Brasília em transe lista tríplice
Brasília em transe lista tríplice Brasília em transe lista tríplice

Bolsonaro só deve seguir lista tríplice caso tenha um nome próximo do Planalto

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília-DF/Por Leonardo Cavalcanti

Enquanto os procuradores da República acreditam que o presidente Jair Bolsonaro vai seguir a lista tríplice da categoria para a escolha do chefe do Ministério Público, o capitão reformado deve ignorar os indicados. Explica-se. Hoje, no Planalto, as únicas regras para a sucessão de Raquel Dodge são ter no mínimo 35 anos e pertencer à carreira do MP. Assim, a votação organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) deve ser desconsiderada por Bolsonaro, que não é obrigado a seguir a lista.

Para o pessoal da PGR, entretanto, os ministros Onyx Lorenzoni e Sérgio Moro devem convencer Bolsonaro a confirmar a lista, caso, entre os três primeiros colocados, esteja um nome mais próximo do Planalto. Como as inscrições para a disputa só ocorrem entre 6 e 15 de maio, o tema é acompanhado ainda discretamente pela cúpula palaciana.

Dodge termina o mandato apenas em meados de setembro, mas a eleição da lista tríplice pela ANPR está marcada para 18 de junho. Integrantes do governo acham que o intervalo entre a votação e a posse serve apenas para os procuradores pressionarem o Planalto — que deve, assim, cozinhar a decisão para o fim da gestão de Dodge.

Samba do jurista doido

Para observadores mais atentos à cena jurídica na capital, a determinação de Raquel Dodge de arquivar o inquérito para apurar fake news contra membros do Supremo Tribunal Federal estava fadada ao fracasso desde o primeiro momento. Se o ministro Alexandre de Moraes, do STF, não tivesse rejeitado a ação, a PGR teria passado por cima da Corte, engrossando ainda mais o caldo das decisões amalucadas, como a da censura à revista Crusoé.

Senado em chamas 

Ontem, o Senado estava em chamas por causa da censura e da operação de busca no inquérito do Supremo sobre fake news. O senador Lasier Martins (foto) cobrou do presidente da Casa, Davi Alcolumbre, uma resposta ao que chamou de crescentes abusos cometidos pelo STF no esforço de proteger integrantes “acusados de irregularidades”. A CPI da Lava Toga, inclusive, voltou a ser lembrada ao longo do dia.

Fim dos conselhos sociais // Sete câmaras de coordenação e revisão do Ministério Público e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão assinaram nota pública contra a decisão do governo de extinguir 35 conselhos sociais, a partir de junho. Entre eles, estão o de enfrentamento ao tráfico de pessoa e o dos direitos de pessoa com deficiência. Para o MPF, os colegiados devem ser mantidos, especialmente aqueles previstos constitucionalmente ou em tratados internacionais.

Embarque para o Rio // O BNDES se antecipou e convidou deputados federais integrantes da CPI que investiga contratos internacionais do banco, no período de 2003 a 2015, para apresentação sobre governança e transparência. “Vamos conhecer detalhes de procedimentos, mas também cobrar informações”, diz Paula Belmonte (Cidadania-DF), vice-presidente da comissão. Ao todo, oito parlamentares embarcam hoje para visitar a sede do banco, no Rio.

Lançamento // No próximo 7 de maio, Marion Nestle, professora emérita da Faculdade de Nutrição, Estudos Alimentares e Saúde Pública da Universidade de Nova York, lança, em Brasília, o livro Uma verdade indigesta. Em linguagem leve, a obra revela como corporações se valem de pesquisas para criar confusões nos hábitos alimentares das pessoas. O livro será lançado às 18h, na Universidade de Brasília (UnB).