Partidos políticos, sobretudo o PMDB e o PP, se beneficiaram da venda de carne podre e de carne moída com papelão pelos frigoríficos JBS, dono da Seara e da Friboi, e BRF Brasil, proprietário da Sadia e da Perdigão. Foi o que informou o delegado federal Maurício Moscardi Grillo, em entrevista coletiva.
“Dentro da investigação ficava bem claro que uma parte do dinheiro da propina era, sim, revertido para partidos políticos. Caracteristicamente, já foi falado ao longo da investigação dois partidos que ficavam claro: o PP e o PMDB”, afirmou o delegado.
PP e PMDB ratearam o Ministério da Agricultura por muito tempo. Os partidos políticos são os principais responsáveis pelas nomeações de fiscais agropecuários para as chefias regionais. Dessa forma, fica mais fácil montar esquemas de corrupção como o revelado pela Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal.
A Operação Carne Fraca é a maior da história da Polícia Federal. Aproximadamente 1.100 policiais federais estão cumprindo 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao grupo criminoso.
Segundo a PF, a Operação Carne Fraca teve por objetivo de desarticular quadrilha liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Em quase dois anos de investigação, constatou-se que as superintendências regionais do Ministério da Pesca e da Agricultura dos estados do Paraná, de Minas Gerais e de Goiás atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público.
Utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, os fiscais, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva. Com isso, as empresas podiam colocar no mercado carne podre, carne moída com papelão, produtos vencidos, prejudicando a saúde dos consumidores.
Brasília, 11h15min