Temer vai afastar Moreira e Padilha, já que foram denunciados?

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O presidente Michel Temer, denunciado pela segunda vez ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cumprirá a promessa de afastar dois de seus principais ministros: Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil)? Os dois foram acusados, na mesma denúncia, de formação de quadrilha.

Temer, por diversas vezes, disse que, caso um dos seus auxiliares mais próximo fosse denunciado, seria, imediatamente, afastado do cargo para que pudesse se defender. Resta saber se ele cumprirá a promessa. Não se pode esquecer que Moreira e Padilha são as dois integrantes do governo mais próximos do presidente. E trabalharam pesado para o impeachment de Dilma Rousseff.

Apesar de esperada, a segunda denúncia de Janot contra Temer, acusado de chefiar uma organização criminosa e de obstrução de Justiça, causou alvoroço no Palácio do Planalto. A ordem expressa do presidente é para que todos os aliados desqualifiquem Janot, que está sob suspeita no caso da delação da JBS. O Planalto vai se apegar, sobretudo, às relações perigosas de Marcelo Miller, ex-procurador da República e ex-assessor direto de Janot, com os irmãos Joesley e Weslwy Bastis, que estão presos.

Para o Planalto, Janot perdeu muito respaldo. Por isso, a orientação é destacar todos os pontos fracos do procurador-geral, que deixará o cargo nesta sexta-feira, 15. Temer acredita que está mais fortalecido para enfrentar essa segunda denúncia. Há dúvidas, porém, entre integrantes da base aliada. Não há garantia de que a maioria está fechada com o presidente.

Mercados

No mercado financeiro, o clima é de apreensão. A aposta é de que a abertura das negociações na sexta-feira, 15, será ruim. Mas, aos poucos, os investidores devem reduzir o estresse, diante da suspeição que recai sobre Janot. Para analistas, ainda é possível que Temer, com a ajuda da maioria do Congresso, consiga se livrar de mais uma denúncia.

Outra corrente do mercado diz que, no caso de Temer ser afastado, Rodrigo Maia, presidente da Câmara, assumirá o comando do país. E ele é muito alinhado com o pensamento dos investidores e fechado com a equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Os analistas destacam é que, com as eleições se aproximando, o Congresso pode optar por manter Temer para não provocar mais estragos na economia. Na verdade, com ou sem Temer, o que o mercado quer saber é se o governo conseguirá levar adiante a reforma da Previdência Social. A segunda denúncia contra Temer certamente dificulta o andamento do projeto que altera o sistema de aposentadoria.

Brasília, 17h37min

Vicente Nunes