, nadando contra a maré e desafiando, abertamente, a morte, numa coragem do tipo inconsequente e burra.

No geral, serão os países desenvolvidos que melhor emergirão da pós-pandemia, não apenas por contar com uma economia mais sólida, mas, principalmente, pelos índices mais elevados de educação de suas populações, pela qualidade e eficiência de suas instituições públicas e, também, pela solidez de sua arquitetura democrática, distribuindo, igualmente, direitos e deveres a todos indistintamente. Em qualquer situação de anormalidade, saem-se bem aquelas populações melhores preparadas intelectualmente. É justamente essa a relação, normalmente pouco visível, entre o fator educação e situações anormais e que demonstram, na prática, como boas escolas são capazes de fornecer instrumentos adequados para o enfrentamento das vicissitudes da vida.

Pelo exposto, fica evidente que, no atual binômio pandemia-isolamento, o Brasil irá, mais uma vez, fazer um papel vexaminoso perante o mundo. O mais triste é que o nosso país poderia, por alguns elementos que dispõe, como o SUS, sair-se razoavelmente pouco chamuscado dessa crise, com poucas mortes e com a economia também pouco combalida. Mas essa realidade exigiria de todos nós um esforço conjunto que, simplesmente, não estamos preparados para assumir. A começar pelas atuais lideranças políticas que, mesmo em tempo de aflição, semelhante a uma guerra, demonstraram claramente ser incapazes de encontrar um caminho razoável para comandar um processo de travessia seguro pelo vale de morte.

Os desentendimentos generalizados, e muitas vezes potencializados pelo governo central, conduziram-nos a uma situação alarmante, transformando-nos em um dos epicentros principais do isolamento. Por conta dessa incúria protagonizada pelo governo federal, pelos governos dos estados, incluindo, nessa turma pouco aplicada, o Poder Legislativo e mesmo o Poder Judiciário, nos colocamos hoje como párias no mundo civilizado. Muitos países fizeram o que deveria ser feito: unidos, fecharam suas fronteiras aos brasileiros e a todos oriundos de países que se mostraram indiferentes ao regime firme da quarentena e do isolamento social. Indisciplinados, mal orientados e, sobretudo, mal geridos, tornamo-nos a versão, em carne e osso, daquele personagem que melhor nos identifica diante do mundo: Macunaímas.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A ambição é, entre todas as paixões humanas, a mais ferina em suas aspirações e mais desenfreada em suas cobiças, e todavia a mais astuta no intento e a mais ardilosa nos planos.”

Jacques-Bénigne Bossuet foi um bispo e teólogo francês

Jacques-Bénigne Bossuet. Foto: wikipedia.org

 

À deriva I

Assustada porque a diarista estava com Covid-19, segundo o resultado de um exame, a dona da casa ligou para o SAMU para receber alguma instrução: se precisava notificar alguém ou que providências, enfim, seriam necessárias, já que três crianças estavam em casa, com a visita da profissional. A resposta foi: Se o exame deu positivo, mas ela está sem sintomas, a senhora liga no 199. A resposta do disque Coronavírus do GDF, dessa vez para a diarista, foi: Fique em casa!

Print: coronavirus.df.gov

 

À deriva II

O que se imaginava é que as pessoas que atendem ligações desse tipo tivessem um script e um canal direto com as autoridades para comunicar a localização da contaminada. Esperava-se uma visita para pesquisar o hábito da família, mapear a área do contágio, investigar onde poderia ter sido contraído o vírus. Nada disso aconteceu. A impressão é que o governo está sem planejamento, sem estratégias. O empenho mesmo está nas estatísticas e divulgação de mortes.

 

Memória

A seguir, um pedacinho do programa “Um piano ao cair da noite”, para matar a saudade da Lúcia e do Garófalo.

 

Até hoje

Dezenove anos atrás, passeando em uma feira de artesanato, lá estavam, dando os primeiros passos, Tânia Helou e Edênio de Paula. A arte do casal é transformar folhas do cerrado com uma técnica de ourivesaria: a filigrana. Um dos presentes mais delicados para surpreender alguém, enaltecendo a nossa terra.

 

Inacreditável

Se o Paranoá está batendo recorde em casos de Covid-19, cairia bem uma fiscalização nas madrugadas dos fins de semana. As festas vão rolar!

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O Lóide é uma companhia com quase 15 anos de existência, e é o resultado da fusão das Linhas Aéreas Paulistas, da Transportes Aéreos Bandeirantes Ltda. e mais recentemente da Navegação Aérea Brasileira. (Publicado em 10/01/1962)

SUS, o gigante gentil

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Foto: abrasco.org

 

Em tempos de crise profunda, como a vivenciada agora nesses tempos sombrios de pandemia, ações radicais, como a decretação de um estado de lockdown total ou a estipulação de um regime de quarentena rígido, não soariam fora do comum, dada a periculosidade e a estranheza da situação que se impôs sobre todo o mundo, sem exceção. Não seria nada absurdo cobrar, diretamente do governo chinês, uma indenização de US$ 250 mil pela morte de cada brasileiro atingido pelo vírus. Assim seriam cobertos os enormes prejuízos causados pela irresponsabilidade dos mandatários alojados no burocrático e nada transparente Partido Comunista Chinês (PCC).

Com essa espécie de multa, os danos gerais causados pela pandemia seriam parcialmente cobertos, e ajudando o país a enfrentar a maior crise de saúde pública já enfrentada pelos brasileiros em todos os tempos. Enquanto ações como essas não são postas em prática para o enfrentamento de tempos absolutamente radicais, como experimentamos agora, ficamos com o que temos ao alcance das mãos. Nesse caso, o que temos diante de nós é simplesmente um dos maiores organismos estatais de saúde pública de todo o planeta: o Sistema Único de Saúde (SUS). Reconhecer a importância desse mega Sistema, único no mundo pelo tamanho e pela abrangência no atendimento médico gratuito, servirá, doravante, tanto para turbinar esse instituto com o que de melhor existe de pessoal, recursos e tecnologia nessa área, como para garantir que futuras crises, como a que estamos mergulhados agora, não venha a surpreender nossa gente.

De fato, o bafo da morte, vindo desde o leste, por ação direta da incúria de comunistas burocratas, encontrou no Brasil, mais inclusive do que em quaisquer outros países, uma estrutura sui generis como o SUS, criada e montada para atender as exigências de um país continental e desigual como o nosso. Infelizmente, como praticamente tudo nesse País, o SUS vem há anos sendo sucateado pela má gestão de seguidos governos, tanto no âmbito federal, quanto por governos locais.

A chegada do vírus mortal fez com que a população abrisse os olhos para a importância desse sistema de saúde universal. O mundo inteiro, por conta das mesmas situações emergenciais de saúde, passou a notar também a existência desse sistema brasileiro, considerando-o como sendo a melhor fórmula, a mais barata e eficaz para o enfrentamento, não só de pandemias com essa extensão, mas para prática da verdadeira medicina social. Foi preciso, no entanto, que uma pandemia mortífera, como a atual, chamasse a atenção de toda a sociedade para a importância do SUS.

