Autor: Circe Cunha
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil
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Na obra erudita “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, de 1936, que busca retratar as contradições históricas herdadas pela sociedade brasileira e que moldariam o caráter nacional, poderíamos, hoje, a título de apêndice, introduzir ao lado do homem cordial, que repudia o cumprimento de leis objetivas e imparciais, figura do malandro laborioso, que mesmo ciente de que sua conduta irracional trará malefícios a seus semelhantes e a si próprio, comete não só o desatino de praticá-la, mas de expor seu comportamento vergonhoso para o maior número de pessoas possível. Trata-se aqui de um personagem encontrado em quantidade expressiva em todas as camadas sociais e econômicas desse país, sempre se esmerando com grande esforço e, às vezes, com bom talento, na prática de todo tipo de crime.
Na classe política, pela exposição natural que essa função favorece, há sempre um grande número de malandros laboriosos, sempre empenhados em costuras políticas, conchavos e outros ardis próprios a essas categorias que, lá na frente, irão render vantagens e sinecuras de grande valia. Como nada nessa vida é por acaso e de graça, esses mandriões vão se perpetuando e reproduzindo nos altos escalões da República, graças à ação direta de uma miríade de eleitores descompromissados que enxergam nesses candidatos a própria imagem e semelhança.
Nas redes sociais, onde a vaidade humana parece ter encontrado espaço e palco amplos, é comum encontrar esses tipos, sempre expondo o que de pior existe em nossa espécie. Num desses posts que estão circulando nas redes, mostra uma família numerosa comemorando, com muita algazarra e muita bebedeira, o recebimento de mais um auxílio emergencial de R$ 600 do governo. Na maior tranquilidade, esses foliões fora de hora se gabam de terem torrado todo o dinheiro recebido na compra de dezenas de garrafas de bebidas alcoólicas.
No vídeo, a família de pés inchados ainda manda um cotoco de dedo para o presidente, prometendo que, no próximo pagamento, irão repetir a dose e organizar nova comemoração, dando o destino maroto a um recurso que para muitas outras famílias é questão de vida ou morte. São esses mesmos cidadãos e eleitores que reclamam da política e dos políticos quando a situação aperta e a calamidade põe fim aos dias de folguedos. O esforço que o malandro laborioso dispende para se manter, ao mesmo tempo, no centro das atenções e à margem da lei e da ética, só encontra paralelo entre aqueles que labutam arduamente e passam despercebidos, que nada recebem de auxílio e por isso mesmo não acreditam que governo algum trará soluções para seus problemas.
A frase que foi pronunciada:
“Tem reparado que falamos todos do próximo, como se nós próprios fôssemos umas perfeições?”
Lucien Biart, escritor francês (1828-1897)
W3
Está a todo vapor a obra no calçamento da Avenida W3. É muito importante, principalmente para os idosos, que seja possível a mobilidade sem riscos. A iniciativa merece aplauso. Veja no quadro abaixo da História de Brasília, registro de Ari Cunha. Há 58 anos, as árvores da W3 eram plantadas.
Todos
Psicologia para todos: Entendendo o trabalho do psicólogo e outros temas. Veja mais informações sobre o lançamento e como baixar o e-book gratuitamente, no link E-book Psicologia para Todos.
–> Chegou o dia!!!
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Com prefácio de Leonardo Abrahão (criador da campanha Janeiro Branco), saiu o e-book gratuito PSICOLOGIA PARA TODOS: Entendendo o trabalho do Psicólogo e outros temas, do qual eu sou coautor.
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O e-book tem o intuito de levar informações sobre o trabalho do psicólogo, esclarecendo as principais dúvidas que existem sobre o assunto. Você poderá saber sobre as diferenças entre um psicólogo e outros profissionais, sobre as abordagens e tipos de terapia, sobre coaching, psicoterapia online, entre outros temas.
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📘Esse e-book foi escrito com muito carinho por um grupo de profissionais competentes, fruto da Mentoria do curso @marketingparapsicologos. Eu escrevi o capítulo sobre Psicologia Positiva.
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Se você quiser receber um exemplar deste e-book, vá ao endereço bit.ly/ebookpsicologiaparatodos
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E boa leitura!
Crianças
Joailce Azevedo Waisman está em produção total durante a pandemia. Dois livros infantis, físicos, serão lançados no dia 5 desse mês pelo zoom. Veja a seguir.
Fique de olho
Um caso interessante de saúde pública acontecido na capital do país é referente à Leishmaniose. Ao se ter conhecimento do caso dessa doença, era preciso comunicar imediatamente à Saúde do DF. Hoje, são tantos os casos, que os veterinários já sabem. Se algum proprietário de cão de alguns meses de vida pedir para vacinar é porque já perdeu um animal com essa doença; e mais: a Zoonose, que está doando cachorros para adoção, não entrega o animal vacinado contra Leishmaniose.
Proatividade
Elogios para a CEB que, antecipadamente, providenciou a poda de árvores pela cidade, que estavam encostando na fiação. Agora é o momento de prevenção contra as queimadas no cerrado. Mais um mês e as notícias de incêndio vão começar.
Monitor Mercantil
Leia, no link Desigualdade social, ausência de democracia e ditadura do capital, a opinião de Maria Lucia Fattorelli sobre o assunto.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Inicia-se hoje o plantio de árvores na W-3. É a transformação da cidade, é o ingresso do verde na paisagem, é a sombra para quem caminha, é o encanto para a vista. (Publicado em 11/01/1962)
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Fôssemos estabelecer uma relação entre o funcionamento político e administrativo de um Estado à mecânica e à dinâmica de uma máquina, como um relógio, ficaria evidente, já numa primeira vista, que é na perfeita integração e ajuste de cada uma das engrenagens, isoladamente e em grupo, que se obtém os resultados almejados do conjunto. Qualquer desajuste, entre os diversos componentes que integram o Estado, compromete a unidade e o resultado final.
Sob essa perspectiva, é possível tecer uma comparação entre Brasil e alguns países do mundo desenvolvido, apenas observando o funcionamento e o desempenho de alguns desses Estados frente aos desafios da pandemia do Covid-19. Em termos de precisão de máquinas, poderíamos chegar à conclusão de que o Brasil está longe de funcionar com a presteza de um relógio suíço. Isso decorre tanto da inexistência de um sentido de grupo, quanto da falta de uma coordenação capaz de estabelecer laços de compromisso de cada um.
A máquina do Estado brasileiro funciona com cada peça ou engrenagem agindo isoladamente, de acordo com interesses próprios ou de grupos dissociados de objetivos comuns. Numa situação desregrada como essa, agravada ainda pelos seguidos casos de corrupção e falta de punição nas mais variadas instâncias, o mal funcionamento, e mesmo o colapso, da máquina do Estado é o que se tem como resultado.
No caso da pandemia, que obrigou, por hora e sine die, a paralisação de uma máquina gigantesca e burocrática, o que temos pela frente é um imenso emaranhado de peças e engrenagens desconexas, amontoadas como se fossem entulhos, similar a um ferro velho disfuncional. Mais do que uma imagem distópica, o Brasil, nesse instante, tem sido exemplo, para o mundo dito civilizado, de como não agir em caso de calamidade. Seguimos, em plena virose, com um excelente ministro, mas interino na pasta de saúde. A certificação, dada pela suprema corte, de que os estados federativos podem decidir livremente que medidas implementarem na pandemia, mais do que ajudar na descentralização do problema, criou um conjunto de novas dificuldades, envoltas, muitas delas, num nevoeiro de licitações malcheirosas.
