ROSANA HESSEL
Apesar dos ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao atual patamar da taxa básica da economia (Selic), de 13,75% ao ano, porque estaria levando o país a uma recessão, as perspectivas do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano estão melhorando, devido às surpresas em alguns indicadores macroeconômicos.
Depois do Bradesco, que elevou as estimativas recentemente, a XP Investimentos revisou de 1% para 1,4% a estimativa de crescimento do PIB deste ano, mas manteve em 1% a projeção de alta do PIB em 2024. “No Brasil, a atividade econômica surpreendeu positivamente nos últimos meses”, destacaram os economistas da XP, nesta sexta-feira (5/5), em relatório aos clientes.
Conforme o relatório da equipe liderada pelo economista-chefe Caio Megale, as projeções de inflação neste ano e no próximo foram mantidas em 6,2% e 5%, respectivamente Ambas continuam acima dos tetos das metas, de 4,75% e 4,5%, respectivamente, porque a inflação de serviços “mostra resistência” e leituras recentes do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) “alimentaram receios acerca de possível reaceleração de itens inerciais”.
Na avaliação dos analistas, o novo arcabouço fiscal não deve gerar melhoria nas contas públicas a curto prazo. Por isso, mesmo com receitas adicionais, a XP prevê um rombo fiscal de 1,1% do PIB, neste ano, e, em 2024, a estimativa é que o saldo negativo continue em 1% do PIB, levando ao crescimento da dívida pública.
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu, na última quarta-feira (03/4), manter a taxa Selic em 13,75% ao ano pela 6ª reunião consecutiva e não deixou claro quando pretende iniciar o ciclo de queda dos juros. “Acreditamos que o Copom iniciará um ciclo de flexibilização monetária gradual no segundo semestre. Com o viés expansionista da política fiscal, os juros tendem a se estabilizar em patamar mais elevado. Projetamos a taxa Selic em 11% no primeiro semestre de 2024”, destacou o relatório da XP.
“A economia global deve desacelerar em meio a condições financeiras restritivas. Os bancos centrais chegaram ou estão próximos ao fim do ciclo de aperto monetário. As taxas de juros tendem a permanecer elevadas por bastante tempo”, alertaram os especialistas da XP.