Sintomaticamente, como tem acontecido no passado, apenas a sociedade despertou para esse fato, permanecendo o governo e a maioria das autoridades alheias ainda para a importância vital do SUS. Segundo dados mais recentes, todo esse Sistema conta com mais de 45 mil equipes de Saúde da Família, atuando em mais de 40 mil Unidades Básicas de Saúde, com 4700 hospitais públicos e conveniados, oferecendo mais de 32 mil leitos de UTI. Apenas em 2019, foram realizadas, graças a esse Sistema, mais de 330 milhões de visitas domiciliares e mais de 3,7 milhões de atendimentos ambulatoriais. Trata-se aqui de um verdadeiro gigante gentil que deveria merecer os melhores cuidados desse ou de quaisquer outros governos vindouros.

 

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O absinto do licorista envenena o copo em que bebe o indivíduo; o absinto do pessimismo envenena as fontes a que todos os filhos de Adão vêm procurar a paz da fé ou o íris da esperança, a embriaguez do entusiasmo ou os hinos da poesia.”

Paolo Mantegazza (1831-1910) foi um neurologista, fisiologista e antropólogo italiano. Notável por ter isolado a cocaína da coca, que utilizou em experimentos, investigando seus efeitos psicológicos em humanos. Também é conhecido como escritor de ficção. (Do site O pensador)

Paolo Mantegazza

 

Divulgação

Hoje, a Associação dos Juízes Federais, em parceria com a AJUFESP (Associação dos Juízes Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul) e com a Justiça Federal – Seção Judiciária de São Paulo, promove a Webinar “iJuspLab 2020 – 3 anos de história”. Veja a programação completa a seguir. A transmissão ao vivo e aberta ao público será feita pela TV Ajufe, no YouTube, das 9h às 18h30.

Cartaz: ajufe.org.br

 

Será?

Está registrado, no Tweeter de Sarah Winter, que a ação da PM em Brasília é política. Acampamento pró-Bolsonaro, na Esplanada, foi calmamente e permanentemente  desmontado. “Primeiro tiram a militância digital, agora desmantelam a militância de rua. Presidente, reaja, por favor!”, pediu a ativista.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Um telegrama da Meridional, procedente do Rio, diz que uma jiboia de três metros irrompeu na cozinha do prédio 307 da rua das Laranjeiras. Diz mais que a Rádio Patrulha foi chamada, mas quando chegou os vizinhos já haviam liquidado o ofídio. E é para lá, que dr. Adauto Lúcio Cardoso quer levar o Distrito Federal. (Publicado em 09/01/1962)

Arte e poder

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Foto: Carolina Antunes/PR

 

Com a exoneração, formalizada e publicada agora no Diário Oficial da União, da atriz Regina Duarte do cargo de secretária da Cultura do governo Federal, fica em aberto, mais uma vez, a questão um tanto antiga sobre as relações entre o Estado e a arte. Essa discussão é reforçada ainda com a decisão adotada agora pela Câmara dos Deputados, de estender o auxílio emergencial para a classe artística, num texto batizado de Lei Aldir Blanc, falecido recentemente.

Sabe-se que, desde que o Brasil entrou para o mapa mundi, as relações entre a classe artística e o Estado sempre se mantiveram dentro de um quadro de dependência de tal ordem, que não seria exagero falar em uma arte estatal, diretamente financiada pelo poder público e ordenada segundo critérios a gosto do governo de plantão. Obviamente que sempre existiu também parcela significativa de artistas e de movimentos da arte de alta qualidade, contrária às aproximações estreitas e à intervenção do Estado nesse setor.

Nesse caso, encontra-se a maioria dos artistas e de movimentos ditos marginais dissociados do Estado e de governos contra os  quais protestavam, usando a própria arte como ferramenta e arma contra o establishment. No geral, no entanto, o que sempre existiu foi uma relação estreita entre os governantes e muitos artistas, alguns, inclusive, que não se preocupavam em esconder essa simpatia, como tudo no poder, erigida à base de interesse pragmático e argentário.

Para os governantes, o uso da imagem de artistas, mais do que uma estratégia de marketing político, é uma fórmula, um tanto fake, de humanização do poder, conferindo maior proximidade entre aqueles que estão no cimo, com aqueles que vivem e penam no limbo. Essas relações íntimas e interesseiras entre artistas e o poder se deram tanto com a esquerda quanto com a direita, dependendo apenas do gosto pessoal de cada governante.

Também, durante o período militar, essas relações próximas aconteceram como forma de dar uma feição popular aos leites dirigentes, numa tentativa de apresentar uma face humana e lírica dos mandantes, tudo dentro de um quadro previamente montado para tornar a aridez abiótica do poder um tanto palatável. A criação das diversas instituições estatais voltadas à arte, como a Embrafilme e outras do gênero, demonstra essa relação perpétua de dependência econômica entre os artistas e os poderosos, mas que, ainda assim, foram capazes de produzir trabalhos de interesse e de qualidade.

À falta de mecenas, os artistas nacionais tiveram que ir bater às portas dos palácios em busca de financiamento e outros tipos de apoio, situação constrangedora, mas condição sine qua non, para sobreviverem de arte num país formado, historicamente, em sua maioria, por pessoas incultas e avessas a “coisas” como artes e outras criações do gênio humano.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A morte deveria ser assim:

Um céu que pouco a pouco acontecesse

E a gente nem soubesse que era o fim.”

Mário Quintana, poeta brasileiro

Mário de Miranda Quintana. Foto: wikipedia.org

 

Inovação

Veja, logo abaixo, uma análise de tweets dos senadores brasileiros em relação à violência doméstica. O relatório, elaborado pelo DataSenado, pelo Observatório da Mulher contra a Violência (OMV) e pela Secretaria da Transparência, pesquisou as postagens dos parlamentares entre os dias 1º e 31 de maio. Dentro do item ‘quantidade de tweets por perfil’, a senadora Rose de Freitas desponta em primeiro lugar com 24 tweets postados. Em segundo lugar, a senadora Zenaide Maia, com 4 tweets. A Insite Analytics coletaria a resposta desses tweets com algoritmos que captariam sentimentos de angústia e ansiedade.

Pausa

Silvestre Gorgulho posta Fernando Pessoa como se nos tivesse ensinando lições da pandemia. Veja a seguir.

 

Porteiro

Foi entregue, no residencial Ari Cunha, na SQN 311, material sobre a vida do colunista.

 

Escolas

Cláudio Nelson Brandão, subsecretário de Infraestrutura e Apoio Educacional, está satisfeito com o andamento das obras nas escolas públicas durante a pandemia. “O governo intensificou as reformas, aproveitando a ausência dos alunos, e conseguimos dar um ritmo melhor às obras”, explicou.

Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF

 

Leitura

O time do Clube de Autores selecionou 5 livros para as pessoas que querem entender um pouco mais sobre o racismo. Veja a lista a seguir.

1 – Branquitude, Música Rap e Educação. Compreenda de uma vez o racismo no Brasil a partir da visão de rappers brancos, Jorge Hilton

O autor, ativista e pesquisador negro, se aventura no mergulho aprofundado desse território expondo e analisando esta tensão racial. A obra não é sobre lugar de fala dos rappers brancos, mas sim o lugar de reflexão sobre o que essas falas revelam: O que eles e elas pensam sobre relações raciais e racismo? A autodeclaração racial que fazem, condiz com seus olhares de como a sociedade os percebe racialmente? Quais suas visões sobre privilégio branco? Conclui discutindo o papel da educação racial na mudança de pensamentos e atitudes, educação pela abolição do racismo, como processo fomentador da alteridade, sociabilidade e respeito às diferenças.

