Este, esse ou aquele?

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      Os pronomes este e esse dão nó na cabeça. Ariscos, não se deixam captar. Quando empregar um? Quando é a vez do outro? O pior é que o papel deles é bem definido. Eles são parecidos, mas não iguais. Versáteis, têm três empregos:
 
 

        1 – indicam situação no espaço:
 
        

         Para entender esse emprego, lembre-se das pessoas do discurso. Discurso, aí, significa conversa. As pessoas do discurso são as que tomam parte de uma conversa.
 
 
         Para haver conversa, são necessárias três pessoas. Algumas interessantes, outras nem tanto. Quem são elas? Uma fala (1ª pessoa), uma escuta (2ª pessoa) e o assunto, que é a pessoa de que se fala (3ª).
 
          Imagine que Rafael telefone para João e lhe pergunte se viu o filme Indiana Jones. No caso, Rafael fala. É a 1ª pessoa. João escuta. É a 2ª. Do que eles falam? Do filme. É a 3ª.
 
        
         Este: diz que o objeto está perto da pessoa que fala (eu, nós): esta sala (a sala onde a pessoa que fala ou escreve está);
este livro (o livro que temos em mão), este blog (o blog no qual estou escrevendo).
 
 
        Esse: diz que o objeto está perto da pessoa com quem se fala (você, tu): essa sala (a sala onde está a pessoa com quem falamos ou a quem escrevemos), esse livro (o livro está perto da pessoa com quem falamos), essa instituição (a instituição em que o leitor está).
 
 
         Aquele: diz que o objeto está longe da pessoa que fala e da pessoa com quem se fala: aquele quadro (o quadro está longe das duas pessoas), aquele cartaz, aquela torre.
 
 
       
          2 – indicam situação no tempo:
 
        
       Este: tempo presente: esta semana (a semana em curso), este mês (mês em curso), este ano (ano em curso)
 
 
        Esse / aquele: tempo passado (esse: passado próximo; aquele: passado remoto): Estive em Granada em 1992. Nesse (naquele) ano, visitei toda a Andaluzia.
 
 
         Eis um nó. Como saber se o passado é próximo ou remoto? Depende de cada um. O tempo é psicológico. Uma hora com dor de dente é uma eternidade. Se for à noite, nem se fala. São duas eternidades.
 
 
      3 – indicam situação no texto (é o caso que oferece maior dificuldade):
 
 
         Este: exprime referência posterior (anuncia-se o fato que será referido depois): Lula disse esta frase: “Nossa política não é fazer de conta que podemos crescer”.
 
 
         Reparou? A frase é anunciada: “disse esta frase”. Depois, expressa: “Nossa política não é fazer de conta que podemos crescer”.
 
 
         Veja outro exemplo: Clóvis Rossi fez esta pergunta: “Marina, mito ou blefe?”  (a pergunta é anunciada: “fez esta pergunta”, depois, formulada).
 
 
         Esse: referência posterior (o fato é referido antes; depois, retomado): “Nossa política não é fazer de conta que podemos crescer.” Essa frase foi dita por Lula.
 
         “Marina, mito ou blefe?” O artigo que responde a essa pergunta está transcrito na edição de hoje do Correio.
 
 
        
         Dica
 
 
        Ao indicar situação no texto, siga este conselho. Na dúvida, use esse. Você tem 90% de chance de acertar.