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com Circe Cunha e Mamfil
“Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, pois o remendo forçará a roupa, tornando pior o rasgo. Nem se põe vinho novo em vasilhas de couro velhas; se o fizer, as vasilhas se rebentarão, o vinho se derramará e as vasilhas se estragarão. Pelo contrário, põe-se vinho novo em vasilhas de couro novas; e ambos se conservam.” Mateus 9:16-17
Considerada, com muita razão, a mãe de todas as reformas, a política, pela qual a nação anseia, ainda não foi gestada pelos representantes da população no parlamento. Razão para isso existe de sobra do ponto de vista dos políticos com assento no Congresso. Fosse confeccionada sob medida, seguindo o gosto da população, a tão pretendida reforma política provocaria verdadeira revolução nos partidos e no modo como é feita a representação política, a começar pelas próprias eleições.
Por mais de uma ocasião, e as pesquisas de opinião assim indicam, a sociedade brasileira tem demonstrado desencanto com a classe política e com os respectivos e diversos partidos que desfilam nos horários gratuitos do rádio e da tevê. As investigações levadas a cabo pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, ao revelar a ponta do iceberg da corrupção endêmica, aumentou, ainda mais, o desalento da população com seus representantes políticos. A situação chegou a tal ponto que não raro assistimos a agressões verbais e mesmo físicas quando algum político é avistado em ambiente público.
De fato e com razão, os brasileiros não se sentem representados à altura. Para muitos, o caminho natural para pôr termo à crise, que poderia levar a desfecho sem maiores traumas, seria o afastamento dos citados nos casos de corrupção, abrindo espaço para a acomodação da crise até o novo pleito. Com a aproximação das eleições de 2018 para a Presidência, para os governos estaduais e para a composição do próprio Congresso, a reforma política ganhou novo e pragmático ímpeto. Acontece que as mudanças, mesmo cosméticas, estão ocorrendo diante da rejeição popular.
Pesquisa apresentada há pouco pelo Instituto Ipsos mostra que apenas 6% dos eleitores se sentem representados pelos políticos e respectivos partidos. Essa descrença, na avaliação dos cientistas políticos, acaba por contaminar a própria percepção sobre a democracia e o modelo brasileiro de representação. A mesma pesquisa mostra, ainda, que 81% dos entrevistados apontam o sistema político atual como o principal problema a ser enfrentado. Pior: a pesquisa indica que 94% dos entrevistados afirmam que os políticos que estão no poder não representam a sociedade. São eleitos que não representam os eleitores. De fato, há enorme lacuna entre o que quer o povo e o que entregam os políticos.
Nesse caso, costura-se uma reforma capaz apenas de cobrir os rasgos que operações como a Lava-Jato deixaram sobre o tecido político nacional. Obviamente que uma reforma política cerzida pelos próprios personagens que a sociedade enxerga como aldrabeiros e maus alfaiates, não terá o condão de produzir o tal modelo com que os brasileiros há muito sonham. Espertos e prevenidos como são, os políticos com assento do Congresso trataram logo de começar a reforma, cuidando de garantir um financiamento público bilionário para as próximas campanhas, aprovando projeto que, segundo o senador por Brasília, Cristovam Buarque, é um verdadeiro cheque em branco.
Para não dizer que a reforma política não vem sendo feita, teve início, nos partidos, repaginação geral dos logotipos das legendas, inclusive com a mudança dos nomes. O PTN virou Podemos, o PT do B virou Avante, o PSDC é agora Democracia Cristã. O PEN pretende adotar o nome Patriota. Até o velho PMDB ensaia retornar à sigla MDB, quando o partido fazia a diferença. Mudar o rótulo sem alterar o conteúdo. É com essa estratégia que os políticos contam para se manterem onde sempre estiveram.
A frase que foi pronunciada
“O dinheiro de trapaça servirá para pagar pedágio no caminho para o inferno aqui na terra.”
João Dantas, na internet, provavelmente pensando na Lava-Jato e em outras operações da Polícia Federal
História de Brasília
Na reunião do sr. João Goulart com os presidentes dos IAPs, o sr. Cerejo, do IAPI, respondendo a apelo do presidente, disse que era de seu inteiro interesse a transferência para Brasília do IAPI e foi o que mais se manifestou interessado no assunto. (Publicado em 5/10/961)