2 – O Debate Nacional do Preconceito e da Discriminação, Conrado Luciano Baptista

A discriminação e o preconceito no Brasil são práticas amplamente proibidas por várias leis, normas, princípios e atos de governo. A CRFB/1988, por exemplo, em seu art. 3º, especialmente no inciso IV, declara que o Estado precisa “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” Particularmente, interessa ao estudo saber se o art. 3º, inciso IV da CRFB/1988 é ou não eficaz socialmente, ou seja, se ele produz os resultados e os efeitos desejáveis.

3 – Relações Étnico-raciais Educação e Sociedade, John Land Carth

Essa obra é um conjunto de textos que abordam a problemática da educação e da formação da sociedade brasileira em seus conflitos de gênero, étnica, racismo, política e currículo. Durante anos o professor John Carth acompanhou de perto as transformações sociais e educacionais vendo e vivendo próximo aos dilemas sociais. Trata-se apenas de reflexões que possibilitam entendimentos sobre as necessidades da sociedade neste Terceiro Milênio.

4 – Relações Étnico-Raciais e Diversidade Cultural, Organização: Bruno G Fellippe 

Trata-se de uma coletânea de artigos onde é reunido quatro professoras pesquisadoras, no presente volume cada uma apresenta um pouco de seus estudos e pesquisas com referência às relações étnico-raciais.A Face Negra do Brasil Multicultural – Dulce Maria Pereira; Restinga Seca/RS: uma identidade que se conformou pela diversidade étnico-cultural – Elaine dos Santos; Experiências bem sucedidas: inserção dos estudos da história e cultura da África e afro-Brasileira – Luciene Ribeiro da Silva; A experiência de material didático próprio na Rede Municipal de Santo André: A abordagem da Educação das Relações Étnico-Raciais entre 2010 e 2012. – Regina Maria da Silva

5 – No Limiar das Raças: Sílvio Romero (1870-1914), Cícero João da Costa Filho

A discussão em torno da unidade do gênero humano fomentou, desde os primórdios da existência humana, calorosos debates na busca pelo centro de criação. Se o homem surgiu num único centro, qual a razão para as diferenças? O que explica e como se explica que seres da mesma espécie ao longo da história se diferenciam de tal modo que se torna impossível encontrar o ponto de partida deste surgimento? Quais são os fatores que interferem na diferenciação entre as espécies segundo os cientistas? As espécies já nascem diferentes ou é a interação entre estas e as forças naturais que explicam as variações entre as raças? As raças constituem espécies separadas ou são apenas variações de uma espécie?

Sobre o Clube de Autores
Clube de Autores é a maior plataforma de autopublicação da América Latina. Hoje, a plataforma on demand, representa cerca de 23% de todos os livros publicados no Brasil no último ano. Além disso, oferece uma gama de serviços profissionais para os autores independentes que pretendem crescer e se desenvolver no mercado de literatura. A empresa, comandada por Ricardo Almeida, fechou o ano de 2019 com uma rentabilidade 50% maior do que no ano anterior.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Helder Martins é o nome do repórter que escreve a reportagem mentirosa sobre Brasília. Helder de Souza é do CORREIO BRAZILIENSE. Vai a propósito de um esclarecimento esta nota, que se fazia necessária, porque é grade o número de pessoas indagando se foi o secretário do CORREIO BRAZILIENSE quem escreveu amontoado de mentiras. (Publicado em 09/01/1962)

Ensino em tempos de pandemia

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Foto: AFP via Getty Images

 

Nesses tempos sombrios de pandemia, a Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que 9 em cada 10 estudantes do planeta, de todos os níveis escolares, estão fora da sala de aula. Uma parcela significativa, cuja a porcentagem ainda não pode ser calculada, está assistindo aulas por meio dos diversos recursos digitais, segundo os métodos recomendados pela metodologia da Educação à Distância (EaD).

Obviamente que esse tipo de aprendizagem é mais presente nos países desenvolvidos, que há anos vêm investindo e desenvolvendo métodos e estratégias para um ensino remoto de qualidade e eficácia. Em tempos de quarentena obrigatória, o ensino à distância, quem diria, acabou por adquirir não apenas uma espécie de certificado de utilidade, mas vem assegurando, também, um lugar cativo entre as modalidades de educação, consolidando-se como uma opção moderna e de comprovada aplicabilidade.

Em países de extensões continentais como o Brasil e co níveis de desenvolvi mento muito desiguais entre as diversas regiões, o ensino à distância que, à primeira vista, poderia ser uma opção de grande valia encontra, entre nós, dificuldades de toda a ordem. Contudo, é preciso entender que, dentro dos critérios inerentes ao processo ensino-aprendizagem, é necessário obedecer a certas normas básicas de desenvolvimento da educação.

Primeiro, é preciso desenvolver e aperfeiçoar o ensino tradicional, com aulas presenciais de atestada qualidade para, numa fase posterior, e a longo prazo, poder introduzir um ensino à distância também de qualidade. Trata-se aqui de pré-requisitos que foram seguidos por outros países. Se as aulas presenciais, ministradas na maioria de nossas escolas, pecam no desenvolvimento e na qualidade, também serão as aulas à distância, transferindo as carências observadas de perto para longe.

Importante observar ainda que, no ensino à distância, um dos elementos essenciais do processo é a própria família que, nesse contexto, passa a atuar como coadjuvante de igual importância. E é nesse ponto que ficamos, mais uma vez, na rabeira de muitos países quanto à questão da qualidade de nossa educação. Nessa fórmula complexa, conta muito ainda a questão econômica da maioria dos brasileiros, agravada agora pela imposição de um isolamento social mal administrado em todos os sentidos. Estamos ainda muito longes de termos um ensino à distância comparável ao dos países do primeiro mundo.

Estudos passados, sobre os desafios urbanos e a democratização do acesso à educação, mostravam que 28% das escolas localizadas nas grandes metrópoles brasileiras dispunham de ambientes ou plataformas digitais capazes de empreender ensino à distância de forma aceitável. Nesses últimos anos, pouco foi feito para equipar escolas, e principalmente professores, para a realidade do ensino à distância. Essa situação melhora um pouco nas escolas particulares, com cerca de 60% aptas para o processo, mas ainda assim, distante do que vem sendo realizado em outros países mais desenvolvidos.

No meio rural, essa é uma realidade que sequer existe. “O que temos hoje por conta da pandemia é um ensino remoto de emergência. As escolas não estavam preparadas para levar o conteúdo para o remoto. O ensino a distância exige planejamento, o que não aconteceu com a Covid-19, mas é fato, também, que esse ensino remoto deve mudar o modelo daqui pra frente”, afirma Daniela Costa, coordenadora da pesquisa TIC Educação 2019.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“As piores dificuldades de um homem começam quando ele se habilita a fazer como prefere.”

T.H. Huxley (1893), biólogo britânico.

Thomas Henry Huxley. Foto: wikipedia.org

 

Preto no branco

São muitos os idosos e jovens expostos a notícias negativas que vão dormir com palpitações e angústia. Está na hora de divulgar a realidade. Além das mortes, no DF, por exemplo, quase 10 mil pessoas que estiveram internadas foram curadas do coronavírus. STF manda divulgar todos os dias dados do Covid-19. Que venham os dados positivos também.