A manipulação e o desencontro de dados, saídos dos hospitais, tanto de novos infectados, quanto de equipamentos à pronta disposição dos enfermos graves, criou um cenário de incertezas e de insegurança, que fez aumentar, ainda mais, o descrédito das autoridades, ao mesmo tempo em que abriu espaço para medidas e obras fantasiosas, das quais os hospitais de campanha são exemplos.
Numa situação dessa natureza, é certo que os entes federativos já não se entendem e que a comunicação truncada nada resolve. A única relação existente entre o poder central e os estados pode ser resumida à questão de liberação e repasses de verbas. Até mesmo o adiamento nas datas das próximas eleições só foi conseguido depois que a cúpula do Congresso prometeu contrapartidas, na forma de bilhões de reais, para as prefeituras usarem – acreditem se quiserem – no combate à pandemia.
Para amolecer o coração dos políticos, aninhados no Centrão, foi prometida, ainda, a volta dos programas de rádio e de TV para a propaganda dos partidos, tudo embrulhado num pacote argentário denominado de “acordo político”.
A frase que foi pronunciada:
“A OMS recomenda não recomendar as recomendações que foram recomendadas semana passada antes de qualquer outra recomendação. Fiquem de olho para escolher a recomendação certa e não recomendar o que não foi recomendado.”
Léo Índio postou no Twitter
Convite
Rodrigo More é o candidato do Brasil para a função de Juiz do Tribunal Internacional do Direito do Mar para o decênio 2020-2029. Veja mais detalhes a seguir.
Sem freio
Final de semana e até em dias da semana, festas acontecem em alto som no Paranoá, em plena Pandemia. É impossível que os policiais do posto local não escutem a algazarra.
Observe
Aos poucos, as notícias sobre o coronavírus vão saindo da editoria saúde e vão passando para as páginas de negócios.
Saneamento
De olho nas iniciativas do Rio Grande do Norte, a senadora Zenaide Maia afirma que o saneamento é bem-vindo, mas deve ser para todos os que precisam dele para viver melhor e não para quem quiser ter lucro. Transformar a água em mercadoria vai favorecer a falência das companhias estaduais de saneamento, lamenta. Mais informações a seguir.
–> Zenaide: “Somos a favor do saneamento, mas que ele seja para todos, não só para quem dá lucro”. Senadora lamenta aprovação de PL que transforma água em mercadoria
A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) não se ilude com a narrativa de que o PL 4162/2019 seja um marco positivo para o saneamento básico no Brasil e alerta a população do Rio Grande do Norte e do país que o Congresso aprovou, na verdade, um projeto que favorece a falência das companhias estaduais de saneamento, forçando a privatização da água e transformando esse recurso natural, que deveria ser encarado como um direito de todos, em uma mercadoria.
“Somos a favor do saneamento, mas que ele seja para todos, não só para quem dá lucro”, argumenta a senadora, observando que parcela considerável dos 35 milhões de brasileiros que não têm acesso à água tratada e dos 104 milhões que não têm coleta de esgoto mora em pequenas cidades e comunidades ribeirinhas, áreas que não são atrativas para a iniciativa privada, pois não oferecem possibilidade de lucro. “Quem vai pagar caro é o povo do interior, porque empresa privada não investe em nada que não dê lucro”, lamentou Zenaide, após a sessão do Senado que aprovou o projeto de lei.
Para Zenaide, o argumento de que a privatização é necessária porque o Estado brasileiro não tem recursos para investir é falho, pois as empresas privadas que se interessarem por obras de saneamento recorrerão à estrutura estatal para financiar suas empreitadas, buscando, por exemplo, recursos no BNDES. “Se há recursos para financiar a empresa privada, porque não há dinheiro para investir nas companhias públicas de saneamento?”, questionou a parlamentar.
A experiência do Tocantins é exemplar e virou estudo de caso na Fundação Getúlio Vargas, em 2017. O motivo: 77 cidades reestatizaram os serviços de saneamento que haviam sido privatizados e, mesmo nos municípios onde a água continuou nas mãos da iniciativa privada, não houve aumento na qualidade dos serviços.
Outros exemplos vêm de fora: capitais como Buenos Aires (Argentina), Paris (França) e Berlim (Alemanha), também remunicipalizaram o saneamento. Estudo do Transnational Institute, de Amsterdam (Holanda), intitulado “Reclaiming Public Services: How Cities and Citizens are Turning Back Privatization”, registrou 267 cidades onde a privatização desses serviços não deu certo e precisou ser revertida.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os terroristas apareceram agora no sul. Quatro mascarados invadiram uma estação de rádio e queriam ler à força um manifesto anticomunista. Uma reação violenta das autoridades poderá pôr fim a esses fatos. (Publicado em 10/01/1962)
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Desde que começou a ganhar expressão mundial, nos idos dos anos sessenta, a atenção com o equilíbrio ambiental, que no início era um discurso restrito às comunidades alternativas formadas por hippies naturebas e outros bichos grilo, não parou mais de crescer e de angariar devotos, transformando-se hoje na preocupação número um das sociedades em todo o planeta, principalmente nos países desenvolvidos, onde a educação ambiental é já quesito obrigatório desde os primeiros anos na escola.
De debate alternativo, a questão quanto a preservação do meio ambiente foi parar sobre as mesas de pesquisadores e cientistas renomados espalhados pelos quatro cantos da Terra, que passaram a analisar o problema com mais profundidade. As observações sobre as bruscas mudanças climáticas, somadas ao aquecimento, provocados pelo efeito estufa, provaram para esses estudiosos que o planeta, que pensávamos conhecer bem, estava, de fato, em rápido processo de mudanças, provocadas sobretudo pela ação humana sem cuidado. Os seguidos alertas feitos pela comunidade internacional de cientistas, sobre a possibilidade de o planeta adentrar numa espécie de processo irreversível de convulsão, vem surtindo efeito sobre muitos governos de muitos países, formado por pessoas sensíveis ao problema e isso tem feito a diferença, acendendo a esperança de que a preocupação com o planeta seja uma atitude comum à população da Terra.
Obviamente que, entre a comunidade internacional, persistem ainda aqueles Estados que se mostram refratários ao ambientalismo. Para esses países, a comunidade internacional, depois de seguidos apelos, vem endurecendo não só as regras de comércio, como também todas as relações econômicas, na tentativa de fazer valer um mínimo de racionalidade, numa questão que diz respeito a todos, indistintamente. Infelizmente, o Brasil é hoje um dos maiores vilões nessa questão e segue desafiando outros países, sob o argumento que essa é uma questão interna e de segurança do Estado. Ao mesmo tempo em que parece remar contra a corrente internacional, o governo, nesses últimos 18 meses, vem permitindo uma verdadeira escalada de devastação ambiental, com um número recorde de derrubada de matas nativas, aumentando essa insânia também contra os movimentos ambientalistas e contra os povos indígenas. Alega dificuldade de vigilância para um país continental como o Brasil.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre o mês de agosto de 2018 até julho de 2019, o governo simplesmente fechou os olhos para um desmatamento de mais de 10.130 km², uma área maior do que a de muitos estados somados. Neste ano, segundo o Inpe, a derrubada de florestas, principalmente na Amazônia, persiste num mesmo ritmo e sem sinais de abrandamento. A teimosia do atual governo, em rever esse procedimento suicida, tem, como resposta prática, a retração de inúmeros investimentos que poderiam vir para o país, quer por meio de fundos de investidores, quer de outros governos e empresas estrangeiras. São, segundo fontes que lidam com essa questão, dezenas de bilhões de dólares que deixam de vir para o Brasil e que superam, e muito, os possíveis lucros que uma minoria ganha com a destruição de recursos naturais preciosos que a nós foi confiada por nossos ancestrais, para que cuidássemos com responsabilidade e zelo.
