Uma classe centrada

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: virtunews.com

 

         Não se deve fechar os olhos aos fatos, porque, mesmo nessa cegueira voluntária, corre-se o risco de tropeçarmos neles, indo de cara contra o chão. A existência no Brasil de uma chamada Classe Média numerosa, que perfaz hoje metade da população do país ou algo em torno de 100 milhões de indivíduos, é um fato concreto, goste você ou não da ideia. A classe média, por sua posição intermediária na pirâmide social, é a prova viva de que é possível viver apartada de governos, sejam eles de direita ou esquerda. Vive, ou na pior das hipóteses, sobrevive longe dos programas populistas e ideologicamente assistencialistas dos governos de plantão. Em outras palavras, caminha com os próprios pés. Talvez, por essa e outras razões, seja tão duramente criticada e atacada de todos os lados, principalmente pelos que enxergam, nessa parcela da população, uma classe desvinculada e pouco afeita aos cânticos de sereia de políticos.

         Emparedada de um lado entre as classes D e E e de outro contra as classes A e B, a classe média experimenta o que seria o caminho do meio, pregado pelos budistas. Possui, ao mesmo tempo, as expertises emprestadas das classes D e E, quando o assunto é livrar-se das armadilhas do governo, ao mesmo tempo em que vai aprendendo as artes de aplicar recursos, como fazem os ricos, correndo de um lado para outro para salvar seus rendimentos, de modo que possa levar uma vida com certa dignidade e de olho no futuro.

         Há os que odeiam particularmente a classe média justamente porque foi ela que, de certa forma, impediu ou frustrou as previsões contidas no Manifesto Comunista de Karl Marx, de que o capitalismo, por suas contradições, iria abrir caminho para a tomada do poder pela classe operária, implantando assim o comunismo. Não previa Marx que, no meio desse caminho, ergueria-se a enorme muralha formada pela classe média. O ódio à classe média, por essa corrente, não tem impedido sua multiplicação em todo o mundo. Exemplo disso pode ser visto, lido e ouvido por filósofos que pregam, ser a classe média brasileira, a representante do atraso de vida, da estupidez e ainda reacionária, conservadora, petulante, arrogante, terrorista, uma abominação política, uma abominação ética, violenta, e uma abominação cognitiva por ser ignorante, entre outros adjetivos, dignos de uma acalorada discussão de boteco.

         Foi justamente, no momento dessa declaração, que, além do papelão e da sabujice, estava a seguir à risca o que previu o semioticista Umberto Eco (1932-2016), em seu tratado “Relativismo” de 2005. Nesse trabalho, o filósofo denunciou que as redes sociais e a mídia iriam pôr um fim na cordialidade e acentuar a polarização entre os indivíduos, minando o compartilhamento de ideias e que toda essa animalidade, que hoje nos envergonha, iria se estender também para a política. É o que presenciamos hoje nos debates, não apenas entre os políticos, mas englobando a todos, inclusive pessoas a quem, por sua formação acadêmica, esperávamos um mínimo de civilidade e educação.

         Dizia Eco que essa mudança ou regresso ao primitivo não seria tanto culpa da grosseria da mídia e se daria, muito mais, pelo fato de que as pessoas hoje só falam pensando em como a mídia irá noticiar o que foi dito. “Temos a impressão nos dias de hoje de que certos debates acontecem a golpes de facão, sem fineza, usando termos delicados como fosse pedras”, previu o escritor do best seller “O Nome da Rosa”.

         Os vaticínios de Humberto Eco se confirmaram para além do previsto. Atualmente, a cordialidade nos debates, seja de que tema for, foi deletada ou, no dizer moderno, “cancelada” das redes sociais. Dessa forma, o que assistimos agora são embates enfurecidos que nascem onde quer que haja diferença. O ódio fez sua morada nas redes sociais. Há, nesse contexto, uma certa tara das pessoas em criar desavenças e inimigos. Com isso, a sociedade vai deixando de lado o compartilhamento de ideias, substituindo essa virtude por uma animalidade que está cada vez mais na flor da pele.

         As redes sociais são hoje um oceano cheio de tubarões, prontos para atacar, censurar e ofender. Na política, toda essa ferocidade ganhou ainda mais adrenalina. Já não se tem oponente ou concorrente, mas inimigo fidagal, que deve ser destruído ou, ao menos, desconstruído em sua totalidade.

