Meio ambiente sem vigilância

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: AFP/C de Souza

 

Desde que começou a ganhar expressão mundial, nos idos dos anos sessenta, a atenção com o equilíbrio ambiental, que no início era um discurso restrito às comunidades alternativas formadas por hippies naturebas e outros bichos grilo, não parou mais de crescer e de angariar devotos, transformando-se hoje na preocupação número um das sociedades em todo o planeta, principalmente nos países desenvolvidos, onde a educação ambiental é já quesito obrigatório desde os primeiros anos na escola.

De debate alternativo, a questão quanto a preservação do meio ambiente foi parar sobre as mesas de pesquisadores e cientistas renomados espalhados pelos quatro cantos da Terra, que passaram a analisar o problema com mais profundidade. As observações sobre as bruscas mudanças climáticas, somadas ao aquecimento, provocados pelo efeito estufa, provaram para esses estudiosos que o planeta, que pensávamos conhecer bem, estava, de fato, em rápido processo de mudanças, provocadas sobretudo pela ação humana sem cuidado. Os seguidos alertas feitos pela comunidade internacional de cientistas, sobre a possibilidade de o planeta adentrar numa espécie de processo irreversível de convulsão, vem surtindo efeito sobre muitos governos de muitos países, formado por pessoas sensíveis ao problema e isso tem feito a diferença, acendendo a esperança de que a preocupação com o planeta seja uma atitude comum à população da Terra.

Obviamente que, entre a comunidade internacional, persistem ainda aqueles Estados que se mostram refratários ao ambientalismo. Para esses países, a comunidade internacional, depois de seguidos apelos, vem endurecendo não só as regras de comércio, como também todas as relações econômicas, na tentativa de fazer valer um mínimo de racionalidade, numa questão que diz respeito a todos, indistintamente. Infelizmente, o Brasil é hoje um dos maiores vilões nessa questão e segue desafiando outros países, sob o argumento que essa é uma questão interna e de segurança do Estado. Ao mesmo tempo em que parece remar contra a corrente internacional, o governo, nesses últimos 18 meses, vem permitindo uma verdadeira escalada de devastação ambiental, com um número recorde de derrubada de matas nativas, aumentando essa insânia também contra os movimentos ambientalistas e contra os povos indígenas. Alega dificuldade de vigilância para um país continental como o Brasil.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre o mês de agosto de 2018 até julho de 2019, o governo simplesmente fechou os olhos para um desmatamento de mais de 10.130 km², uma área maior do que a de muitos estados somados. Neste ano, segundo o Inpe, a derrubada de florestas, principalmente na Amazônia, persiste num mesmo ritmo e sem sinais de abrandamento. A teimosia do atual governo, em rever esse procedimento suicida, tem, como resposta prática, a retração de inúmeros investimentos que poderiam vir para o país, quer por meio de fundos de investidores, quer de outros governos e empresas estrangeiras. São, segundo fontes que lidam com essa questão, dezenas de bilhões de dólares que deixam de vir para o Brasil e que superam, e muito, os possíveis lucros que uma minoria ganha com a destruição de recursos naturais preciosos que a nós foi confiada por nossos ancestrais, para que cuidássemos com responsabilidade e zelo.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Coube ao padre Antônio Vieira, comparar os ladrões pobres do seu tempo, aos conquistadores romanos: Os primeiros, por surrupiar uma bolsa, eram enforcados; os outros, ao roubar províncias inteiras, eram aclamados.”
Abraham Lincoln, estadista e advogado dos Estados Unidos

Abraham Lincoln. Foto: wikipedia.org

 

Acredite se quiser
Ninguém duvida sobre a tragédia causada pela pandemia no que se refere à educação. As aulas online são em grande maioria, uma farsa. Alunos demais na tela, nem todos interessados, tédio e cansaço. Com crianças então, nem se fala. Prender uma criança de 4 ou 6 anos numa tela para orientações, sem os pais do lado, é impossível. Agora, a proposta de aula de natação online aconteceu e estarreceu os pais.

Reprodução do Youtube (canal Sikana Brasil)

 

Hora de mudar
Por falar nisso, estranho demais: shopping, mercado, banco, ônibus, metrô, comida por entrega funcionam e escolas, não.

Foto: Mohamed Azakir/Reuters (g1.globo.com)

 

Acolhimento
UnB criou um grupo terapêutico para pessoas que perderam entes queridos durante a pandemia. Veja no link os detalhes para a inscrição no grupo “Vínculos e Reflexões: Grupo Terapêutico Breve para Familiares de Vítimas de Covid-19.”

–> Grupo terapêutico para quem perdeu alguém na pandemia é criado na UnB

Pensando em oferecer à comunidade um suporte neste momento, a UnB começa, a partir de 6 de julho, com as atividades do grupo Vínculos e reflexões: Grupo terapêutico breve para familiares de vítimas da Covid-19. Os encontros serão acompanhados pela professora Isabela Machado da Silva, do Departamento de Psicologia Clínica. 

. Início 6 de julho, com duração de seis encontros pela plataforma Meet

. Segundas-feiras, das 15h às 16h30

As inscrições podem ser feitas pelo link: Inscrição para o grupo

Bruno Aguiar com o pai, Juraci Araújo Pinheiro Júnior: eles não conseguiram se despedir
(Foto: Arquivo Pessoal)

 

Em casa
Ambiente hospitalar, por mais que haja humanização, não substitui o lar. Há, no Senado, um projeto que amplia o acesso a tratamentos antineoplásicos domiciliares de uso oral para usuários de planos de assistência à saúde. Segundo o Jornal do Senado, a proposta, do senador Reguffe, altera a Lei dos Planos de Saúde e prevê que o tratamento será oferecido por meio de rede própria, credenciada, contratada ou referenciada, diretamente ao paciente ou representante legal, podendo ser realizado de maneira fracionada por ciclo.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os postes de iluminação do pátio de manobras do aeroporto ainda não foram acesos, mas o serviço já está terminado. Tudo pronto. Falta apenas o Ministério da Aeronáutica receber o serviço do empreiteiro. (Publicado em 10/01/1962)

Apetite pela água: perigo a prazo

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Cartaz publicado no perfil oficial do Senado Federal no Instagram

 

Sempre que um determinado problema de utilidade pública não encontra guarida ou solução satisfatória nas mãos do Estado, a solução normalmente buscada, no país das protelações, é repassar o imbróglio adiante para outros governos que virão ou, mais simplesmente, entregá-lo à iniciativa privada para que ela vá atrás da melhor maneira de resolver a questão, não importando qual seja. Obviamente que, numa situação assim, as empresas interessadas na empreitada vão correr atrás de modelos que atendam aos seus projetos imediatos por busca de lucros e não aqueles que diminuiriam a aflição da população.

Aproximando um pouco mais de perto a classe empresarial brasileira, nota-se que tem sido comum a verificação de que a maioria das tão propagadas e modernas parcerias público-privadas é formalizada, tendo em vista o interesse particular. Caso contrário, nenhum projeto sai do papel. Tem sido assim até na sensível área da saúde, onde a iniciativa privada deita e rola em vantagens. Tem sido assim também na área de telefonia, onde as empresas estrangeiras, vindas para o Brasil, encontraram o paraíso aqui na Terra. Com isso, o contribuinte, sempre chamado a bancar essas novíssimas iniciativas dos governos de plantão, olha com desconfiança quando ouve falar em novo marco disso e daquilo.