Foto publicada na página oficial da Secretaria de Saúde do DF no Instagram

 

Esperança

Parece certo que haverá verba para o Festival de Cinema de Brasília. A cidade começa a efervescer.

Foto: divulgação

 

Pés nos chãos

Antes do Covid-19, as notícias de violência não desgrudavam das páginas dos jornais. Feminicídio, infanticídio, suicídio. O comentário de um rapaz do ônibus da Ceilândia, onde um meliante manteve os passageiros como reféns e desviou a rota do coletivo foi o seguinte: “Ou Covid19 ou violência. Os dois juntos ninguém aguenta.”

Charge do Cabalau, publicada em imirante.com/oestadoma, no dia 19/03/2020

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Estão jogando futebol na grama que a Novacap está plantando nas quadras da Fundação. Isto é coisa muito séria, e os pais deviam indenizar os prejuízos causados pelos filhos. (Publicado em 09/01/1962)

Clique aqui – A volta da paz e do amor

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Arte: pt.dreamstime.com

 

Com a popularização das noções de inteligência emocional e sua importância para o desenvolvimento integral do indivíduo, conceitos como bondade, empatia, gentileza, compaixão, ternura e mesmo amor, e outros do gênero, que antes ficavam restritos ao mundo da poesia e da ficção romântica, vêm ganhando adeptos em todo o planeta, não apenas entre as pessoas comuns, mas, sobretudo, entre aqueles que se dedicam aos estudos da neurociência. No atual quadro pandêmico, mensagens, vídeos e reuniões virtuais tentam manter o lado humano positivo em atividade.

Na área de educação, esses conceitos também têm despertado interesses e não seria exagero afirmar que, num futuro próximo, tais concepções poderão estar no núcleo de formação de muitas universidades. Foi seguindo um conselho dado, não por outro pesquisador, mas pelo próprio Dalai Lama, líder espiritual do Tibet, que Richard Davidson, PHD em neuropsicologia e pesquisador na área de neurociência afetiva, direcionou suas pesquisas em neurociências para os aspectos da gentileza, da ternura e da compaixão. Umas das coisas mais importantes que descobri sobre a gentileza e a ternura, diz o pesquisador, é que se pode treiná-los em qualquer idade.

Os estudos nos dizem que estimular a ternura, em crianças e adolescentes, melhora os resultados acadêmicos, o bem-estar emocional e a saúde geral. É possível, não apenas, reduzir sensivelmente os casos de bullying nas escolas, mas preparar o indivíduo no sentido de torná-lo mais solidário, compassivo, características fundamentais para as sociedades de um mundo superpopuloso e em vias de esgotamento de seus recursos naturais.

Ideias como essa encontram amparo também em muitas teses atuais de pedagogos que já alertaram para o perigo da precariedade da educação atual. Sem educação, dizem os atuais pedagogos, os homens matarão uns aos outros. Estudos atuais sobre o comportamento comprovam que a inteligência sem a bondade é cega e desajeitada. Para alguns cientistas mais radicais, a bondade é a forma mais aprimorada de inteligência, pois conduz o indivíduo à empatia com o mundo, com as pessoas e com os problemas que o cercam. Da mesma forma, alguns cientistas enxergam a indiferença para o mundo ao redor, como uma comprovação da falta de inteligência. Nesse sentido, não pode haver inteligência, da forma que se entende hoje, onde faltam bondade e compaixão. Conceitos dessa natureza são cada vez mais perseguidos pelas mais modernas escolas do mundo, pois essa é a principal tarefa de toda a boa escola e de uma família saudável.

Educadores estão convencidos, hoje, de que a educação, concebida lá atrás e que visava a preparação de pessoas como força de trabalho, obedientes e mecanizadas, não mais tem lugar na atualidade. Por outro lado, a educação como forma de seleção empresarial está com os dias contados, pelo menos nos países que já compreenderam a importância de trazer, ao conhecimento, aspectos essenciais a todos os seres humanos, como é o caso da compaixão e da bondade.

Para o educador Cláudio Naranjo, “quando há amor na forma de ensinar, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo”. Obviamente que no caso brasileiro, onde a educação vive ainda com carências básicas, como teto para cobrir escolas, carteiras para os alunos sentarem, banheiros e outras necessidades primárias, conceitos como esse soam tão estranhos e bizarros como outros que pregam a escola sem partido.

Pesquisas nas bases neurais da emoção, que têm como centro novos modelos para o florescimento humano, são o que existe de mais promissor nas áreas de educação. Europa, América do Norte e outros lugares do mundo anunciam uma nova revolução nos métodos de ensino. Esse tema é, para muitos, o caminho mais prático e seguro para mudar o mundo futuro, livrando os seres humanos da escravidão política, militar, religiosa, libertando os espíritos do fanatismo, do materialismo, revivendo o humano que nasceu bom, adormecido em cada um. Trata-se de uma tarefa e tanto.

 

A frase que não foi pronunciada:

“Anarquia é a morte da liberdade.”

La Guerronnière, político francês (1816-1875)

La Guerronnière. Imagem: wikipedia.org

 

Teletrabalho

Mais de 800 trabalhadores entrevistados, para uma pesquisa da empresa de recrutamento e recursos humanos Robert Half, aponta que nove em cada 10 entrevistados gostariam que as empresas estimulassem o teletrabalho. 67% dos entrevistados afirmaram que o trabalho pode ser perfeitamente realizado de casa.

Foto: Shutterstock

 

Adaptação

Sobre a necessidade de mudanças, as reuniões foram o assunto mais citado. A vídeo conferência substitui a presença para discussão de assuntos do trabalho, disseram 77% dos entrevistados. “Os resultados da pesquisa mostram uma necessidade maior de flexibilização no mercado de trabalho”, afirma Maria Eduarda Silveira, gerente da Robert Half. “Muitos profissionais estão preocupados com a saúde e a segurança no ambiente de trabalho. Além disso, muitos possuem filhos, e não há uma data para que as escolas voltem a funcionar”, disse a gerente em entrevista.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Já estão locados, as duas pistas de retorno do Eixo Monumental, na Esplanada dos Ministérios. Sei que já estão locadas, uma em frente ao Ministério das Relações Exteriores, e outra em frente ao Ministério da Guerra, com duas pistas de sete metros separadas por um canteiro. (Publicado em 09/01/1962)

Clique aqui – O caldeirão do mundo ferve

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Foto: REUTERS|REUTERS-QUALITY

 

Dois mil e vinte será, definitivamente, um ano para não ser esquecido. As razões, se é que se pode falar em razão nesses tempos conturbados e ilógicos, estão tanto lá fora, no exterior, quanto aqui dentro, no Brasil. Como uma ola, programada e uníssona, o planeta vem sendo varrido por uma onda que mistura revolta contra o establishment e contra o status quo,  voltando-se contra, também, a um modelo de capitalismo, que para de produzir gerações cada vez mais empobrecidas e postas à margem da sociedade.

“O que está acontecendo com o Ocidente democrático?”, perguntam as autoridades de muitos países, inclusive daquelas nações que, até há pouco tempo, serviam de modelo a ser seguido para o resto do mundo. Multidões formadas, na sua maioria, por jovens desempregados ou com pouca perspectiva de se estabelecerem num mundo, que vai se transformando radicalmente e numa velocidade impossível de ser seguida, estão ocupando as ruas, aqui e em toda a parte. De fato, em cada canto do planeta, essas multidões possuem suas motivações para marcharem pelas ruas e elas não diferem muito de país para país.

