Autor: Circe Cunha
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Fernando Henrique Cardoso, quando era senador pelo MDB, costumava dizer, da tribuna, todas as vezes que o então presidente José Sarney saía do Brasil: “a crise viajou”. Com isso, o político pretendia ligar diretamente à pessoa do primeiro presidente da República eleito, depois da redemocratização, as seguidas crises que aconteciam naqueles anos no governo Sarney (1985-1990).
Embora a frase tenha ficado injustamente famosa, ao imputar ao governo Sarney a avalanche de crises que ocorriam, numa época em que ambiente político se encontrava totalmente confuso, com a sociedade civil e o Estado procurando se acertar depois de mais de duas décadas de governos militares, o fato é que nossos presidentes, desde 1889, são sempre associados como princípio e fim das instabilidades políticas. Isso decorre das características sui generis de nosso sistema presidencial, centralizador, com doses de um personalismo anacrônico, herdado ainda do tempo da monarquia, quando os poderes e o próprio rei se fundiam numa só entidade de Estado.
Hoje, até de forma grotesca, essa mesma imagem voltou a ser, apropriadamente, associada ao atual governo. Só que com uma diferença básica: ao contrário dos demais presidentes, Bolsonaro tem, dia sim e outro também, chamado as crises para si, dando vulto exagerado a problemas que, em outras mãos, politicamente mais hábeis, passariam imperceptíveis. O presidente é hoje, na visão de dez em cada dez analistas, e mesmo na visão de muitos políticos veteranos, a origem e o destino das crises que surgem e vão se avolumando a cada dia à sua volta.
Contrariamente a outros presidentes, Bolsonaro passou a encontrar, nas crises que dá vida, um mote e uma estratégia para seguir governando, enquanto se mantém como centro das atenções. O problema com essa tática bipolar, que para outros representaria um suicídio político, é que ela expõe a nudez de um governo que, apesar de vários projetos em andamento, parece não ter sido iniciado ainda. As consequências negativas dessa performance vão aparecendo dentro e fora do País.
Para alguns, esse modo pouco litúrgico de agir na presidência pode resultar, num momento derradeiro, na construção de um enorme labirinto a aprisionar todos igualmente. Enquanto procura a estrada por onde encaminhar seu governo, sem que o barulho externo atrapalhe, os efeitos nefastos seguem encolhendo as oportunidades e fechando portas ao Brasil.
O governo da Holanda comunicou, agora, que seu país não irá apoiar os acordos firmados entre o Mercosul e a União Europeia, o que pode render grande prejuízos a todos nós. No caso de a crise econômica mundial ganhar contornos mais sérios, depois da pandemia, os analistas de mercado acreditam que, dificilmente, o Brasil atrairá a atenção de novos capitais. Empresas estrangeiras, que passaram a buscar uma imagem de interação harmônica com o meio ambiente, também vão se afastando do Brasil, que é visto hoje, no exterior, como um pária na questão ambiental. Isso talvez explique, em parte, porque a “crise” não tem viajado como fazia com outros presidentes no passado, o que tem levado muitos a afirmar que a “crise” está hoje em quarentena entre os Palácios do Planalto e da Alvorada.
A frase que foi pronunciada:
“O justo é o primeiro acusador de si próprio.”
L.de Tobiás, jurista francês
Gratidão
É preciso registrar elogios também. Um deles é da família de um rapaz que teve o cérebro operado. Ele foi atendido no Hospital de Base. Garoto novo, alegre, responsável, de repente é surpreendido com a necessidade dessa cirurgia. Dois dias depois já está totalmente recuperado. A família agradece, principalmente, pelo atendimento humanizado, tão importante para a recuperação quanto a competência médica. Desde o apoio de uma equipe de psicólogos, ao funcionário da limpeza que dá bom dia com um sorriso.
Uber eats
Não adianta reclamar. Se esqueceu de mudar o endereço da entrega de casa para o trabalho, a venda é cancelada e não há ressarcimento.
R$600
Usuários do cartão dado pelo governo elogiam a tecnologia aplicada. Quando o contemplado for fazer uma compra, basta apontar o celular para um QR Code que o dinheiro é liberado para o pagamento.
Mão na massa
Estudantes e educadores da Universidade paulista, São Judas, reuniram-se para desenvolver uma série de materiais educativos para orientar e conscientizar a população leiga e profissionais da saúde sobre a importância de adotar medidas de prevenção e o uso de equipamentos de proteção individual em meio à pandemia do coronavírus. Os conteúdos estão disponíveis de forma gratuita por meio de Ebook, histórias em quadrinhos, site, vídeos, WhatsApp e redes sociais relacionadas a cada tema. Veja como é fácil acessar, a seguir.
–> São Judas desenvolve material educativo para leigos e profissionais em tempos de pandemia
A disseminação do conhecimento pode salvar vidas e contribuir para o desenvolvimento social
Os materiais abordarão diversos assuntos, como: critérios para sair e para chegar em casa, higienização das mãos, covid-19 em crianças, saúde mental no isolamento, cuidados com familiar contaminado dentro de casa, paramentação de profissionais, limpeza e armazenamento do EPI após uso e seu descarte, lesão por pressão causada pelo uso de EPI, saúde mental dos profissionais de saúde, dados do número de óbitos e afastamentos por coronavírus dos profissionais de saúde, entre outros.
“Diante do contexto em que estamos vivendo, nós, professores, resolvemos desenvolver dois projetos de extensão, cujos objetivos são de conscientizar a população leiga e os profissionais de saúde. Neste sentido, utilizamos como estratégia a produção e divulgação de materiais educativos e de autoria dos alunos das diversas áreas do conhecimento. Além disso, poder trabalhar em parceria com professores e com alunos de outras instituições da Ânima está sendo uma experiência inovadora. Estamos encantados com o empenho e a qualidade dos materiais desenvolvidos pelos alunos”, destaca Sara Rodrigues Rosado, professora de Enfermagem da São Judas.
A ação, que começou com a iniciativa dos alunos e professores da São Judas, ganhou força e mobilizou integrantes da UniBH, Minas Gerais, e Unisociesc, Santa Catariana, que também fazem parte da Ânima Educação. Com isso, 14 educadores da enfermagem e 154 estudantes de diversas áreas das três instituições se dividiram em duas frentes: uma para desenvolver conteúdos direcionados a pessoas leigas e que tem dificuldades para entender o contexto atual e outra para profissionais que estão na linha de frente no combate ao COVID-19.
A aluna do curso de Enfermagem, Geovana Custodio da Silva, por exemplo, está produzindo material sobre as lesões por pressões causadas nos profissionais de saúde pelo uso dos equipamentos a longo prazo. “Pela primeira vez participo de um projeto de extensão e fiquei muito interessada pelo tema e proposta, creio que essa ação é rica em conhecimentos e informações. Eu como aluna da área da saúde, vejo nessa oportunidade uma forma de assegurar o máximo de conhecimento que irá, com certeza, contribuir para da minha formação profissional”, destaca Geovana.
