VISTO, LIDO E OUVIDO

Publicado em Íntegra

circecunha@gmail.com; arigcunha@ig.com.br   

Interina: Circe Cunha   
Colaboração Mamfil

Coisas de velho   De tudo o que já foi dito sobre a velhice, nada é mais certeiro, frio e derradeiro do que a afirmação de que o velho ( eufemisticamente denominado idoso) é um exilado. Exilado das manhãs claras , das perspectivas futuras. Exilado de um mundo que não mais lhe pertence e que fugiu ao seu gosto e controle.  O fôlego, necessário para abarcar o horizonte, falha. A mão para empunhar o remo e o leme,  treme e vacila. A memória das rotas traçadas no mapa da existência, titubeia. Dos infinitos amigos que compartilhavam a enorme mesa, farta de vinhos finos, cheios da alegria animada, restaram apenas as vozes alegres na memória, as gargalhadas e conversas compridas. O pátio,  atulhado de pés ligeiros que seguiam  em todas as direções, está agora coberto pelas folhas secas do outono que farfalham trazendo os passos do passado. Vir e voltar só, sem mesmo a roupa do corpo. E para que roupa ou outro acessório inútil? Na velhice o que tem valor é o efetivamente valioso. É no  silêncio escuro e  vazio que a solidão arde nua. Solidão que deixa de ser quando a memória volta aos tempos de ar puro.  Não adianta gritar. Não tem ninguém. Grito é para os fracos. O silêncio é para os sábios. Os amigos, poucos, foram arrancados um a um. Não da memória. Isso nunca. O tempo levou o ânimo mas o ar traz o conforto da brisa fresca. Vós que adentrais pelos portões da velhice,  deixais de fora as esperanças e a vaidade.  Deixem de lado todo peso das malas. A velhice não traz a superficialidade que flutua no mundo. Ela nos torna densos. De que importa agora o aquecimento global e a longa guerra entre Palestinos e Israelenses. Bendizeis as noites de verão.  Bendizeis os dias em que alcançastes a paz com aqueles que o atacaram por inveja, por injustiça ou mesmo porque nasceram maus. Perdoa. Livra o peso da mágoa e deixa a alma mais leve. Que importa agora se as flores não abrirem. Bendizeis os buquês enviados. Que importância tem agora aqueles que não vieram à estação de embarque se despedir. Bendizeis o amor e a família. A velhice que alguém já comparou à um naufrágio, é antes de tudo, um porto. É a terra para que o pisar se firme. As barreiras, todas elas, foram erguidas tijolo a tijolo. O muro agora é alto e frio. Do lado de lá gritam as crianças numa algazarra que esquenta o coração. Melhor é esquecer o espelho de tantos anos. Espelho sem serventia. Que mostra a vaidade. Chega de reflexos. Melhor esquecer a luz quente da vela sem esquecer a prece. Melhor mesmo é se deitar agora, sob o cobertor de lã e dormir, sonhar sem a censura que nos freia a todo instante. Amanhã vai ser um outro dia. E a gratidão por isso será eterna.   A frase que  foi pronunciada: “ Não colha as flores. Dê preferência à apreciação, e não à posse.” Osho   Sugestão de Pauta Em tempos cibernéticos é preciso garantir os registros do passado e do presente para que as próximas gerações tenham acesso garantido à história. Aquele livro que merece uma restauração agora pode ficar recuperado. Dona Célia Cavalcante aposentada pela UnB, com experiência em restauração de acervos do Palácio do Planalto, Alvorada, AGU, agora tem um ateliê para este fim. Fica na SCLS 214, bloco A, sobreloja 22/26   CPMF Pode ser que a coisa mude na última hora. Mas o governo, pela primeira vez desde a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal, pretende enviar ao Congresso uma proposta de Orçamento para 2016 com um déficit primário da ordem de 0,5% do Produto Interno Bruto. A proposta fere frontalmente a LRF ao reconhecer um passivo próximo de R$ 30 bilhões, ou seja, gastou sem ter a contrapartida que indicava as fontes pagadoras.   CPMF II Enviar a proposta, evitando mascarar as contas públicas, foi idéia do Vice-presidente Michel Temer e “aceita” prontamente pelo ministro Joaquim Levy.   CMPF III Nessa altura dos acontecimentos o arrependimento de Levy por ter concordado em compor o ministério de Dilma deve ser enorme, principalmente se persistirem  esses e outros  factoides econômicos tramados no Planalto. As trapalhadas na área econômica e em momento de crise nao sao próprias paraum técnico desse gabarito suportar.    Ritos Sob o argumento de ritos processuais próprios do TCU, o ministro Augusto Nardes levantou a possibilidade do julgamento das contas do Governo Dilma de 2014 se arrastarem, pelo menos, até outubro. Vai ficando assim ,cada vez mais parecido , em confusões,  as contas de campanha  da candidata Dilma, as contas do governo de 2014 e a proposta do Orçamento de 2016.

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