Pelo o que se tem visto até aqui, os governos, tanto no Brasil quanto na América do Norte e na Europa, não demonstraram, até o momento, possuírem respostas satisfatórias capazes de conter as massas agitadas. O que parece é que ingredientes maléficos e bem conhecidos de todos nós, de outros tempos e lugares, como o desemprego, o racismo, a crise econômica, o fanatismo político e religioso, a xenofobia, o terrorismo e outras pragas foram se juntar, todos de uma só vez, no caldeirão fervente de nossas sociedades atuais.

O que está por emergir, dessa mistura explosiva, ainda não se sabe o que será. Por certo, não resultará em coisa boa. O pior nessa mistura de ingredientes venenosos é que essas ondas de protesto não parecem obedecer ou temer a autoridades, pandemia, quarentena, ordens para que todos fiquem recolhidos em casa, nem mesmo o perigo de um vírus, para o qual ainda não há remédio eficaz, parece forte o suficiente para deter as massas enfurecidas. Assim como um fato isolado e de importância relativa pelas dimensões que alcançou, no caso do assassinato do arquiduque Francisco Fernando do Império Austro-Húngaro, em junho de 1914, e que mergulharia o mundo no morticínio da primeira Guerra Mundial (1914-1918), a morte de George Floyd, um afrodescendente, por um policial americano branco, vem, como um rastilho de pólvora, ameaçando explodir o mundo e os valores do Ocidente.

Ironicamente, os motivos que detonam esses conflitos de grandes proporções, são invariavelmente de dimensões microscópicas, localizadas em algum ponto perdido do planeta, mas que, dependendo do momento exato e propício, atingem proporções globais. Quantos homens, negros e brancos, principalmente negros, são mortos por policiais brancos a cada instante em todo o mundo e, principalmente, no Brasil e nada de maior relevância acontece com esses milhares de casos, que se transformam, rotineiramente, em números estatísticos para o Mapa da Violência.

A diferença entre esses casos corriqueiros e o que aconteceu nos Estados Unidos, onde a cena foi filmada e correu o planeta, é que, nesse caso específico, a morte de Floyd representou a gota d’água num mundo prestes a transbordar e entornar o caldo deste século XXI, que também teve sua inauguração pelo gesto suicida dos ataques às Torres Gêmeas em Nova Iorque, em setembro de 2001. O mais preocupante nessas revoltas em escala global é que elas parecem não mais obedecer o que mandam ou orientam as autoridades locais, mesmo que elas recorram à repressão.

Esse fator pode representar um ponto de virada significativo nesses movimentos e conduzir esses protestos para os caminhos perigosos da insubordinação civil generalizada, estágio de insurreição social no qual as leis parecem pouco eficazes e onde a violência do Estado é sempre o tratamento radical a ser empregado, o que resulta em um grande número de mortes.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Em política há serviços que só podem ser solicitados aos adversários.”

A. Capus foi um jornalista e dramaturgo francês.

 

Compliance

Foram bastante inteligentes e práticas, as várias iniciativas de drive-thru para resolver o problema de vacinação, cartórios, mercados, lanchonetes. Faltou a mesma iniciativa para que os candidatos do concurso dos Bombeiros entregassem a documentação. É simples. Adiar não faz sentido.

Print: idecan.org

 

Esperança

Sem as várias terapias necessárias, crianças com autismo perdem oportunidades de desenvolvimento. Essa foi uma das justificativas para que a 5ª Vara Cível da Comarca de Santos julgasse procedente o pedido da mãe e determinasse que o plano de saúde cobrisse o tratamento multidisciplinar com Terapia Psicológica, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e Psicopedagogia, pelo método ABA (sigla em inglês para Análise do Comportamento Aplicada), indicado pelo médico que assiste o paciente.

 

Incremente

Uma amostra do desemprego pode ser atestada no portal da Secretaria do Trabalho. Há cadastro a ser preenchido. Mas apenas uma vaga disponível.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Já há alguns invasores produzindo em Sobradinho e estes deviam ter sua situação regularizada. Quanto a exigir documentos de que é agricultor, vou contar uma história: um amigo meu trouxe cinco atestados de Goiânia, em branco para distribuir a amigos seus que desejassem adquirir granjas do DGA. (Publicado em 09/01/1962)

Clique aqui – A crise está de quarentena

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Charge do André Guedes, disponibilizada em seu canal no Youtube, intitulada “O maior traidor do Bolsonaro!”

 

Fernando Henrique Cardoso, quando era senador pelo MDB, costumava dizer, da tribuna, todas as vezes que o então presidente José Sarney saía do Brasil: “a crise viajou”. Com isso, o político pretendia ligar diretamente à pessoa do primeiro presidente da República eleito, depois da redemocratização, as seguidas crises que aconteciam naqueles anos no governo Sarney (1985-1990).

Embora a frase tenha ficado injustamente famosa, ao imputar ao governo Sarney a avalanche de crises que ocorriam, numa época em que ambiente político se encontrava totalmente confuso, com a sociedade civil e o Estado procurando se acertar depois de mais de duas décadas de governos militares, o fato é que nossos presidentes, desde 1889, são sempre associados como princípio e fim das instabilidades políticas. Isso decorre das características sui generis de nosso sistema presidencial, centralizador, com doses de um personalismo anacrônico, herdado ainda do tempo da monarquia, quando os poderes e o próprio rei se fundiam numa só entidade de Estado.

Hoje, até de forma grotesca, essa mesma imagem voltou a ser, apropriadamente, associada ao atual governo. Só que com uma diferença básica: ao contrário dos demais presidentes, Bolsonaro tem, dia sim e outro também, chamado as crises para si, dando vulto exagerado a problemas que, em outras mãos, politicamente mais hábeis, passariam imperceptíveis. O presidente é hoje, na visão de dez em cada dez analistas, e mesmo na visão de muitos políticos veteranos, a origem e o destino das crises que surgem e vão se avolumando a cada dia à sua volta.

Contrariamente a outros presidentes, Bolsonaro passou a encontrar, nas crises que dá vida, um mote e uma estratégia para seguir governando, enquanto se mantém como centro das atenções. O problema com essa tática bipolar, que para outros representaria um suicídio político, é que ela expõe a nudez de um governo que, apesar de vários projetos em andamento, parece não ter sido iniciado ainda. As consequências negativas dessa performance vão aparecendo dentro e fora do País.

Para alguns, esse modo pouco litúrgico de agir na presidência pode resultar, num momento derradeiro, na construção de um enorme labirinto a aprisionar todos igualmente. Enquanto procura a estrada por onde encaminhar seu governo, sem que o barulho externo atrapalhe, os efeitos nefastos seguem encolhendo as oportunidades e fechando portas ao Brasil.