Não é diferente com o novo marco legal do saneamento, aprovado agora no Senado e que vai à sanção do presidente. Alguns desses empresários ficam sempre com o pé atrás e com o olho grande nos cofres públicos, aderindo a todo e qualquer projeto do Estado, somente quando se certifica que, dentro das elites dirigentes do país, poderá contar sempre com a solidariedade e a mão amiga de muitos políticos. Foi assim, por exemplo, no caso da Petrobras, onde empresas privadas e pessoas estrategicamente ali alojadas lucravam e repassavam parte dos lucros aos padrinhos dentro do governo.

Com o novo marco do saneamento, preocupações dessa natureza ganham ainda maior proporção, já que o acesso à água, num mundo onde essa preciosidade mineral é cada vez mais rara e mais disputada, acaba se transformando em questão de segurança nacional. Mais do que uma simples commodity, como soja ou petróleo, a água é condição sine qua non para a própria vida humana e para o ambiente.

A questão aqui é desvendar o mistério para se chegar a uma conclusão satisfatória: por que um país iria se interessar em assegurar o monopólio de bens como petróleo, mas abriria mão de controlar o acesso à água? O fato de haver no país mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada e mais 100 milhões de outros cidadãos sem coleta de esgoto responderia esse mistério? Se a resposta não está aí, pode, talvez, ser encontrada no fato de o Brasil possuir um imenso “mercado” disponível para investimentos e obras de saneamento.

É sabido, desde sempre, que políticos, de modo geral, não gostam de investir em obras como esgotamento sanitário e fornecimento de água tratada, porque essas benfeitorias, por estarem enterradas sob o solo das cidades, não são vistas pelos eleitores. Se essas concessões trouxerem para o setor de saneamento proposto a mesma qualidade vista em outros produtos como nos asfaltos de muitas de nossas rodovias, estamos, para não dizer o mínimo, no sal. Na verdade, trata-se aqui de um setor, que mesmo a despeito de sua importância para a saúde da população, ninguém quer assumir.

Chama a atenção ainda a fala do relator do projeto de que o novo marco irá atrair investidores nacionais e internacionais “com enorme apetite”. E é aí que mora o problema. As fronteiras legais entre a entrega ou concessão de serviço às empresas nacionais e estrangeiras de um bem estratégico como água são tênues e deixam de existir, bastando que o resto do mundo sinta sede.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quantas doenças e mortes são causadas pela poluição da água no mundo com os rios sendo usados como depósitos de lixo? É isso que acontece quando não pensamos na água como um bem comum.”

Flávio José Rocha, paraibano e atualmente pesquisador na USP.

 

Sucesso

A história vivida por Adriel Bispo de Souza, baiano de 12 anos, é um exemplo para quem precisa dar a volta por cima. Foi preciso a mãe explicar o que estava acontecendo para que ele não se deixasse derrubar. Resultado: milhares de seguidores novos e o perfil criado no Instagram @livrosdodrii para compartilhar as resenhas dos livros escolhidos por ele.

 

Foto

Começaram as inscrições para o 6º Festival Internacional de Fotografia Brasília Photo Show (BPS). Nesse ano, o tema da categoria especial será “Lockdown”. Inscrições pelo site da BPS. Veja o regulamento em REGULAMENTO FESTIVAL INTERNACIONAL DE FOTOGRAFIABRASÍLIA PHOTO SHOW 2020 – OSCAR DA FOTOGRAFIA.

Galeria disponível no site brasiliaphotoshow.com

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os postes de iluminação do pátio de manobras do aeroporto ainda não foram acesos, mas o serviço já está terminado. Tudo pronto. Falta apenas o Ministério da Aeronáutica receber o serviço do empreiteiro. (Publicado em 10/01/1962)

A ciência como bússola

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Paul Yeung/Bloomberg (valor.globo.com)

 

Economistas daqui e d’além-mar são unânimes em reconhecer que, enquanto os efeitos do vírus forem minimamente sentidos, nas mais diferentes partes do planeta, não haverá meios para a recuperação plena dos mercados. Nem mesmo uma recuperação satisfatória que possa espantar o fantasma da depressão econômica e do desemprego em massa. A leve suspeita de uma possível segunda onda de infecção poderá afetar e prolongar a paralisação do comércio entre os países, num processo que, dentro de um mundo globalizado, acarretará efeitos em cadeia e, aparentemente, sem solução à vista.

Pelo menos, no mundo frio dos números, não existe motivo, por hora, para discussões e antagonismos entre os grupos políticos que defendem o fim do isolamento social e aqueles que querem o lockdown mais radical. A retomada da vida, nos padrões existentes antes da pandemia ainda é miragem, quer queiram ou não esses dois grupos, cujo os interesses não são de ordem humanitária. Resta a questão: como solucionar uma equação em que a soma entre qualquer valor e uma imponderável pandemia (x) resultará sempre numa expressão negativa? É na bifurcação dessa encruzilhada que políticos afoitos e economistas prudentes se separam.

Obviamente que os discursos de todo e qualquer ministro de finanças, por sua posição política, deverá ser afinada ao do chefe do Executivo. No caso brasileiro, esse distanciamento entre o discurso político e a realidade factual, representada por mais de 50 mil mortes, foi apaziguada, se assim se pode dizer, pela decisão da Suprema Corte que confirmou a independência dos estados em gerir problemas dessa natureza, dentro do espírito federativo. Claro que uma solução dessa natureza apenas aliviou partes das responsabilidades do governo federal, mas não resolveu a raiz do problema.

As suspensões parciais das atividades comerciais, industriais e financeiras, além de uma redução nas atividades da agroindústria, seguiram a uma paralisação nos campos da educação, da pesquisa, e esse é mais um problema a ser trazido para a equação do isolamento e que poderá apresentar seus resultados e efeitos somente quando a pandemia for página virada na história da humanidade. Ou seja, mesmo muitos anos depois de passados os efeitos do Covid-19, a humanidade ainda sentirá os efeitos dessa doença pelos rastros deletérios deixados.

A paralisação das atividades acadêmicas de ensino e pesquisa, mesmo se entendendo os danos potenciais que significam na destruição econômica de uma nação, não estão, também, sendo levados a sério pelas autoridades de todos os Poderes. Talvez esse desleixo se deva à própria perspectiva dos políticos, acostumados a delimitar o horizonte futuro pelas próximas eleições. Mas essa é uma questão por demais séria e complexa para ser entregue nas mãos de políticos ou deixadas ao sabor de debates do tipo ideológico.

O fato é que até mesmo a solução dessa equação, que opõe abertura e fechamento, vida e morte, só terá uma resolução satisfatória e definitiva depois de devidamente sopesada pelos cérebros que trabalham dentro dos princípios da ciência.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento com retorno garantido.”

Sir. Arthur Lewis, economista da Universidade de Princeton.

Sir Arthur Lewis. Foto: wikipedia.org

 

Novidade

Hidrocefalia congênita recebe nova tecnologia para tratamento. O caso aconteceu com uma paciente de um ano e meio. A cirurgia experimental foi em Palmas.

Foto: Divulgação HGP

 

UnB

Tanto do Brasil quanto do exterior, pessoas físicas ou jurídicas podem contribuir para arrecadação de recursos que serão destinados a projetos no combate à Covid-19.

