19/05/2016. Crédito: Rodrigo Nunes/Esp. CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Entrevista com o ministro da fazenda Henrique Meirelles, em seu gabinete no ministério.
Nesse sentido, de acordo com analistas que estiveram reunidos nesta semana com os diretores do Banco Central mostrando um quadro desanimador para o próximo ano, uma chapa viável, ou dos sonhos, para derrotar o capitão reformado seria composta pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está à frente nas pesquisas de intenção de votos, com o atual secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles.
“Essa especulação existe e, se tivesse confirmação, o mercado estaria soltando rojão de felicidade, porque diminuiria muito os riscos de um cenário com Lula sem alguém comprometido com o controle das contas pública”, diz o economista Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria. Ele, por sinal, não está entre os mais pessimistas do mercado, pois prevê alta de 5,4% no (Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e de 2,3% 3m 2022. “Quem manda é o candidato à presidência, que hoje seria o Lula. Mas a chapa dos sonhos seria o contrário, com Meirelles à frente”, destaca.
Ex-candidato à presidência da República em 2018 pelo MDB, Meirelles foi presidente do Banco Central durante os dois mandatos de Lula, e, com o ex-vice-presidente José Alencar (PL), era o fiador do petista junto ao mercado financeiro e ao empresariado. Meirelles também foi ministro da Fazenda do governo Michel Temer (MDB), após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e foi o responsável por implementar boa parte da “Ponte para o Futuro” proposta pelo partido, além de capitanear o teto de gastos — emenda constitucional que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior —, âncora fiscal que restaurou a confiança do mercado no controle das contas públicas.
Âncora fiscal
O engenheiro Meirelles também preparou o terreno para o ministro da Economia, Paulo Guedes, aprovar a reforma da Previdência. Quando Guedes chegou ao governo, em 2019, o debate sobre a necessidade de ajustes no regime previdenciário estava encaminhado. Os parlamentares, em grande maioria, estavam convencidos da necessidade de aprovar alguma mudança no sistema de aposentadorias para evitar a explosão no deficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Meirelles, a propósito, tem estado ativo nas redes sociais nos últimos dias. Enquanto o governo bate cabeça e o preço da gasolina dispara, com o litro chegando a R$ 7, para o desespero dos brasileiros, ele dá a receita de como enfrentar uma crise.
“Para enfrentar tempos difíceis, é necessário ter seriedade. Todos os brasileiros perdem quando o governo abandona a responsabilidade fiscal. O caminho do gasto sem controle, com fins eleitorais, e do descumprimento de compromissos termina em recessão, desemprego e pobreza”, escreve o ex-ministro em seu perfil do Twitter.
Em outra postagem, ele coloca os números no fim do governo Michel Temer e lembra que foi o responsável para recuperação da credibilidade do país. “Com boa gestão, inflação controlada e credibilidade recuperada depois da aprovação do teto de gastos, passei o bastão da economia com o país crescendo, depois de uma das maiores crises da história”, pontua.
Não, mas sem convicção
Procurado, Henrique Meirelles nega a formação de uma chapa com Lula. “A informação não procede”, diz, ao Blog. Contudo, o ex-ministro não nega o interesse de participar de uma nova campanha eleitoral e colocar de volta na rua o slogan “Chama o Meirelles”. “A princípio, não”, afirma, sobre uma candidatura. Atualmente, Meirelles integra o PSD, legenda da qual ele contou que foi um dos fundadores.
O dono do PSD, Gilberto Kassab, por sinal, tenta atrair o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para o partido e, assim, lançá-lo como uma terceira via na corrida presidencial de 2022. A conferir os próximos capítulos dessa empreitada.
Pelas pesquisas de opinião, Lula lidera as pesquisas eleitorais. Até o momento, o segundo turno será entre ele e Bolsonaro. Vale lembrar que a Carta ao Povo Brasileiro, assinada por Lula em 2002, comprometendo-se em respeitar os contratos nacionais e internacionais foi fundamental para tornar o candidato mais palatável ao mercado financeiro e levá-lo à vitória.
A expectativa de uma chapa do ex-presidente com Meirelles garantiria o compromisso com o teto de gastos, por exemplo, que vem sendo atacado por Lula. O ex-presidente do BC garantiria uma gestão mais parecida com a do então ministro da Fazenda, Antonio Pallocci, que fez um forte ajuste fiscal no primeiro mandato do petista. “Meirelles traria toda a confiança e a racionalidade da política econômica que hoje Lula não tem”, diz Jensen.