Sobre a São Judas
Fundada em 1971, a São Judas é a segunda melhor universidade privada do estado de São Paulo, segundo o Ministério de Educação (MEC), com nota 4 de 5 no Índice Geral de Cursos (IGC). Com aproximadamente 33 mil alunos, a instituição combina qualidade e acessibilidade, tradição e inovação, com o uso de novas metodologias educacionais, laboratórios de aprendizagem integrada e programas de desenvolvimento de competências socioemocionais. Além disso, o aluno aprende na prática desde o primeiro dia de aula.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O problema merece mais estudos, merece solução humana sem deixar de ser enérgica para com os que invadem terras alheias. (Publicado em 09/01/1962)
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Das muitas reformas que o País necessita para um progressivo aperfeiçoamento e estabilidade de nossa democracia, uma em especial vai se mostrando a cada dia mais urgente e inadiável: o fim do instituto da reeleição para presidente da República. Trata-se de um debate que vem se arrastando por anos dentro do Congresso, por conta de resistências múltiplas, todas elas embasadas em estratégias políticas, mas que não encontram acolhida junto à sociedade, que quer ver resolvida essa questão o mais rapidamente possível.
É fato que a sociedade brasileira já identificou, na reeleição do chefe do Executivo, o ponto de maior instabilidade desse e de qualquer outro governo, desde a posse de Fernando Henrique Cardoso, o primeiro beneficiado com essa possibilidade, depois da aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em maio de 1997. FHC também experimentaria com essa medida um conjunto de dissabores de tal ordem que, direta ou indiretamente, acabaram por afetar negativamente seu segundo mandato e, de certa forma, aceleraria a chegada de Lula ao poder.
A PEC 376, que trata do assunto, vem se arrastando no parlamento desde 2009, quando tiveram início as discussões sobre a reforma política. Acontece que todos os presidentes da República em primeiro mandato usam, invariavelmente, da força e da influência política que possuem no Congresso para empurrar essa discussão para frente, para o próximo candidato, e com isso o tema permanece sendo adiado sine die, prolongando também as agruras e as instabilidades políticas. Há exatamente um ano, o relatório dessa PEC era aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, mas por pressão dos líderes e do próprio governo.
Antes da eleição, a exemplo de outros presidentes, o candidato Jair Bolsonaro defendia o fim da reeleição. Depois de empossado, contudo, passou a trabalhar, desde o primeiro dia de mandato, e com afinco, para reeleger-se e não esconde isso de ninguém, E é aí que mora o problema. A PEC em tramitação propõe acabar com a reeleição para todos os cargos do Executivo – presidente, governadores e prefeitos –, aumentando de quatro para cinco anos os respectivos mandatos. Com a pandemia e a quarentena, imposta a tudo e a todos, ficou mais fácil, nesse momento, voltar a discussão também sobre a unificação das eleições gerais e municipais, bastando apenas prolongar os mandatos dos prefeitos para que coincidam com as próximas eleições.
Mas, mesmo esse tema, que vem sendo discutido há mais de dez anos dentro Congresso, não encontra unanimidade. Ao limitar os mandatos do Poder Executivo em cinco anos sem reeleição, o presidente da República não mais dispenderia esforços, tempo e recursos em busca de um novo mandato, concentrando sua atenção e atuação no presente, deixando o futuro e as incertezas para os candidatos vindouros.
Passadas mais de duas décadas da inclusão do instituto da reeleição na Constituição Federal brasileira, a percepção geral sobre essa matéria é que ela, por suas características e pelo modelo de presidencialismo do tipo coalização que possuímos, tem sido prejudicial à própria democracia, desvirtuando os mecanismos de eleições, favorecendo candidatos no poder, criando um clima de animosidade, cada vez maior, nas disputas entre outros malefícios para nossa democracia.
O uso claro da máquina pública, apesar da legislação, é outro fator a desmerecer esse instituto que, para muitos, não apenas compromete a moralidade pública, como também influi negativamente na probidade administrativa, na igualdade dos pleitos, contribuindo ainda para o abuso do poder econômico e de autoridade, além de obstruir a renovação necessária dos quadros políticos.
A frase que foi pronunciada:
“Tenho visto óperas na Inglaterra e na Itália; são os mesmos enredos com os mesmos atores: mas a mesma música produz efeitos tão díspares nos habitantes dessas duas nações que parece inconcebível – uma delas tão calma, a outra tão entusiástica(…) Um moscovita precisa ser chicoteado para que comece a sentir qualquer coisa.”
Montesquieu foi um político, filósofo e escritor francês.
Solidariedade
Dia 6, nesse sábado, a Confraria Panelas da Casa, em parceria com a Cervejaria Colombina e a Pulso Distribuidora, fará um evento beneficente em prol dos trabalhadores do setor de bares, lanchonetes e restaurantes do Distrito Federal. Ao todo, doze restaurantes da capital serão pontos de troca para arrecadar alimentos não perecíveis que serão destinados para os funcionários mais necessitados das unidades fechadas devido à pandemia causada pelo novo coronavírus. Veja a lista dos pontos de entrega a seguir.
–> Atenção Brasília, vai rolar Chopp Solidário Colombina em parceria com o Festival Panelas da Casa! A ação tem como objetivo arrecadar alimentos para os funcionários de Bares e Restaurantes, categoria que esta enfrentando grandes dificuldades no cenário atual de isolamento social. A cada 2kg de alimentos não perecíveis (exceto sal) doados, o participante receberá 1 litro de chope Colombina, enquanto durar o estoque.
Drive Thru
Data: 06/06
Horário: 10h às 16h
Pontos de Troca:
1- El Paso – CLS 404
2- Cantucci – CLN 403
3- Carpe Diem – CLS 104
4 – Santé – CLN 413
5- Bem te vi – CLS 408
6 – Marvin – CLN 110
7 – Dona Lenha – CLS 202
8- Nossa Cozinha Bistrô – CLN 402
9 – Grano & Oliva – CLN 403
10- Dom Francisco – CLS 402
11 – Belini Pães e Gastronomia – CLS 113
12- The Plant – CLS 103
Apoio: Panelas da Casa e SESCHOC
*Limite de 2 Litros por CPF
* Não aceitaremos sal
Demais
Sobra liberdade nos supermercados. Os preços alcançam números inviáveis. No Extra, a marca mais conhecida do arroz alcança R$20. Seja crise econômica, crise elétrica, crise de caminhoneiros, pandemia, qualquer má notícia termina no bolso do cidadão.