Cartaz: Secretaria de Comunicação da UnB

 

Jogos

Quem gosta de apostar na Lotofácil agora terá seis chances por semana. A Caixa aumentou também as dezenas de 18 para 20 números marcados.

Foto: Eduardo Ribeiro Jr./G1

 

Educação

Está quase pronta o vídeo conferência de capacitação pelo Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares. O evento é organizado pelo Ministério da Educação com profissionais do Paraná.

 

Cultura

Deu no DODF. Mais de 1.500 projetos foram admitidos pelo FAC e agora passam por seleção. O Fundo de Apoio à Cultura seleciona trabalhos para o “Prêmios Cultura Brasília 60”, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), com a divulgação dos projetos classificados nesta, que é a primeira etapa. Das 1.588 inscrições, 1.575 foram admitidas para a próxima fase.

Foto: Luiza Garonce/G1

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Em toda a área entregue à administração da Asa Norte não há uma única invasão. (Publicado em 10/01/1962)

A Fênix da música

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Hmenon Oliveira / Arquivo

 

Fundada em março de 1974 pelo maestro Levino Alcântara, depois de uma longa batalha contra a burocracia  kafkiana local, e em pleno regime militar, numa época em que os incentivos públicos estavam, predominantemente e segundo a ideologia de então, mais direcionados às diversas modalidades de ensino técnico, a Escola de Música de Brasília (EMB) mostrou a que veio,  transformando-se, em poucos anos, na mais espetacular fábrica de talentos artísticos da capital e orgulho dos brasilienses que lotavam suas dependências.

Consolidada como centro das artes musicais, a EMB ganhou fama, não apenas em Brasília e no Centro Oeste, onde era reverenciada, mas em todo o  Brasil, sendo reconhecida, inclusive, na América Latina e em outros países fora do continente, como um centro de excelência na formação de músicos. Durante o tempo em que o maestro Levino esteve à frente, na condução da entidade, boa parte dos acontecimentos musicais, senão a mais interessante porção das apresentações musicais   da capital, desenrolavam-se em torno da escola, quer na apresentação de seus próprios grupos, quer pela grande rotatividade de espetáculos que aconteciam no bem equipado auditório, sempre lotado,  com atrações locais, nacionais e internacionais, oferecidos gratuitamente ao público.

O gosto pela escola era tanto que não seria demais considerar que a EMB formava uma grande comunidade familiar, reunindo pessoas diversas, mas com o mesmo amor pela música. Também o carisma do maestro fazia a diferença. Não foram poucos os músicos que chegaram, graças à generosidade de seu diretor, a morar na própria escola. Outros tantos encontraram seus pares, constituíram família e seguiram formando gerações de alunos que passavam a maior parte do dia dentro da escola. O mesmo agito e empolgação se verificavam nos famosos e concorridos Cursos Internacionais de Verão, promovidos a cada ano pela direção da EMB, com a fluência de músicos e professores de todas as partes do mundo.

Nesses períodos, a escola se transformava em território internacional, abrigando talentos vindos dos quatro cantos do mundo. Graças a esse ambiente descontraído, profissional, amador da música e acolhedor, onde melodias eram ouvidas em cada cantinho, espalhando-se pelos jardins em volta,  muitos reconhecem hoje que a EMB parecia viver como numa festa sem fim, alheia e absorta às muitas agruras políticas e econômicas daquela ocasião.

Foi numa escola com esse perfil humanizador que incontáveis músicos de grande talento, e que hoje brilham nos palcos do Brasil e do exterior, foram surgindo e se aperfeiçoando sob os cuidados e carinho de uma equipe devotada de professores. Emílio de César, Guerra Vicente, Reinaldo Coelho, Hugo Lanterjung, Ludmila Vinecka, Joel Bello Soares, Cecília Guida, Nicolas Claude Marcel Merat, Paul Schöer, Juan Sarudianski, Shigeru Tachiki, Christopher Bockmann e Eduardo Bértola entre tantos outros.

O maestro Levino era conhecido não apenas por seu talento em buscar o que melhor existia em recursos humanos e materiais para escola, mas também por agir como verdadeiro mecenas e produtor, promovendo diretamente aqueles alunos  nos quais pressentia  alguma  chama precoce de talento. De fato, não há como falar em EMB dissociada da imagem do maestro Levino. Ambos formavam uma só pessoa, uma só entidade. Não é de se entranhar, portanto, que, com o afastamento do maestro da direção da EMB, o que parecia uma grande e prazerosa festa de confraternização dos amantes da música, começou lentamente  a chegar ao fim.

Quis o que chamamos de destino que o afastamento do maestro viesse a coincidir com a lenta e gradual decadência  que foi tomando  conta  da maioria das escolas públicas, principalmente àquelas  voltadas ao ensino das artes, consideradas pelos burocratas da educação como supérfluas ou coisa do gênero, sem que se deem conta de que a arte, como bem disse o gênio Leonardo Da Vinci, “a arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível”.

O antigo e profícuo brilho do passado cedeu lugar a um estabelecimento de ensino de música, dentro dos moldes e na esteira do que ocorre hoje com a imensa parte das escolas públicas na capital e no restante do país. A falta de interesse de seguidos governos, principalmente daqueles que vieram após a malfadada e traiçoeira “maioridade política da capital”, ajudaram a reduzir, ainda mais, o brilho e a importância daquela que já foi a mais interessante obra erguida no planalto central, para o desenvolvimento e a promoção da arte musical.

No entanto, para aqueles que ainda acreditam no poder de transformação e aprimoramento do espírito humano pelas artes,  um renascimento, ao estilo Fênix, pode muito bem acontecer, provocando, quem sabe, um novo e revigorante ciclo para a EMB. Para tanto, seria necessário, além de um apoio efetivo do governo, o que ainda é um sonho distante, uma certa adesão entusiasmada por parte da comunidade.

Para essa missão, é primordial uma reorientação nos rumos dessa entidade, preparando-a, quem sabe, para os novos tempos pós-pandemia. De início, seria necessária uma reformulação profunda no currículo dessa escola, desvinculando-a da tradicional orientação burocrática e pedagógica da secretaria de educação local, afastando-a da didática modorrenta  e enfadonha imposta por burocratas do ensino, que nivelam, pela menor média, todos estabelecimentos de educação do Distrito Federal, principalmente aqueles devotados ao ensino das artes.

É sabido que a diminuição e mesmo a erradicação dos currículos escolares das disciplinas de arte ocorrem, apesar do que prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. A falta de arte no ensino produziu, como resultado nefasto e esperado, o aumento assustador da violência nas escolas e principalmente contra os professores. O poder humanizador das artes, ao ser desprezado como fator fundamental de educação, gerou o que temos hoje na maioria dos nossos estabelecimentos de ensino: a transformação de escolas em centros correcionais ao molde de entidades como a Febem e correlatas. A perda do prazer em ensinar e aprender é fruto da abolição das artes dentro das escolas.

Para esses “novíssimos” dirigentes da educação, as grades curriculares de artes representam mais do que um estorvo, um verdadeiro e perigoso ninho donde advirão pessoas cônscias de sua própria dignidade e, ao que parece, isso não pode acontecer. Nessa nova escola de música, sonhada para os tempos atuais, além de uma infinidade de modelos de reconhecida efetividade, uma gama imensa de atividades voltadas para fazer, mais uma vez, dessa escola de artes musicais um modelo a ser seguido por todos.