A frase que foi pronunciada:
“Coube ao padre Antônio Vieira, comparar os ladrões pobres do seu tempo, aos conquistadores romanos: Os primeiros, por surrupiar uma bolsa, eram enforcados; os outros, ao roubar províncias inteiras, eram aclamados.”
Abraham Lincoln, estadista e advogado dos Estados Unidos
Acredite se quiser
Ninguém duvida sobre a tragédia causada pela pandemia no que se refere à educação. As aulas online são em grande maioria, uma farsa. Alunos demais na tela, nem todos interessados, tédio e cansaço. Com crianças então, nem se fala. Prender uma criança de 4 ou 6 anos numa tela para orientações, sem os pais do lado, é impossível. Agora, a proposta de aula de natação online aconteceu e estarreceu os pais.
Hora de mudar
Por falar nisso, estranho demais: shopping, mercado, banco, ônibus, metrô, comida por entrega funcionam e escolas, não.
Acolhimento
UnB criou um grupo terapêutico para pessoas que perderam entes queridos durante a pandemia. Veja no link os detalhes para a inscrição no grupo “Vínculos e Reflexões: Grupo Terapêutico Breve para Familiares de Vítimas de Covid-19.”
–> Grupo terapêutico para quem perdeu alguém na pandemia é criado na UnB
Pensando em oferecer à comunidade um suporte neste momento, a UnB começa, a partir de 6 de julho, com as atividades do grupo Vínculos e reflexões: Grupo terapêutico breve para familiares de vítimas da Covid-19. Os encontros serão acompanhados pela professora Isabela Machado da Silva, do Departamento de Psicologia Clínica.
. Início 6 de julho, com duração de seis encontros pela plataforma Meet
. Segundas-feiras, das 15h às 16h30
As inscrições podem ser feitas pelo link: Inscrição para o grupo
Em casa
Ambiente hospitalar, por mais que haja humanização, não substitui o lar. Há, no Senado, um projeto que amplia o acesso a tratamentos antineoplásicos domiciliares de uso oral para usuários de planos de assistência à saúde. Segundo o Jornal do Senado, a proposta, do senador Reguffe, altera a Lei dos Planos de Saúde e prevê que o tratamento será oferecido por meio de rede própria, credenciada, contratada ou referenciada, diretamente ao paciente ou representante legal, podendo ser realizado de maneira fracionada por ciclo.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os postes de iluminação do pátio de manobras do aeroporto ainda não foram acesos, mas o serviço já está terminado. Tudo pronto. Falta apenas o Ministério da Aeronáutica receber o serviço do empreiteiro. (Publicado em 10/01/1962)
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Sempre que um determinado problema de utilidade pública não encontra guarida ou solução satisfatória nas mãos do Estado, a solução normalmente buscada, no país das protelações, é repassar o imbróglio adiante para outros governos que virão ou, mais simplesmente, entregá-lo à iniciativa privada para que ela vá atrás da melhor maneira de resolver a questão, não importando qual seja. Obviamente que, numa situação assim, as empresas interessadas na empreitada vão correr atrás de modelos que atendam aos seus projetos imediatos por busca de lucros e não aqueles que diminuiriam a aflição da população.
Aproximando um pouco mais de perto a classe empresarial brasileira, nota-se que tem sido comum a verificação de que a maioria das tão propagadas e modernas parcerias público-privadas é formalizada, tendo em vista o interesse particular. Caso contrário, nenhum projeto sai do papel. Tem sido assim até na sensível área da saúde, onde a iniciativa privada deita e rola em vantagens. Tem sido assim também na área de telefonia, onde as empresas estrangeiras, vindas para o Brasil, encontraram o paraíso aqui na Terra. Com isso, o contribuinte, sempre chamado a bancar essas novíssimas iniciativas dos governos de plantão, olha com desconfiança quando ouve falar em novo marco disso e daquilo.
Não é diferente com o novo marco legal do saneamento, aprovado agora no Senado e que vai à sanção do presidente. Alguns desses empresários ficam sempre com o pé atrás e com o olho grande nos cofres públicos, aderindo a todo e qualquer projeto do Estado, somente quando se certifica que, dentro das elites dirigentes do país, poderá contar sempre com a solidariedade e a mão amiga de muitos políticos. Foi assim, por exemplo, no caso da Petrobras, onde empresas privadas e pessoas estrategicamente ali alojadas lucravam e repassavam parte dos lucros aos padrinhos dentro do governo.
Com o novo marco do saneamento, preocupações dessa natureza ganham ainda maior proporção, já que o acesso à água, num mundo onde essa preciosidade mineral é cada vez mais rara e mais disputada, acaba se transformando em questão de segurança nacional. Mais do que uma simples commodity, como soja ou petróleo, a água é condição sine qua non para a própria vida humana e para o ambiente.
A questão aqui é desvendar o mistério para se chegar a uma conclusão satisfatória: por que um país iria se interessar em assegurar o monopólio de bens como petróleo, mas abriria mão de controlar o acesso à água? O fato de haver no país mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada e mais 100 milhões de outros cidadãos sem coleta de esgoto responderia esse mistério? Se a resposta não está aí, pode, talvez, ser encontrada no fato de o Brasil possuir um imenso “mercado” disponível para investimentos e obras de saneamento.
É sabido, desde sempre, que políticos, de modo geral, não gostam de investir em obras como esgotamento sanitário e fornecimento de água tratada, porque essas benfeitorias, por estarem enterradas sob o solo das cidades, não são vistas pelos eleitores. Se essas concessões trouxerem para o setor de saneamento proposto a mesma qualidade vista em outros produtos como nos asfaltos de muitas de nossas rodovias, estamos, para não dizer o mínimo, no sal. Na verdade, trata-se aqui de um setor, que mesmo a despeito de sua importância para a saúde da população, ninguém quer assumir.
Chama a atenção ainda a fala do relator do projeto de que o novo marco irá atrair investidores nacionais e internacionais “com enorme apetite”. E é aí que mora o problema. As fronteiras legais entre a entrega ou concessão de serviço às empresas nacionais e estrangeiras de um bem estratégico como água são tênues e deixam de existir, bastando que o resto do mundo sinta sede.
A frase que foi pronunciada:
“Quantas doenças e mortes são causadas pela poluição da água no mundo com os rios sendo usados como depósitos de lixo? É isso que acontece quando não pensamos na água como um bem comum.”
Flávio José Rocha, paraibano e atualmente pesquisador na USP.
Sucesso
A história vivida por Adriel Bispo de Souza, baiano de 12 anos, é um exemplo para quem precisa dar a volta por cima. Foi preciso a mãe explicar o que estava acontecendo para que ele não se deixasse derrubar. Resultado: milhares de seguidores novos e o perfil criado no Instagram @livrosdodrii para compartilhar as resenhas dos livros escolhidos por ele.