         Para Eco, seria como se andássemos para trás no tempo, em termos humanos, levando conosco um tablet de última geração. Quem se deu ao enfado de assistir aos últimos debates para a presidência do país, pela televisão, pôde verificar que os projetos de governo sumiram. Quando surgiam ideias aproveitáveis e raras, eram logo substituídas por ofensas e acusações, como num ringue.

         Quem ofende mais leva a melhor, segundo as redes. Os perdedores estão entre aqueles que não querem polêmicas e se restringem a apresentar propostas. Debater num ambiente assim é inútil. Ninguém ouve o que é dito. Perdemos a capacidade de escutar. Até os ouvidos falam. A língua comanda o cérebro. As redes sociais viralizam com essas batalhas. A cortesia ficou fora de moda, atingindo, de alto a baixo, todas as classes.

         A contribuir para esse mundo de intrigas e de extremismos, as redes sociais agem para estimular, por meio das fakenews e das meias verdades, os embates e a violência. Não seria estranho se algum dia alguém venha a classificar as redes sociais, sobretudo no mundo político, como o renascimento da mítica Torre de Babel. No afã de perfurar o céu, essa torre magnífica, uma espécie moderna das Torres Gêmeas de Nova Iorque, veio abaixo, marcando com sangue a entrada do século XXI, porque os homens parecem já não falar ou compreender a língua humana.

         Dizer que a classe média é hoje o último bastião ou muralha contra o avanço da ditadura das esquerdas políticas, não da ditadura do proletariado, como queria Marx, é uma realidade e um fato, contra o qual não adianta fechar os olhos.

A frase que foi pronunciada:

“Nada inspira mais coragem ao medroso do que o medo alheio.”

Umberto Eco

Umberto Eco. Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Por falar nisto, a informação que havia era a de que a NOVACAP estava recuperando os boxes dos mercadinhos para os entregar aos produtores. Os boxes continuam fechados, e ninguém está recuperando nada, coisa nenhuma. (Publicada em 14.03.1962)

Auxiliar a ser auxiliado

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Imagem: Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo

 