As opções e os caminhos existem, não para uma retomada do passado áureo da EMB, que isso é impossível, mas para dar continuidade a um projeto simples na sua formulação, que é a introdução do ensino da música para todos aqueles que querem se aproximar dessa arte e fazer dela não apenas um meio de vida, mas um meio de aproximação de apaziguamento do espírito humano, esse sim fundamental em todo o tempo e lugar.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Brasília espirra música para todo o mundo. A Escola de Música de Brasília tem grande responsabilidade nisso.”

Paulo Tavares, músico, amigo de Levino

Inaugurada em 1974, Escola de Música de Brasília (EMB) começou ensinado o clássico e, depois, incluiu o popular | Foto: Arquivo / EMB

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Um advogado já impetrou mandado de segurança em favor do sr. Jantoro, responsável pelo roubo de carne no Supermercado. A Justiça deve ajudar a cidade a ficar livre dos desonestos. (Publicado em 10/01/1962)

Os flautistas de Hamelin da política

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Genildo Ronchi

 

Do mesmo modo que todo aquele que busca o aconchego e o calor da luz do Sol tem que tomar distância dos Polos Sul e Norte da Terra, e aproximar-se, o mais perto possível, das regiões cortadas pela linha central do Equador, que divide o planeta em dois hemisférios, assim acontece com aqueles que se aferram a posições dogmáticas e extremadas: estão como que acorrentados em seus desertos de neve, continuamente açoitados pelo vento da intolerância e da cegueira.

Isso é exatamente o que acontece com a atual polarização política, que vai mergulhando o país numa rinha de insensatos, puxados, na cabeceira, com uma astúcia aldrabona de dar inveja ao capiroto, que conduzem a massa, numa repetição do que fez o Flautista de Hamelin nos contos dos irmãos Grimm.

As seguidas manifestações e desfiles de ruas, orquestradas tediosamente de forma maniqueísta por cabos de guerra, servem a propósitos que vão muito além dos objetivos pessoais de autoridades de todas as esferas do poder. Essas verdadeiras arruaças demonstram, na prática, que a teoria sobre o uso político da população como massa de manobra, por vivaldinos de toda a espécie, é ainda uma prática utilizada. Isso em pleno século XXI, quando se acreditava que os homens viveriam já uma fase de despertar das ilusões.

Para a parcela gigante de sensatos que ainda existe em nossa sociedade, apesar do silêncio com que olham envergonhados esses desfiles de desesperados, vivemos, desde 2002, o que parece ser um longo período de experiências que vão nos jogando da esquerda para a direita, como se navegássemos à deriva em mar revolto. Nem tanta sede ao vinho, nem tanta fome ao pão, já repetia o filósofo de Mondubim querendo dizer, com isso, que fenômenos como a chamada polarização política podem nos conduzir ao beco sem saída e sem luz de países como a Venezuela, Nicarágua e outros de igual e triste destino.

É preciso prestar atenção e aprender que os pontos extremos, mesmo por suas aparentes diferenças, acabam se tocando e a história pode se repetir como farsa, apenas trocando os sinais. Talvez estejamos vivendo numa espécie de purgatório, antes que o país possa, finalmente, experimentar a verdadeira democracia, sem os embustes dos mascates de esperança.

Mas o que espanta, o que é pior de tudo, é o silêncio mofino da parte ética que compõe a sociedade. Isso faz com que nos tornemos também cúmplices dessa pantomima bufa, prolongando nossa agonia e impedindo que a nação retire, de vez, a lona de circo que há décadas cobre o país.

Certo é que, se Tucídides registrasse essa guerra contínua entre a arrogância e o medo, diria:  “Quanto aos fatos, não achei conveniente retratá-los de acordo com o primeiro informante, nem segundo minhas impressões, mas apenas após presenciá-los pessoalmente ou quando obrigado a recorrer a outros testemunhos, depois de realizar sobre cada um deles uma pesquisa tão severa quanto possível”.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O poder é bom e a estupidez inofensiva, literalmente. Mas os dois juntos são um perigo.”

Patrick Rothfuss, escritor norte-americano

Patrick Rothfuss. Foto: wikipedia.org

 

Cães

No Instagram oficial, o governador Ibaneis divulga que a Zoonose está com 22 cães prontos para a adoção. Para adotar basta ser maior de 18 anos e assinar um termo de responsabilidade com o compromisso de cuidar bem do animal.

Publicação no perfil oficial do governador Ibaneis Rocha no Instagram

 

Mesmo sentimento

Veja no link os detalhes para a inscrição no grupo “Vínculos e Reflexões: Grupo Terapêutico Breve para Familiares de Vítimas de Covid-19.”

–> Grupo terapêutico para quem perdeu alguém na pandemia é criado na UnB

Pensando em oferecer à comunidade um suporte neste momento, a UnB começa, a partir de 6 de julho, com as atividades do grupo Vínculos e reflexões: Grupo terapêutico breve para familiares de vítimas da Covid-19. Os encontros serão acompanhados pela professora Isabela Machado da Silva, do Departamento de Psicologia Clínica. 

. Início 6 de julho, com duração de seis encontros pela plataforma Meet

. Segundas-feiras, das 15h às 16h30

As inscrições podem ser feitas pelo link: Inscrição para o grupo

Bruno Aguiar com o pai, Juraci Araújo Pinheiro Júnior: eles não conseguiram se despedir
(Foto: Arquivo Pessoal)

 

Protesto

Nessa quinta-feira, o pessoal do Esporte DF deve protestar contra o descaso do GDF. Enquanto não estimula os times locais, fecha patrocínio do BRB com o Clube de Regatas Flamengo. São R$ 32 milhões que saem do caixa candango para os bolsos cariocas.

Foto: Reprodução / Instagram

 

Cultura

Hoje é dia de reunião com a deputada Benedita da Silva, presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados. O convite chega para quem quiser discutir a Lei Aldir Blanc, sobre as ações emergenciais destinadas ao setor cultural durante a pandemia.

 

Muitos casos

Por falar nisso, Aldir Blanc não morreu de Coronavírus. A confirmação é da filha dele. Neide, que trabalhava na coordenação das Festas dos Estados, também foi diagnosticada com Covid-19, mas deu entrada no hospital com enfarte.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os prédios do IAPB, principalmente os de frente ao eixo, têm sido rondados por elementos suspeitos. Pode não ser nada, mas como há assaltantes que atacam a mão armada, seria bom prevenir. (Publicado em 10/01/1962)

Os três poderes

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Praça dos 3 Poderes. Foto: Tony Winston/Agência Brasília/Divulgação

 