Foto
Começaram as inscrições para o 6º Festival Internacional de Fotografia Brasília Photo Show (BPS). Nesse ano, o tema da categoria especial será “Lockdown”. Inscrições pelo site da BPS. Veja o regulamento em REGULAMENTO FESTIVAL INTERNACIONAL DE FOTOGRAFIABRASÍLIA PHOTO SHOW 2020 – OSCAR DA FOTOGRAFIA.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os postes de iluminação do pátio de manobras do aeroporto ainda não foram acesos, mas o serviço já está terminado. Tudo pronto. Falta apenas o Ministério da Aeronáutica receber o serviço do empreiteiro. (Publicado em 10/01/1962)
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Economistas daqui e d’além-mar são unânimes em reconhecer que, enquanto os efeitos do vírus forem minimamente sentidos, nas mais diferentes partes do planeta, não haverá meios para a recuperação plena dos mercados. Nem mesmo uma recuperação satisfatória que possa espantar o fantasma da depressão econômica e do desemprego em massa. A leve suspeita de uma possível segunda onda de infecção poderá afetar e prolongar a paralisação do comércio entre os países, num processo que, dentro de um mundo globalizado, acarretará efeitos em cadeia e, aparentemente, sem solução à vista.
Pelo menos, no mundo frio dos números, não existe motivo, por hora, para discussões e antagonismos entre os grupos políticos que defendem o fim do isolamento social e aqueles que querem o lockdown mais radical. A retomada da vida, nos padrões existentes antes da pandemia ainda é miragem, quer queiram ou não esses dois grupos, cujo os interesses não são de ordem humanitária. Resta a questão: como solucionar uma equação em que a soma entre qualquer valor e uma imponderável pandemia (x) resultará sempre numa expressão negativa? É na bifurcação dessa encruzilhada que políticos afoitos e economistas prudentes se separam.
Obviamente que os discursos de todo e qualquer ministro de finanças, por sua posição política, deverá ser afinada ao do chefe do Executivo. No caso brasileiro, esse distanciamento entre o discurso político e a realidade factual, representada por mais de 50 mil mortes, foi apaziguada, se assim se pode dizer, pela decisão da Suprema Corte que confirmou a independência dos estados em gerir problemas dessa natureza, dentro do espírito federativo. Claro que uma solução dessa natureza apenas aliviou partes das responsabilidades do governo federal, mas não resolveu a raiz do problema.
As suspensões parciais das atividades comerciais, industriais e financeiras, além de uma redução nas atividades da agroindústria, seguiram a uma paralisação nos campos da educação, da pesquisa, e esse é mais um problema a ser trazido para a equação do isolamento e que poderá apresentar seus resultados e efeitos somente quando a pandemia for página virada na história da humanidade. Ou seja, mesmo muitos anos depois de passados os efeitos do Covid-19, a humanidade ainda sentirá os efeitos dessa doença pelos rastros deletérios deixados.
A paralisação das atividades acadêmicas de ensino e pesquisa, mesmo se entendendo os danos potenciais que significam na destruição econômica de uma nação, não estão, também, sendo levados a sério pelas autoridades de todos os Poderes. Talvez esse desleixo se deva à própria perspectiva dos políticos, acostumados a delimitar o horizonte futuro pelas próximas eleições. Mas essa é uma questão por demais séria e complexa para ser entregue nas mãos de políticos ou deixadas ao sabor de debates do tipo ideológico.
O fato é que até mesmo a solução dessa equação, que opõe abertura e fechamento, vida e morte, só terá uma resolução satisfatória e definitiva depois de devidamente sopesada pelos cérebros que trabalham dentro dos princípios da ciência.
A frase que foi pronunciada:
“Educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento com retorno garantido.”
Sir. Arthur Lewis, economista da Universidade de Princeton.
Novidade
Hidrocefalia congênita recebe nova tecnologia para tratamento. O caso aconteceu com uma paciente de um ano e meio. A cirurgia experimental foi em Palmas.
UnB
Tanto do Brasil quanto do exterior, pessoas físicas ou jurídicas podem contribuir para arrecadação de recursos que serão destinados a projetos no combate à Covid-19.
Jogos
Quem gosta de apostar na Lotofácil agora terá seis chances por semana. A Caixa aumentou também as dezenas de 18 para 20 números marcados.
Educação
Está quase pronta o vídeo conferência de capacitação pelo Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares. O evento é organizado pelo Ministério da Educação com profissionais do Paraná.
Cultura
Deu no DODF. Mais de 1.500 projetos foram admitidos pelo FAC e agora passam por seleção. O Fundo de Apoio à Cultura seleciona trabalhos para o “Prêmios Cultura Brasília 60”, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), com a divulgação dos projetos classificados nesta, que é a primeira etapa. Das 1.588 inscrições, 1.575 foram admitidas para a próxima fase.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Em toda a área entregue à administração da Asa Norte não há uma única invasão. (Publicado em 10/01/1962)
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Fundada em março de 1974 pelo maestro Levino Alcântara, depois de uma longa batalha contra a burocracia kafkiana local, e em pleno regime militar, numa época em que os incentivos públicos estavam, predominantemente e segundo a ideologia de então, mais direcionados às diversas modalidades de ensino técnico, a Escola de Música de Brasília (EMB) mostrou a que veio, transformando-se, em poucos anos, na mais espetacular fábrica de talentos artísticos da capital e orgulho dos brasilienses que lotavam suas dependências.
Consolidada como centro das artes musicais, a EMB ganhou fama, não apenas em Brasília e no Centro Oeste, onde era reverenciada, mas em todo o Brasil, sendo reconhecida, inclusive, na América Latina e em outros países fora do continente, como um centro de excelência na formação de músicos. Durante o tempo em que o maestro Levino esteve à frente, na condução da entidade, boa parte dos acontecimentos musicais, senão a mais interessante porção das apresentações musicais da capital, desenrolavam-se em torno da escola, quer na apresentação de seus próprios grupos, quer pela grande rotatividade de espetáculos que aconteciam no bem equipado auditório, sempre lotado, com atrações locais, nacionais e internacionais, oferecidos gratuitamente ao público.
O gosto pela escola era tanto que não seria demais considerar que a EMB formava uma grande comunidade familiar, reunindo pessoas diversas, mas com o mesmo amor pela música. Também o carisma do maestro fazia a diferença. Não foram poucos os músicos que chegaram, graças à generosidade de seu diretor, a morar na própria escola. Outros tantos encontraram seus pares, constituíram família e seguiram formando gerações de alunos que passavam a maior parte do dia dentro da escola. O mesmo agito e empolgação se verificavam nos famosos e concorridos Cursos Internacionais de Verão, promovidos a cada ano pela direção da EMB, com a fluência de músicos e professores de todas as partes do mundo.
Nesses períodos, a escola se transformava em território internacional, abrigando talentos vindos dos quatro cantos do mundo. Graças a esse ambiente descontraído, profissional, amador da música e acolhedor, onde melodias eram ouvidas em cada cantinho, espalhando-se pelos jardins em volta, muitos reconhecem hoje que a EMB parecia viver como numa festa sem fim, alheia e absorta às muitas agruras políticas e econômicas daquela ocasião.
