ROSANA HESSEL
O Tesouro Nacional realizou novo leilão de títulos públicos, nesta quinta-feira (14/01), e arrecadou R$ 28,9 bilhões, conforme dados divulgados pelo órgão subordinado ao Ministério da Economia. Esse montante, somado aos R$ 9,9 bilhões contabilizados no leilão do último dia 12, resulta em R$ 38,8 bilhões na segunda semana de emissões do ano.
Os lotes de títulos prefixados, conhecidos como LTNs, foram vendidos integralmente, mas os papéis pagaram juros acima das taxas negociadas no leilão anterior para o mesmo vencimento. O Tesouro ofertou 25 milhões de LTNs com três vencimentos: 01/10/2021, 01/01/2023 e 01/07/2024. Todos os lotes foram vendidos integralmente por serem de curto e de médio prazos, arrecadando R$ 23,4 bilhões.
O maior volume, de 15 milhões, foi de papéis para outubro deste ano e pagou juros de 2,9% anuais, acima dos 2,8% contratados em 10 de dezembro de 2020. Outros 7 milhões de unidades para 2023 foram negociados com taxas de 5,25%. E, o último lote, de 3 milhões com vencimento em 2024, pagou 6,57%.
A oferta de títulos prefixados com juros semestrais, NTN-F, com prazos mais longos, foi bem-sucedida, porque o volume foi bem pequeno. Foram arrecadados R$ 1,1 bilhão com a emissão desses papeis com dois vencimentos pagando juros acima de 7%, ou seja, três vezes e meia acima da Selic, atualmente em 2% ao ano, o menor patamar da história.
Foram vendidas 500 mil unidades de NTN-F, com vencimento em 01/01/2027, pagando juros de 7% ao ano. Em 17 dezembro de 2020, o Tesouro vendeu esse mesmo papel com juros anuais de 6,5%, o que reflete bem o aumento da desconfiança do mercado sobre a capacidade do governo conseguir controlar a trajetória de explosão da dívida pública, que está próxima de 100% do Produto Interno Bruto (PIB), patamar insustentável para países emergentes. Outros 500 mil unidades de NTN-F, com vencimento em 01/01/2029, pagaram juros de 7,39%. Não foi possível comparar o mesmo vencimento na lista dos últimos leilões do órgão.
Os lotes de títulos indexados à taxa básica de juros (Selic), as chamadas LFTs, não tiveram a mesma procura dos prefixados. Da oferta de até 500 mil unidades com vencimento em 01/03/2022, o Tesouro vendeu 153,7 mil unidades, ou seja, 30,7%, pagando deságio de 0,11%. Enquanto isso, o lote de LFTs com vencimento em 01/03/2027 tiveram demanda de 51,5%, pagando 0,33% de deságio. As taxas são parecidas com as contratadas nos últimos leilões desse papel. O total arrecadado com esses lotes foi de R$ 4,4 bilhões.
A remuneração desses papéis indexados à Selic estão perdendo para a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que encerrou 2020 com alta de 4,52%.
No último dia 12, o Tesouro ofertou 2,45 milhões de títulos indexados ao IPCA, as chamadas NTN-Bs, com três vencimentos: 15/08/2024, 15/08/2028 e 15/08/2040. Desse total, o órgão e vendeu 2,41 milhões de unidades, ou seja, 98,4%, em duas rodadas, arrecadando R$ 9,9 bilhões. Os juros negociados variaram de 2,9% a 6,57% ao ano acima do IPCA, dependendo do vencimento.
Para conseguir fazer frente ao volume em torno de R$ 1 trilhão de títulos da dívida pública que vence até janeiro de 2022, o Tesouro precisará emitir R$ 130 bilhões por mês para não queimar integralmente o colchão de liquidez, em torno de R$ 800 bilhões, Ou seja, serão necessárias emissões em torno de R$ 32,5 bilhões por semana, pelas estimativas de especialistas do mercado.