Num mundo ideal, onde a raça humana agiria movida apenas pelo espírito da colaboração e da fraternidade, não haveria a necessidade de se organizar entidades religiosas, instituições político-partidárias ou mesmo forças bélicas e militares de dissuasão. Restariam fora da sociedade, as três principais entidades que forjaram toda a história da humanidade, desde que os ancestrais dos homens desceram das árvores. Obviamente, um mundo com natureza e características somente poderia existir nas regiões celestes de um paraíso inacessível. Política, religião e forças armadas representam, desde o alvorecer da humanidade, as três potências que, de certa forma, deram um curso histórico compreensível que resultaria no que conhecemos hoje como civilização. Trata-se aqui de uma tríade lentamente desenvolvida pelo gênio humano para atender, de modo satisfatório, aos três impulsos primários dessa nova espécie dotada do sentido da razão.
Tornava-se necessário compreender o mundo real e metafísico à sua volta, interferir ativamente nesse ambiente externo e muitas vezes hostil, ao mesmo tempo em que assegurava que haveria a participação e o trabalho de todos para que esses projetos fossem realizados. Para o bem e para o mal, essas três organizações conduziram a humanidade ao ponto em que estamos hoje. Não sem um custo de infinitas vidas, o que é testemunho o fato de que não existe sobre a face da Terra civilização alguma que não tenha sido erguida sobre os escombros de outras, adubadas por sangue que, muitas vezes, chegou a correr como rios.
Não seria de todo exagerado constatar então que a construção das principais civilizações humanas foi feita sobre incontáveis cemitérios. Ninguém pode negar, então, que, em nome das religiões, das ideologias políticas e graças ao poderio das forças armadas, a humanidade tem sido passada pelo fio das espadas desde sempre. Ainda hoje é assim. Se separados, esses três gênios invocados pelos homens, deixaram um rastro de grande destruição ao longo do tempo, juntos, configurando alguns modelos de Estado atuais, são mais perigosos ainda. A junção, num mesmo caldeirão, de ideais da fé, com ideologias político-partidárias e com pitadas de apelos às forças armadas, vem formando, entre nós, um caldo perigoso, cujos efeitos já são sobejamente conhecidos ao longo da história da humanidade, em todo tempo e lugar.
A sociedade, ao aceitar, pacificamente, a formação de bancadas religiosas, da segurança, da bala e de outros grupos radicais e extremistas, dentro do parlamento, acreditando inocentemente que um Estado deve se apoiar no tripé da fé, da ideologia e da força bruta, não está fazendo o que acredita ser o jogo democrático, mas preparando o terreno para a repetição do que foi visto no passado e que não deu em boa coisa.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O futuro é a projeção do passado, condicionada pelo presente”
Lara Vinca Masini, crítica de arte

Lara-Vinca Masini, Bruno Corà, un’amica e Evelien La Sud, Pastine 1994.                        Foto: ilraccontodellarte.com

 

Textando
Jornalista e professor Aylê-Salassié F. Quintão publica texto sobre a preocupação com o cenário atual da política e economia brasileira.  “A realidade exige, de imediato, e, no mínimo, uma comissão, para discutir saídas para o caos que se anuncia. Os fatos mostram que existe uma crise real e outra intangível alimentada por uma cabulosa injunção política correndo em sentido contrário, cuja preocupação é saber “O que fazer para que tudo fique ainda pior?”. Leia a íntegra logo abaixo.

Aylê-Salassié F. Quintão. Foto: camara.leg

–> Inspirados em Murphy, pautam-se no caos

Aylê-Salassié F. Quintão*

Aparentemente a pandemia está passando. Não vai embora… Vai ficar por aqui, rondando os incautos. O momento é, então,  de começar a enfrentar as  sequelas, com otimismo. Ninguém tem indicações claras do que fazer, embora esteja evidente a necessidade urgente de um Plano de Reconstrução , nome dado por alguns economistas de plantão para  a correção dos impactos negativos do corona vírus no Brasil . Opinam aleatoriamente. Mas, já se projeta que,  sem a transferência emergencial de renda, o número de brasileiros vivendo na pobreza chegará a 48 milhões e na miséria 7 milhões. 

        Os conservadores vêem o mercado encontrando um equilíbrio e pregam que as soluções poderão vir da retomada das reformas (administrativa, tributária, trabalhista). Os pouco compromissados com a governabilidade insistem, contudo, em gastos maiores do Estado, com a instituição de uma renda social básica permanente, extensiva aos trabalhadores  informais;  corte de salários, sobretudo  no Judiciário e no Legislativo; aumento das alíquotas de impostos; sobretaxação de heranças  e o fim das isenções fiscais para dividendos e ações. A necessidade de um plano para a saúde primária e para a educação à luz das novas tecnologias são pouco lembrados.   

               No cenário conjuntural a previsão do Banco Mundial é a de  queda de 8% do PIB brasileiro e, com ele,  da produção e da produtividade. Os negócios pararam e os investidores fugiram. O desemprego retornou ao patamar dos 14 milhões de trabalhadores. As tais reformas desapareceram e os  condenados por corrupção com o dinheiro público foram soltos pela, chamada, “Alta Corte” . Também foi defenestrado, o Plano de Enfrentamento aos efeitos da Pandemia, da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Os apocalípticos da saúde anunciam para julho o pico da pandemia no Brasil.

 Surdo, o governo age, pré-eleitoralmente,  distribuindo dinheiro, sem licitações,  e encobrindo os mal feitos com bate bocas inócuos. Movimentos como os LGBT, antirracistas, antifascistas aproveitam-se da oportunidade para aprofundar o caos. Não estão nem aí para os empresas que fecharam as portas, para os trabalhadores que perderam seus postos de trabalho ou para as famílias que começam a ter dificuldades para se alimentar .  Ocupam-se em fazer contraponto às provocações baratas. Das populações indígenas ninguém se lembra também . Pior é que o País e não tem lideranças com credibilidade para negociar soluções partilhadas como se fez no Afeganistão e em Israel, diante das divisões políticas internas.

               Concomitante, as eleições batem às portas . Para eleger quem? Existe algum candidato qualificado para enfrentar um quadro desses, seja a nível da União, dos  27 estados ou dos 5.500 municípios? Todos só sabem muito, mas gastar, sempre mais do que arrecadam. Agora, o álibi é a pandemia. O Estado está quebrando, e o governo perde ainda o Mansueto, o homem que administra o caixa do Tesouro . O afrouxamento de regras, apoiado no Centrão, pode dar à governabilidade ferramentas  para retomar os velhos hábitos do toma lá, dá cá,

A realidade exige, de imediato e, no mínimo, uma Comissão  para discutir saídas para o caos que se anuncia. Os fatos mostram que existe uma crise real e outra intangível alimentada por uma cabulosa injunção política correndo em sentido contrário, cuja preocupação é saber “O que fazer para que tudo fique ainda pior ?”. Pauta-se no caos, não o sugerido pelos grandes teóricos da Política e da Economia, mas assentado nos ensinamentos sobre a natureza das coisas do pragmático Edward Murphy. Incomodado com o ambiente vivenciado, o engenheiro Luiz Henrique Ceotto desenterra, sem ironias,  as “Dez leis de   Murphy”para explicar as perspectivas em causa no Brasil neste momento:

1.       A Natureza está sempre à favor da falha. Tudo tende a dar errado.

2.       Tudo relegado a sua própria sorte tende ir de mal a pior.

3.       Nada é tão ruim que não possa piorar (tudo que começa bem, termina mal e tudo que começa mal, termina pior).

4.       Se algo poderá dar errado, dará. Se algo não pode dar errado, dará também.

5.       Se algo está dando certo, cuidado, algo está errado.

6.       Se existe várias formas de algo dar errado, dará na forma de maior impacto e prejuízo.

7.       Se a solução e um problema parecer fácil, você não entendeu o problema.

8.       Erros sempre acontecem em série.

9.       Toda nova solução cria novos problemas.

10.   Tudo é possível. Apenas não muito provável e dentre eventos prováveis, sempre haverá um improvável.

             Soluções dentro de um quadro como esse exigem muito otimismo, sem ignorar que essas leis funcionam. Seus efeitos patéticos são mais rápidos que as promessas que se ouvem  diariamente. Iluminados, como  Muhammad Yunus, o banqueiro dos pobres de Bengala, prêmio Nobel de Economia, sugerem que quaisquer planos de   reconstrução do caminho para o desenvolvimento devem passar pela correção da rota suicida do atual sistema econômico. Não basta reformar o modelo, derrubar ministros e estátuas. Para o Brasil, recomenda-se um redesenho prévio da cultura e da ética, tal a dimensão alcançada pelas vulgaridades.