Foi numa escola com esse perfil humanizador que incontáveis músicos de grande talento, e que hoje brilham nos palcos do Brasil e do exterior, foram surgindo e se aperfeiçoando sob os cuidados e carinho de uma equipe devotada de professores. Emílio de César, Guerra Vicente, Reinaldo Coelho, Hugo Lanterjung, Ludmila Vinecka, Joel Bello Soares, Cecília Guida, Nicolas Claude Marcel Merat, Paul Schöer, Juan Sarudianski, Shigeru Tachiki, Christopher Bockmann e Eduardo Bértola entre tantos outros.
O maestro Levino era conhecido não apenas por seu talento em buscar o que melhor existia em recursos humanos e materiais para escola, mas também por agir como verdadeiro mecenas e produtor, promovendo diretamente aqueles alunos nos quais pressentia alguma chama precoce de talento. De fato, não há como falar em EMB dissociada da imagem do maestro Levino. Ambos formavam uma só pessoa, uma só entidade. Não é de se entranhar, portanto, que, com o afastamento do maestro da direção da EMB, o que parecia uma grande e prazerosa festa de confraternização dos amantes da música, começou lentamente a chegar ao fim.
Quis o que chamamos de destino que o afastamento do maestro viesse a coincidir com a lenta e gradual decadência que foi tomando conta da maioria das escolas públicas, principalmente àquelas voltadas ao ensino das artes, consideradas pelos burocratas da educação como supérfluas ou coisa do gênero, sem que se deem conta de que a arte, como bem disse o gênio Leonardo Da Vinci, “a arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível”.
O antigo e profícuo brilho do passado cedeu lugar a um estabelecimento de ensino de música, dentro dos moldes e na esteira do que ocorre hoje com a imensa parte das escolas públicas na capital e no restante do país. A falta de interesse de seguidos governos, principalmente daqueles que vieram após a malfadada e traiçoeira “maioridade política da capital”, ajudaram a reduzir, ainda mais, o brilho e a importância daquela que já foi a mais interessante obra erguida no planalto central, para o desenvolvimento e a promoção da arte musical.
No entanto, para aqueles que ainda acreditam no poder de transformação e aprimoramento do espírito humano pelas artes, um renascimento, ao estilo Fênix, pode muito bem acontecer, provocando, quem sabe, um novo e revigorante ciclo para a EMB. Para tanto, seria necessário, além de um apoio efetivo do governo, o que ainda é um sonho distante, uma certa adesão entusiasmada por parte da comunidade.
Para essa missão, é primordial uma reorientação nos rumos dessa entidade, preparando-a, quem sabe, para os novos tempos pós-pandemia. De início, seria necessária uma reformulação profunda no currículo dessa escola, desvinculando-a da tradicional orientação burocrática e pedagógica da secretaria de educação local, afastando-a da didática modorrenta e enfadonha imposta por burocratas do ensino, que nivelam, pela menor média, todos estabelecimentos de educação do Distrito Federal, principalmente aqueles devotados ao ensino das artes.
É sabido que a diminuição e mesmo a erradicação dos currículos escolares das disciplinas de arte ocorrem, apesar do que prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. A falta de arte no ensino produziu, como resultado nefasto e esperado, o aumento assustador da violência nas escolas e principalmente contra os professores. O poder humanizador das artes, ao ser desprezado como fator fundamental de educação, gerou o que temos hoje na maioria dos nossos estabelecimentos de ensino: a transformação de escolas em centros correcionais ao molde de entidades como a Febem e correlatas. A perda do prazer em ensinar e aprender é fruto da abolição das artes dentro das escolas.
Para esses “novíssimos” dirigentes da educação, as grades curriculares de artes representam mais do que um estorvo, um verdadeiro e perigoso ninho donde advirão pessoas cônscias de sua própria dignidade e, ao que parece, isso não pode acontecer. Nessa nova escola de música, sonhada para os tempos atuais, além de uma infinidade de modelos de reconhecida efetividade, uma gama imensa de atividades voltadas para fazer, mais uma vez, dessa escola de artes musicais um modelo a ser seguido por todos.
As opções e os caminhos existem, não para uma retomada do passado áureo da EMB, que isso é impossível, mas para dar continuidade a um projeto simples na sua formulação, que é a introdução do ensino da música para todos aqueles que querem se aproximar dessa arte e fazer dela não apenas um meio de vida, mas um meio de aproximação de apaziguamento do espírito humano, esse sim fundamental em todo o tempo e lugar.
A frase que foi pronunciada:
“Brasília espirra música para todo o mundo. A Escola de Música de Brasília tem grande responsabilidade nisso.”
Paulo Tavares, músico, amigo de Levino
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Um advogado já impetrou mandado de segurança em favor do sr. Jantoro, responsável pelo roubo de carne no Supermercado. A Justiça deve ajudar a cidade a ficar livre dos desonestos. (Publicado em 10/01/1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Do mesmo modo que todo aquele que busca o aconchego e o calor da luz do Sol tem que tomar distância dos Polos Sul e Norte da Terra, e aproximar-se, o mais perto possível, das regiões cortadas pela linha central do Equador, que divide o planeta em dois hemisférios, assim acontece com aqueles que se aferram a posições dogmáticas e extremadas: estão como que acorrentados em seus desertos de neve, continuamente açoitados pelo vento da intolerância e da cegueira.
Isso é exatamente o que acontece com a atual polarização política, que vai mergulhando o país numa rinha de insensatos, puxados, na cabeceira, com uma astúcia aldrabona de dar inveja ao capiroto, que conduzem a massa, numa repetição do que fez o Flautista de Hamelin nos contos dos irmãos Grimm.
As seguidas manifestações e desfiles de ruas, orquestradas tediosamente de forma maniqueísta por cabos de guerra, servem a propósitos que vão muito além dos objetivos pessoais de autoridades de todas as esferas do poder. Essas verdadeiras arruaças demonstram, na prática, que a teoria sobre o uso político da população como massa de manobra, por vivaldinos de toda a espécie, é ainda uma prática utilizada. Isso em pleno século XXI, quando se acreditava que os homens viveriam já uma fase de despertar das ilusões.
Para a parcela gigante de sensatos que ainda existe em nossa sociedade, apesar do silêncio com que olham envergonhados esses desfiles de desesperados, vivemos, desde 2002, o que parece ser um longo período de experiências que vão nos jogando da esquerda para a direita, como se navegássemos à deriva em mar revolto. Nem tanta sede ao vinho, nem tanta fome ao pão, já repetia o filósofo de Mondubim querendo dizer, com isso, que fenômenos como a chamada polarização política podem nos conduzir ao beco sem saída e sem luz de países como a Venezuela, Nicarágua e outros de igual e triste destino.
É preciso prestar atenção e aprender que os pontos extremos, mesmo por suas aparentes diferenças, acabam se tocando e a história pode se repetir como farsa, apenas trocando os sinais. Talvez estejamos vivendo numa espécie de purgatório, antes que o país possa, finalmente, experimentar a verdadeira democracia, sem os embustes dos mascates de esperança.
Mas o que espanta, o que é pior de tudo, é o silêncio mofino da parte ética que compõe a sociedade. Isso faz com que nos tornemos também cúmplices dessa pantomima bufa, prolongando nossa agonia e impedindo que a nação retire, de vez, a lona de circo que há décadas cobre o país.
Certo é que, se Tucídides registrasse essa guerra contínua entre a arrogância e o medo, diria: “Quanto aos fatos, não achei conveniente retratá-los de acordo com o primeiro informante, nem segundo minhas impressões, mas apenas após presenciá-los pessoalmente ou quando obrigado a recorrer a outros testemunhos, depois de realizar sobre cada um deles uma pesquisa tão severa quanto possível”.
