O foco é a Polícia Federal

Publicado em coluna Brasília-DF

Com a troca de comando no Ministério da Justiça, os peemedebistas vão jogar para controlar uma das poucas instâncias federais de poder que uma parcela do PT tentou influir ao longo do governo da presidente Dilma Rousseff e não conseguiu: a Polícia Federal. É isso que está em jogo nos bastidores da escolha do ministro que assumirá a vaga aberta com a ida de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal.

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Ontem, quando Michel Temer avisou que o novo ministro será uma escolha “pessoal”, senadores do PMDB já começaram a se mobilizar para ver se conseguem, ao menos, indicar o diretor da PF. O líder do partido no Senado, Renan Calheiros, por exemplo, já foi ministro da Justiça e conhece a Polícia Federal por dentro e por fora.

Enquanto isso, na PF…

A Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) está praticamente na mesma linha dos senadores do PMDB, porém no sentido inverso. Para os representantes da categoria pouco importa quem será o novo ministro da Justiça, contanto que o novo diretor da PF não interfira na condução dos trabalhos de investigação.

Já que trocou o ministro…

A ADPF vai pedir ao presidente Michel Temer a troca de comando na Polícia Federal. Isso porque, na visão deles, existe hoje uma tentativa de desmonte da Lava-Jato, com a troca de integrantes da força-tarefa. Para completar, houve uma redução das equipes das operações Zelotes, sobre sonegação fiscal, e Acrônimo, que apura a lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais.

O jeitão de Cunha

Os políticos que tiveram curiosidade e tempo de assistir ao vídeo com o depoimento de Eduardo Cunha ao juiz Sérgio Moro saíram aliviados. O ex-deputado não se mostrou disposto a partir para a colaboração premiada e continua o mesmo, ou seja, respondendo com impaciência a tudo que lhe contraria.

Cada um com seu cada qual

Os partidos da base aliada ao governo tentam se acertar para cada um pegar a comissão afinada com o ministério que comanda. O DEM, por exemplo, lutará para ficar com a Educação; e o PR, com a de Transportes.

Primeiro, o aquecimento/ Indicado presidente da comissão da reforma da Previdência, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) vai começar “light”, ou seja, sem sessões às sextas-feiras. Mas já avisou: “Se precisar, a gente tratora mais à frente”.

Lira e os votos/ O senador Raimundo Lira (PMDB-PB) comentava dia desses com amigos que, se for a votos, não será a primeira vez que ele derrotará um indicado oficial. Nos anos 1980, ele venceu o ulyssista Severo Gomes (PMDB-SP) para comandar a Comissão de Assuntos Econômicos, na primeira eleição do colegiado. Severo foi presidente na eleição seguinte.
Jogo triplo/ Neste ano pré-eleitoral, o deputado Efraim Moraes (DEM-PB) assume o posto de líder do partido lançando três nomes para a Presidência da República em 2018: o senador Ronaldo Caiado, o prefeito de Salvador, ACM Neto (foto), e, ainda, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. “Está na hora de o DEM ter seu próprio nome na corrida presidencial.”

CB.Poder/ O programa da TV Brasília recebe hoje para uma entrevista o deputado Jean Wyllys (PSol-RJ), ao vivo, a partir de 13h30. Ameaçado de suspensão do mandato depois de cuspir no deputado Jair Bolsonaro, Wyllys recebeu até o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para uma revisão da pena.