O governo da Holanda comunicou, agora, que seu país não irá apoiar os acordos firmados entre o Mercosul e a União Europeia, o que pode render grande prejuízos a todos nós. No caso de a crise econômica mundial ganhar contornos mais sérios, depois da pandemia, os analistas de mercado acreditam que, dificilmente, o Brasil atrairá a atenção de novos capitais. Empresas estrangeiras, que passaram a buscar uma imagem de interação harmônica com o meio ambiente, também vão se afastando do Brasil, que é visto hoje, no exterior, como um pária na questão ambiental. Isso talvez explique, em parte, porque a “crise” não tem viajado como fazia com outros presidentes no passado, o que tem levado muitos a afirmar que a “crise” está hoje em quarentena entre os Palácios do Planalto e da Alvorada.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O justo é o primeiro acusador de si próprio.”

L.de Tobiás, jurista francês

 

Gratidão

É preciso registrar elogios também. Um deles é da família de um rapaz que teve o cérebro operado. Ele foi atendido no Hospital de Base. Garoto novo, alegre, responsável, de repente é surpreendido com a necessidade dessa cirurgia. Dois dias depois já está totalmente recuperado. A família agradece, principalmente, pelo atendimento humanizado, tão importante para a recuperação quanto a competência médica. Desde o apoio de uma equipe de psicólogos, ao funcionário da limpeza que dá bom dia com um sorriso.

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília-20.6.2017

 

Uber eats

Não adianta reclamar. Se esqueceu de mudar o endereço da entrega de casa para o trabalho, a venda é cancelada e não há ressarcimento.

Foto: uber.com

 

R$600

Usuários do cartão dado pelo governo elogiam a tecnologia aplicada. Quando o contemplado for fazer uma compra, basta apontar o celular para um QR Code que o dinheiro é liberado para o pagamento.

 

Mão na massa

Estudantes e educadores da Universidade paulista, São Judas, reuniram-se para desenvolver uma série de materiais educativos para orientar e conscientizar a população leiga e profissionais da saúde sobre a importância de adotar medidas de prevenção e o uso de equipamentos de proteção individual em meio à pandemia do coronavírus. Os conteúdos estão disponíveis de forma gratuita por meio de Ebook, histórias em quadrinhos, site, vídeos, WhatsApp e redes sociais relacionadas a cada tema. Veja como é fácil acessar, a seguir.

–> São Judas desenvolve material educativo para leigos e profissionais em tempos de pandemia

A disseminação do conhecimento pode salvar vidas e contribuir para o desenvolvimento social

Os materiais abordarão diversos assuntos, como: critérios para sair e para chegar em casa, higienização das mãos, covid-19 em crianças, saúde mental no isolamento, cuidados com familiar contaminado dentro de casa, paramentação de profissionais, limpeza e armazenamento do EPI após uso e seu descarte, lesão por pressão causada pelo uso de EPI, saúde mental dos profissionais de saúde, dados do número de óbitos e afastamentos por coronavírus dos profissionais de saúde, entre outros.

“Diante do contexto em que estamos vivendo, nós, professores, resolvemos desenvolver dois projetos de extensão, cujos objetivos são de conscientizar a população leiga e os profissionais de saúde. Neste sentido, utilizamos como estratégia a produção e divulgação de materiais educativos e de autoria dos alunos das diversas áreas do conhecimento. Além disso, poder trabalhar em parceria com professores e com alunos de outras instituições da Ânima está sendo uma experiência inovadora. Estamos encantados com o empenho e a qualidade dos materiais desenvolvidos pelos alunos”, destaca Sara Rodrigues Rosado, professora de Enfermagem da São Judas.     

A ação, que começou com a iniciativa dos alunos e professores da São Judas, ganhou força e mobilizou integrantes da UniBH, Minas Gerais, e Unisociesc, Santa Catariana, que também fazem parte da Ânima Educação. Com isso, 14 educadores da enfermagem e 154 estudantes de diversas áreas das três instituições se dividiram em duas frentes: uma para desenvolver conteúdos direcionados a pessoas leigas e que tem dificuldades para entender o contexto atual e outra para profissionais que estão na linha de frente no combate ao COVID-19.

A aluna do curso de Enfermagem, Geovana Custodio da Silva, por exemplo, está produzindo material sobre as lesões por pressões causadas nos profissionais de saúde pelo uso dos equipamentos a longo prazo. “Pela primeira vez participo de um projeto de extensão e fiquei muito interessada pelo tema e proposta, creio que essa ação é rica em conhecimentos e informações. Eu como aluna da área da saúde, vejo nessa oportunidade uma forma de assegurar o máximo de conhecimento que irá, com certeza, contribuir para da minha formação profissional”, destaca Geovana.

Sobre a São Judas

Fundada em 1971, a São Judas é a segunda melhor universidade privada do estado de São Paulo, segundo o Ministério de Educação (MEC), com nota 4 de 5 no Índice Geral de Cursos (IGC). Com aproximadamente 33 mil alunos, a instituição combina qualidade e acessibilidade, tradição e inovação, com o uso de novas metodologias educacionais, laboratórios de aprendizagem integrada e programas de desenvolvimento de competências socioemocionais. Além disso, o aluno aprende na prática desde o primeiro dia de aula. 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O problema merece mais estudos, merece solução humana sem deixar de ser enérgica para com os que invadem terras alheias. (Publicado em 09/01/1962)

Clique aqui – Desarmonia entre poderes

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Imagem: veja.abril.com

 

Das muitas reformas que o País necessita para um progressivo aperfeiçoamento e estabilidade de nossa democracia, uma em especial vai se mostrando a cada dia mais urgente e inadiável: o fim do instituto da reeleição para presidente da República. Trata-se de um debate que vem se arrastando por anos dentro do Congresso, por conta de resistências múltiplas, todas elas embasadas em estratégias políticas, mas que não encontram acolhida junto à sociedade, que quer ver resolvida essa questão o mais rapidamente possível.

É fato que a sociedade brasileira já identificou, na reeleição do chefe do Executivo, o ponto de maior instabilidade desse e de qualquer outro governo, desde a posse de Fernando Henrique Cardoso, o primeiro beneficiado com essa possibilidade, depois da aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em maio de 1997. FHC também experimentaria com essa medida um conjunto de dissabores de tal ordem que, direta ou indiretamente, acabaram por afetar negativamente seu segundo mandato e, de certa forma, aceleraria a chegada de Lula ao poder.

A PEC 376, que trata do assunto, vem se arrastando no parlamento desde 2009, quando tiveram início as discussões sobre a reforma política. Acontece que todos os presidentes da República em primeiro mandato usam, invariavelmente, da força e da influência política que possuem no Congresso para empurrar essa discussão para frente, para o próximo candidato, e com isso o tema permanece sendo adiado sine die, prolongando também as agruras e as instabilidades políticas. Há exatamente um ano, o relatório dessa PEC era aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, mas por pressão dos líderes e do próprio governo.

Antes da eleição, a exemplo de outros presidentes, o candidato Jair Bolsonaro defendia o fim da reeleição. Depois de empossado, contudo, passou a trabalhar, desde o primeiro dia de mandato, e com afinco, para reeleger-se e não esconde isso de ninguém, E é aí que mora o problema. A PEC em tramitação propõe acabar com a reeleição para todos os cargos do Executivo – presidente, governadores e prefeitos –, aumentando de quatro para cinco anos os respectivos mandatos. Com a pandemia e a quarentena, imposta a tudo e a todos, ficou mais fácil, nesse momento, voltar a discussão também sobre a unificação das eleições gerais e municipais, bastando apenas prolongar os mandatos dos prefeitos para que coincidam com as próximas eleições.