A frase que foi pronunciada:
“O poder é bom e a estupidez inofensiva, literalmente. Mas os dois juntos são um perigo.”
Patrick Rothfuss, escritor norte-americano
Cães
No Instagram oficial, o governador Ibaneis divulga que a Zoonose está com 22 cães prontos para a adoção. Para adotar basta ser maior de 18 anos e assinar um termo de responsabilidade com o compromisso de cuidar bem do animal.
Mesmo sentimento
Veja no link os detalhes para a inscrição no grupo “Vínculos e Reflexões: Grupo Terapêutico Breve para Familiares de Vítimas de Covid-19.”
–> Grupo terapêutico para quem perdeu alguém na pandemia é criado na UnB
Pensando em oferecer à comunidade um suporte neste momento, a UnB começa, a partir de 6 de julho, com as atividades do grupo Vínculos e reflexões: Grupo terapêutico breve para familiares de vítimas da Covid-19. Os encontros serão acompanhados pela professora Isabela Machado da Silva, do Departamento de Psicologia Clínica.
. Início 6 de julho, com duração de seis encontros pela plataforma Meet
. Segundas-feiras, das 15h às 16h30
As inscrições podem ser feitas pelo link: Inscrição para o grupo
Protesto
Nessa quinta-feira, o pessoal do Esporte DF deve protestar contra o descaso do GDF. Enquanto não estimula os times locais, fecha patrocínio do BRB com o Clube de Regatas Flamengo. São R$ 32 milhões que saem do caixa candango para os bolsos cariocas.
Cultura
Hoje é dia de reunião com a deputada Benedita da Silva, presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados. O convite chega para quem quiser discutir a Lei Aldir Blanc, sobre as ações emergenciais destinadas ao setor cultural durante a pandemia.
Muitos casos
Por falar nisso, Aldir Blanc não morreu de Coronavírus. A confirmação é da filha dele. Neide, que trabalhava na coordenação das Festas dos Estados, também foi diagnosticada com Covid-19, mas deu entrada no hospital com enfarte.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os prédios do IAPB, principalmente os de frente ao eixo, têm sido rondados por elementos suspeitos. Pode não ser nada, mas como há assaltantes que atacam a mão armada, seria bom prevenir. (Publicado em 10/01/1962)
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Num mundo ideal, onde a raça humana agiria movida apenas pelo espírito da colaboração e da fraternidade, não haveria a necessidade de se organizar entidades religiosas, instituições político-partidárias ou mesmo forças bélicas e militares de dissuasão. Restariam fora da sociedade, as três principais entidades que forjaram toda a história da humanidade, desde que os ancestrais dos homens desceram das árvores. Obviamente, um mundo com natureza e características somente poderia existir nas regiões celestes de um paraíso inacessível. Política, religião e forças armadas representam, desde o alvorecer da humanidade, as três potências que, de certa forma, deram um curso histórico compreensível que resultaria no que conhecemos hoje como civilização. Trata-se aqui de uma tríade lentamente desenvolvida pelo gênio humano para atender, de modo satisfatório, aos três impulsos primários dessa nova espécie dotada do sentido da razão.
Tornava-se necessário compreender o mundo real e metafísico à sua volta, interferir ativamente nesse ambiente externo e muitas vezes hostil, ao mesmo tempo em que assegurava que haveria a participação e o trabalho de todos para que esses projetos fossem realizados. Para o bem e para o mal, essas três organizações conduziram a humanidade ao ponto em que estamos hoje. Não sem um custo de infinitas vidas, o que é testemunho o fato de que não existe sobre a face da Terra civilização alguma que não tenha sido erguida sobre os escombros de outras, adubadas por sangue que, muitas vezes, chegou a correr como rios.
Não seria de todo exagerado constatar então que a construção das principais civilizações humanas foi feita sobre incontáveis cemitérios. Ninguém pode negar, então, que, em nome das religiões, das ideologias políticas e graças ao poderio das forças armadas, a humanidade tem sido passada pelo fio das espadas desde sempre. Ainda hoje é assim. Se separados, esses três gênios invocados pelos homens, deixaram um rastro de grande destruição ao longo do tempo, juntos, configurando alguns modelos de Estado atuais, são mais perigosos ainda. A junção, num mesmo caldeirão, de ideais da fé, com ideologias político-partidárias e com pitadas de apelos às forças armadas, vem formando, entre nós, um caldo perigoso, cujos efeitos já são sobejamente conhecidos ao longo da história da humanidade, em todo tempo e lugar.
A sociedade, ao aceitar, pacificamente, a formação de bancadas religiosas, da segurança, da bala e de outros grupos radicais e extremistas, dentro do parlamento, acreditando inocentemente que um Estado deve se apoiar no tripé da fé, da ideologia e da força bruta, não está fazendo o que acredita ser o jogo democrático, mas preparando o terreno para a repetição do que foi visto no passado e que não deu em boa coisa.
A frase que foi pronunciada:
“O futuro é a projeção do passado, condicionada pelo presente”
Lara Vinca Masini, crítica de arte
Textando
Jornalista e professor Aylê-Salassié F. Quintão publica texto sobre a preocupação com o cenário atual da política e economia brasileira. “A realidade exige, de imediato, e, no mínimo, uma comissão, para discutir saídas para o caos que se anuncia. Os fatos mostram que existe uma crise real e outra intangível alimentada por uma cabulosa injunção política correndo em sentido contrário, cuja preocupação é saber “O que fazer para que tudo fique ainda pior?”. Leia a íntegra logo abaixo.
–> Inspirados em Murphy, pautam-se no caos
Aylê-Salassié F. Quintão*
Aparentemente a pandemia está passando. Não vai embora… Vai ficar por aqui, rondando os incautos. O momento é, então, de começar a enfrentar as sequelas, com otimismo. Ninguém tem indicações claras do que fazer, embora esteja evidente a necessidade urgente de um Plano de Reconstrução , nome dado por alguns economistas de plantão para a correção dos impactos negativos do corona vírus no Brasil . Opinam aleatoriamente. Mas, já se projeta que, sem a transferência emergencial de renda, o número de brasileiros vivendo na pobreza chegará a 48 milhões e na miséria 7 milhões.
Os conservadores vêem o mercado encontrando um equilíbrio e pregam que as soluções poderão vir da retomada das reformas (administrativa, tributária, trabalhista). Os pouco compromissados com a governabilidade insistem, contudo, em gastos maiores do Estado, com a instituição de uma renda social básica permanente, extensiva aos trabalhadores informais; corte de salários, sobretudo no Judiciário e no Legislativo; aumento das alíquotas de impostos; sobretaxação de heranças e o fim das isenções fiscais para dividendos e ações. A necessidade de um plano para a saúde primária e para a educação à luz das novas tecnologias são pouco lembrados.
No cenário conjuntural a previsão do Banco Mundial é a de queda de 8% do PIB brasileiro e, com ele, da produção e da produtividade. Os negócios pararam e os investidores fugiram. O desemprego retornou ao patamar dos 14 milhões de trabalhadores. As tais reformas desapareceram e os condenados por corrupção com o dinheiro público foram soltos pela, chamada, “Alta Corte” . Também foi defenestrado, o Plano de Enfrentamento aos efeitos da Pandemia, da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Os apocalípticos da saúde anunciam para julho o pico da pandemia no Brasil.
