ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Brasília faz mal ao Brasil. Por incrível que pareça, essa afirmação vem sendo feita com frequência cada vez maior pelos articulistas que cobrem os eventos políticos na capital. Obviamente que a sentença, ao generalizar um sentimento crescente da população em relação às atuais lideranças com assento nos três Poderes, não devem ser estendidas à cidade e principalmente aos brasilienses, que, como todo brasileiro, sofrem em uníssono com a baixíssima qualidade, até moral, de seus representantes, com raríssimas exceções.
De fato, desde que foi anunciada, de forma oficial, a transferência da capital do Rio de Janeiro para o Planalto Central, houve uma gritaria ensurdecedora contra essa mudança, vinda dos mais diversos setores da sociedade. Neste ponto é preciso constatar que, sobre essas críticas, ainda há uma lacuna muito grande a ser preenchida, e seria bom para a compreensão de nossa história e daquele período, que pesquisadores viessem a compilar as centenas de artigos que foram publicados com críticas – algumas com fundamento – a mudança da capital.
O fato é que a transferência fez mal ao Rio de Janeiro, que perdeu parte de seu status, entrando num processo lento e gradual de decadência e que hoje, passados mais de meio século, parece experimentar seu ponto mais grave. É claro que o problema maior não está no sítio onde a capital foi assentada fisicamente, muito menos na população que acorreu de todos os cantos do país para ajudar na construção da cidade.
A Brasília que parece fazer mal ao Brasil está delimitada à Praça dos Três Poderes, mais precisamente incorporada na figura daquelas centenas de representantes dos estados da federação que não têm honrado o mandato que receberam. Ressalte-se que esses personagens, que não têm dignificado as responsabilidades que lhes foram confiadas, foram devidamente designados pelo voto por seus eleitores, que, portanto, são fiadores legais de suas ações.
Na real, o que diferencia um político de outro não são somente os atributos pessoais de cada um, mas, sobretudo, a qualidade do voto que o elegeu. Para votos inconsequentes, representantes idem. A Brasília que faz mal ao Brasil, habitada por essas pragas apenas de terça a domingo, não conhece a cidade nem seus habitantes e tão logo pode rumar para o aeroporto para retornar de onde veio, ao convívio dos seus.
A imagem da cidade e de seus moradores prescinde desse tipo de gente, inclusive dos representantes locais. Existe uma cidade que pulsa e é verdadeira de um lado. E existem os políticos de outro.
É duro ter que constatar, mas em se tratando desses conturbados dias atuais é possível afirmar que a população de bem forma um conjunto bem distinto dos políticos. Tal como água e azeite, não se misturam.
A frase que foi pronunciada:
“A única arma que deve ser usada em protesto à política é o voto.”
Ulisses Guimarães, de onde estiver
Alemanha
Vários jornais reportam o ataque a tiros ao ônibus da comitiva do ex-presidente Lula, no Paraná. Continua a ser noticiada a rejeição, pelo TRF-4, do recurso contra a condenação do ex-presidente Lula, bem como protestos de seus críticos e simpatizantes no sul do Brasil. Zeit relata ação das Forças Armadas em favelas, no Rio e Janeiro. Também são objeto de artigos o plano da Amazon de expandir no Brasil e fundir com a Via Varejo, assim como a descoberta de aldeias pré-colombianas na Floresta Amazônica, no Mato Grosso.
De olho
Destaca-se, na cobertura alemã, a discussão sobre a expulsão de diplomatas russos em vários países e pela Otan. A chanceler, Angela Merkel, e o presidente norte-americano, Donald Trump, apoiaram, em telefonema, a ação coordenada em reação ao envenenamento de um ex-agente russo na Inglaterra. Os dois líderes conversaram também sobre as relações comerciais entre a UE e os EUA.
Aeroporto
Em consideração com os idosos, os responsáveis pela cobrança do estacionamento poderiam distribuir por todo o aeroporto os totens para pagamento. As distancias são longas e os aparelhos são poucos.
Terrível
Por falar em aeroporto, houve um desentendimento entre motoristas com ameaças, chutes e tudo mais. Os motoristas de Brasília não são mais os mesmos. Ou há uma campanha maciça para devolver a paz no trânsito da cidade ou a urbanidade vai para o brejo.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Vê-se assim, que as repartições públicas são as principais infratoras do Plano de Brasília. (Publicado em 18.10.1961)