DESDE 1960 »
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com Circe Cunha e MAMFIL
Não surpreende o fato de o Brasil ocupar hoje a vexaminosa 11ª posição, entre 90 nações pesquisadas, no ranking dos países mais violentos do planeta. Dezesseis milhões de armas, a maioria circulando ilegalmente por todo o território, pode ser a razão disso.
Somente em 2012, 42.500 pessoas foram vítimas de disparo de arma de fogo em nosso país. Isso equivale a dizer que cinco brasileiros morrem, a cada 5 minutos, vítimas de disparos de arma. Nessa estatística, a maioria é formada por jovens entre 15 e 29 anos, negros, de baixa renda e baixa escolaridade. Trata-se de verdadeira tragédia nacional.
A situação poderia ser ainda pior, caso não fosse aprovada, em 2003, a Lei 10.826/2003, mais conhecida por Estatuto do Desarmamento. Entre 2004 e 2012, o Mapa da Violência apontou que, graças a esse Estatuto, houve um freio no crescimento anual de 7,2% dos homicídios, o que possibilitou que 160 mil vidas fossem poupadas.
Mesmo diante desses números incontestáveis, há, na Câmara dos Deputados, um grupo, apropriadamente denominado bancada da bala cuja a maioria dos integrantes foi eleita pelo generoso financiamento da indústria bélica, que tem buscado, não só por meio do Projeto de Lei 3.722/2012, mas de todas as maneiras possíveis, acabar com o Estatuto do Desarmamento.
Essa verdadeira bancada da morte, justifica suas teses com base em informações e argumentos que já se provaram incorretos e propositadamente distorcidos. Para essa turma, houve crescimento no número de crimes de toda a ordem, após a decisão do Estatuto de restringir o uso de armas de fogo. Estudos contrariando esses números mostram que, antes do ED, os homicídios cresciam a uma taxa de 8% ao ano e, atualmente, está próximo de 1%.
Para esta bancada, os marginais ficaram ainda mais ousados, depois que se certificaram que suas vítimas não possuem mais armas de fogo para a defesa pessoal. É preciso que a sociedade tome noção de que o Estatuto do Desarmamento, que representou verdadeira vitória civilizatória de todos os brasileiros, se encontra hoje nas mãos justamente de seus piores opositores.
Pesquisadores são unânimes em estabelecer relação direta entre o acesso facilitado às armas e o número dos homicídios, não só no Brasil, mas em todo o Continente Americano. Na outra ponta do problema, situa-se o poderoso lobby das indústrias de armamentos que colocam o Brasil na discutida posição como o quarto maior exportador de armas pequenas do mundo. Pior: nosso país, segundo a organização Small Arms Survey, está entre as nações menos transparentes quando o assunto é compra e venda de armamentos.
Não é por outra razão que nossa maior fabricante a Forjas Taurus está sob severa investigação das polícias brasileiras e americanas, acusada da venda de armamentos para traficantes internacionais de armas , que as revendem para países onde o genocídio de populações inteiras é fato corriqueiro e pouco divulgado.
A frase que não foi pronunciada
“O armamento destrói o que ele pretende defender: a paz.”
Pensamento de Esther Machado, professora de música que sempre pregou a paz e harmonia.
Primeiros passos
» Reunião importante aconteceu ontem no início da noite no Palácio do Planalto. Bruno Araújo, ministro das Cidades, senador Agripino Maia e Ronaldo Caiado e os deputados Pauderney Avelino e Carlos Sampaio estiveram reunidos com o presidente em exercício Rodrigo Maia.
Tempo importante
» Enquanto isso, os caminhos do presidente Temer podem se cruzar com os passos de Obama. A abertura da Assembleia-Geral da ONU que tradicionalmente é feita pelo presidente brasileiro será a oportunidade para alguns minutos de conversa.
Brilho
» Jonathan brilhou na festa de encerramento das Paralimpíadas tocando guitarra com os pés. O Coral do Senado é fã número um de Jonathan, que acompanhou o grupo durante a Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência. Mostrou, com atitude, a todos os presentes que o fato de não ter os braços nunca o impediu de sonhar e realizar os sonhos.
Propositadamente
» Por falar em Paralimpíadas, é revoltante ter que adaptar os manuais de redação por ordem de um comitê desportivo que vai contra todas as regras de filologia e gramática.
História de Brasília
O catálogo telefônico de Brasília, ao tempo da inauguração da cidade, trazia o nome do atual presidente da República, como sendo Jango Goulart. (Publicado em 14/9/1961)