Surdo, o governo age, pré-eleitoralmente, distribuindo dinheiro, sem licitações, e encobrindo os mal feitos com bate bocas inócuos. Movimentos como os LGBT, antirracistas, antifascistas aproveitam-se da oportunidade para aprofundar o caos. Não estão nem aí para os empresas que fecharam as portas, para os trabalhadores que perderam seus postos de trabalho ou para as famílias que começam a ter dificuldades para se alimentar . Ocupam-se em fazer contraponto às provocações baratas. Das populações indígenas ninguém se lembra também . Pior é que o País e não tem lideranças com credibilidade para negociar soluções partilhadas como se fez no Afeganistão e em Israel, diante das divisões políticas internas.
Concomitante, as eleições batem às portas . Para eleger quem? Existe algum candidato qualificado para enfrentar um quadro desses, seja a nível da União, dos 27 estados ou dos 5.500 municípios? Todos só sabem muito, mas gastar, sempre mais do que arrecadam. Agora, o álibi é a pandemia. O Estado está quebrando, e o governo perde ainda o Mansueto, o homem que administra o caixa do Tesouro . O afrouxamento de regras, apoiado no Centrão, pode dar à governabilidade ferramentas para retomar os velhos hábitos do toma lá, dá cá,
A realidade exige, de imediato e, no mínimo, uma Comissão para discutir saídas para o caos que se anuncia. Os fatos mostram que existe uma crise real e outra intangível alimentada por uma cabulosa injunção política correndo em sentido contrário, cuja preocupação é saber “O que fazer para que tudo fique ainda pior ?”. Pauta-se no caos, não o sugerido pelos grandes teóricos da Política e da Economia, mas assentado nos ensinamentos sobre a natureza das coisas do pragmático Edward Murphy. Incomodado com o ambiente vivenciado, o engenheiro Luiz Henrique Ceotto desenterra, sem ironias, as “Dez leis de Murphy”para explicar as perspectivas em causa no Brasil neste momento:
1. A Natureza está sempre à favor da falha. Tudo tende a dar errado.
2. Tudo relegado a sua própria sorte tende ir de mal a pior.
3. Nada é tão ruim que não possa piorar (tudo que começa bem, termina mal e tudo que começa mal, termina pior).
4. Se algo poderá dar errado, dará. Se algo não pode dar errado, dará também.
5. Se algo está dando certo, cuidado, algo está errado.
6. Se existe várias formas de algo dar errado, dará na forma de maior impacto e prejuízo.
7. Se a solução e um problema parecer fácil, você não entendeu o problema.
8. Erros sempre acontecem em série.
9. Toda nova solução cria novos problemas.
10. Tudo é possível. Apenas não muito provável e dentre eventos prováveis, sempre haverá um improvável.
Soluções dentro de um quadro como esse exigem muito otimismo, sem ignorar que essas leis funcionam. Seus efeitos patéticos são mais rápidos que as promessas que se ouvem diariamente. Iluminados, como Muhammad Yunus, o banqueiro dos pobres de Bengala, prêmio Nobel de Economia, sugerem que quaisquer planos de reconstrução do caminho para o desenvolvimento devem passar pela correção da rota suicida do atual sistema econômico. Não basta reformar o modelo, derrubar ministros e estátuas. Para o Brasil, recomenda-se um redesenho prévio da cultura e da ética, tal a dimensão alcançada pelas vulgaridades.
*Jornalista e professor
Rede Urbanidade
Uirá Lourenço comemora a decisão judicial que obriga o GDF a liberar acesso às vagas para bicicletas (paraciclos); sinalizar as rotas dos ciclistas; apresentar projetos de bicicletários e de integração das ciclovias, ciclofaixas e calçadas na plataforma inferior da Rodoviária. Nem precisava de decisão judicial. O governador é um homem viajado e já viu o respeito aos ciclistas pelo mundo.
Terrível
Concessionárias do DF estão funcionando. Na verdade, estão abertas para receber o público que não chega.
Pandemônio
Veja a seguir a fala da ministra Damares sobre o que as escolas estão impingindo em seus alunos. Se esse escândalo continuar, em 300 anos o planeta estará desabitado. Ponto para o final.
Tempo
Convite para uma visita à página da Embrapa. Cursos gratuitos e online. Quer melhorar sua horta? Vale conferir em Tira Duvidas do Curso Hortas em Pequenos Espaços.
Desanuvie
Dicas para um fim de semana com filmes durante a pandemia. Por falar nisso, o Cine Brasília preparou uma lista também para a criançada. Tudo organizado para você, no link Cine Brasília prepara lista de filmes infantis.
História de Brasília
A tese peca pela imbecilidade, pela má fé, pela maneira manhosa, pelos arrodeios, enfim, pelo pulo da onça que eles querem dar. Mas, apareça, um homem que tenha a coragem de dar a todo o mundo o atestado de incompetência do povo brasileiro, como seria o caso do retorno da Capital. (Publicado em 10/1/1962)
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Nem mesmo os mais engenhosos e criativos artistas das letras conseguiriam tecer um enredo tão surreal e imaginativo como o que vamos experimentando desde o retorno da democracia, nos anos oitenta. Prosseguimos sendo a Belinda desigual de sempre, observados pelos olhos do planeta como um país exótico, habitado por uma sociedade que vive entre a barbárie herdada do colonialismo e uma modernidade mal copiada de outros países, que fazem, de nossa gente, personagens estranhos, metidos em modelos caros e sem instrução ou educação.
Na política, seguimos andando em círculos, enredados com personagens mesquinhos, que deixam de pensar no país e nas próximas gerações. Se a questão do momento requer medidas urgentes em nome de vidas, a ponto de ser dispensada toda e qualquer providência burocrática e licitatória, a oportunidade para vinganças de todos os lados atrasa cada vez mais a retomada do país aos trilhos do desenvolvimento, que é a única coisa que interessa aos milhões de eleitores já saturados de tantas fofocas e revanches que nos levarão.
Governadores, prefeitos e outros administradores, incumbidos da compra de materiais hospitalares de emergência, com dinheiro na mão, escolhem não o melhor fornecedor, que possui o preço mais em conta, mas aqueles que podem, de maneira transversa, garantir lucros diretos e imediatos aos negociantes espertalhões. Mesmo hospitais de campanha, que deveriam ser construídos de forma rápida e eficiente, para atenderem a demanda espetacular das multidões de enfermos, são erguidos apenas com uma fachada ou cenário de uma peça de teatro, com nada além da lona. Muitos além da lona, centenas de leitos vazios.
O dinheiro fácil do contribuinte segue desaparecendo em cada emergência. À falta de transparência nos gastos de última hora, vão se somando os bilhões que, por determinação do Congresso, passaram a ser carreados de um lado para outro para o socorro de pessoas, programas e empresas, tudo dentro dos critérios de improvisação e amadorismo. Mesmo a tensão entre os Poderes nos leva a acreditar que a pandemia é agora assunto secundário, que o vírus da vaidade empesteou a Praça dos Três Poderes, deixando a população desamparada, perdida, falida e desesperada.
A frase que foi pronunciada:
“A liberdade só é um dom precioso quando estejam os povos feitos para ela. Dar a um semibárbaro instintivo as regalias de um ser culto e consciente, é pôr a civilização na contingência de um regresso brutal à barbárie.”