              Em centenas de municípios, perdidos pelo interior do país, onde a pobreza e a fome são presenças constantes, no dia de pagamento do Auxílio Brasil, longas filas se formam, desde cedo, nas agências pagadoras desses benefícios. São mães aflitas, com crianças pequenas de colo, idosos e todo o tipo de gente simples, que tem, nesse programa do governo federal, sua única fonte de renda.
              Mas entre esses necessitados existe também uma legião de outros brasileiros que aguarda nessa fila, de cartão em punho, à espera de ser atendido para sacar o benefício em nome de outra pessoa. Para isso levam consigo o cartão, a senha e até a identidade do beneficiário. Esses formam os beneficiários indiretos do Auxílio Brasil, que entram nessa fila para sacar o dinheiro que os verdadeiros inscritos nesse Programa lhes devem. São donos da venda, do boteco, da farmácia, do mercadinho e de outros serviços que vendem fiado seus produtos e ficam com os cartões de benefícios como garantia de recebimento. Todo o mês a cena se repete em muitas partes do país. É o jeito que a população encontra para ter um financiamento improvisado, junto aos comerciantes locais.
             Em muitos lugares, o benefício do governo serve como uma espécie de moeda local, onde é possível ser trocado por qualquer material necessário no momento. Com esse cartão, compra-se gasolina, tijolo, cimento, areia, paga-se transporte, prestação de aparelho celular, e até diversão. Para aqueles que possuem outras rendas paralelas, o cartão de benefício é a garantia de assegurar todo um mês a cerveja e a cachaça no boteco mais próximo. Para isso, também o proprietário do bar fica em posse do cartão do freguês. Vai que a bebedeira passa e ele esquece de pagar a conta.
              Quem tiver a disposição que tinham alguns brasileiros como Mário de Andrade, Villa Lobos, Câmara Cascudo, Florestan Fernandes e outros, que andavam pelo país em busca de histórias, do folclore e das próprias contradições de nossa cultura, por certo, irá organizar uma verdadeira biblioteca com fatos que mostram a criatividade dos brasileiros, para driblar a pobreza, enganar as autoridades e sobreviver com engenho e arte nesses tempos atribulados.
              Alguns observadores chegam a afirmar que não há limites para esse tipo de imaginação popular. Como não há limites também quanto ao percentual repassado pelo governo para esse programa que sorve hoje mais de 1,5% do PIB nacional, atendendo mais de um quarto da população. A situação é paradoxal: quanto mais o governo amplia esse programa e aumenta o valor do benefício, mais e mais brasileiros acabam aderindo ao Auxílio Brasil. Trata-se de um programa que, por suas particularidades com componentes assistencialistas e até eleitoreiras, não possui uma estrutura pré concebida eficiente, capaz de fornecer ao governo quem deve ou não entrar nesse programa e, sobretudo, como fazer para que, num futuro previsível, os beneficiários consigam caminhar com os próprios pés, livrando-se da dependência de políticas assistencialistas que exploram esses brasileiros.
A frase que foi pronunciada:
“A enxurrada de dinheiro que jorra na política hoje é uma poluição da democracia.”
Teodoro Branco
Tempo
Neste ano, os mesários terão que baixar um aplicativo para responder todas as questões em relação às eleições. O aplicativo é amigável, as perguntas são pertinentes. A única reclamação é que é longo demais.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Acessórios
Érica Kokay passeava no Conjunto Nacional, na terça-feira desta semana, despertando a atenção de duas mocinhas. Uma dizia para a outra: Adoro ver fotos dela na Internet. Os colares que ela usa são lindos!
Érica Kokay. Foto: camara.leg
Passeio
Com entrada franqueada ao público, a Exposição “200 Anos de Cidadania: o Povo e o Parlamento” estará aberta até o dia 30 de novembro, de 9h às 17h, no Salão Negro do Congresso Nacional. A entrada é franca.
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Novidade
Divulgada pela Agência Senado a proposta do senador Nelsinho Trad, que permite, tanto com observância à legislação quanto a conflitos de interesses, a possibilidade de servidores públicos terem o registro de microempreendedor individual. Ocupantes de cargos em comissão estão de fora.
Nelsinho Trad. Foto: Agência Senado
Concurso
Aulas gratuitas para o concurso do Detran. Segunda – Português e Informática, professores: Fabrício Dutra e Deodato Neto. Terça – Direito Administrativo, professor Kaique Balbuena. Quarta: Legislação de Trânsito, professor: Marcos Girão. Na próxima semana, de segunda a quarta, dias 19, 20 e 21 de setembro. Veja, no Blog do Ari Cunha, como fazer a inscrição.
Cartaz: cucabsb.com
História de Brasília
A escola nova está construída, mas antes de ser inaugurada, já sofreu a primeira pane. O telhado está ruindo, e o piso levantando em tôda a sua extensão. A firma construtora, convém dizer o nome, a MECOL, não se julga responsável, e por isto, a escola não mudará cedo. (Publicada em 10.03.1962)

Programas sociais

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Charge publicada no horabrasilia.com

 

          Transformado pela astúcia política de programa de transferência de renda para o combate à pobreza e à desigualdade, em mecanismos claramente eleitoreiros e personalistas, tanto o Bolsa Família, criado em 2003, como o atual Auxílio Brasil, tornado permanente neste ano, carecem de estratégias finais que tornem esses projetos uma porta de saída da pobreza e um meio capaz de permitir a plena emancipação do cidadão e de sua família em relação à classe política. Pelo contrário, tanto um programa como o outro representam, ainda, uma amarra e um verdadeiro cabresto, imposto à parcela mais pobre da população, confinando-a dentro de uma espécie de curral eleitoral moderno.

         Em um país em que a pobreza sempre foi explorada da forma mais vil e interesseira, todo e qualquer projeto social e econômico, que poderia, em tese, servir para a redenção e para o crescimento nos Índices de Desenvolvimento Humano, acabam apropriados, de modo astuto, por prefeitos, governadores, além do próprio presidente da República, dentro de uma estratégia traçada pelos especialistas de marketing de soerguimento político e de perpetuação no poder.