A migração
Leia na íntegra, a seguir, as ponderações do professor Aylê-Salassié F. Quintão sobre o tempo em que a Educação à distância engole a escola presencial. “Cinco anos depois de ser demitido do quadro docente de uma universidade, onde havia sido professor por 15 anos, ao retornar ao campus, à convite, para receber uma homenagem, alguém me consultou se eu estaria disposto a voltar. Minha resposta foi rápida e rasteira”, diz o professor, instigando o leitor.
–> Educação à distância está engolindo a escola presencial
Aylê-Salassié F. Quintão*
Cinco anos depois de ser demitido do quadro docente de uma universidade onde havia sido professor por 15 anos , ao retornar ao campus , à convite, para receber uma homenagem, alguém me consultou, se estaria disposto a voltar . Minha resposta foi rápida e rasteira:
– Não.
– Por quê!
– É uma questão de “time” (momento adequado)
A sala de aula não era mais o meu lugar. Não que estivesse zangado ou que me sentisse mais importante. Acabava de escrever o livro “Rupturas”, mostrando mudanças estruturais que estavam ocorrendo, na educação inclusive. Concluíra que era ainda um analógico. Irritava-me ver os alunos manuseando telefones celulares em sala ou fotografando os conteúdos inscritos no quadro ou projetados em power point.
Descobri que gente de fora da classe presencial assistia minhas aulas, em tempo real, por meio da internet e, sem constrangimento, até davam palpites sobre o conteúdo. A demissão fora um prêmio. Desafogara a ansiedade – vinda dos “tempos brabos” da vigilância policial – e, com a indenização trabalhista reforcei meu caixa, que estava baixo.
Ora, essa pandemia e esses debates inócuos promovidos, dentro do Aparelho de Estado, é enganação. Tentativas de desviar a atenção de um cenário desafiador , que tende a afetar as estruturas de Poder, as rotinas sociais e as políticas públicas. A educação não será exceção. Não se resumirá às tentativas de descobrir soluções para finalizar o calendário de 2020, mas para o que virá a partir de 2021. O convid 19 está ajudando a desmistificar alguns segredos protegidos no espaço do Estado e, particularmente, na educação brasileira
Metade, pelo menos, do corpo docente das escolas de nível superior não sabe manusear as ferramentas digitais que estão desembarcando por aqui. Em razão das novas tecnologias, as demandas pedagógicas passam a requerer outros conhecimentos , novas estratégias e habilidades compatíveis com o desenvolvimento do sistema produtivo e das relações na sociedade. Convive-se no meio acadêmico brasileiro com um tipo de aristocracia aburguesada que fetichiza a ideia de que a universidade destina-se preparar massa crítica de professores e pesquisadores , e não profissionais para o mercado de trabalho.
A partir de 2021, essa questão vai ter de ser repensada – e desde o ensino médio – a exemplo da velha reforma do ensino de 1º e 2º graus, feita sob encomenda para atender ao Programa Nuclear Brasileiro, que introduziu novas tecnologias e habilitações específicas de alta qualificação .
Caiamos na real. O corona vírus tirou a economia da ilusória trajetória da recuperação. Os produtos agrícolas estão voltando à liderança, registrando-se, ao contrário, quedas significativas na produção industrial e dos serviços. Projeta-se , para 2020, uma redução do Produto Interno Bruto do Brasil entre 6 à 7 % (Fundação Getúlio Vargas) e, para o 2º semestre, de 12 a 16 % (Bancos Goldman Sachs, UBS, XP Investimentos). Até o Itaú está calculando menos 10,6%. Last but not least, a dívida bruta de governo ( União , estados e municípios) vai atingir este ano o patamar de 79,7 % do PIB, conforme previsões do Banco Central . Por menos , muitos quebraram.
Isso tudo vai refletir na educação e revelar distorções históricas ( injustiças e privilégios) que os discursos ideológicos escondem da sociedade. Em que pese o véu das cotas para pessoas de cor, indígenas e deficientes, as universidades públicas continuam a abrigar uma maioria de estudantes originários das categorias de renda mais alta – acessam à internet, os smartphones o Whats App e outras tecnologias – e que, por isso, não tiveram o semestre interrompido, senão algumas disciplinas. As aulas são on line.
Os estudantes filhos de famílias mais humildes utilizam, no máximo, um telefone celular sem aplicativos adequados. O preço dos equipamentos os deixam de fora. De acordo com a Anatel, existem no Brasil ainda 70 milhões de pessoas com acesso precário ou sem acesso à Internet. Cerca de 23 milhões nunca chegaram lá. Nem sabem o que são redes de conexão digital. Considerada a renda familiar, somam 59 milhões. No meio rural são 56 milhões. Trinta milhões ainda usam tecnologias 2G. Observe-se que estamos entrando na 5G.
As diferenças vão refletir cada vez mais no seletivo mercado de trabalho e nas relações sociais, gerando instabilidades e conflitos inesperados. Esse caminho começa a ser traçado no ensino médio, com a educação primorosa nos onerosos colégios particulares e cursinhos frequentados pelos ricos. Apenas 8% dos alunos do ensino médio estão matriculados em programas vocacionais.
A universidade inverte essa equação. São 8 milhões de estudantes, mas a ociosidade está perto de 40 por cento. A evasão também . Enquanto isso o ensino superior à distância (EAD) cresceu, desde o seu aparecimento, há 15 anos, em 2.000 por cento: pulou de 100 mil para dois milhões de estudantes , e oferece mais vagas dos que as escolas presenciais.
O que se pode esperar da volta às aulas presenciais ? Um aumento da reprovação dos mais pobres e uma deserção em massa de quem paga para estudar. Quem for brasileiro siga o raciocínio – meio catastrófico, sim – mas não se deixe ser surpreendido.
*Jornalista e professor
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Já está na hora de a Novacap reaver as chácaras distribuídas injustamente á quem não quer nada com a terra. O que é fato, enquanto muita gente mora no Rio possui chácaras em Brasília, sem produção, candangos desesperados cometem excesso e invadem a área do cinturão verde do Distrito Federa. (Publicado em 09/01/1962)
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Uma das questões mais importantes neste momento, e que vem sendo posta sobre a mesa de várias lideranças pelo mundo afora, diz respeito às relações de trabalho, de empregos e de como se darão os processos de geração de bens e serviços, tanto na prestação de serviços públicos quanto, e principalmente, na iniciativa privada, que é, na verdade, a grande produtora e o motor de geração de riquezas de um país.
Já vislumbram, em outras partes do planeta, menos por aqui, devido ao conjunto de crises paralelas, geradas artificialmente, a possibilidade de mudanças radicais que virão nas relações de trabalho em todos os níveis. Isso engloba também assuntos como a extinção de alguns modelos de serviços, bem como a criação de novos tipos, com mudanças que irão afetar ainda mais a especialização do trabalho, e que aqui eram pouco exploradas. É dado como certo, em muitos países, que o que pensamos hoje com relação à produção de bens e de serviços pode não ter acolhida certa num mundo pós-pandemia.