Fialho de Almeida, escritor português
Desolador
Um passeio pelos hotéis de Brasília e a constatação: baixíssimo o número de procura para hospedagem. Já são 3 meses de agonia para hotéis, bares, restaurantes e inúmeros empresários, que precisam voltar à ativa para evitar a bancarrota.
Notícia boa
Suspensas as parcelas de empréstimo de crédito consignado – com desconto em folha de pagamento – por quatro meses. O Senado aprovou esse projeto, que deve dar uma trégua às dívidas de trabalhadores tanto do serviço público, quanto do privado. O projeto segue para a Câmara dos Deputados.
De olho
Com o carimbo do Coronavírus, o setor de licenciamento do IBRAM está à toda prova. Mesmo em tempos de pandemia, as autorizações subiram nesse ano em relação à 2019: ultrapassaram os 20%.
Proibido
Parquinhos e áreas de esporte estão lacrados para impedir a entrada de crianças e jovens que querem brincar, tomar sol, exercitar-se, aumentando a imunidade.
Livre
Por outro lado, a Galeria dos Estados recebeu um grupo para celebrar a inauguração da praça do local. Fernando Leite, diretor da Novacap, apoiou a revitalização dos espaços públicos da capital, e Luciano Carvalho, secretário de Obras, comemorou o belo espaço que a população recebeu, com boa iluminação e conforto.
Pdot
Uma volta na W3 e observa-se que calçamentos em frente às lojas receberam nivelamento, o que passa a dar mais segurança para os pedestres e cadeirantes. O projeto do GDF é continuar com a empreitada e com a Estratégia de Revitalização de Conjuntos Urbanos, prevista no Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Ora, pois se no próximo ano Brasília já oferecerá, para que tamanha despesa com o retorno de um Poder, já que a Câmara teria que pagar hotel para a maioria dos funcionários? (Publicado em 10/01/1962)
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De todas as variáveis possíveis que envolvem os diversos casos de corrupção que vieram à tona nos últimos anos, a maior certeza e o ponto fundamental que tem possibilitado o prosseguimento das ações é dado pelo apoio maciço da população ao combate de desvio de dinheiro público. A população, principalmente a de baixa renda, sente, na própria pele, os efeitos nocivos e mesmo fatais que a corrupção provocou na vida da maioria dos brasileiros.
Pesquisa, encomendada pela consultoria Crescimentum e pelo Instituto Britânico Barret Values Centre, mostrou que, embora a corrupção tenha definido o comportamento do Brasil nos últimos anos, a honestidade é a marca que melhor traduz o brasileiro comum, seus valores pessoais e sua cultura. Em outras palavras, o que se tem é um país onde a nação honesta e trabalhadora é governada por uma elite, em sua maioria, sem escrúpulos e que conduz os negócios do Estado e da República como se fossem propriedade privada, onde acreditam deter todo o controle, inclusive para desviar verbas. Para o cientista social Eduardo Giannetti, o brasileiro é outro, ou seja, ele não se reconhece naquilo que está presente ao seu redor, talvez porque não perceba, claramente, que a realidade à sua volta é resultado direto da interação de todos juntos. Esse parece ser o caso comum nas eleições.
Em 2017, a percepção da corrupção já alcançou, segundo a pesquisa, a incrível marca de 72% da população. Ou seja, sete em cada 10 brasileiros sabem que ela existe e, de alguma forma, sentem seus efeitos, mas atribuem esse fenômeno apenas à ação de seus compatriotas. Outro fato que chama a atenção nessa e em outras pesquisas é que se, em 2010, o anseio da população era por justiça social, moradia digna e redução da pobreza, hoje esse desejo está mais voltado para a oportunidade de educação, compromisso, honestidade e cidadania.
A longa crise social, econômica e política dos últimos anos teve, ao menos, o condão de mudar a percepção de boa parte da sociedade não somente para os problemas do país, mas, sobretudo, para aumentar o desejo e a atitude de muitos em direção aos valores individuais, fazendo florescer nos brasileiros um sentimento mais individualista e voltado, exclusivamente, para as necessidades imediatas das próprias pessoas.
O individualismo crescente parece resultar da noção de que o Estado pouco ou nada faz pelos brasileiros, sendo que muitos consideram, hoje, que a melhor estratégia é partir para a luta individual, ao invés de esperar por qualquer amparo do governo. Nesse ponto, é preciso salientar que o individualismo, cada vez mais presente na sociedade, pode inverter a própria lógica do Estado, fazendo com que o governo passe a depender, cada vez mais, da vontade de uma população indiferente e distante, propícia, inclusive, a considerar a hipótese da desobediência civil.
Os efeitos da corrupção sistêmica, conforme implantada pelos governos petistas e que tinham como objetivos diretos o enfraquecimento do Estado e, paulatinamente, o empoderamento do partido, apesar das investidas da polícia e de toda a revelação da trama, deram frutos diversos. Uns bons. Outros nem tanto. Ao aumentar a descrença na política, retardou a consolidação plena da democracia. As revelações feitas pela polícia e pelo Ministério Público apresentaram, para o distinto público, uma elite corrupta e disposta a tudo para enriquecer rápido e sem esforço.
Para um país que conta com mais de 700 mil presos, em condições sub-humanas de cárcere, essas revelações serviram muito mais do que um simples incentivo para a ação continuada no mundo do crime. Deu, a essa parcela da população, a certeza de que a cadeia ainda é lugar para pretos e pobres. Entender a corrupção como algo moldado pela herança histórica ibérica, onde o patrimonialismo cartorial era a tônica, mostra apenas as raízes ancestrais do problema e que faziam parte inerente do sistema mercantilista e colonialista da época.
Transformadas em moedas de troca, dentro do toma-lá-dá-cá generalizado, as nomeações políticas para altos cargos nas estatais têm tido um peso crucial na expansão dos casos de corrupção, servindo como ponta de lança dos partidos para se apoderarem dos recursos da nação. Neste caso, torna-se compreensível o discurso de muitos dirigentes políticos no sentido de o Estado manter o controle das estatais. Obviamente que não se trata aqui de nacionalismo ou protecionismo da economia nacional, mas tão somente de reservar esse nicho de mercado à sanha desmedida dos partidos políticos. Por aí se vê porque a redução do tamanho do Estado incomoda tanta gente. Vê-se também a razão para que o governo Bolsonaro seja obrigado a “articular”, ser “flexível”, “compor”.
Se, por um lado, os muitos casos de corrupção revelados têm servido para mostrar como é fácil desviar dinheiro público, por outro lado, deixam claro para a população que a corrupção está arraigada na fórmula de fazer política e justiça. Principalmente aquela justiça onde deveria haver apenas juízes, o supremo cargo. Pelo conhecimento do modo de agir dos inimigos da sociedade, de que se alimentam e onde atuam, ficou mais fácil atalhá-los de vez. Vamos ver quem terá essa coragem.
A frase que foi pronunciada:
“Para quem começa a carreira como um “Doutor sem Doutorado”, nada mais natural que concluí-la como um “Meritíssimo sem Méritos””.
Julio Curvello, do site Frases Famosas.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os autores do “retorninho” estão explicando com “cara de anjo” que o Congresso se reuniria no Rio somente este ano, e explicam: “até que Brasília possa oferecer condições de funcionamento”. (Publicado em 10/01/1962)