         Mesmo que transformados em programas do Estado, ainda assim, esses projetos respondem muito mais aos interesses da classe política do que ao público-alvo. A mudança de paradigma nos programas sociais e que teve, na figura da ex-primeira dama Ruth Cardoso, sua principal artífice, foi capaz de transformar, num curto período de tempo, o que era assistencialismo e populismo em verdadeiro experimento rumo à cidadania plena. Também pudera, D. Ruth não tinha ambições políticas ou eleitorais, sendo o seu programa intitulado Comunidade Solidária, um plano genuinamente bem elaborado, por uma equipe altamente gabaritada, formada por técnicos e estudiosos dos problemas inerentes à desigualdade, muitos deles professores oriundos da faculdade de sociologia da Universidade de São Paulo. “Combater a pobreza não é transformar pessoas e comunidades em beneficiários passivos de programas sociais. Toda pessoa tem habilidades e dons. Toda comunidade tem recursos e ativos. Combater a pobreza é fortalecer capacidades e potencializar recursos,” defendia Ruth Cardoso.

         Havia, naqueles anos, um real interesse no problema da exclusão social e um total desinteresse político ou partidário na implementação desse programa. Daí o seu êxito. Não surpreende que o Comunidade Solidária tenha rendido tantos frutos de qualidade, como o Bolsa Escola, o Cartão do Cidadão e outros, todos eles voltados para os aspectos da cidadania plena e longe dos antigos programas clientelistas, doados pelos políticos com uma mão e arrancados pela outra.

A frase que foi pronunciada:

“Acredito que o melhor programa social seja um emprego.”

Ronald Reagan

Ronald Reagan. Retrato Oficial

 

Empreendedorismo

Antonio Filho, que começou os negócios do zero nessa cidade, precisa verificar a unidade do Lago Norte. O princípio do empresário é que cada empregado haja como se fosse o dono do empreendimento. Leitor reclama de ter encomendado a entrega de leite em pó para a filhinha às 17h e, às 20h, nada havia sido entregue ainda. Quando alguém foi ao local buscar o leite, ninguém sabia da encomenda. Uma lástima!

Reprodução do Google Maps

 

Lé com Lé

Depois do caso da UnB, onde uma jovem foi fotografada dentro do box do banheiro por um estranho, seria bom que os deputados distritais discutissem a permissão de banheiros comuns para homens e mulheres.

Foto: reprodução

 

Ideia genial

A Agência Câmara noticiou que, com a relatoria do deputado federal Chistino Aureo, a Comissão de Agricultura da Câmara aprovou um projeto que prevê o destino de área para hortas comunitárias em programas habitacionais financiados pela União. Há uma emenda no projeto determinando que um agrônomo ateste a viabilidade da reserva. Na Asa Norte, foi uma luta do Dib Franciss para que o síndico admitisse uma horta comunitária.

 

Segredo

Pré-estreia do filme Amigo Secreto, de Maria Augusta Ramos, na próxima quarta-feira, no Cine Brasília.

 

Em julho

Uma novidade no evento Capital Moto Week, que acontecerá no mês que vem, na Granja do Torto. Os organizadores vão trabalhar em conjunto com a ONG Neutralize Carbono em busca do selo Lixo Zero, encaminhando corretamente os resíduos para o destino certo.

Foto: divulgação

 

História de Brasília

Com o Carnaval, muita gente está saindo de Brasília. Passeio à custa dos ministérios, que estão dando passagens pagas pelo gôverno a torto e a direito. Se o dr. Hermes Lima quiser saber, mande fazer um levantamento das contas correntes dos ministérios junto às empresas de aviação. (Publicada em 01.03.1962)

Paternalismo do governo: babá ou mestre que estimula a autonomia?

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

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colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: pinterest.pt
Charge: pinterest.pt

            Com a aproximação das eleições, os principais candidatos que irão participar da corrida presidencial fogem de assuntos polêmicos. Fazer cara de paisagem a esses temas é mais do que uma simples estratégia de marketing eleitoral recomendada pela maioria dos experts em propaganda política. Não falar em assuntos delicados, centrando o discurso em velhos chavões e promessas de um futuro cor de rosa que virá, é a escolha dos candidatos.

          Expor a realidade com franqueza, apresentando a verdade nua e crua, diz a experiência, não rende votos e ainda por cima espanta o eleitor já cansado de más notícias. Dessa forma, questões como a reforma da Previdência, que, segundo os especialistas, necessita muito mais do que um simples ajuste, não é mencionada em sua forma correta. Nessa questão, dizer franca e abertamente que o modelo atual necessita ser totalmente reconstruído, de cima a baixo, com a criação de uma nova estrutura previdenciária, diversa da atual, ainda é tabu para a maioria dos postulantes.

