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Vendas no varejo recuam 0,6% no mês de março, segundo IBGE

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

As vendas no varejo registraram queda de 0,6% no mês de março, em relação com fevereiro, quando houve avanço de 0,5%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (07/05). Na comparação com março de 2020, o indicador registrou crescimento de 2,4%, acumulando recuo de 0,6% no ano, na série com ajuste sazonal.

 

A média móvel trimestral apresentou queda de 0,1% no primeiro trimestre de 2021, dado 1,9 ponto acima dos três meses encerrados em fevereiro, quando houve recuo de 2%. No acumulado em 12 meses encerrados em março, o comércio varejista apresentou alta de 0,7%, mantendo crescimento desde outubro de 2017, de acordo com dados do IBGE.

 

 

Queda generalizada

 

Apesar de o resultado de março ter sido melhor do que o esperado pelo mercado — a mediana das estimativas estava em -5,6% –, houve queda generalizada no comércio varejista em março, refletindo o começo do agravamento da pandemia da covid-19 no país, que resultou em medidas de fechamento do comércio de governos estaduais.

 

Os dados mostram que sete das oito atividades pesquisadas pelo IBGE apresentaram queda na série com ajuste sazonal da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de março.

 

O setor de tecidos, vestuário e calçados  foi o mais atingido, com queda de 41,5% em março na comparação com fevereiro. Na sequencia, móveis e eletrodomésticos (-22,0%), livros, jornais, revistas e papelaria (-19,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-5,9%), combustíveis e lubrificantes (-5,3%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,5%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,1%).

 

A única taxa positiva veio de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que apresentaram alta de 3,3%.

 

Vale lembrar que as vendas do varejo ampliado, incluindo o comércio de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, apresentaram queda 5,3% na comparação com fevereiro na série com ajuste sazonal. Esse desempenho foi influenciado pelos setores de veículos, motos, partes e peças (-20,0%) e de material de construção (-5,6%).  Segundo dados do IBGE, o resultado ainda mostra aceleração na média móvel do trimestre para -1,5%, acima do dado encerrado em fevereiro (-0,7%). 

 

De fevereiro para março de 2021, na série com ajuste sazonal, a taxa média nacional de vendas do comércio varejista mostrou queda em 22 das 27 unidades da federação, com destaque para Ceará (-19,4%), Distrito Federal (-18,1%) e Amapá (-10,1%). Por outro lado, cinco unidades federativas registraram desempenho positivo, com destaque para Amazonas (14,9%), Acre (11,2%) e Roraima (4,2%).

 

 

Comparação interanual

 

Na comparação com março de 2020, o comércio varejista apresentou crescimento de 2,4%, com taxas positivas em quatro das oito atividades pesquisadas pelo IBGE. A principal contribuição veio de outros artigos de uso pessoal e doméstico, com alta de 30,0% na comparação com março do ano passado, com impacto de 3,0 ponto percentual na taxa geral. Esse resultado mostrou aceleração frente ao avanço de 2,1%, na mesma base de comparação. No ano, esse setor acumula ganho de 12,8% e, no acumulado em 12 meses até março, teve crescimento de 5,4%, acima da expansão de 2,2% contabilizada em fevereiro.

 

O  setor de combustíveis e lubrificantes apresentou perda de 1,5% em relação a março de 2020, o décimo terceiro mês consecutivo de queda, resultado de um período de altas nos preços de combustíveis, segundo dados do IBGE. Com isso, tanto o primeiro trimestre de 2021 (-6,8%) quanto o acumulado nos últimos doze meses (-10,5%) permaneceram no campo negativo.

 

A atividade do segmento de livros, jornais, revistas e papelaria, com queda de 19,7% em março, registrou 14 meses consecutivos de quedas. O setor continua em retração, resultado de uma redução de lojas físicas desde 2017, destacou o IBGE. Com isso, na comparação com o primeiro trimestre de 2020, a perda do setor foi de 43,3%. “No acumulado nos últimos 12 meses, ao passar de -42,3% para -41,8%, permanece negativo desde março de 2014 (-0,2%)”, informou a nota do órgão.

 

O setor de tecidos, vestuário e calçados, com recuo de 12,0%, registrou treze meses consecutivos de taxas negativas na comparação interanual. O setor se destacou como o segundo em termos de influência, no campo negativo, contribuindo com -0,5 ponto percentual na taxa geral. O acumulado do ano registrou queda de 18,2%. E, nos 12 meses encerrados em março, recuou 23,8%.

 

O segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com queda de 3,9% frente a março de 2020, registrou o segundo mês consecutivo no campo negativo nessa comparação e exerceu o maior impacto negativo na taxa global (-2,2 ponto percentual do total de 2,4%), segundo o IBGE. No primeiro trimestre de 2021, o segmento teve queda de 2,5% frente a igual trimestre de 2020. No acumulado nos últimos 12 meses, ao registrar 3,2%, o setor volta a desacelerar o crescimento pelo segundo mês consecutivo.