*Jornalista e professor

 

Rede Urbanidade
Uirá Lourenço comemora a decisão judicial que obriga o GDF a liberar acesso às vagas para bicicletas (paraciclos); sinalizar as rotas dos ciclistas; apresentar projetos de bicicletários e de integração das ciclovias, ciclofaixas e calçadas na plataforma inferior da Rodoviária. Nem precisava de decisão judicial. O governador é um homem viajado e já viu o respeito aos ciclistas pelo mundo.

 

Terrível
Concessionárias do DF estão funcionando. Na verdade, estão abertas para receber o público que não chega.

 

Pandemônio
Veja a seguir a fala da ministra Damares sobre o que as escolas estão impingindo em seus alunos. Se esse escândalo continuar, em 300 anos o planeta estará desabitado. Ponto para o final.

 

Tempo
Convite para uma visita à página da Embrapa. Cursos gratuitos e online. Quer melhorar sua horta? Vale conferir em Tira Duvidas do Curso Hortas em Pequenos Espaços.

 

Desanuvie
Dicas para um fim de semana com filmes durante a pandemia. Por falar nisso, o Cine Brasília preparou uma lista também para a criançada. Tudo organizado para você, no link Cine Brasília prepara lista de filmes infantis.

Cartaz: facebook.com/CineBrasiliaOficial

 

História de Brasília

A tese peca pela imbecilidade, pela má fé, pela maneira manhosa, pelos arrodeios, enfim, pelo pulo da onça que eles querem dar. Mas, apareça, um homem que tenha a coragem de dar a todo o mundo o atestado de incompetência do povo brasileiro, como seria o caso do retorno da Capital. (Publicado em 10/1/1962)

S.Ó.S

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro

 

Nem mesmo os mais engenhosos e criativos artistas das letras conseguiriam tecer um enredo tão surreal e imaginativo como o que vamos experimentando desde o retorno da democracia, nos anos oitenta. Prosseguimos sendo a Belinda desigual de sempre, observados pelos olhos do planeta como um país exótico, habitado por uma sociedade que vive entre a barbárie herdada do colonialismo e uma modernidade mal copiada de outros países, que fazem, de nossa gente, personagens estranhos, metidos em modelos caros e sem instrução ou educação.

Na política, seguimos andando em círculos, enredados com personagens mesquinhos, que deixam de pensar no país e nas próximas gerações. Se a questão do momento requer medidas urgentes em nome de vidas, a ponto de ser dispensada toda e qualquer providência burocrática e licitatória, a oportunidade para vinganças de todos os lados atrasa cada vez mais a retomada do país aos trilhos do desenvolvimento, que é a única coisa que interessa aos milhões de eleitores já saturados de tantas fofocas e revanches que nos levarão.

Governadores, prefeitos e outros administradores, incumbidos da compra de materiais hospitalares de emergência, com dinheiro na mão, escolhem não o melhor fornecedor, que possui o preço mais em conta, mas aqueles que podem, de maneira transversa, garantir lucros diretos e imediatos aos negociantes espertalhões. Mesmo hospitais de campanha, que deveriam ser construídos de forma rápida e eficiente, para atenderem a demanda espetacular das multidões de enfermos, são erguidos apenas com uma fachada ou cenário de uma peça de teatro, com nada além da lona. Muitos além da lona, centenas de leitos vazios.

O dinheiro fácil do contribuinte segue desaparecendo em cada emergência. À falta de transparência nos gastos de última hora, vão se somando os bilhões que, por determinação do Congresso, passaram a ser carreados de um lado para outro para o socorro de pessoas, programas e empresas, tudo dentro dos critérios de improvisação e amadorismo. Mesmo a tensão entre os Poderes nos leva a acreditar que a pandemia é agora assunto secundário, que o vírus da vaidade empesteou a Praça dos Três Poderes, deixando a população desamparada, perdida, falida e desesperada.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A liberdade só é um dom precioso quando estejam os povos feitos para ela. Dar a um semibárbaro instintivo as regalias de um ser culto e consciente, é pôr a civilização na contingência de um regresso brutal à barbárie.”

Fialho de Almeida, escritor português

Foto: facebook.com/acfialhodealmeida

 

Desolador

Um passeio pelos hotéis de Brasília e a constatação: baixíssimo o número de procura para hospedagem. Já são 3 meses de agonia para hotéis, bares, restaurantes e inúmeros empresários, que precisam voltar à ativa para evitar a bancarrota.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

 

Notícia boa

Suspensas as parcelas de empréstimo de crédito consignado – com desconto em folha de pagamento – por quatro meses. O Senado aprovou esse projeto, que deve dar uma trégua às dívidas de trabalhadores tanto do serviço público, quanto do privado. O projeto segue para a Câmara dos Deputados.

 

De olho

Com o carimbo do Coronavírus, o setor de licenciamento do IBRAM está à toda prova. Mesmo em tempos de pandemia, as autorizações subiram nesse ano em relação à 2019: ultrapassaram os 20%.

 

Proibido

Parquinhos e áreas de esporte estão lacrados para impedir a entrada de crianças e jovens que querem brincar, tomar sol, exercitar-se, aumentando a imunidade.

Foto: Emanuelle Sena/AR Plano Piloto

 

Livre

Por outro lado, a Galeria dos Estados recebeu um grupo para celebrar a inauguração da praça do local. Fernando Leite, diretor da Novacap, apoiou a revitalização dos espaços públicos da capital, e Luciano Carvalho, secretário de Obras, comemorou o belo espaço que a população recebeu, com boa iluminação e conforto.

Foto: Renato Alves/Agência Brasília

 

Pdot

Uma volta na W3 e observa-se que calçamentos em frente às lojas receberam nivelamento, o que passa a dar mais segurança para os pedestres e cadeirantes. O projeto do GDF é continuar com a empreitada e com a Estratégia de Revitalização de Conjuntos Urbanos, prevista no Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Ora, pois se no próximo ano Brasília já oferecerá, para que tamanha despesa com o retorno de um Poder, já que a Câmara teria que pagar hotel para a maioria dos funcionários? (Publicado em 10/01/1962)

Antidemocracia ou anticorrupção?

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Adão

 

De todas as variáveis possíveis que envolvem os diversos casos de corrupção que vieram à tona nos últimos anos, a maior certeza e o ponto fundamental que tem possibilitado o prosseguimento das ações é dado pelo apoio maciço da população ao combate de desvio de dinheiro público. A população, principalmente a de baixa renda, sente, na própria pele, os efeitos nocivos e mesmo fatais que a corrupção provocou na vida da maioria dos brasileiros.