         Outro vespeiro, que afasta os candidatos do debate, é em relação ao prosseguimento do programa Bolsa-Família. Esse tema então, é ainda mais delicado, havendo candidatos que, alheios à realidade, prometem ampliar o atual modelo. Esse é o maior programa de assistencialismo do planeta, elogiado, inclusive por muitos países, pelo poder que possui de transferência de renda para famílias que nada possuem. O problema aqui é que, pela grandeza dos números e pelas implicações políticas e mesmo estratégicas, o Bolsa-Família parece ter adquirido vida própria, constituindo hoje um programa social que possui tanto aspectos positivos como negativos e que necessitam ser readequados aos novos tempos. O grande mal foi ter começado sem contrapartida.

Charge: pontodevistaeletronico.blogspot.com
Charge: pontodevistaeletronico.blogspot.com

            Uma radiografia atual do programa mostra que hoje um em cada quatro brasileiros está inserido dentro do Bolsa-Família. São aproximadamente 46 milhões de pessoas, a maioria na região Nordeste. A partir de primeiro de junho desse mês, o Programa foi reajustado em 5,67%, com o valor médio passando dos atuais R$ 177,71 para R$187,79, um aumento que custará R$ 684 milhões esse ano, mas que irá beneficiar aproximadamente 14 milhões de famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza.

             A um custo de cerca de R$ 30 bilhões ao ano, o Bolsa-Família é, na avaliação de especialistas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o único gasto público que realmente chega aos pobres. O Programa gasta 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e alcança 40% da parcela mais pobre do país. O Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), que cuida do Bolsa-Família, lembrando que o Programa produz um alívio imediato de melhoria alimentar, ressalta que BF tem reflexos diretos na permanência dos alunos de baixa renda nas salas de aula.

             Para essa entidade, o Bolsa-Família tem muita importância na vida das famílias de baixa renda e não deveria ser modificado conceitualmente, ou na sua forma de implementação, sem consulta à sociedade civil. O problema para muitos candidatos é como equacionar a questão desses benefícios com programas que apontem uma saída definitiva dessas famílias do assistencialismo do Estado, quando se sabe que em estados como o Maranhão, Piauí Alagoas e Ceará, aproximadamente 50% da população desses locais dependem exclusivamente do Bolsa Família. Maria do Barro, aqui em Brasília, distribuía telhas. Mas apenas para quem ajudou a fazer os tijolos.

A frase que não foi pronunciada:

“Se ao menos os candidatos às eleições 2018 acreditassem no que dizem…”

Dona Dita

Charge: Felipe Coutinho (tribunadainternet.com.br)

Cuidado

Estranha a notícia de que a Polícia Militar Ambiental lança a ferramenta “Zap Adoção”. Trata-se de um cadastro de pessoas que estejam dispostas a cuidar de animais que sofrem maus tratos no DF. Cadastro de celulares parece uma iniciativa estranha. Bastava disponibilizar na página do GDF um telefone do governo para os interessados entrarem em contato.

Novidade

Uma ligação de Minas Gerais chega para quem fez uso dos serviços dos Bombeiros. O intuito é saber como foi o atendimento, quanto tempo levou, atenção dada pelos militares. Uma instituição como essa, que tem grande porcentagem de credibilidade da população, precisa menos desse tipo de retorno do que todas as outras instituições do país.

Árvore da Vida

Foi assim que o cemitério Morada da Paz de Natal resolveu o problema dos jazigos. No crematório do local, a família pode optar por usar as cinzas do ente querido no plantio de uma árvore no local. Rejane Mansur, bióloga, deu o seguinte depoimento: “É um projeto lindo e encantador, é uma maneira real de dar continuidade à vida, pois as cinzas são absorvidas pelas raízes, ajudando a muda a se desenvolver. Além de saber que não estarei poluindo o solo”.

Depois

Nos Estados Unidos chegou a Bios Urna. Em uma incubadora as cinzas já são misturadas com a terra. A semente é germinada com a ajuda de um sistema de rega incorporado a um sensor. Veja o vídeo no blog do Ari Cunha.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A Novacap precisa saber que a área do Distrito Federal está sendo vendida novamente. Diversos loteamentos e fazendolas estão sendo negociados dentro do quadrilátero. (Publicado em 24.10.1961)