Mas, mesmo esse tema, que vem sendo discutido há mais de dez anos dentro Congresso, não encontra unanimidade. Ao limitar os mandatos do Poder Executivo em cinco anos sem reeleição, o presidente da República não mais dispenderia esforços, tempo e recursos em busca de um novo mandato, concentrando sua atenção e atuação no presente, deixando o futuro e as incertezas para os candidatos vindouros.

Passadas mais de duas décadas da inclusão do instituto da reeleição na Constituição Federal brasileira, a percepção geral sobre essa matéria é que ela, por suas características e pelo modelo de presidencialismo do tipo coalização que possuímos, tem sido prejudicial à própria democracia, desvirtuando os mecanismos de eleições, favorecendo candidatos no poder, criando um clima de animosidade, cada vez maior, nas disputas entre outros malefícios para nossa democracia.

O uso claro da máquina pública, apesar da legislação, é outro fator a desmerecer esse instituto que, para muitos, não apenas compromete a moralidade pública, como também influi negativamente na probidade administrativa, na igualdade dos pleitos, contribuindo ainda para o abuso do poder econômico e de autoridade, além de obstruir a renovação necessária dos quadros políticos.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Tenho visto óperas na Inglaterra e na Itália; são os mesmos enredos com os mesmos atores: mas a mesma música produz efeitos tão díspares nos habitantes dessas duas nações que parece inconcebível – uma delas tão calma, a outra tão entusiástica(…) Um moscovita precisa ser chicoteado para que comece a sentir qualquer coisa.”

Montesquieu foi um político, filósofo e escritor francês.

Reprodução da Internet

 

Solidariedade

Dia 6, nesse sábado, a Confraria Panelas da Casa, em parceria com a Cervejaria Colombina e a Pulso Distribuidora, fará um evento beneficente em prol dos trabalhadores do setor de bares, lanchonetes e restaurantes do Distrito Federal. Ao todo, doze restaurantes da capital serão pontos de troca para arrecadar alimentos não perecíveis que serão destinados para os funcionários mais necessitados das unidades fechadas devido à pandemia causada pelo novo coronavírus. Veja a lista dos pontos de entrega a seguir.

Cartaz publicado no perfil oficial do Panelas da Casa no Instagram

–> Atenção Brasília, vai rolar Chopp Solidário Colombina em parceria com o Festival Panelas da Casa! A ação tem como objetivo arrecadar alimentos para os funcionários de Bares e Restaurantes, categoria que esta enfrentando grandes dificuldades no cenário atual de isolamento social. A cada 2kg de alimentos não perecíveis (exceto sal) doados, o participante receberá 1 litro de chope Colombina, enquanto durar o estoque.

Drive Thru
Data: 06/06
Horário: 10h às 16h
Pontos de Troca:
1- El Paso – CLS 404
2- Cantucci – CLN 403
3- Carpe Diem – CLS 104
4 – Santé – CLN 413
5- Bem te vi – CLS 408
6 – Marvin – CLN 110
7 – Dona Lenha – CLS 202
8- Nossa Cozinha Bistrô – CLN 402
9 – Grano & Oliva – CLN 403
10- Dom Francisco – CLS 402
11 – Belini Pães e Gastronomia – CLS 113
12- The Plant – CLS 103

Apoio: Panelas da Casa e SESCHOC

*Limite de 2 Litros por CPF
* Não aceitaremos sal

 

Demais

Sobra liberdade nos supermercados. Os preços alcançam números inviáveis. No Extra, a marca mais conhecida do arroz alcança R$20. Seja crise econômica, crise elétrica, crise de caminhoneiros, pandemia, qualquer má notícia termina no bolso do cidadão.

 

A migração

Leia na íntegra, a seguir, as ponderações do professor Aylê-Salassié F. Quintão sobre o tempo em que a Educação à distância engole a escola presencial. “Cinco anos depois de ser demitido do quadro docente de uma universidade, onde havia sido professor por 15 anos, ao retornar ao campus, à convite, para receber uma homenagem, alguém me consultou se eu estaria disposto a voltar. Minha resposta foi rápida e rasteira”, diz o professor, instigando o leitor.

Aylê-Salassié F. Quintão. Foto: camara.leg

–> Educação à distância está engolindo a escola presencial

Aylê-Salassié F. Quintão*

Cinco anos depois de ser demitido do quadro docente de uma universidade onde havia  sido professor por 15 anos , ao retornar ao campus , à convite, para receber uma homenagem,  alguém me consultou, se estaria disposto a voltar . Minha resposta foi rápida e rasteira:

– Não.

– Por quê!

– É uma questão de “time” (momento adequado)

A sala de aula não era mais o meu lugar. Não que  estivesse zangado ou que me sentisse mais importante. Acabava de escrever o livro “Rupturas”, mostrando mudanças estruturais que estavam ocorrendo, na educação inclusive.  Concluíra que era ainda um analógico. Irritava-me ver os alunos  manuseando telefones celulares em sala ou fotografando os conteúdos inscritos no quadro ou projetados em power point.

Descobri que gente de fora da classe presencial assistia minhas aulas, em tempo real, por meio  da internet e, sem constrangimento, até davam palpites sobre o conteúdo. A demissão fora um prêmio. Desafogara a ansiedade – vinda dos “tempos brabos” da vigilância policial –  e, com a indenização trabalhista  reforcei meu caixa, que estava baixo.

Ora, essa pandemia e esses debates inócuos promovidos, dentro do Aparelho de Estado, é enganação. Tentativas de desviar a atenção de um cenário desafiador , que tende a afetar as estruturas de Poder, as rotinas sociais e as políticas públicas. A educação não será exceção. Não se resumirá às tentativas de  descobrir soluções para finalizar o calendário de 2020, mas para o que virá a partir de 2021. O convid 19 está ajudando a desmistificar alguns segredos protegidos no espaço do Estado e, particularmente, na educação brasileira

Metade, pelo menos, do corpo docente das escolas de nível superior não sabe manusear as ferramentas digitais que estão desembarcando por aqui.  Em razão das novas  tecnologias, as demandas pedagógicas passam a requerer  outros conhecimentos , novas estratégias e habilidades compatíveis com o desenvolvimento do sistema produtivo e das relações na sociedade. Convive-se no meio acadêmico brasileiro com um tipo de aristocracia aburguesada que fetichiza a ideia de  que a universidade destina-se  preparar massa crítica de professores e pesquisadores , e não profissionais para o mercado de trabalho.

 A partir de 2021, essa questão vai ter de ser repensada –  e  desde o ensino médio – a exemplo da velha reforma do ensino de 1º e 2º graus, feita sob encomenda para atender ao Programa Nuclear Brasileiro, que introduziu novas tecnologias e habilitações específicas de alta qualificação .

Caiamos na real. O corona vírus tirou a economia da  ilusória  trajetória da recuperação. Os produtos agrícolas estão voltando  à liderança, registrando-se, ao contrário, quedas significativas na produção industrial e dos serviços.  Projeta-se , para 2020, uma redução do Produto Interno Bruto do Brasil entre 6 à 7 % (Fundação Getúlio Vargas) e, para o 2º semestre, de 12 a 16 % (Bancos Goldman Sachs, UBS, XP Investimentos). Até o Itaú está calculando menos 10,6%.  Last but not least, a dívida bruta  de governo  ( União , estados e municípios) vai atingir este ano o patamar de 79,7 % do PIB, conforme previsões do Banco Central  . Por menos , muitos quebraram.

