ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Tão antigo quanto a própria história da civilização é a utilização da população como massa de manobra. Partidos de todas as matizes ideológicos são vezeiros no uso das multidões cegas para fazer valer e dar corpo aos seus pontos de vista. Agem como fermento na massa, inflando e inflamando-a com o veneno de uma doutrina invariavelmente confeccionada, sob medida, para beneficiar e empoderar uma cúpula dirigente, transformada, pelo fanatismo, numa espécie de guia espiritual inatingível e, por conseguinte, inimputável.
A turba, jogada de um lado para o outro, é usada, ora para fazer claque, ora para pressionar, amedrontar e constranger oponentes. Essa parece ter sido, até pouco tempo atrás, a situação do Partido dos Trabalhadores. Com a sequência de escândalos que se seguiram, parcela significativa, formada pela antiga militância espontânea e sincera, começou a bater em retirada, desiludida e incrédula dos rumos tomados pela legenda. Permaneceram na sigla apenas os radicais de costume e os grupos formados por mercenários, recrutados a peso de mortadela para as manifestações e para as arruaças.
É com essa turma que o Partido marcha agora para o Rio Grande do Sul, para pressionar os juízes que irão julgar, em segunda instância, seu líder máximo. Cientes do esvaziamento do Partido, seus atuais dirigentes, num ato desesperado, tem, juntamente com os satélites que orbitam a legenda, apelado para o incitamento e o confronto direto.
A atual dirigente do partido chegou, inclusive, a afirmar com todas as letras que “para prender Lula, vai ter que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente”. O que muitos acreditam é que por detrás dessa fala irresponsável e de outras feitas no mesmo tom pelas redes sociais, é que no grande circo organizado pelo PT em Porto Alegre, em meio ao tumulto que promete promover, acabe aparecendo um cadáver no meio do picadeiro, o que na avaliação desses estrategistas, resultaria no aparecimento de um mártir, imolado no altar do partido. Um circo onde o público não é respeitado.
A chamada espetacularização do julgamento de Lula, com convites feitos até para personalidades fora do país, é tudo o que a legenda deseja para transformar o julgamento por crimes comuns, em um julgamento político. O desdém pela Justiça aparece em cada movimento e pronunciamento de seus dirigentes. Neste caso, a cúpula já decidiu também que um dia após o julgamento, o PT irá lançar a candidatura oficial de Lula à Presidência da República, não importando que veredito seja proclamado pelos juízes da 2ª instância .
Desacreditado por suas práticas, o PT parece rumar, cada vez mais, para os extremos, apelando e lançando seus poucos aliados para uma batalha que sabe, de antemão, perdida. Tivesse saído de cena e preparado o terreno para outras lideranças da legenda, ainda em 2005, logo após o escândalo do mensalão, Lula teria salvo o partido e quiçá sua biografia. Mas quis a vaidade, o personalismo desmedido e a falta de magnanimidade, própria apenas nos estadistas, que Lula insistisse em permanecer como única estrela, conforme o símbolo do partido, a representar a legenda, mesmo já se sabendo,naquela altura, que não possuía grandeza moral alguma para a tarefa.
A frase que foi pronunciada:
“Art. 147 – Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único – Somente se procede mediante representação.”
Código Penal
Mudança de cultura
Quando o cidadão liga para o serviço público a obrigação é resolver o problema e não emperrar as denúncias. Outra prática comum é delegar ao próprio cidadão a busca de informações em outros órgãos. Prática absurda. Mesmo com registro na ouvidoria do Lago Norte, encaminhado para a AGEFIS, um terreno na beira do lago, QL 2 conj.8, com guindaste, madeiras, ferro e outros materiais de obras tem sido um inferno para os moradores ao arredor. Ratos enormes, escorpiões, pernilongos fazem a festa com o descaso das autoridades. Vejam as fotos no blog do Ari Cunha.
Surpreenda-se
No Diário de Pernambuco, Vandeck Santiago lembra que os eleitores são complacentes com as alianças mais estapafúrdias, citando o senador Eunício Oliveira. “Em política nunca se deve proferir as palavras irreparáveis, irretratáveis”, dizia Ulisses Guimarães sobre o assunto. Ulisses falava do caso ocorrido com o senador de São Paulo, César Lacerda Vergueiro. Ele tinha sido um grande amigo do Adhemar de Barros, mas teve com este uma desavença séria. E passou a dizer horrores do Adhemar, até da vida pessoal. As pessoas iam aconselhá-lo, lembrando que um dia eles poderiam reconciliar-se e que aquilo ficaria mal. Ele respondia: “Nunca. Entre mim e o Adhemar está o túmulo da minha mãe”.
Alianças
Cesar Lacerda atribuía a morte da mãe, velhinha, às perseguições de Adhemar. Mas a política dá voltas: o Adhemar convida o César para ser seu secretário de Justiça, e ele aceita. “Como você vê, nas coisas da política, nem o túmulo da mãe é algo intransponível”, arremata Ulisses Guimarães.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
A Asa Norte, com 64 blocos habitados e boa parte da Cidade Livre transferida conta com apenas uma escola, assim mesmo num barraco de madeira. (Publicado em 12.10.1961)