De previsível e certo, o que se espera, para imediatamente após a crise de saúde, é um aumento generalizado da pobreza em todo o mundo e, particularmente, em países com o nível de desenvolvimento do Brasil; isso inclui, obviamente, todo o continente sul-americano no entorno de nosso país. A questão ainda em suspense é saber até quando o mundo estará submetido a essa doença, o que inclui nessa questão, também, as dúvidas quanto ao que se anuncia como sendo uma verdade: que haja uma segunda onda de contaminação, o que muitos cientistas estão prevendo para acontecer em seguida.
Claro que, dentro de um quadro de mudanças na maneira de produzir, irá ter influência direta na forma do consumo. Pesquisadores são unânimes em reconhecer que não haverá a tão esperada normalidade, até que haja a disponibilidade de medicamentos absolutamente seguros.
Desde a pré-história, é sabido que os humanos só colocam a cabeça para fora da caverna quando estão certos de que o perigo externo já passou e isso não será diferente hoje. Há, nessas questões prementes, itens que podem complicar ainda mais todo o quadro, como é o caso do complexo e interligado sistema financeiro que possuímos hoje e que está por trás das economias em todo o mundo. Trata-se de um mecanismo delicado, assentado em algo frágil como papel e que terá, necessariamente, que buscar lastros reais para subsistir nos novos tempos.
À priori, o que os economistas estão de acordo é que é preciso, no momento, preservar empregos e renda. O estímulo à economia depende disso. Como em toda e qualquer crise do passado, as pessoas e os governos foram apanhados de surpresa. Do contrário, teriam diminuído as consequências desse e de outros contratempos do passado.
Assunto como o teletrabalho, anteriormente desprezado pelas autoridades como ferramenta de produção, encontra-se hoje em pleno avanço, no Brasil e em outros países, aplicado em todas as áreas, mostrando uma capacidade enorme e inusitada para a geração de bens e serviços, economizando e otimizando antigos modelos de produção.
O que não se pode mais descartar hoje, e que poderá significar um aprendizado histórico, é quanto à questão da plena saúde da população, não da parcela mais rica que pode contar com planos de saúde, mas, principalmente, das camadas com renda mais baixas e que representam hoje a grande massa de trabalhadores responsável pela movimentação do grosso da economia e que são a base de sustento do país.
Se mudanças vierem de fato para revolucionar a sociedade e o modo de produção e consumo, terão, obrigatoriamente, que começar por uma transformação profunda e eficaz em todo o sistema de saúde pública. Nesse setor, as mudanças terão que ser radicais, com uma supervalorização do SUS, o que englobaria o fortalecimento das universidades voltadas às ciências da saúde, das pesquisas, passando, inclusive, por um forte incremento das indústrias de produtos medicinais, sobretudos aqueles com suporte direto do Estado.
A frase que não foi pronunciada:
“Será que há alguma relação do ouro roubado no aeroporto de Guarulhos, em setembro de 2019, com a Covid-19?”
Filósofo de Mondubim, de onde estiver, com mania de perguntar. Como todos os filósofos devem fazer.
Nada
Transeuntes na rodoviária estranharam um aparelho que capta a temperatura corporal e reconhece rostos sem máscaras. Curiosos viram que o equipamento é chinês, mas o secretário de Cidades, Fernando Leite, esclareceu que não custou nada para a cidade.
Aporte
Nota legal liberada. Os resgates em dinheiro, em tempos de crise, serão maiores, segundo a Secretaria de Economia. O prazo para inscrever a conta corrente ou poupança para depósito vai até o dia 30 desse mês.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os planos do Ipase para este ano incluem a construção de mais de trezentos apartamentos em Brasília. Os outros Institutos ainda não se pronunciaram quanto ao Distrito Federal. (Publicado em 09/01/1962)
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Aos poucos, aquilo que os brasileiros mais ciosos temiam vai acontecendo, num crescendo inquietante e perigoso para o país e que, seguramente, irá nos remeter de volta à eterna marcha em círculos e para trás. Depois de tentar criar um partido para chamar de seu, onde pudesse dar as cartas conforme o humor de cada dia, o presidente da República convocou seus antigos aliados de volta, chamando o Centrão para dentro do governo, na tentativa de criar uma base parlamentar artificial e argentária para afastar o fantasma de um possível impeachment.
Esse grupo informal, composto por aproximadamente metade da Câmara dos Deputados, é formado por variadas siglas, cuja a maior característica passa longe de qualquer viés ideológico, exibindo tão somente uma capacidade impressionante de, como hospedeiro parasita, unir-se a todo e qualquer governo e dele extrair o máximo de vantagens possíveis, muitas delas, para dizer o mínimo, pouco éticas.
É a volta, triunfal, daqueles que nunca foram embora e que só estavam deixados de lado para eventuais necessidades, como é o caso do momento. Pelo perfil desse grupo expressivo, dá para se certificar que será, no máximo, o mais do mesmo, só que a preços exorbitantes, dado o momento de agonia geral e de pouca atenção a fatos dessa natureza que se acreditava página do passado para ser esquecida.
Nesse “novo” acerto, caberá ao Executivo o de sempre: a distribuição de cargos dentro da máquina pública, principalmente naqueles nichos onde os recursos são vultosos e as chances de reedição de um passado já conhecido é certa. O que se diz em período eleitoral é, para a maioria dos políticos brasileiros, para ser deixado de lado, assim que a urnas asseguram um mandato. O que havia de pior na política nacional, no dizer do então candidato, é agora tábua de salvação em meio às dezenas de pedidos de impedimento, até agora engavetados no parlamento. Na verdade, a possibilidade real desse processo fez a cotação do atual presidente subir muito. O preço cobrado para dar apoio a um governo, que parece instável, é, seguramente, alto.
O mapa da mina são os órgãos de segundo escalão. Personagens conhecidas dos brasileiros, por denúncias diversas de malversação de dinheiro público, estão de volta à cena ou, mais precisamente, aos bastidores, de onde passaram a indicar seus afilhados, todos, obviamente, com uma missão precisa a ser cumprida. É o que se pode chamar de escândalos anunciados em armação.
Depois do Covidão, em que recursos públicos, destinados ao combate ao coronavírus, vão sendo desviados para outros fins, o que se anuncia agora e para depois da pandemia, com essa reaproximação inepta, é a repetição de muitos atos tristes do nosso passado recente, mas que integram a fórmula do que se convencionou chamar de presidencialismo de coalizão, o que pode ser traduzido também por “é dando que se recebe”.