Isso tudo vai refletir na educação e revelar distorções históricas ( injustiças e privilégios) que os discursos ideológicos escondem da sociedade. Em que pese o véu das cotas  para pessoas de cor, indígenas e deficientes, as universidades públicas continuam a abrigar  uma maioria de estudantes originários das categorias de renda mais alta – acessam à internet, os smartphones o Whats App e outras tecnologias – e que, por isso, não tiveram o semestre interrompido, senão algumas disciplinas. As aulas são on line.

Os estudantes filhos de famílias mais humildes utilizam, no máximo, um telefone celular sem aplicativos adequados. O preço dos equipamentos os deixam de fora. De acordo com a Anatel, existem no Brasil ainda 70 milhões de pessoas com acesso precário ou sem acesso à Internet. Cerca de 23 milhões nunca chegaram lá. Nem sabem o que são redes de conexão digital. Considerada a renda familiar, somam 59 milhões. No meio rural são 56 milhões. Trinta  milhões ainda usam tecnologias 2G. Observe-se que estamos entrando na 5G.    

As diferenças vão refletir cada vez mais no seletivo mercado de trabalho e nas relações sociais, gerando instabilidades e conflitos inesperados. Esse caminho começa a ser traçado no ensino médio, com a educação primorosa nos onerosos colégios particulares e cursinhos frequentados pelos ricos. Apenas 8% dos alunos do ensino médio estão matriculados em programas vocacionais.

A universidade inverte essa equação. São 8 milhões de estudantes, mas a ociosidade está perto de 40 por cento. A evasão também . Enquanto isso o ensino superior à distância (EAD) cresceu, desde o seu aparecimento, há 15 anos, em 2.000 por cento: pulou de 100 mil para dois milhões de estudantes , e oferece mais vagas dos que as escolas presenciais.

O que se pode esperar da volta às aulas presenciais ? Um aumento da reprovação dos mais pobres e uma deserção em massa  de quem paga para estudar.  Quem for brasileiro siga o raciocínio – meio catastrófico, sim – mas não se deixe ser surpreendido.

*Jornalista e professor

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Já está na hora de a Novacap reaver as chácaras distribuídas injustamente á quem não quer nada com a terra. O que é fato, enquanto muita gente mora no Rio possui chácaras em Brasília, sem produção, candangos desesperados cometem excesso e invadem a área do cinturão verde do Distrito Federa. (Publicado em 09/01/1962)

Clique aqui – O que virá depois?

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Arte: Vice Brasil

 

Uma das questões mais importantes neste momento, e que vem sendo posta sobre a mesa de várias lideranças pelo mundo afora, diz respeito às relações de trabalho, de empregos e de como se darão os processos de geração de bens e serviços, tanto na prestação de serviços públicos quanto, e principalmente, na iniciativa privada, que é, na verdade, a grande produtora e o motor de geração de riquezas de um país.

Já vislumbram, em outras partes do planeta, menos por aqui, devido ao conjunto de crises paralelas, geradas artificialmente, a possibilidade de mudanças radicais que virão nas relações de trabalho em todos os níveis. Isso engloba também assuntos como a extinção de alguns modelos de serviços, bem como a criação de novos tipos, com mudanças que irão afetar ainda mais a especialização do trabalho, e que aqui eram pouco exploradas. É dado como certo, em muitos países, que o que pensamos hoje com relação à produção de bens e de serviços pode não ter acolhida certa num mundo pós-pandemia.

De previsível e certo, o que se espera, para imediatamente após a crise de saúde, é um aumento generalizado da pobreza em todo o mundo e, particularmente, em países com o nível de desenvolvimento do Brasil; isso inclui, obviamente, todo o continente sul-americano no entorno de nosso país. A questão ainda em suspense é saber até quando o mundo estará submetido a essa doença, o que inclui nessa questão, também, as dúvidas quanto ao que se anuncia como sendo uma verdade: que haja uma segunda onda de contaminação, o que muitos cientistas estão prevendo para acontecer em seguida.

Claro que, dentro de um quadro de mudanças na maneira de produzir, irá ter influência direta na forma do consumo. Pesquisadores são unânimes em reconhecer que não haverá a tão esperada normalidade, até que haja a disponibilidade de medicamentos absolutamente seguros.

Desde a pré-história, é sabido que os humanos só colocam a cabeça para fora da caverna quando estão certos de que o perigo externo já passou e isso não será diferente hoje. Há, nessas questões prementes, itens que podem complicar ainda mais todo o quadro, como é o caso do complexo e interligado sistema financeiro que possuímos hoje e que está por trás das economias em todo o mundo. Trata-se de um mecanismo delicado, assentado em algo frágil como papel e que terá, necessariamente, que buscar lastros reais para subsistir nos novos tempos.

À priori, o que os economistas estão de acordo é que é preciso, no momento, preservar empregos e renda. O estímulo à economia depende disso. Como em toda e qualquer crise do passado, as pessoas e os governos foram apanhados de surpresa. Do contrário, teriam diminuído as consequências desse e de outros contratempos do passado.

Assunto como o teletrabalho, anteriormente desprezado pelas autoridades como ferramenta de produção, encontra-se hoje em pleno avanço, no Brasil e em outros países, aplicado em todas as áreas, mostrando uma capacidade enorme e inusitada para a geração de bens e serviços, economizando e otimizando antigos modelos de produção.

O que não se pode mais descartar hoje, e que poderá significar um aprendizado histórico, é quanto à questão da plena saúde da população, não da parcela mais rica que pode contar com planos de saúde, mas, principalmente, das camadas com renda mais baixas e que representam hoje a grande massa de trabalhadores responsável pela movimentação do grosso da economia e que são a base de sustento do país.

Se mudanças vierem de fato para revolucionar a sociedade e o modo de produção e consumo, terão, obrigatoriamente, que começar por uma transformação profunda e eficaz em todo o sistema de saúde pública. Nesse setor, as mudanças terão que ser radicais, com uma supervalorização do SUS, o que englobaria o fortalecimento das universidades voltadas às ciências da saúde, das pesquisas, passando, inclusive, por um forte incremento das indústrias de produtos medicinais, sobretudos aqueles com suporte direto do Estado.

 

 

 

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“Será que há alguma relação do ouro roubado no aeroporto de Guarulhos, em setembro de 2019, com a Covid-19?”

Filósofo de Mondubim, de onde estiver, com mania de perguntar. Como todos os filósofos devem fazer.

Imagem: Reprodução/ YouTube

 

Nada

Transeuntes na rodoviária estranharam um aparelho que capta a temperatura corporal e reconhece rostos sem máscaras. Curiosos viram que o equipamento é chinês, mas o secretário de Cidades, Fernando Leite, esclareceu que não custou nada para a cidade.

Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília

 

Aporte

Nota legal liberada. Os resgates em dinheiro, em tempos de crise, serão maiores, segundo a Secretaria de Economia. O prazo para inscrever a conta corrente ou poupança para depósito vai até o dia 30 desse mês.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os planos do Ipase para este ano incluem a construção de mais de trezentos apartamentos em Brasília. Os outros Institutos ainda não se pronunciaram quanto ao Distrito Federal. (Publicado em 09/01/1962)