A segunda edição da Revista Cerrados, da Comissão Pastoral da Terra, aponta as manobras do agronegócio junto ao governo federal para flexibilizar as leis referentes a agrotóxicos no Brasil.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) lança, nesta terça-feira (15/12), a segunda edição da Revista Cerrado com denúncias sobre o impacto do uso intenso de agrotóxicos na biodiversidade do Cerrado e nos territórios onde vivem seus povos. O agronegócio utiliza os pesticidas nas lavouras de soja, milho, cana-de-açúcar, algodão entre outras monoculturas.
Dentre os dados preocupantes apontados pela revista, destaca-se que até agosto deste ano estava autorizada, pelo governo federal, a comercialização de mais de 2,8 mil produtos agrotóxicos no Brasil. Desde o início de 2019, foram autorizados 745 novos venenos pela gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Os textos ainda relacionam o aumento do uso de agrotóxicos aos casos de intoxicação de pessoas nos estados que compõem a chamada última fronteira agrícola do Matopiba (acrônimo dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), bem como destrincham as diversas manobras do governo em direção ao desmonte e flexibilização da legislação referente a agrotóxicos no país.
“O objetivo da Revista Cerrados é ser um espaço de denúncias das violências e destruição da sociobiodiversidade do Cerrado, mas também ser um instrumento de informação e formação para comunidades, organizações parceiras, pesquisadores e população em geral”, afirma Valéria Santos, membro da coordenação editorial da revista.
Boas novas
Por outro lado, a publicação abre espaço para as boas novas a partir de saberes e práticas agroecológicas vindas de territórios dos povos e comunidades tradicionais, como resistências a esse projeto de morte. As mulheres auto-organizadas de comunidades rurais da Baixada Cuiabana, em Mato Grosso, se reconhecem como guardiãs do Cerrado e se colocam em processo de resgate cultural e de transformação na construção de uma sociedade com relações sociais e ambientais mais saudáveis.
Também como instrumento efetivo de soberania alimentar, sem a aplicação de venenos e degradação do Cerrado, a Revista analisa experiências agroecológicas construídas a partir dos saberes centenários dos povos do Cerrado. “Para conhecimento e reconhecimento das riquezas dos modos de vida dos povos cerratenses, a Revista traz os anúncios das lutas dos povos por terra, agroecologia, soberania alimentar e territórios livres de agrotóxicos”, complementa Valéria.
A 2ª Edição da Revista Cerrados pode ser adquirida gratuitamente no site da CPT a partir das 10h desta terça-feira, 15 de dezembro de 2020.