A lista de postos-chaves distribuída a esse grupo pantagruélico é extensa e vem aumentando a cada dia, à medida em que as pressões sobre o atual governo aumentam. É preciso reconhecer também que o preço cobrado, para pôr em funcionamento essa coalizão, aumenta cada vez que o próprio presidente abre a boca ou à medida em que a Polícia Federal avança nas muitas frentes de investigação contra o chefe do Executivo e sua família. Trata-se de uma reedição de uma novela já vista e que não agradou à população, justamente porque teve como desfecho a impunidade geral desses canastrões. De diferente nessa nova versão, tem-se que o militares, que estavam afastados da cena política desde a redemocratização, ver-se-ão necessariamente engalfinhados nesses escândalos vindouros.
A frase que foi pronunciada:
“Os fatos e as datas são o esqueleto da história; os costumes, as ideias e os interesses são a carne e a vida da mesma.”
G.M. Valtour, escritor francês do séc. XIX
Preocupante
Lago Norte, Guará e outras regiões enfrentam onda de dengue. Piscinas não tratadas, lotes abandonados… Falta de consciência ainda é a cultura. Os casos da doença aumentaram, chamando para uma intervenção definitiva. Fumacê é rejeitado.
Covid-19
Entre os dias 1º a 5 de junho, terá início a Testagem Itinerante em 17 áreas vulneráveis do Distrito Federal. Na Ceilândia, Paranoá, Sol Nascente, Brazlândia, Itapoã, São Sebastião, Estrutural, Recanto das Emas, Taguatinga e Arniqueiras. Algumas áreas da Zona Rural também serão atendidas. Veja o quadro completo a seguir.
Melhorias
Sol Nascente é uma região totalmente desprovida de urbanização. Crateras, lama ou poeira sempre foram dor de cabeça para os habitantes. Agora, a Região Administrativa começa a receber mais atenção das autoridades. Terraplanagem e pavimentação são prioridades naquela região.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Podia, isto sim, a Novacap utilizar o excedente de leite para fazer doces em sua fábrica ano Ipê. (Publicado em 08/01/1962)
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Não é incomum que transgressões como corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, estelionato e outros crimes correlatos se encontrem para acertar a melhor forma: ou de branquear os recursos desviados, ou combinar novos modus operandi de tornar essas operações mais invisíveis ou lucrativas para todos.
O corrupto necessita do doleiro ou de um empresário ladino para disfarçar os recursos surrupiados. O doleiro, ou o empresário, necessita do político corrupto para agilizar e dar aparência legal aos seus desatinos. De fato, num tempo indeterminado, ou outro ponto qualquer, todos acabam mergulhando em águas turvas e se confraternizam, festejando o resultado do butim.
Quando o ministro Abraham Weintraub disse: “Eu não quero ser escravo nesse país. E acabar com essa porcaria que é Brasília. Isso daqui é um cancro de corrupção, de privilégio. Eu não quero ser escravo de Brasília. Eu tinha uma visão negativa de Brasília e vi que é muito pior do que eu imaginava.”, essa Brasília a que se referiu o ministro é a que abre os braços para receber os políticos eleitos pela população do país. Nenhum deles ocupa lugar no Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional ou no Palácio do Planalto sem legitimidade.
A capital tem sido esse ponto de encontro de gente de todos os estados, onde essas agendas, que desagradam aos eleitores, se dão regadas a acepipes e vinhos de altíssimos valores. Exemplos dessa prática malcheirosa são abundantes nas cercanias do poder, nos chiques restaurantes, nos hotéis de luxo e em outros lugares exclusivos. Interessante nesse caso não é, precisamente, nem o tempo, nem o lugar onde esses encontros se dão, mas o próprio fato deles se repetirem num compasso até monótono. Muitos desses convescotes têm ocorrido nas residências oficiais, onde, de comum acordo, todos deixam seus celulares na entrada.
Somente o fato de existirem encontros dessa natureza, longe do olhar e dos ouvidos do povo, num país que se declara como República, já é bastante insólito e estranho. A questão aqui é que, de uma forma ou de outra, esses indivíduos, sejam eles identificados como notórios corruptos, ou doleiros de alto calibre, ou mesmo políticos inocentes, acabam se misturando nessas festas, bebendo e brindando o ano proveitoso para todos. A interdependência desses elementos assegura, a todos em conjunto, à própria sobrevida do grupo. Poderosos politica ou financeiramente se protegem mutuamente. Enquanto uns conferem o cartão verde e os passes livres aos articuladores dos recursos que voam livremente de um ponto a outro, outros garantem o azeitamento com farto dinheiro para que esses próceres da República não se preocupem com questões banais como moedas.
As revelações produzidas, quer pela Operação Lava Jato e congêneres, quer pela própria delação feita de muitos acusados, têm ensinado muito sobre esses cruzamentos entre o poder e o dinheiro. Na verdade, existe um ponto geográfico bem determinado e em comum, onde todos esses personagens atuais da história brasileira se encontram e realizam a fase final de seus crimes, quer fisicamente ou apenas na forma de fantasmas. Esse ponto específico, já por demais devassado ao longo dos anos, era nada mais, nada menos do que os cofres do Tesouro Nacional, onde a população confia compulsoriamente suas economias e onde as raposas deitavam e rolavam ao som do Hino Nacional.
A frase que foi pronunciada:
“Quem entra a introduzir uma lei nova não pode tirar de repente os abusos da velha”
Pe Antonio Vieira, religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus.
Insustentável
Escolas pressionam pais para continuarem a pagar a mensalidade da criançada da primeira infância. Meninos e meninas de 4 anos continuam recebendo aulas online com diretores irredutíveis em dar desconto, mesmo que as mães estejam exercendo o papel dos professores, orientando as tarefas. A iniciativa é tão insidiosa que há ameaças, lembrando que crianças de 4 anos precisam obrigatoriamente estar matriculadas. Ou o governo toma uma medida sobre esse assunto, ou a volta à normalidade vai ser outra guerra.
Boa solução
Com os parques fechados, núcleos familiares de moradores do Sudoeste se aninham em sombras do Eixo Monumental para piquenique ou simplesmente espairecer. Brasília já é uma cidade parque.
Igrejinha
Maio quase no fim e a festa da Igrejinha não aconteceu no Mês Mariano pela primeira vez.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O caso do leito desse supermercado não foi bem explicado. O leite está se perdendo por falta de refrigeração, e não deve ser reduzida a cota, porque na entre safra haverá dificuldade haverá dificuldade para receber a quantidade necessária ao consumo da cidade, como aconteceu no ano passado. (Publicado em 08/01/1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil
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No longo roteiro seguido pelos governos venezuelanos de Hugo Chaves e de Nicolás Maduro até a implantação total da ditadura farsesca e sanguinária naquele país, eram frequentes os episódios de perseguição e ameaça a uma parcela da imprensa que se mostrava crítica e temerosa sobre o desenrolar dos acontecimentos. Vieram num crescendo que prenunciava, seguramente, que o ovo da serpente, que vinha sendo chocado por etapas, já se encontrava prestes a romper. Vale lembrar que os episódios divulgados eram de chocar o mundo.