Pesquisa, encomendada pela consultoria Crescimentum e pelo Instituto Britânico Barret Values Centre, mostrou que, embora a corrupção tenha definido o comportamento do Brasil nos últimos anos, a honestidade é a marca que melhor traduz o brasileiro comum, seus valores pessoais e sua cultura. Em outras palavras, o que se tem é um país onde a nação honesta e trabalhadora é governada por uma elite, em sua maioria, sem escrúpulos e que conduz os negócios do Estado e da República como se fossem propriedade privada, onde acreditam deter todo o controle, inclusive para desviar verbas. Para o cientista social Eduardo Giannetti, o brasileiro é outro, ou seja, ele não se reconhece naquilo que está presente ao seu redor, talvez porque não perceba, claramente, que a realidade à sua volta é resultado direto da interação de todos juntos. Esse parece ser o caso comum nas eleições.

Em 2017, a percepção da corrupção já alcançou, segundo a pesquisa, a incrível marca de 72% da população. Ou seja, sete em cada 10 brasileiros sabem que ela existe e, de alguma forma, sentem seus efeitos, mas atribuem esse fenômeno apenas à ação de seus compatriotas. Outro fato que chama a atenção nessa e em outras pesquisas é que se, em 2010, o anseio da população era por justiça social, moradia digna e redução da pobreza, hoje esse desejo está mais voltado para a oportunidade de educação, compromisso, honestidade e cidadania.

A longa crise social, econômica e política dos últimos anos teve, ao menos, o condão de mudar a percepção de boa parte da sociedade não somente para os problemas do país, mas, sobretudo, para aumentar o desejo e a atitude de muitos em direção aos valores individuais, fazendo florescer nos brasileiros um sentimento mais individualista e voltado, exclusivamente, para as necessidades imediatas das próprias pessoas.

O individualismo crescente parece resultar da noção de que o Estado pouco ou nada faz pelos brasileiros, sendo que muitos consideram, hoje, que a melhor estratégia é partir para a luta individual, ao invés de esperar por qualquer amparo do governo. Nesse ponto, é preciso salientar que o individualismo, cada vez mais presente na sociedade, pode inverter a própria lógica do Estado, fazendo com que o governo passe a depender, cada vez mais, da vontade de uma população indiferente e distante, propícia, inclusive, a considerar a hipótese da desobediência civil.

Os efeitos da corrupção sistêmica, conforme implantada pelos governos petistas e que tinham como objetivos diretos o enfraquecimento do Estado e, paulatinamente, o empoderamento do partido, apesar das investidas da polícia e de toda a revelação da trama, deram frutos diversos. Uns bons. Outros nem tanto. Ao aumentar a descrença na política, retardou a consolidação plena da democracia. As revelações feitas pela polícia e pelo Ministério Público apresentaram, para o distinto público, uma elite corrupta e disposta a tudo para enriquecer rápido e sem esforço.
Para um país que conta com mais de 700 mil presos, em condições sub-humanas de cárcere, essas revelações serviram muito mais do que um simples incentivo para a ação continuada no mundo do crime. Deu, a essa parcela da população, a certeza de que a cadeia ainda é lugar para pretos e pobres. Entender a corrupção como algo moldado pela herança histórica ibérica, onde o patrimonialismo cartorial era a tônica, mostra apenas as raízes ancestrais do problema e que faziam parte inerente do sistema mercantilista e colonialista da época.

Transformadas em moedas de troca, dentro do toma-lá-dá-cá generalizado, as nomeações políticas para altos cargos nas estatais têm tido um peso crucial na expansão dos casos de corrupção, servindo como ponta de lança dos partidos para se apoderarem dos recursos da nação. Neste caso, torna-se compreensível o discurso de muitos dirigentes políticos no sentido de o Estado manter o controle das estatais. Obviamente que não se trata aqui de nacionalismo ou protecionismo da economia nacional, mas tão somente de reservar esse nicho de mercado à sanha desmedida dos partidos políticos. Por aí se vê porque a redução do tamanho do Estado incomoda tanta gente. Vê-se também a razão para que o governo Bolsonaro seja obrigado a “articular”, ser “flexível”, “compor”.

Se, por um lado, os muitos casos de corrupção revelados têm servido para mostrar como é fácil desviar dinheiro público, por outro lado, deixam claro para a população que a corrupção está arraigada na fórmula de fazer política e justiça. Principalmente aquela justiça onde deveria haver apenas juízes, o supremo cargo. Pelo conhecimento do modo de agir dos inimigos da sociedade, de que se alimentam e onde atuam, ficou mais fácil atalhá-los de vez. Vamos ver quem terá essa coragem.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Para quem começa a carreira como um “Doutor sem Doutorado”, nada mais natural que concluí-la como um “Meritíssimo sem Méritos””.
Julio Curvello, do site Frases Famosas.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os autores do “retorninho” estão explicando com “cara de anjo” que o Congresso se reuniria no Rio somente este ano, e explicam: “até que Brasília possa oferecer condições de funcionamento”. (Publicado em 10/01/1962)

Um País cuja a história dá voltas como numa montanha russa

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Presidência da República

 

Historiadores brasileiros e mesmo aqueles intelectuais brasilianistas que dedicam seu tempo ao entendimento das questões de nosso país, tanto àquelas relativas ao passado, quanto as que estão a embaralhar o presente momento numa confusão sem pé nem cabeça, estão a ponto de jogar a toalha, renunciando à tarefa de projetar um possível cenário futuro para nosso país. Fica confirmada a antiga tese de que o Brasil não é para amadores, mesmo aqueles que mantém, por décadas, estreitos laços de intimidade com as ciências humanas.

Desde o processo de redemocratização, iniciado em 1984 com as “Diretas Já”, o Brasil vive sobre uma verdadeira montanha russa no que diz respeito à sua evolução rumo a um Estado democraticamente sólido e estável. Foram muitas as crises que abalaram o país desde que os militares deixaram, em definitivo, o Palácio do Planalto. Após a morte do presidente Tancredo Neves e sua substituição, ocorrida num ambiente de total incertezas, por José Sarney (1985-1990), o primeiro presidente civil depois de mais de duas décadas de fechamento político, foram sucessivas as tentativas, no campo da economia, de trazer os números da inflação dos 242%, registrados em 1985, para um patamar mais razoável, o que se revelaria uma missão impossível naqueles loucos anos. Quando terminou seu governo, a inflação rodava em mais de 1.972% ao ano e o país mergulharia numa profunda recessão.

Em 1987, era instalada a Assembleia Nacional Constituinte para redigir uma Carta substitutiva a de 1967, o que, de certa forma, provocaria um esvaziamento precoce do governo Sarney. Entre 1990 a 1992, o país é governado pelo mais novo presidente já eleito pelo voto direto, após o período militar e também um dos mais breves: Fernando Collor, que sofreu processo rumoroso de impeachment. Inflação alimentada, beirando os 1200% ao ano, e um confisco inédito das poupanças dos brasileiros empurraram o país para mais uma crise institucional de grandes proporções, que só seria sanada, em parte, com a posse de Itamar Franco, seu vice.

De 1992 a 1994, o mineiro Itamar Franco assume a presidência e governa num ambiente que mistura os números negativos de uma hiperinflação com a realização de uma série de plebiscitos reafirmando a opção dos brasileiros pelo presidencialismo, como sistema de governo, e pela República, como forma de governo. Com ele, é dado início ao Plano Real e o país pode respirar por alguns anos, dentro de um cenário de maior estabilidade e credibilidade.

