Auditar é preciso

Publicado em ÍNTEGRA

 

Desde 1960

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Com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

Passado o vendaval do impeachment, seja lá com que resultados, alguns movimentos de reacomodação política do Estado vão irromper naturalmente, ou não, quer por força dos acontecimentos do próprio processo de interrupção do atual governo ou em decorrência de novo modelo de repactuação ou refundação do governo Dilma. Em outras palavras, aprovado o impedimento da presidente, caberá ao novo governo, antes de qualquer outra medida saneadora da economia, realizar uma profunda auditoria nas contas pública.

Somente a partir do exame isento, cuidadoso e sistemático das finanças do Estado é que será possível dar início a uma nova gestão. Em caso de cessar o processo de impeachment, os problemas a enfrentar pela atual mandatária se mostram ainda maiores e mais complexos. A começar pelo fato de que o segundo governo Dilma, na prática, ainda não teve início. O calendário no Brasil foi congelado em janeiro de 2014, data da segunda posse.

Enquanto o país hiberna, a economia sofre um retraimento inédito de 4% e a inflação chega a dois dígitos, empurrando mais de 10 milhões de trabalhadores para o desemprego. Nas ruas, o cenário é ainda mais desolador com lojas e fábricas fechando as portas. Para piorar, como se ainda isso fosse possível, o governo perdeu a principal e necessária condição para administrar a máquina pública, que é a credibilidade.

O aspecto negativo, dado pelo rebaixamento dos títulos brasileiros pelas agências de classificação de risco, significa que, antes de tudo, o mundo já tomou conhecimento antecipadamente de nossa falência e adotou retaliações preventivas lógicas. O xis da questão internamente é como realizar um governo dentro de um sistema tradicional de presidencialismo de coalização, com um Executivo totalmente encurralado e isolado. Caso haja uma continuidade do segundo governo Dilma, a nação assistirá, impassível, à pantomina de uma presidente em estado de coma induzido, respirando por aparelhos, num prolongamento da agonia que, afinal, é de todos nós.

Outra opção, mais surrealista ainda será entregar, informalmente, o comando do país ao ex-presidente Lula, criador e principal responsável pelo caos atual. A questão é saber se a população continuará a ser apenas um detalhe incômodo, atrapalhando questões soberanas de governo. Manter o status quo, varrendo a sujeira para debaixo do tapete, apenas adiará a amputação de um membro que se sabe em estado de putrefação avançada.

Prevalecendo a sensatez, conforme prevista na Constituição, ao substituto caberá primeiro identificar as minas terrestres abandonadas e dar início ao longo processo de reconstrução do país, que, muitos creem, levará mais de uma década apenas para voltarmos ao ponto de origem. Para começar, a reacomodação política do Estado tem que se dar pelo óbvio que é a reforma política, talvez a mais urgente e profilática medida que se impõe, para que esse processo traumático não venha mais a ocorrer. Nunca mais.

 

A frase que não foi pronunciada

“Confesso que até hoje só conheci dois sinônimos perfeitos: nunca e sempre.”

Mário Quintana

 

Violência

A Pastoral da Terra mostra os dados de 2015. Os assassinatos no campo aumentam de maneira assustadora. Conflito por terras e pela água. Na Região Norte, foram 40 assassinatos. Maranhão e Mato Grosso, 47.

 

Muito triste

Primeira vez em um Tribunal de Júri. Imaginei que encontraria um homem enorme, musculoso, alguma figura pintada por Lombroso. O que aconteceu foi uma surpresa. A ré era uma menina de 22, que atirou em outra menina de 16 por causa de um boato. O crime aconteceu perto do Paranoá, no Itapuã. A ré foi condenada.

 

Futuro

Todo o esforço que o Ministério Público faz hoje contra a corrupção pode ser, em um futuro próximo, o resultado para que o Estado tenha verba suficiente para implementar políticas públicas sérias dando oportunidade para os jovens em situação de vulnerabilidade. Oportunidade de andar com as próprias pernas, pela capacitação, pelo trabalho.

 

Responsabilidade

Drogas são o início de tudo. Daí chegam as más companhias, e, para começar os crimes, é um passo. Não podemos ver isso de braços cruzados. A guerra contra as drogas tem um sentido: a vida.

 

História de Brasília

O jornalista Raimundo Sousa Dantas recebeu 7 mil dólares do Itamarati para os preparativos de sua viagem para Gana, onde seria embaixador do Brasil. Com a renúncia do sr. Jânio Quadros, e a sua renúncia, também, criou-se um sério problema: o embaixador terá que devolver o dinheiro, e não sabe de onde tirá-lo. (Publicado em 3/9/1961)

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