Enquanto a população passava fome, Maduro, nababescamente, fartava-se em restaurantes que cobravam o que grande parte do seu povo não tinha condições de ter nem por anos de trabalho. Hugo Chaves, em duas décadas de liderança, pautadas na revolução bolivariana, deixou pegadas da corrupção de seu governo com cifras divulgadas pela mídia, que beiravam 450 bilhões de dólares.
No início, as ameaças vindas desses dois déspotas eram feitas de modo velado, procurando criar o medo entre os jornalistas e o temor de que, a qualquer momento, algo de ruim iria acontecer com eles ou com seus familiares. Depois, essas intimidações passaram a ser executadas, colocando os mecanismos de controle do Estado para esmiuçar e perseguir a vida pregressa de jornalistas e de empresários da comunicação.
O fisco daquele país e os órgãos de inteligência eram direcionados para espionar cada movimento desses profissionais, enquanto os ratos roíam as roupas da população desesperada. Empreendiam escutas telefônicas, seguiam os profissionais da comunicação pela cidade e, não raramente, se deixavam mostrar que estavam realizando todo esse trabalho sujo e que nada adiantaria procurar proteção contra essas invasões de intimidade.
Acuados, restavam aos jornalistas mais corajosos recorrerem às organizações internacionais de imprensa e às cortes estrangeiras para cessar essas ameaças à integridade de cada um. Tudo em vão. Não havia nada a fazer, a não ser protestar e ouvir do governo que essas ameaças simplesmente não existiam, sendo fruto da imaginação fértil daqueles que escreviam.
Passou-se a uma fase posterior mais aberta e descarada, em que as ameaças se convertiam em agressões físicas e ao patrimônio dos jornalistas. Na sequência, os poucos que ainda resistiam em nome da liberdade de imprensa perdida, mas não olvidada, as agressões se consumaram em prisões, desaparecimentos e mortes. Para dar um verniz natural para aquilo que nunca será natural e aceito, o governo facínora plantava, no meio da população, a narrativa de que aqueles que haviam sido presos, desaparecidos ou mesmo mortos em acidentes foram por escolha própria, porque ousaram difamar a pátria e seus mais altos valores.
A fim de criar um ambiente favorável às medidas duríssimas que impunha ao que restou de imprensa crítica, o governo venezuelano insuflava a população contra esses profissionais, mentindo e propagandeando que eles faziam parte de uma elite que planejava destruir o país e o governo popular. Aliás, a mentira é a palavra-chave, enxertos em textos alheios também funcionavam como cerceamento à liberdade de imprensa. Essas eram as estratégias mais viáveis, enquanto a corrupção continuava a passos gigantescos.
Esses dois ditadores, suspeitos de serem alguns dos maiores corruptos que a América do Sul já abrigou, incitavam a população inculta e fervorosa a atacar os jornalistas e qualquer órgão de imprensa que ousasse tecer comentários sobre a real situação do país, escondida de todos por longos discursos diários, repletos de ilusões e fantasias. A história conta que os déspotas roubavam, matavam e destruíam.
Jornais, canais de televisão e rádios independentes foram depredados, seus proprietários, presos ou exilados. Propriedades foram confiscadas. A imprensa livre, simplesmente, desapareceu do horizonte. Obviamente que todo esse roteiro de horror seguiu o receituário prescrito pelos milhares de consultores, importados de Cuba, que passaram a ensinar, aos novos tiranos do continente, os mecanismos para colocarem um fim na diversidade de opinião, tão nefasta àqueles que almejam a tirania de um Estado absoluto. Nada diferente do que já foi perpetrado contra outros povos, em outros tempos, e que resultaram no banho de sangue que se seguiu.
Já no Brasil, país sui generis, o corte abrupto da corrupção tem catalisado o ódio, a revanche e até facada. Até agora nada disso deu certo.
A frase que foi pronunciada:
“Curar a doença britânica com socialismo era como tentar curar leucemia com sanguessugas”.
Margaret Thatcher, ex-primeira ministra britânica
Lembranças
Maria do Barro foi secretária de Ação Social na década de 80. Uma mulher que marcou a vida de muita gente pela forma com que trabalhava. Quem precisava de tijolos ajudava a fazer as telhas. Se pedisse telhas a ela, era convidado a ajudar na horta comunitária. Todos se sentiam úteis, necessários e capazes. Descobrimos um vídeo simples, feito pelos que conviveram com essa mulher extraordinária. Assista o vídeo a seguir.
Da capital
Campus Party em Brasília será o centro brasileiro da primeira edição online. Dessa vez, o maior evento de tecnologia e conectividade terá mais de 30 países acompanhando virtualmente as atividades.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Mesmo depois do escândalo, mesmo depois do roubo, a Novacap ainda não instalou as câmaras frigorificas no Supermercado UV-2. (Publicado em 08/01/1962)
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Com a decisão, tomada nessa quarta-feira (27), autorizando buscas e apreensões contra aliados do presidente Jair Bolsonaro, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, abriu mais um capítulo no já conturbado e delicado mundo das mídias sociais. A questão é tão polêmica e surpreendente quanto o próprio ambiente virtual, onde mentiras, intrigas, difamações e mesmo verdades convivem de forma caótica, concorrendo, com igual potencial, para provocar estragos bens concretos no mundo real.
A entrada das redes sociais no ambiente político das campanhas, das eleições e dos mandatos, principalmente no Brasil, onde normas e leis não exalam a capacidade de se fazer cumprir, não poderia resultar em nada diferente do que está aí exposto. Num país onde o fenômeno da difamação já é um fato histórico, percorrendo todo o nosso caminho desde a chegada de Cabral em 1500, o advento das mídias sociais, originária de um planeta virtual, veio para embaralhar, ainda mais, nossa trajetória política e, desde então, tem sido usada não como mais uma ferramenta de construção de nossa democracia, mas como arma para erguer e enterrar aliados e opositores, ao simples apertar de um botão ou acionar de um robô.
O que o ministro Moraes enxerga agora como uma real associação criminosa comandada a partir do chamado gabinete do ódio é, na verdade, um novo modus operandi de se fazer política, segundo o receituário brasileiro de sempre, somente substituindo a pena pela tecnologia de hoje. Trata-se de um problema novo que exige também uma nova e adaptada abordagem legal para deter abusos que, ninguém nega, são abundantes e contínuos. Candidatos como o atual presidente, eleito principalmente com a ajuda desses novos mecanismos virtuais, passam a necessitar também desses mesmos meios para se manterem vivos no mundo real. E esse é um problema originário do mundo virtual, que necessita de providências urgentes no mundo concreto e real.