Itamar Franco faria ainda seu sucessor na pessoa de Fernando Henrique Cardoso, seu ministro da Fazenda. Entre os anos de 1995 a 2002, Fernando Henrique assume a presidência e realiza um governo, em muitos aspectos, exemplar, tanto do ponto de vista econômico, quanto político. Com ele, o Plano Real foi consolidado e o país passa a viver, talvez, seu melhor momento político e econômico, principalmente no primeiro mandato. No segundo mandato, quando houve um crescimento significativo na sua reprovação pelos brasileiros, FHC não se empenhou em fazer seu sucessor, o então ministro José Serra. Preferiu abrir espaço e mesmo simpatias para a chegada de Lula.

O que viria a partir da chegada do Partido dos Trabalhadores explica, em boa parte, as seguidas crises que viriam dos dois mandatos de Lula e, posteriormente, no governo de Dilma que, de certa forma, projetou o cenário de crises que experimentamos.

Eleito com 57,7 milhões de votos, Jair Bolsonaro chegou ao poder contra várias pesquisas divulgadas e gastando menos do que qualquer candidato. Com oposição ferrenha, fenômeno que o PT não enfrentou, Bolsonaro e a luta contra a corrupção tentam vencer dois inimigos: o inesperado Coronavírus e os egos dos Poderes Legislativo e Judiciário. Isso mantém nosso País, tradicionalmente, na corda bamba da história, entre ensaios de decolagens planejadas e aterrissagens de emergência.

Para aqueles que procuram entender o Brasil dentro de uma linha histórica linear, como existente em outros cantos do planeta, fica a frustração em reconhecer que esse é um país surreal, onde história factual e a ficção escrevem mais um capítulo da política nacional.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O bem obtemos por nossa conta

Mas o mal nos prende, nos monta;

Quando certos, a verdade desponta:

Sempre o destino é quem apronta!”

La Fontaine, o poeta francês

Jean de La Fontaine. Imagem: wikipedia.org

 

Redesenhar

Esses assentamentos, como o Paranoá Parque, despertam uma tristeza imensa. O projeto arquitetônico rudimentar poderia ser embelezado com urbanismo e paisagismo. Não se vê uma árvore frutífera para alimentar os pássaros, nem flores para alimentar abelhas e borboletas.

Foto: Tony Winston/Agência Brasília

 

Espertos

Lisboa está anos luz de distância da burocracia de Brasília. A cidade mais moderna do mundo não acompanha a tecnologia. Em Portugal, em qualquer agendamento com o governo, a comunicação é feita pelo WhatsApp, com bastante rapidez. Aqui em Brasília, qualquer solicitação da população é feita por telefone com quase 10 minutos de espera, além de 20 dias para encaminhamento.

Charge do Moisés

 

Alvíssaras

Os Correios não se abateram com o Coronavírus. Para alegria de muita gente que passou a fazer compras online.

Foto: L.C. Leite/Folhapress

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Bonita, a atitude do general Amaury Kruel, mandando recolher à garagem do Palácio Planalto os chapa brancas que trafegavam sem ordem sábado e domingo. (Publicado em 10/01/1962)

A quarentena nos mantém afastados do que acontece sob nossos pés

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

 

Acreditar que o período de isolamento social, que tem levado mais da metade da população mundial a se fechar em casa, nos últimos três meses, forçaria parcela significativa da humanidade a rever uma série de antigos conceitos e comportamentos, tanto nas interações sociais quanto na relação ao próprio planeta, vai se demonstrando uma expectativa frustrada.

Um olhar nas manchetes diárias, ao longo de toda essa crise de saúde, comprova que ainda não foi dessa vez que os seres humanos puderam aprender com a lição imposta pela doença mortal. As crises políticas, econômicas e sociais, tanto internamente quanto no resto do mundo, prosseguem no mesmo ritmo, ou até mesmo mais acirradas, sendo que, em alguns lugares, como em nosso país, elas se intensificam  ganhando uma dimensão de tal monta que não será surpresa se, mais adiante, venhamos, mais uma vez, a assistir a uma interrupção brusca em nossa dinâmica democrática.

Na verdade, em muitos lugares do mundo e aqui mesmo, o isolamento, ao ilhar as pessoas em suas casas, afastando-as do convívio natural em sociedade, tem servido como um catalisador e um subterfúgio para muitas lideranças políticas a, em todos os poderes da República, agirem com uma desenvoltura nunca vista antes, urdindo negociações e entabulando medidas que, em situações normais, seriam quase impossíveis de serem realizadas. Longe do olhar vivo e do bafo quente da sociedade, as engrenagens do Estado vêm operando com força máxima, enquanto a população parece entorpecida num sono profundo.

Enquanto o Supremo é atacado com fogos de artifício, numa simulação do que seria um ataque de artilharia pesada contra a magistratura do país, tudo isso sob o beneplácito do próprio Executivo, leis diversas que interferem diretamente na vida dos cidadãos estão sendo discutidas e votadas de forma virtual e rápida no Congresso. Aos poucos, também, uma série contínua de limitações vão sendo impostas ao livre exercício da cidadania, impondo regras, limitando direitos e disciplinando a vida em sociedade, quando essa voltar às ruas.

Em nome do combate à pandemia, restou à sociedade, inerte e assustada, delegar, sem contestações, às autoridades constituídas, a edição de um rol imenso de medidas que irá regular, de forma mais restritiva, toda a vida social, impondo regras que, se fossem do conhecimento prévio das pessoas, não seriam aceitas de forma passiva. A vida real, como dizia um compositor, é aquilo que acontece enquanto estamos, todos nós, trancados em casa, sonhando e fazendo planos para um futuro incerto. É exatamente isso que está acontecendo com esse isolamento social, que nos afasta das mudanças que estão ocorrendo sob nossos pés.

 

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O caminho da verdade é único e simples: o da falsidade, vário e infinito.”

Amador Arrais, religioso e escritor português do século XVI.

Imagem: facebook.com/carasdeportalegre

 

Boa ideia

Havia, na W3, um placar onde os semáforos eram sincronizados com os dados mostrados aos motoristas. Assim, se o equipamento mostrasse, por exemplo, 40km/h, e o motorista obedecesse essa velocidade, conseguia pegar todos os sinais verdes.

 

Higiene

Andando na praça da alimentação nos shoppings, é possível ter uma amostra de como as cozinhas funcionam. São raros os estabelecimentos onde se usam luvas. Mesmo apenas para servir, daria mais segurança aos clientes. Não é possível que seja necessária uma lei para multar quem não cumpra o protocolo de higiene durante uma pandemia.

Foto: shoppingdella.com

 

Insensatez

Nos ônibus, mercados e lojas em geral, o caixa que recebe em dinheiro também não usa luvas.

 

Proatividade

Veja, no vídeo a seguir, garotos tentando abrir portaria de prédio na Asa Norte. Não conseguiram. Se o governo implementasse políticas públicas onde a juventude em situação de vulnerabilidade pudesse se profissionalizar, daríamos exemplo para o país.

 

Será?

Lojas do Conjunto Nacional permitem o uso do provador. É o fim do coronavírus?

Foto: Divulgação Lojas Riachuelo

 

Confira

Morador de um apartamento da Asa Sul levou um susto quando se debruçou na janela para alcançar alguma coisa no ar. A tela de proteção, que dá segurança para as crianças da casa, estava totalmente ressecada e desgastada, soltando as amarras.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Foram feitos os primeiros contratos de locação entre o IAPC e os moradores da Asa Norte. O preço dos aluguéis é de Cr$ 17.900,00, havendo, ainda, uma taxa de administração que será aproximadamente de 3 mil cruzeiros. (Publicado em 10/01/1962)