Não é segredo para ninguém que o atual presidente da República tem, nas mídias sociais e na interlocução que mantém nesse ambiente, seu principal pilar e suporte político. Desprezado por políticos e por parte da grande mídia, o presidente encontrou no nicho virtual, praticamente, seu único apoio e nele vem investindo grande parte de seu tempo. Não por outra, esse setor, em especial, foi confiado diretamente a um de seus filhos, que exerce essa função como uma espécie de ministro das comunicações fantasma. A operação dessa quarta-feira, ordenada pelo STF, mira justamente essa indústria de fake news e, mais precisamente, os conteúdos dessas mídias com ameaças claras à Corte e contra todos aqueles pespegados com o rótulo de opositor ao governo.
A divulgação de mensagens de ódio, subversão e de incentivos à quebra da normalidade institucional democrática está entre as razões que levaram a mais alta Corte do país a dar início a uma contenda, opondo o mundo real das letras jurídicas ao universo tênue e melífluo das redes sociais, o que, de certa forma, traz de volta a luta onírica de D. Quixote contra os moinhos de vento, vistos como dragões poderosos.
No âmbito do Inquérito 4781, o ministro e relator desse espinhoso caso mira, nesse momento, o coração e a base de sustento virtual do próprio governo, entendido pelo magistrado como uma organização criminosa que opera com a ajuda de robôs. Se a verdade está acima de tudo, que venha.
A frase que foi pronunciada:
“Dinheiro só vai onde volta mais gordo.”
Tancredo Neves, político brasileiro
Na ponta do lápis
Quando um casal decide rever as contas e prioridades a pagar, até a escola das crianças sai da lista se houver alguma dívida bancária. Os juros são exorbitantes e, apesar de todas as leis e regulamentações proibirem, o juro sobre juro permanece de forma velada.
No papel
Para se ter uma ideia em números, as multas, juros e prazos até o corte de serviço são monitorados. Cheque especial, por exemplo, tem os juros regulados por diretrizes do Conselho Monetário Nacional. Desde janeiro desse ano, ficou proibido que instituições financeiras cobrassem taxas acima de 8% ao mês pelo serviço. Ao ano equivale a 151,8%, um valor estratosférico em tempos de pandemia para uma instituição que não devolve nada ao cidadão apesar de obter lucros generosos.
Pesadelo
Deixar de pagar o cartão de crédito é a pior das ideias. Segundo o Banco Central, com a taxa de juros da opção de pagamento pelo rotativo, pagando no mínimo 15% da fatura antes do vencimento, os juros podem alcançar a marca de 790% ao ano.
No mais
Em comparação com os juros cobrados pelo banco, o atraso por um mês na conta de internet ou celular é de 2% do valor total da cobrança mais a correção monetária e mora, que não ultrapassa 1% ao mês. A multa pelo atraso da conta de luz é de, no máximo, 2% do valor da fatura. Correção monetária, juros e mora obedecem ao limite de 1% ao mês.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Em frente à Rádio Nacional há um poste de madeira ameaçando cair. A solução que encontraram foi colocar um fio de sustentação (pasmem) com a base presa exatamente no meio da calçada, impedindo o trânsito de pedestres. (Publicado em 08/01/1962)
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Quando veio à tona o escândalo do Mensalão, revelando o fato aterrador do Poder Executivo estar comprando, com maços de dinheiro vivo, o apoio político de parte significativa do parlamento, não houve um só dia, de lá para cá, em que não chegasse, ao grande público, novas e intermináveis denúncias de corrupção. A maioria dessa torrente de denúncias envolve quase sempre os mesmos personagens, formados por políticos e empresários.
Para um país como o Brasil, caminhando há anos no limbo entre a realidade e as versões, o que a sociedade já tem claro em sua avaliação da cena nacional é que a corrupção está por detrás de todos os males que nos afligem. Sabe também que seus representantes legais são os responsáveis diretos por esses fatos. Bolsonaro aparece, com coragem suficiente, para enfrentar esse cenário e recebe, da população, voto de crédito para governar.
O que a experiência mostra, aqui e em diversos países, é que, sem a participação da sociedade, a tarefa de combate à corrupção é praticamente impossível, dada a amplitude desse fenômeno, sua rede de proteção interna e externa e, no nosso caso, a conhecida morosidade e a leniência de nossas leis.
A Transparência Internacional, que tem, entre suas metas, a luta contra a corrupção na política, nos contratos internacionais, no setor privado, nas convenções internacionais e nas questões de pobreza e de desenvolvimento, há anos vem alertando para o fato de que os seguidos casos de corrupção, detectados nas últimas décadas no Brasil, contribuíram para o aumento da desigualdade social e da miséria, com reflexos extremamente negativos para o desenvolvimento. No caso específico da Petrobras, o esquema do chamado Petrolão mostrou que a corrupção obedece a um padrão sistêmico na relação entre o setor privado e o poder público, em que a prática do suborno acaba criando novos ambientes de negócios que privilegiam determinados grupos, distantes e contrários ao interesse público, o que resulta sempre em distorções e desigualdades.
No longo roteiro seguido pelos governos venezuelano de Hugo Chaves e de Nicolás Maduro até a implantação total da ditadura farsesca e sanguinária naquele país, os episódios de perseguição e ameaça, a uma parcela da imprensa que se mostrava crítica e temerosa sobre o desenrolar dos acontecimentos, vieram num crescendo que prenunciava, seguramente, que o ovo da serpente, que vinha sendo chocado por etapas, já se encontrava prestes a romper. No início, as ameaças vindas desses dois déspotas eram feitas de modo velado, procurando criar o medo entre os jornalistas e o temor de que, a qualquer momento, algo de ruim iria acontecer com eles ou com seus familiares. Depois, essas intimidações passaram a ser executadas, colocando os mecanismos de controle do Estado para esmiuçar e perseguir a vida pregressa de jornalistas e de empresários da comunicação. O fisco daquele país e os órgãos de inteligência eram direcionados para espionar cada movimento desses profissionais. A corrupção não admite a verdade.
Outro aspecto que se revela, quando os setores públicos e privados passam a agir em desobediência às leis e à ética, reflete-se sobre a infraestrutura, criando uma espécie de colapso nesse setor, com obras de baixa qualidade, superfaturadas, inacabadas, o que deixa de atender aos interesses presentes. Os efeitos da corrupção sistêmica não se esgotam em seus efeitos puramente econômicos, mas se estendem para todos os setores da vida do país, havendo, inclusive, uma correlação evidente entre corrupção e violação dos direitos humanos.
A frase que foi pronunciada:
“O subterrâneo do Brasil é mais movimentado do que a superfície.”
Aureliano Chaves, ex vice-presidente do Brasil
Aula em casa
Mais uma vantagem trazida pela experiência da quarentena é a possibilidade de regulamentação do homeschooling: pais que preferem ensinar os filhos em casa. Depois, as crianças fazem uma prova para que se tenha certeza de que cumpriram a grade escolar.
Árido
Como estão tristes as ruas principais de Taguatinga. A fiação aérea e a falta de verde são um choque para quem conheceu aquela cidade em outros tempos. A falta que faz o urbanismo para uma população pode ser vista ali. Na Samdu mesmo.
Entrevistas
Romeu Zema, governador de Minas Gerais, tem dado um baile de política limpa. A população não para de elogiar e se sentir segura.
Desespero
Luta que não para. Atorvastatina Cálcica desapareceu das farmácias deixando pacientes, com doença cardiovascular e níveis elevados de colesterol, completamente desamparados. Nenhum laboratório oferece o medicamento. Morbidades são de alto risco e extremamente vulneráveis ao Covid-19. E agora?
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os jornais cariocas anunciam com grande alarde que onze pessoas ficaram loucas num só dia na naquela cidade. E é pra lá, que o dr. José Bonifácio quer levar o Distrito Federal. (Publicado em 08/01/1962)
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Qualquer aluno de economia, no primeiro ano da faculdade, sabe muito bem que uma economia estatal, ancorada nas diretrizes burocráticas de um Estado de partido único, não guarda similitude alguma com economias liberais, onde a livre concorrência está na base da geração de riqueza desse tipo de mercado. O capitalismo do tipo comunista, é uma teoria que só poderia ter abrigo na mente erma de petistas e outros adeptos da esquerda esquizofrênica.
Nessa empreitada quixotesca entre o PT e o Partido Comunista Chinês, onde aquele país foi reconhecido como economia de mercado, o balanço, depois de dez anos de duração é, como não poderia deixar de ser, nitidamente favorável aos chineses e aos planos estratégicos de longo prazo daquele partido do outro lado do mundo. Como não seria diferente também, as normas de mercado, para que esse acordo “histórico” funcionasse minimamente bem, tiveram que sofrer um processo de reengenharia econômica para serem viabilizadas.
A aplicação das normas do comércio internacional estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) sofreu alguns “ajustes”, como no caso das medidas antidumping e de salvaguardas comerciais. Na prática, as regras da OMC não são e nunca foram plenamente acatadas pela China, sendo, tanto esse país quanto a Rússia, submetidos a um regime especial ou, em outras palavras, a um “jeitinho” pela OMC.
Já naquela época, não foram poucos os brasileiros, principalmente os empresários, que passaram a alardear e a implorar para que o governo tomasse sérias medidas para proteger o parque industrial nacional, claramente vulnerável às investidas brutais daquele novo parceiro arranjado pelo PT. Tomando apenas o aspecto para a formação de preços dos produtos fabricados por aquele país do Leste, o Brasil já saiu desse acordo no prejuízo. Questões simples como o valor da mão de obra, dos direitos trabalhistas entre outros componentes dessa matemática, como é o caso do respeito à propriedade intelectual, que na China são tratados como desprezíveis, o Brasil jamais poderia se situar em pé de igualdade comercial com o novo parceiro.
Naquele distante ano de 2011, as federações das indústrias de todo o País passaram a alertar, em vão, para o perigo desses acordos a um governo totalmente surdo e inebriado pelas possibilidades “estratégicas”, que vislumbrava com a nova parceria. Os empresários eram uníssonos em afirmar que esses acordos eram, notoriamente, uma decisão de cunho político e bem distante dos liames da economia nacional. Esse fato era também reconhecido publicamente pelo próprio presidente como uma vitória sua e de seu partido no poder.
Toda aquela história, de que o Brasil seria tratado pela China como país amigo e prioritário em destinos de investimentos, foi sendo modificada à medida em que aquele país avançava sobre a economia brasileira. Dentre as vantagens prometidas pela China para atrair o Brasil petista à sua área de atuação, figurava um possível apoio para que nosso país passasse a ocupar, definitivamente, um assento como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, uma obsessão do então presidente Lula, que sonhava também vir a ser o futuro secretário-geral daquela organização.
Tudo sonho de uma noite de verão. Um olhar rápido para o que se sucedeu, dez anos depois após esses acordos, dá uma noção do que ocorreu de fato com mais essa herança nefasta legada por Lula e seus asseclas. As previsões dos produtores nacionais se confirmaram com a rápida desindustrialização do parque nacional, com o fechamento de milhares de fábricas e a demissão de milhões de empregados. Em qualquer área da produção industrial que se mire, o fechamento de empresas e falências são fatos que não se discutem.
A inundação de produtos chineses de baixíssima qualidade e a preços irrisórios destruiu vários segmentos, não só na indústria como no comércio. Com o avanço das importações chinesas, a economia nacional poderá ter sofrido um recuo de décadas, tornando-se dependente de produtos que, no passado, fabricava com muita eficiência e qualidade. Empresas calçadistas, ramo no qual o Brasil era destaque mundial pela qualidade e originalidade, simplesmente desapareceram quase que por completo. O mesmo ocorreu com a indústria têxtil. Nesse sentido, vale o que dizem a respeito dessa parceria: primeiro, dizem os chineses, nós quebramos suas pernas, depois enviamos as muletas a preços módicos.
A frase que foi pronunciada:
“O perigo do socialismo nivelador e de todas as teorias simplistas resulta especialmente de que, sendo tais teorias deveras acessíveis à alma das multidões, estas se orientam facilmente as forças cegas e devastadoras do número.”
Gustave Le Bon, polímata francês
Lembranças
Maria do Barro foi a secretária de Ação Social trazida pelo governador Roriz. Uma mulher que marcou a vida de muita gente pela forma com que trabalhava. Quem precisava de tijolos ajudava a fazer as telhas. Se pedisse telhas a ela, era convidado a ajudar na horta comunitária. Todos se sentiam úteis, necessários e capazes. Descobrimos um vídeo simples, feito pelos que conviveram com essa mulher extraordinária. Veja o vídeo a seguir.
Desespero
Luta que não para. A Atorvastatina Cálcica desapareceu das farmácias deixando pacientes com doença cardiovascular e níveis elevados de colesterol completamente desamparados. Nenhum laboratório oferece o medicamento. Morbidades são de alto risco e extremamente vulneráveis ao Covid-19. E agora?
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Quando o governo fizer pulso forte, e se decidir a meter na cadeia quem deve estar preso, proibir atos de terrorismo, punir, enfim, severamente, esses perturbadores da madrugada deixarão de existir, ou, pelo menos, acovardar-se-ão dentro de sua insignificância. (Publicado em 08/01/1962)